Annabeth

Capítulo 6 Visitas Inesperadas.


Um fogo devora um outro fogo.

Uma dor de angústia cura - se com outra.

(William Shakespeare)

POV Annabeth:

Um moletom vermelho, quatro calças jeans capri, seis sutiãs de renda rosa claro, dois faziam conjunto com minhas duas calcinhas também de randa, por isso os separei e os coloquei do mesmo lado, juntos. Meu sabonete e hidatrante corporal dentro da minha nécessaire separada em um canto da mala. Dois pares de meias brancas, meu único par de tênis all star preto com branco em cima de um plástico por cima das roupas para não suja-las. Terminei de arrumar minha primeira mala com um suspiro infeliz.

Não havia demorado muito, como eu gostaria. Eu queria adiar o máximo possível minha viagem para a nova cidade, onde eu iria morar agora. Gatlin - Hill, esse nome não me era estranho, embora eu não me lembre de tê-lo ouvido antes. Talvez, quem sabe, meus pais tenham mencionado esse nome em alguma ocasião quando eu era pequena. Não sei. Não me lembro. Melhor esquecer, eu não iria forçar lembranças dolorosas de novo.

Hoje era minha última noite no orfanoto Day of Life Instituition. Amanhã Otella viria para me levar ao aeroporto. Eu embarcaria sozinha, e quando desembarcasse finalmente, o Sro. Vicent e sua esposa Marie, estariam lá para me receber.

Suspirei. Era de noite, - depois da meia noite com certeza. - todos estavam dormindo, apenas eu, que não consegui pregar os olhos pensando sobre a viagem de amanhã, fiquei acordada. Havia poucas estrelas no céu, eu podia conta-las cada uma, e ver a lua pela janela agora também. Mas não faria, eu tinha que terminar minhas malas.

Dei mais uma olhada para os cantos do quarto, procurando por algo que eu tenha por distração, esquecido de guardar. Nada. Tudo estava limpo. Limpo demais.

Como era triste olhar para um lugar onde você nunca mais voltará.

Eu não estava feliz de estar nesse orfanato, mas pelas poucas semanas que passei aqui, é impossível não me sentir como se fosse uma despedida.

Tudo bem, era realmente uma despedida, mas não a que eu imaginava que seria.

Antes de tudo isso acontecer, - a morte dos meus pais, eu ir parar em um orfanato, agora deixar a cidade onde nasci... - eu sonhava em ir estudar em Londres. Então, eu arrumaria minhas malas, mamãe ajudaria. Enquanto papai reclamava da demora, eu procuraria minha coleção de livros do Harry Potter, porque eu com certeza não conseguiria dormir em lugar nenhum sem antes ler pelo menos um trecho da chegada dele em Hogwart.

Então, eu daria uma última olhada para minhas coisas de criança em meu quarto e, sorriria.

Depois no aeroporto seria uma choradeira, eu tenho certeza que mamãe me abraçaria tão apertado quanto uma mãe amorosa faria se despedindo. Papai reviraria os olhos. Sim, seria perfeito, uma verdadeira despedida.

Bem, agora tudo mudou, nada disso acontecerá, eu nem ao menos terie meus livro do Harry para me consolar.

Cubro meu rosto com minhas duas mãos e eu tenho que prender um soluço enquanto as lágrimas molham minhas palmas.

– Será...que...eu - uma pausa, um soluço - nunca vou aprender...a - solucei de novo. - ser forte? - e então meus joelhos fraquejaram e eu cai de joelhos, soluçando.

Fechei meus olhos. Me enrolei no chão em posição fetal.

E chorei, chorei, chorei e chorei,...até que, acho ter ouvido uma voz dizer:

– Tudo ficará bem, ruivinha. Eu...a protegerei. - depois senti braços firmes me segurar e me levantarem do chão, cuidadosamente. - Eu prometo, não serei um monstro. Nunca a machucarei. - disse a voz.

Não sei se foi suas palavras, a forma como as disse, mas eu envolvi meus braços ao redor de seu pescoço, meus olhos estavam fechados. Eu precisava vê-lo.

Eu estava tão cansada, tão fraca e sonolenta, mas usei minha última fagulha de energia e forcei meus olhos a abrirem...e então...Ele estava lá.

A primeira coisa que vi foi seus olhos. Tão vermelhos e frios mas, por um momento pensei ter visto dor e vergonha.

Arregalei meus olhos. O que eu estava pensando? Ele era um monstro, o monstro que matou meus pais!

– Vo-você os ma-matou! Assassino! - eu tentei me afastar, mas percebi que estava em seu colo. Voltei a olhar seu rosto, estava tão próximo ao meu que nossas testas se tocavam. E seu olhar era de...fome? Merda, eu pensei.

Eu não sabia quem ou o que ele era, mas não era humano. Vou morrer, foi o meu pensamento.

Sim, ele vai me matar como matou meus pais. Covarde. Ah, mas, não morrerei sem lutar. Comecei a tentar sair de seus braços, soquei seu peito com meus punhos.

Mas nada aconteceu, ele continuou firme, seus braços me apertaram ainda mais. Eu não conseguia gritar, minha garganta estava seca, meus lábios tremiam e acho que eu estava chorando de novo. Fechei os olhos. Ele me mataria de qualquer forma. Não queria ver seu rosto novamente, não nos meus últimos segundos de vida.

Silêncio. Tudo ficou tão quieto, apenas meus pequenos e curtos soluços eram o pano de fundo. O que ele estava esperando para me matar? Um convite?

– O que foi? Por quê está chorando? - ele perguntou, depois do silêncio.

Abri meus olhos. Seu rosto estava sério.

– Você vai me matar. - eu disse com muito esforço, minha voz rouca por causa do choro, e acrescentei - Monstro. - Ele então, riu.

– Eu disse que não a machucaria. - disse ele, e caminhou comigo em seus braços em direção a cama. - Eu costumo cumprir minha palavra, ruivinha. - ele me colocou na cama, delicadamente, a princípio pensei que ele iria se afastar, mas não. Ele deitou-se sobre mim na cama. Tentei empurra-lo, minhas mãos em seu peito, ele as segurou acima da minha cabeça, me prendendo.

– Pare de lutar e durma. - disse, olhando em meus olhos, rosto a rosto comigo. Corpo pressinado ao meu. Tentei não pensar ou reparar em suas partes baixas que no momento pareciam muito ''vivas''. - Já disse que não a machucarei.- ele sorriu ao acrescentar - A não ser que pessa, é claro.

– Vai...pro...inferno - eu disse - Maldito! - cuspi em seu lindo rosto. Ele piscou confuso por um segundo, mas depois, ah depois, eu soube que não deveria ter feito aquilo.

– Cadela! - ele gritou com raiva. - Eu tentei, juro que tentei ser legal, mas você é mesmo uma cadela, não?! - e de repente apareceram rachaduras vermelhas abaixo de seus olhos - Pois se é uma, deve ser tratada como tal - disse e sorriu.

Ele apertou meu pulsos de uma forma que os deixaria roxos mais tarde. Reprimi um gemido de dor e o olhei nos olhos, firme.

Na dúvida, encare seu inimigo olho no olho.

Ele riu, pressionou com muita força seu corpo contra mim. Eu podia sentir cada músculo seu mesmo por baixo de suas roupas, até mesmo por baixo da jaqueta preta que usava, seu abdome, peito duro e firme. E também podia sentir coisas acontecendo dentro de sua calça. Droga, eu quis chorar.

– O que foi? - ele perguntou, e riu - Não gosta do tamanho? - forçou-o pressionando já duro e enorme contra a parte de frente da minha intimidade. Tentei, tentei mesmo, mas fui obrigada a abrir minhas pernas pois estava me machucando muito. Ele movimentou seus quadris, se posicionando entre elas, eu estava de olhos fechados, tentando não chorar, nem conseguia dizer nada. - Ainda nem estamos nus e olha como você me deixa - ele disse.

Eu estava com medo, com muito medo, eu queria gritar por socorro, e eu cheguei a abrir e fechar minha boca três vezes, mas nenhum som saiu. Paralizada.

– Droga, o que foi agora, ruivinha? Não vai me dizer que nunca...?- ele disse e quando fiquei calada, ele falou: - Apenas me diga que não é virgem. - Não respondi. Apenas comecei a soluçar, de novo.

– Merda! - de repente senti meu corpo livre de seu peso e abri os olhos. Ele estava em pé, de costa para a cama.

– Me desculpe. - pediu ele. - Eu...sinto muito. As vezes eu sou...

– Um idiota. - disse uma voz masculina. Me virei surpresa para a janela aberta, havia um garoto encostado nela.

Ele era mais ou menos do meu tamanho, percebi pois ele estava de pé. Era magro mas não sem músculos, seus braços esavam cruzados sobre seu peito, não consegui ver seu rosto, ele usava um casaco de capus e calças pretas.

Sentei-me na cama, e me encolhi, meus braços prendendo os joelhos. De certa forma aquele garoto parecia mais sombrio do que o outro que o olhava ameaçadoramente.

– Jason, eu não disse para esperar lá fora? - rosnou o garoto de olhos vermelhos.

– Damien, você sabe as ordens do Mestre. Ele mandou que a protegesse, não a violentasse. - disse o tal Jason. Ele caminhou em minha direção, graciosamente, como uma sombra, parou em frente a minha cama, e então, tirou o capus mostrando seu rosto perfeito.

Certo, talvez seja exagero dizer perfeito, mas, caramba, o garoto era realmente muito bonito.

Cabelo muito preto, curto, cortado repicadamente, olhos castanho escuro. Garotos geralmente não têm cílius tão longos, mas esse tinha e o deixou ainda mais lindo. Lábios finos mas seu sorriso o deixou perfeito para aquele rosto.

Jason não era nem pálido nem bronzeado demais, sua pele tinha um tom adequado a alguém saudável e normal. Ele parecia tão sombrio e radiante ao mesmo tempo.
Eu fiquei tão encantada com sua beleza, que parei de chorar e nem havia percebido.

– Oi - disse Jason e sorriu - Eu sou Jason, e você já deve ter conhecido o meu amigo, Damien. - ele se virou e olhou para Damien que estava em suas costas carrancudo e de braços cruzados.

Me encolhi, e tentei dizer algo que não parecesse tão desesperado quanto eu me sentia no momento.

– O que vocês vão fazer comigo? - perguntei. Sutileza não era meu forte, mas, ei, eu estava com medo deles. Seja lá o que ''eles'' eram realmente.

Jason ficou sério de repente e sem o sorriso ele pareceu assustador, muito assustador. Damien deu um passo á frente, ficando lado a lado com Jason.

– Não faremos nada para machuca-la. Damien se empolgou com a idéia de ficar perto de você. Isso não deveria ter acontecido - disse Jason.

Damien ficou calado, me olhando como se eu fosse um inseto chato.

– Se não farão nada, vão embora. - eu disse.

Damien riu.

– Acho que não existe essa opção, ruivinha delicia. - falou e sorriu pra mim. A palavra ''delicia'' na forma como Damien disse, pareceu uma insinuação levemente obscena de sexo. Saiu tão vulgar e ofensiva.

Jason tentou dizer algo educado para melhorar o que seu amigo abusado havia dito, mas, sabe, eu não sou de ficar calada quando alguém me provoca. E agora eu estava chateada.

– Eu tenho um nome, não me chame como se eu fosse sua putinha particular, seu babaca. - respondi. Mas, meu momento de coragem durou pouco quando Damien rosnou como um cão raivoso e quase se jogou contra mim, se não fosse Jason para impêdi-lo.

– Sua cadela! - Damien rugiu furioso. Um arrepio percorreu meu corpo, acho que não era preciso pensar muito no que ele faria caso se soltasse. Eu estava frita.

– Damien! Pare com isso! Se controle, ela é só uma garota assustada. - Jason argumentou e continuou: - Você não pode machuca-la. O Mestre te mataria, lembre-se do que ele disse caso algo acontecesse com ela...Nós já conversamos sobre isso, Damien. Deixe-me cuidar disso, amigo.

Damien parou de lutar, seus olhos que estavam tão vermelhos, quase como sangue, voltaram ao natural pretos frios de antes. Jason o soltou. Prendi a respiração.

– Tudo bem, mas não é você que está no comando aqui, moleque.- Damien empurrou Jason. - Faça logo o que veio fazer. - disse ele,- Conserte minha merda, mas eu duvido que consigamos protege-la á distancia, Jason. - Damien sorriu, e olhou para mim. - E se algo acontecer a ela, eu não serei o único a me foder. O levarei comigo, fique ciente disso, amigo.– E com isso, Damien praticamente vuou em uma velocidade sobre-humana para a janela aberta e foi embora sem dizer mais nada, me deixando sem entender nada, e sozinha com Jason.