Eternally Forbidden

5. Fez aposta? Faço vingança


- Não acredito que você fez isso! - Gabe gritou no meio do corredor da escola.
- Gabriella! - Enid a repreendeu.
Na manhã seguinte Enid se sentia vitoriosa. Evan merecia algo cruel. E aquela pequena desde fez o efeito que ela queria.
- "Você é apenas o meu dever de casa". - Gabe imitou a voz de Enid, como se lesse o pensamento da amiga, e caiu na gargalhada. - Meu Deus!
Enid riu com ela.
- Foi o suficiente para ele ficar boquiaberto. E eu apenas entrei no carro e saí. - Enid continuou.
O dia amanheceu nevando. O frio estava terrível, mas Enid se sentia quentinha.
Na noite passada Enid chegou em casa quase meia-noite. Sua mãe estava louca, andando pela casa e fazendo telefonemas. Enid disse que estava cansada. Cobrou uma mentira, dizendo que Gabe a obrigara a ver um filme com ela e que esqueceu de ligar pra avisar. Rosana acreditou - porque Gabe ajudou Enid ligando para lá para contar a mesma mentira -, mas Lion desconfiou. Ele, melhor que sua mãe, sempre sabia quando ela mentia.
- Você o viu hoje? - Gabe perguntou.
- Não. Acho que ele não veio hoje também.
- Também depois daquele fora!
Elas riram de novo. Dany apareceu no corredor e foi até elas.
- Dans! - Gabe o cumprimentou. - Pelo visto você penteou o cabelo hoje.
Gabe estava certa. O cabelo de Dany estava penteado com gel, fazendo ele parecer ainda mais um nerd.
- Dany, que droga você fez no cabelo? - Enid perguntou.
- Calma meninas, é só um truque - ele olhou em volta. - Angelin disse que gosta de meninos de cabelo bagunçado.
Dois segundos de silêncio se passaram enquanto as meninas tentavam compreender, e depois Gabe explodiu numa gargalhada contagiante.
- Você... Dany, você tá ridículo! - Gabe disse entre risadas.
Enid revirou os olhos. Ele estava... estranho. No máximo feio. Não ridículo.
- Claro! Angelin tem que esquecer. - Dany disse, determinado.
- E por falar no diabo... - Enid anunciou ao ver Angelin aparecer magicamente no corredor.
Ela correu até Dany. E quando o viu de perto, fez uma expressão de nojo. Gabe caiu na gargalhada outra vez e Enid viu a hora dela ter um ataque e morrer de tanto rir.
- Anjo, o que você fez no cabelo? - Angelin perguntou.
- Penteei. - Dany alisou o cabelo e sua mão encheu de gel.
- Por quê? Eu disse que você fica mais bonito de cabelo bagunçado. - Angelin parecia incrédula.
Dessa vez Enid teve que rir.
- E eu estava pensando em usar bigode também. - Dany acrescentou.
Gabe se contorcia de rir. Angelin continuou com sua cara de nojo. Enid se levantou. Não precisava ver seu amigo se estragando por causa de Angelin. Ela tinha acabado com o humor de Evan, assim como ele tinha acabado com sua reputação. E estava nevando!
Ela caminhou até o jardim da escola. O dia estava claro demais, e havia neve por todo o lugar. Por conta do frio não havia ninguém no jardim. Eram apenas ela e a neve.
Enid se sentou no chão. A neve molhou sua calça, a fazendo congelar, e ela se agarrou no casaco.
O intervalo da manhã ia acabar dali a cinco minutos. Tempo o suficiente para ela pensar.
E a primeira coisa que veio na sua cabeça foi a noite passada. Se não fosse tão engraçado seria trágico. E o fim fora de longe a melhor parte. Apesar de Evan tê-la beijado.
Outra vez.
E dessa vez ela não gostou. Quero dizer, não foi um beijo romântico, que era o que ela achava melhor. Foi meio forte demais. E ela não sabia como mexer a língua. E sentir a língua de Evan na sua foi meio nojento.
Ah, tá legal, quem ela queria enganar? A si mesma? Aquele beijo foi mágico para ela! Evan sabia "pegar" muito bem e sua língua dançava de um jeito muito sensual.
Enid se pegou rindo.
- Do quê "cê" tá rindo?
Enid deu um pulo. Gabe estava ao lado dela e ela não havia visto ela chegar. Gabe ficou a observando (quase) inocentemente.
- Que susto! Desde quando você está aí? - Enid perguntou.
- Há pouco tempo - ela deu de ombros. - Ange estava me dando nos nervos.
Enid riu.
- Esse é o dom dela!
Gabe assentiu e se sentou ao lado da amiga.
- Hum, e aí, tava rindo do quê?
- De Evan.
Gabe sorriu.
- Por falar nele, quando vamos nos vingar dele?
Enid negou com a cabeça.
- Eu já me vinguei - respondeu.
- Aquilo não foi o suficiente. - Gabe fez a cara mais maléfica que Enid já vira. - Você precisa pisar na cabeça dele. Assassinar o orgulho dele. Fazer ele se sentir um lixo.
Enid se afastou dela.
- Ih, tô com medo de você.
- Pobrezinha de você. Agora você vai aprender a se vingar.
Gabe olhou em volta, verificando se não havia ninguém e depois se aproximou de Enid.
- Primeiro típico: procure o ponto fraco do seu alvo. É isso que você vai usar contra ele. - Gabe disse.
Enid riu. Gabe parecia... especializada em vingança.
- Desde quando você sabe disso? - Enid perguntou.
- Fiz mestrado e doutorado no assunto. - Gabe gabou-se. - Você sabe de alguma coisa?
- Sei que o pai dele era um canalha e ele odeia isso. Mas não sei se é verdade.
Gabe analisou.
- Posso pesquisar isso. É um bom Calcanhar de Aquiles. E vamos acertá-lo em cheio.

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Gabe marcou com Enid para se encontrarem depois das aulas, às 16h, na porta da secretaria.
Enquanto a última aula acabava Enid estava ansiosa. Curiosa, na verdade. Ela ainda não sabia qual era o plano de Gabe. E se tratando de "Gabe" tudo pode acontecer.
O sinal tocou e Enid quase correu até a secretaria. E Gabe já estava lá, prontamente à postos, encostada na parede ao lado da porta da secretaria.
- Ei, oi. - Enid a cumprimentou. - Qual é o plano?
- Ver a ficha de Evan.
Enid sobressaltou-se.
- Quê?!
- Vamos entrar aqui - ela apontou para a secretaria - e fazer umas cópias da ficha dele. Precisamos conhecê-lo antes de começar.
- Mas é arriscado. Podemos ir pra detenção.
- Não há conquista sem luta e nem luta sem riscos.
Enid riu. A Gabe Filósofa parecia pior que a Gabe De Sempre.
Mas o que ela disse fez sentido. Vendo a ficha dele elas podiam descobrir (teoricamente) se era verdade a história do pai dele ter deixado a mãe dele quando soube que ela estava grávida e outras coisas.
- Tudo bem, mas como vamos invadir a secretaria se a srta. Santana está lá? - Enid perguntou. Ela estava se sentindo uma criminosa.
- Só concorda com tudo o que eu disse, ok? - Gabe sussurrou e tossiu chamando a atenção da srta. Santana. - Ei, Eny, você ficou sabendo da briga na sala 27?
Enid ficou confusa. Briga? Na sala 27?
- Concorda! - Gabe bufou. Enid entendeu.
- Oh, sim! Fiquei sabendo! - Ela disse, atuando muito mau.
- Cara, vamos lá pra gente assistir.
Gabe foi interrompida pelo baque da porta da secretaria batendo na parede. Srta. Santana apareceu, furiosa.
- De qual briga estão falando, mocinhas? - Ela perguntou.
Gabe piscou para Enid e voltou a atuar.
- Têm uns meninos brigando na sala 27. Sabe, a do terceiro andar.
Srta. Santana surtou.
- Vou lá parar esta briga! - Anunciou.
Gabe esperou ela se afastar, e depois empurrou Enid para a secretaria.
- Ei, ei, o quê você tá fazendo? - Enid perguntou.
- Você vai procurar a ficha do Evan e eu fico vigiando. - Gabe explicou.
Enid cruzou os braços no peito, incrédula.
- Por quê?
- Porque eu vou saber enrolar a srta. Santana melhor, caso ela volte antes de você achar. Agora procure!
Fazia sentido. Então Enid procurou pelas gavetas. Passaram dois minutos, e ela não conseguia achar Evan Wondervill na letra E.
- Não está aqui - disse para Gabe. - Não achei no E.
- Então procure no W - disse Gabe. - Mas faça rápido, porque a srta. Santana deve estar voltando.
Enid procurou no W. Wallace, Walrden, Wilson...
- Wondervill! - Enid gritou ao achar.
- Anda, agora faz as cópias.
Enid foi até a impressora, mas ouviu a voz da srta. Santana.
- Droga! - Esbravejou ao se esconder embaixo de uma mesa.
Ela ouviu os sapatos altos da secretária batendo no chão.
- Não havia briga alguma lá, srta. Pills - disse ela.
- Eu os vi indo para a quadra. Não quer ir lá checar? - Enid ouviu Gabe dizer.
- Cadê a sua amiga?
Enid gelou.
- Foi pra quadra ver a briga. Vamos lá?
Houve um instante de silêncio e depois o salto da srta. Santana estalou no chão, andando para fora da escola. Enid agradeceu a Gabe silenciosamente por ela ser tão inteligente nesses... assuntos.
Ela fez as cópias rapidamente e guardou a ficha original no lugar certo. Depois correu para o carro e se trancou lá. Deixou o motor esquentando enquanto lia as fichas.
Evan tinha um currículo acadêmico terrível. Notas baixas, muitas faltas, péssimo comportamento. Enid ficou tentando imaginar como ele iria parar a faculdade.
Mas não era isso que lhe interessava. Pegou a ficha de dados pessoais e não pôde evitar o riso ao ver Evan sério e sem o topete na foto 3x4.
Parecia verdade o que ele disse. Ele não tinha pai e sua mãe estava dada como morta no documento. Sua responsável legal era uma senhora de 70 anos chamada Vivian Wondervill. Devia ser avó dele.
Gabe apareceu na janela do passageiro, assustando Enid, que abriu a porta para ela entrar.
- E aí? Achou alguma coisa? - Gabe perguntou.
- É... eu achei. Parece que ele não tem pai, a mãe dele morreu há 8 anos e a responsável legal dele é a avó.
Gabe leu os papéis, conferindo.
Enid pôs um chiclete de menta na boca. Isso a acalmava.
- Ih, que tenso. - Gabe comentou. - Ah, eu também quero chiclete.
Enid deu o outro chiclete a ela e pegou os papéis novamente.
- Acho muito pesado usar a família contra ele, porque, bem, é a família dele. - Enid disse.
- Pois é. Então vamos ter que achar outra coisa. - Gabe pensou por alguns segundos. - Será que ele tem ficha criminal?
Enid riu pelo nariz.
- Ah, por favor Gabe! Claro que tem! E deve ser bem extensa!
Gabe hesitou, olhando a neve do lado de fora. Enid reconheceu a expressão dela. E era a pior de todas as expressões de Gabe.
- Gabriella... - Enid a repreendeu.
- Meu primo é policial. Sabe, aquele bonitinho mas meio caipira que mora na outra cidade? Então, eu posso pedir pra ele pesquisar a ficha criminal de Evan. - Hans despejou de uma vez. - Eu preciso ir pra falar com ele. Tchau. Depois eu te explico o que eu quero fazer.
Gabe saiu do carro deixando Enid cheia de dúvidas. Seja o que for que ela estava pensando, não ia prestar por três motivos:
A ideia vinha de Gabe.
Ia ser difícil de cumprir a tarefa.
E pior, ia envolver a polícia.

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