Eternally Forbidden

6. A pior parte de se vingar é se vingar


Enid precisava correr. Não importava o que acontecesse, ela precisava correr.
Não sabia onde estava. Só sabia que estava frio, nevando e de dia. E que alguém a seguia.
Tudo o que ela sentia era medo. Não sabia quem a seguia, por quê a seguia, o que estava havendo. Só sabia que se parasse "ele" a pegaria e sabe-se Deus o que faria.
Enid precisava correr. Não importava o que acontecesse, ela precisava correr.
Seu coração batia muito rápido. Mau conseguia respirar. Seu peito e pulmões iam explodir. Não conseguia mais correr. Precisava parar.
E parou. Pegou o máximo de ar que pôde. Mas "ele" se aproximou. A pessoa que a seguia. E estava perto demais. Enid sentiu a respiração "dele" no seu ombro. Precisava ver quem era antes de morrer. Saber quem ia matá-la.
E virou-se. Por um segundo ou menos. E por menos que fosse o tempo ela viu aquele rosto. E principalmente os olhos azuis escuros que pareciam brilhar.
Era Evan.

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Enid acordou num baque. Sentiu o chão frio gelando sua bunda e costas. Estremeceu e tentou se levantar. Ela tinha caído da cama.
Ainda eram 5h e estava escuro. Cedo demais. Mas ela não ia conseguir dormir de novo. Não depois daquele pesadelo.
Então resolveu ir correr. Haviam semanas desde a última vez que ela correra. E aquela era uma boa - não, ótima - hora.
Enid vestiu um conjunto de moletom cinza, calçou tênis e pôs iPod para tocar.
Ela correu pelo seu bairro, pelo bairro vizinho e por último subiu a "trilha da morte" - nome que ela e Dany deram por causa das histórias que ouviam na infância. Dizia a lenda que no topo da trilha tem o que você mais quer na vida, mas para chegar lá era muito difícil. As pessoas que tentaram subir morriam tragicamente, por isso não haviam provas de que era verdade.
Enid não acreditava. Mas não se atrevia porque sabia que era perigoso. Então subiu a trilha por apenas 10 minutos. E depois desceu pela "descida do covarde" que foi feita na metade da subida. O nome, bem, é porque aquela era a saída para quem desistia de subir.
Desviando de árvores, escorregando nas pedras cheias de musgo, caindo e consequentemente sujando a calça, Enid conseguiu sair. E precisava pegar ar.
Parou, no meio da estrada, inspirando e respirando ritimadamente.
E de repente foi pega de surpresa e precisou se jogar para o lado, caindo no acostamento lançamento da rodovia.
Um carro - preto, caro, fino - passou a mil por ela, a fazendo tremer da pavor e ver sua morte. O iPod dela caiu no meio da lama e assim ela pôde ouvir a buzina e o motor rugindo.
- Mas que filho da mãe... - Enid praguejou recuperando o iPod. Por sorte ele estava apenas sujo, ainda tocava música.
Tudo o que lhe restava era voltar para casa, tomar banho e ir para a escola. E finalmente descobrir qual era o plano de Gabe.
O grandioso plano de Gabe.

Enquanto dirigia para a escola Enid notou uma agitação na estrada. E, quando passou pelo local, vou um corpo um carro, viaturas e várias pessoas - os chamados curiosos - em volta.
Ela diminuiu a velocidade do carro, passando lentamente ao lado do corpo para ver se reconhecia o acidentado. Não reconheceu. Pelo menos não o corpo. Mas era aquele carro. O que quase a atropelou.
E tinha atropelado outra pessoa. Um homem alto e magro que vestia uma roupa de frio xadrez.
Mas não foi o carro e o acidentado que a surpreenderam. Foi o homem, alto, forte, bem apessoado. Talvez era o motorista do carro, que agora Enid sabia que era um Porsche.
E ele a encarou. A olhou nos olhos, e de repente Enid se sentia nua diante dele. Ela corou, olhou a estrada e continuou dirigindo. Pela visão periférica ela pôde ver que ele continuou fitando seu rosto.
Ele era lindo. Vestia um terno preto, tinha cabelo preto na altura dos ombros e penteado para trás, olhos castanhos, lábios finos.
Mas ela precisou voltar a dirigir ele foi para longe dele.
E fora da linha de visão dele, sentiu a roupa no corpo novamente.

A notícia do acidente correu pela escola como um furacão. Todos no estacionamento comentaram.
Enid sentiu o braço de alguém envolver o seu braço ao fechar o carro. E quando virou se deparou com o rosto sorridente de Gabe.
- Adivinha quem voltou à escola? - Gabe disse e apontou com o queixo para a frente de Enid.
Evan Wondervill vestia jeans e jaqueta posava ao lado dos amigos e das vadias líderes de torcida - claro - e ria de uma piada que ele e os outros entendiam.
Enid não esperava vê-lo.
- Hum... - Ela apenas murmurou.
- Ei! Cadê a animação?!
Enid encarou Gabe.
- E por que eu deveria ficar animada? - Perguntou.
- Hello-ô? O plano? De vingança? Te lembra alguma coisa?
- Lembra. E, aliás, o que você inventou?
Gabe riu de um jeito... mau. Como as vilãs de tevê. E Enid ficou cheia de expectativas.
- Bem, - a voz de Gabe soou calma - vi a ficha criminal dele. E adivinha? Ele têm um monte de crimes lá! - E riu novamente. - Então, sabe nós vamos mandar mensagens para ele, com coisas tipo: eu sei o que você fez. Ou então: cuidado ao andar pela rua. Vamos... assustá-lo.
Enid sugeriu tudo o que Gabe disse. E sua resposta foi apenas:
- Não.
- Ah, por quê? - Gabe fez beicinho. - Vai ser só uma brincadeira.
- De mau gosto!
Gabe sacudiu os ombros de Enid.
- Menina, você esqueceu o que ele fez? Esqueceu a humilhação? Esqueceu que ele é um canalha? Canalhas merecem punição.
Enid hesitou. Claro, ele foi um canalha. Sim, ele a humilhou. E sim, ele merecia punição.
Então tudo o que Enid disse foi:
- Vamos fazer isso logo.

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- Enid?
Ela não queria ouvir aquela voz. Mas ela soou calma, rouca, sexy, como sempre.
- Oi. - A resposta parecia dura.
- Vai almoçar agora?
Enid inspirou fundo, e sentiu o cheiro do perfume dele - chiclete de menta, desodorante masculino, perfume 212. Parecia o melhor cheiro do mundo.
- Unum. - A resposta soou débil.
- Quer...
- Não. - Resposta rápida.
Evan levantou as sobrancelhas.
- Não...
- Não. - Enid repetiu. - Tchau.
- Espere...
A mão firme de Evan segurou o braço dela. Um leve toque que fez Enid tremer por dentro. Que diabos havia de errado com ela?
- Que foi?
- Desculpe.
Enid revirou os olhos.
- Não vou te desculpar. Não quero desculpar. - Não podia desculpar.
Lembre-se da vingança, Enid lembrou, ele foi um canalha.
- Nós temos um trabalho pra terminar.
Enid riu brevemente e depois ficou séria.
- Dane-se. - Foi a resposta dela.
- Dane-se? Dane-se?! - Evan mordeu o lábio, demonstrando que a calma dele acabara. - Como assim "dane-se" Enid?
Os lábios dele ficavam lindos ao dizer o nome dela. Enid piscou. Que diabos havia de errado com ela?
- Dane-se ué! Não me importo. Não quero ficar perto de você, então dane-se o trabalho, dane-se a nota, dane-se você!
Evan apertou o pulso dela.
- Se acalma primeiro e depois vem falar comigo.
- Enid?
Gabe! A salvadora do dia!
- Vamos fazer... aquilo. - Gabe disse encarando Evan.
Evan hesitou ao soltá-lo e antes de sair pelo corredor repetiu:
- Se acalma primeiro e depois vem falar comigo.
Gabe fez uma careta quando Evan passou por ela. E depois olhou ansiosa para a amiga.
- Vamooooos?
Enid esboçou um sorriso. Assentiu, concordando com Gabe.
No fundo ela sentiu saudade do toque de Evan.