Pedras batiam na minha janela. Eram cinco da manhã, CINCO. Quem em plena e sã consciência acordava uma pessoa as cinco da manhã jogando pedras na porcaria da janela? resposta: Luke.
Sentei na cama ajeitando o cabelo e levantei andando até a janela. O quarto de Luke estava com a luz acesa e de frente para a janela se encontrava uma versão do dono semiacordada, usando uma regata branca, calças de pijama e com uma marca de travesseiro no rosto que lembrava uma cicatriz. Ele pegou o caderno de desenho ao seu lado, escreveu e levantou, mostrando o que estava escrito.
" Eu te acordei?"
Eu liguei as luzes e peguei o caderno de desenho, escrevi, e virei-o para Luke.
" O que você acha?"
Desde que Luke mudou para a casa vizinha a minha quando ele tinha dez anos ele usa a janela do quarto dele para falar comigo e as vezes chamar minha atenção jogando pedras na minha janela que por pura coincidência ficava de frente para a dele.
Ele sorriu.
" Acho que sim."
" Que bom, você não é cego."
Ele fez cada de quem foi insultado e mostrou a nova mensagem.
" Também te amo, Nick."
" Por que me acordou as 5?"
" Eu não conseguia dormir"
" Então me acordou?"
" Parece uma ideia ruim?"
" Sim."
Ele voltou algumas páginas do caderno e virou-o para mim.
" Eu te amo, Nick."
Franzi as sobrancelhas e apertei os olhos. Meu grau havia aumentado consideravelmente. Peguei os óculos de armação grossa e os botei no rosto. Eles poderiam ser ridículos em mim, mas era melhor do que ser cega.
" Odeio esses óculos."
Luke franziu as sobrancelhas.
" Eu gosto deles."
"Não é você que os usa."
"Não é culpa minha você ser cega."
" É culpa do papai."
" É culpa da genética."
" Dá na mesma."
Ele franziu os o cenho.
" Que seja."
"Eu posso ir dormir?"
" Eu não consigo."
" Eu não posso ajudar."
" Pode me fazer companhia."
" Não."
Ele olhou para o teto com se estivesse perguntando a deus se tinha feito algo de errado.
" Por que?" ele perguntou
" São 5 da manhã."
" Um bom motivo."
Eu voltei uma página.
" São 5 da manhã."
Ele voltou varias páginas.
" Eu te amo, Nick."
Ele tentou parecer inocente, mas nem sua roupa e muito menos sua idade facilitaram isso.
" Eu to com sono." respondi.
" Eu não. "
" Conte carneiros."
" Já contei."
" Por que não consegue dormir?"
" Ansiedade."
" De que?"
" O encontro."
Engoli em seco. Ele estava sem conseguir dormir por causa disso? Por causa dela daquela Idiota oxigenada? Por isso veio me perturbar? Só por causa de mais uma das suas futuras namoradas. Mais uma de suas futuras ex- namoradas? Eu queria gritar de raiva. Ele nunca esteve assim por uma garota antes, o que ela tinha de especial?
" Apenas relaxe." aconselhei, eu queria que ao menos acabasse logo.
" Não vou conseguir."
" Hoje a gente vai assistir um filme." eu virei uma página e recomecei a escrever. " Apenas pense nisso."
" Eu vou tentar."
"Acho melhor."
"Posso contar um segredo?"
"Claro."
"Acho que estou apaixonado."
Meu coração pulou, parecia que ia sair do peito. Luke apaixonado. Eu não sabia o que fazer, se eu chorava como uma garotinha, se eu gritava de raiva, se eu caía no chão e começava a cortar os pulsos, ou se fazia tudo isso de uma só vez.
Luke havia apagado as luzes do quarto e voltado para a cama.
*****************************
Eu não consegui dormir mais. Luke estava apaixonado, eu não sabia o que fazer, havia chorado até as oito da manhã enquanto fingia estar dormindo e quando papai foi ao meu quarto ver se eu estava bem eu simplesmente disse estar com alergia e que não queria sair do quarto por enquanto.
Já eram seis da noite, papai e Jocelyn haviam saído e deixaram eu e os gêmeos em casa sozinhos esperando Luke.
Eric e Jordan estavam sentados no sofá jogando algum jogo de cartas (possivelmente uno) enquanto devoravam um saco de doritos por inteiro e eu estava reclinada na poltrona do papai fechando os olhos e ignorando o barulho dos salgadinhos estralando na boca dos meninos.
O que havia acontecido ainda me perturbava, será que Luke apaixonado por alguém? Será que ele iria namora-la sério? Será que... Minha cabeça voava alto quando a campainha tocou e os gêmeos correram para atender. Passos vieram em minha direção.
Abri o olhos devagar. Luke me olhava de perto como se observasse cada detalhe, sorrindo quando olhei para ele.
–- Oi? - falei.
–- Como vai docinho? - seus olhos brilhavam.
–- Eu estou... - antes que eu pudesse continuar os gêmeos puxaram Luke pela camisa.
–- Luke, qual o filme que a gente vai ver?
–- É de terror?
–- É de comédia?
–- Não é de romance, né?
–- Romances não presta!
–- Relaxem por favor pequenos Wesleys - Luke passou as mãos nos cabelos de ambos bagunçando-os e tirando uma caixa de filme de dentro do moletom - aqui está! É uma animação bem legal.
Jordan pegou o filme e leu o título franzindo o cenho.
–- O incrível mundo de Jack?
–- Sim. - Luke estava animado - é um filme ótimo! Eu e sua irmã vivíamos assistindo quando eramos crianças.
–- Faz muitoooo tempo, né? - perguntou Eric.
–- Ta me chamando de velho?
–- Se a carapuça serviu... - resmungou Jordan.
–- Realmente. - falei - o filme é muito velho. Nem a gente era nascido quando ele foi lançado.
–- Cala boca. - Luke falou sério - ninguém pediu sua opinião.
–- Hum.
Luke sorriu satisfeito.
–- Então, já que estamos todos de acordo. Vamos assistir o filme!
–- Certo. - falaram Jordan e eric ao mesmo tempo desanimados sentando novamente no sofá.
Luke se virou para mim e estendeu a mão.
–- Vem.
–- Eu estou bem aqui. - resmunguei. Eu não queria ficar tão proxima assim de Luke.
–- Vamos, o sofá é melhor!
–- Não cabe todos nós no sofá.
–- Não precisamos caber. Tem a poltrona e o tapete. - ele sorriu docemente - por favor?
Eu não estava confortável em dividir o sofá com Luke.
–- Por favor? - ele repetiu.
–- Eu realmente não quero sair da qui.
–- Você não me dá outra escolha. - Luke se abaixou um pouco e me pegou nos braços andando até o sofá.
Os gêmeos saíram. Jordan se deitou na poltrona e eric se sentou no tapete da sala. Luke me jogou no sofá e caí sentada no couro.
–- Por que... - ele pôs um dedo no meio da minha boca.
–- Apenas relaxe e relembre a nossa infância.
Ele saiu andando até a TV pondo o filme no parelho de DVD e sentando no sofá bem próximo a mim.
O filme começou. Os gêmeos pareciam estar gostando porque não desgrudavam os olhos da tela e Luke parecia estar do mesmo modo. Ele estava deitado na outra ponta do sofá, seus pés descalços encostando nos meus para se aquecerem e os cabelos despenteados jogados para trás, Luke usava uma bermuda verde escura e um moletom azul claro com a insígnia do super-homem. Seus olhos verdes brilhavam de felicidade ao ver um filme que não via desde a época de criança, ele parecia uma criança gigante (talvez um grande bebêzão). Ele se virou para mim e se aproximou. Essa proximidade me deixou desconfortável.
–- O que foi? - ele perguntou levantando uma das sobrancelhas - tem alguma coisa no meu rosto?
–- Não - respondi saindo do transe. Ele estava perfeito como sempre.
Ele começou a voltar para o seu lugar quando se reaproximou. Sua expressão estava séria.
–- Desculpe por ter te acordado ontem de noite. - ele fez uma pausa - e sobre aquilo de eu estar...
–- Tudo bem - interrompi, eu não estava nada bem.
–- Sério?
–- Sério. - menti. Luke voltou ao seu canto e continuou a ver o filme.
Nada estava bem. Eu estava a ponto de endoidar. Luke estava apaixonado e eu poderia estar a ponto de perder o meu melhor amigo, poderia perder todos os bons momentos. Nada, explicitamente nada, estava bem

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