When the Moon meets the Night

Capítulo 15 - A antiga novata (parte 2)


Morgana estava frustrada, o dia inteiro ela tinha passado na cabana, não havia falado com ninguém, não havia feito o treinamento diário com Astrid, ou meditado com Perna de Peixe. Melequento ou os gêmeos não tinham tentado irritá-la pedindo comida ou com alguma brincadeira boba, mas, principalmente, não havia trocado mais nenhuma palavra com Soluço e ele não tinham ido vê-la, em nenhum minuto.

— Você acha que eu estou exagerando? – A morena perguntou para Luna, a dragão estava deitada em sua cama de pedra observando a dona andar de um lado para o outro pelo quanto por pelo menos 10 minutos. – Eu sei que eu tenho uma certa desconfiança por pessoas que eu não conheço, mas é razoável por tudo que a gente já passou.

Ela parou e soltou um suspiro, cansada. – Mas não quer dizer que eu sou uma pessoa ruim, não é?

Luna apenas deu uma bufada antes de deitar de novo.

— Você é completamente inútil em apoio moral. – Morgana coçou o braço, encabulada. – Acho que eu devia me desculpar com a Heather, se eles deram uma chance para mim, por que eu não daria para ela?

A cavaleira tinha tomado a sua decisão, se desculparia e esperava que o moreno voltasse a falar com ela, porque tinha que admitir, sentia falta, muita falta da companhia dele e depois de anos sozinha, agora que tinha amigos, não queria perde-los.

Morgana não sabia a onde Heather estaria, mas deduziu que seria no estábulo, porque a Tesoura de Vento estaria lá. Ela acertou quando ouviu as vozes.

— Come bem garota, vai precisar de muita força para o que vem por ai. – Era Heather.

— Hea – Morgana não terminou de falar quando viu que a garota não estava sozinha, Soluço estava lá. Pensou em voltar depois, mas sabia que queria ouvir, então se escondeu na sombra da entrada do local.

— Heather, a gente tem que conversar.

— Claro, sobre o quê?

— Sobre o navio que você e a Tesoura de Vento destruíram. – Morgana também queria saber a resposta daquilo.

— Ah. – Ela desviou o olhar. – Aquele navio.

— Heather, por que você está fazendo tudo isso?

— Eu só estou fazendo o que tem que ser feito, Soluço. Você não precisa se preocupar.

— Eu me preocupo sim, se eu dragão ataca um navio, eu me preocupo, todo mundo se preocupa!

— Bem, não parecia que a sua nova amiga se preocupa tanto assim.

Morgana esticou para ouvir melhor.

— Morgana se preocupa do jeito dela, eu sei que ela ainda esta se adaptando a tentar confiar nas pessoas, ela passou por várias coisas.

Morgana não sabia se ele estava a defendendo por acreditar nela ou por dó, mas ficou com medo de Soluço contar alguma coisa dela sem a sua permissão. Porém, ele não falou mais nada sobre ela.

— Soluço, muita coisa aconteceu nos últimos anos, nós não somos mais crianças. Tudo mudou. – O tom dela era de aflição.

— Mas você não é assim, não pode ser.

— Agora eu sou, a última vez que você me viu... – Heather suspirou. – Deixa pra lá. Se você quer que eu vá embora-

Soluço a cortou e pelo tom dele, Morgana sabia que eles estavam mais próximos, então ela decidiu parar de só ouvir e ver também. Algo na cabeça dela falava para ela voltar para a cabana ou se fazer presente, mas não conseguiu. Decidiu continuar imóvel.

— Não é isso que eu estou dizendo, seja lá o que você estiver passando, a gente pode ajudar, todo mundo pode. – Ele enfatizou o “todo” – Sempre tem outra saída.

— Você é tão fofo...

Morgana arregalou os olhos quando viu Heather se virar para abraçar o moreno, e ele aceitou. Morgana sentiu os ombros cair, sabia que eles eram só amigos e que mesmo que não fossem, isso não tinha nada a ver com ela, mas ele pareciam tão próximos...

A guerreira sentiu o peito apertar e sabia que ela não teria coragem nenhuma agora para poder conversar com nenhum dos dois, então ela saiu do seu esconderijo, sem ouvir mais nada e seguiu para a floreta.

—---------- xx -----------

Pov Morgana

Eu sempre gostei da floresta, acho que é por todos os acampamentos diferentes que eu fiz na minha vida, desde pequena, eu me lembro da primeira vez que o meu pai decidiu que me ensinaria a pescar e a fazer uma fogueira, eu tinha 5 anos e acabei queimando as mão e a chorando por 20 minutos depois que eu perdi a vara de pesca favorita do papai e ele apenas riu alto e disse: “ a garotinha do papai tem que parar de chorar para ser forte por ela e por seu irmãozinho”. Depois daquele dia, eu só chorei de novo quando minha vila foi destruída e todas as noites seguintes, por 1 mês.

Soluço era realmente um cara estranho e eu não entendia o porquê de ter me sentido a vontade com ele o suficiente para contar uma parte da minha história e de te ter chorado novamente.

Contudo, isso não se relacionava com a situação atual. Eu estava sentada em um penhasco, posso dizer que era o meu favorito. Eu amava vir aqui só para pensar ou desenhar o por do sol, Soluço nunca havia me acompanhado. Suspirei, tinha que dar um jeito de parar de pensar nele, parecia que o moreno sempre da um jeito de parecer nos pensamentos dela, mas o que vinha agora é só a cena do abraço entre o Soluço e Heather.

— Droga de coração, porque você não fica quieto só por um tempo. – Eu falei apetando a mão em punho sobre o peito.

Senti um emburram no meu braço direito e olhei para trás.

— Luna... – Fiz um carinho no focinho dela quando se sentou do meu lado. – Apesar de tudo, você é a melhor companhia possível.

E assim ficamos até anoitecer, era calmo e tranquilo, eu fazia carinho na fúria da noite enquanto via o céu se encher de estrelas.

Mas algo passou pelo céu e não era uma estrela.

— Heather.... – Não era possível ver o cavaleiro, mas o Chicote Cortante se destacava. – A onde você vai?

Eu me levantei prestes a voltar para base, talvez alguém tenha falado algo para ela que a fez ir embora, mas eu não precisei fazer isso quando vi um Fúria da Noite começando a seguir os dois.

— Isso não está certo. Vamos garota, vamos finalmente obter respostas.

—----------- xx -----------

Quando estávamos voando a uma distância segura de Soluço, eu confirmei minhas suspeitas de que ele também estava seguindo elas.

— Ora ora eu sei quem ancora aqui. – Eu murmurei para Luna quando vi a Heather indo para uma pequena ilha do arquipélago, mas eu sabia que ela não estava ali pela ilha, e aceitei quando vi ela dar a volta em direção a costa e ir direto para o barco parado lá.

Soluço estava logo atrás, ele ainda não tinha se feito presente e eu achei melhor fazer o mesmo e me esconder até que a Heather fosse embora.

— Isso é interessante...

Johan era o comerciante mais procurado do arquipélago, todo mundo sabia disso, mas eu não acreditava que ele era de confiança, sim, mais um para a minha lista, apesar de eu estar começando a entender um pouco mais a Heather, Johan era um mistério completo, quando eu o conheci, achei ele meio excêntrico, mas o problema era que uma semana depois quando eu comecei a investigar mais sobre ele para ver se ele era honesto, eu simplesmente não achei nada. Sério, cada outro comerciante que eu conversei contava uma história diferente sobre o passado dele, uns diziam que ele vinha de uma família de comerciantes, outra que ele nunca conheceu a família e foi achado no mar, e outras mais ridículas que não vale a pena nem repetir. Além disso, não se podia confiar nas próprias palavras que Johan dizia, cada conto mais fantasioso que outro de aventuras que não fazem sentido, mas o que realmente me incomodava de verdade era que um comerciante precisava ser ardiloso, inteligente e discreto, todavia, Johan tinha uma personalidade totalmente oposto e isso não combinava nem um pouco para alguém que consegui fazer tantas negociações como ele.

Contudo, eu sabia que essa desconfiança toda teria que ser mantida comigo, eu até tinha pensado em conversar sobre isso com o Soluço há alguns dias, mas depois do episódio com a Heather, teria que manter isso tudo para mim, porque tinha percebido que ou o grupo que eu estava era muito inocente ou eu estava virando uma paranoica da conspiração, e já tinha chegado no meu limite com brigas.

Demorou apenas 10 minutos para Heather sair de novo, parecia que ela queria pegar o pacote/informação que queria e ir embora bem rápido. Pensei em segui-la, mas sabia que precisava de informações e as teria bem mais rápido falando com o comerciante, então quando a dupla ladra/espinhos saiu, comecei a esperar para que o Soluço as seguisse, mas quando Banguela levantou voo, não foi para cima e sim em direção ao barco, parecia que o moreno tivera a mesma ideia que eu. Porém, Soluço não tinha malicia para fazer um interrogatório decente, já tinha testemunhado a tentativa falha dele antes, comigo. Então desci.

— Perdoe-me Soluço, mas é confidencial, nem o chefe da tribo canibal de Asmat da Nova Guiné conseguiria me fazer falar.

Eu cheguei furtiva por trás dos três com Luna, para ouvir o começo da conversa.

— E nem Stoico o Imenso da tribo Haddock de Berk?

Johan deu uma leve estremecida, mas depois ergueu o queixo e repetiu: - Desculpe Soluço, mas não, eu preciso manter a privacidade de meus clientes.

— Nem mesmo para mim, Johan. – Eu finalmente me fiz presente e dessa vez puder ver Johan ficar paralisado ao ouvir a minha voz.

— Morgana? – Soluço falou supresso quando me viu parada a poucos paços dos três. – O que você esta fazendo aqui?

— Me desculpe Soluço, mas você não é tão furtivo quanto pensa e nem bom em arrancar informações.

Eu dei a volta para parar bem na frente de Johan que olhava para baixo agora, sem coragem de me encara. – Johan, Johan, Johan, nós dois sabemos que você vai me dizer o que eu quero ouvir.

O comerciante começou a suar, fechou os olhos com força e balançou a cabeça de um lado para o outro em forma de negação.

Soluço observava em silêncio quando eu me aproximei, sentei na mesa e puxei o colarinho do comerciante para que esse finalmente me olhasse nos olhos. – Ah não é? Então vamos mesmo ter que repetir o que aconteceu na ilha Samambaia?

Como que para provar um ponto, Luna abriu a boca para começar a formar uma disparo de plasma.

— Ok ok ok! Eu falo!

Eu o soltei antes de levantar da mesa e me virar para Soluço: - Ele é todo seu. – Depois eu fui me sentar em um dos barris.

O moreno estava com os olhos arregalados, mas logo se recompôs e se sentou na frente do comerciante. : - Explique por que a Heather esta atacando navios por ai, sozinha?

Eu não acrescentei nada, decidi apenas ouvir.

— Imagino que tem a haver com o fato do vilarejo dela, incluindo a própria família que foi exterminada por um grupo sórdido de Berserkers.

- O quê? – Eu pulei do barriu e parei bem em frente ao comerciante e este me encarou bem. Johan era a única outra pessoa que sabia o que tinha acontecido com a minha família, a história toda.

Eu não me virei, mas senti o peso do olhar de Soluço sobre mim, ele provavelmente estava confuso com o minha reação. Se eu não tomasse cuidado agora, Johan relevaria o que não devia e eu certamente iria acabar o derrubando em mar aberto se ele abrisse a boca.

Então resolvi me acalmar e falei: - Continue. - Johan não falou o desnecessário quando Luna e Banguela chegaram bem mais perto dele, como aviso.

— Ela definiu então como missão pessoas vigar a ilha e a família dela.

— Afundando e saqueando navios?

—Ela não saqueia, ela devolve o que foi roubado para as vítimas desses crimes terríveis, cada vez que Heather ataca um navio, essas pessoas recuperam um pouco do que perderam, mas claro, seus entes queridos jamais podem ser substituído. – Ele disse essa última parte olhando de canto de olho para mim.

— Mas por que ela? Por que agora? Por quê?! – Soluço tinha se empolgado ao se inclinar para frente.

Contive a vontade de rolar os olhos, ele era péssimo nisso.

— São muitos “por quês” rapaz. – Johan tentou desconversar, mas pulou da cadeira quando eu dei um soco na mesa de madeira.

— Responda as perguntas. – Eu falei entre dentes. – Para onde a Heather está indo?!

— A questão não é para onde ela vai Soluço e sim de quem ela vai atrás.

E eu arregalei os olhos quando juntei os pedaços na cabeça. – Dagur!

— Isso mesmo, senhorita Morgana, ela vai buscar a vingança bem na fonte.

— Você está me dizendo que mandou uma cavaleira de dragão sozinha e cega por vingança atrás de um viking louco com uma frota armada?! – Eu falei indignada.

— Bem, se você põe nessas condições.

— Por Thor, Johan! – Soluço também estava surpreso, mas mais ainda, preocupado. – Para onde você a mandou?

Eu tirei um papel do bolso na sela da Luane entreguei a ele. – Desenhe.

Johan não esperou uma segunda ordem antes de começar a desenhar o mesmo mapa que tinha dado a Heather. Quando ele terminou, Soluço arrancou das mãos dele e correu para o Banguela. – Vamos Morgana! – E ele saiu na frente.

Eu fui para Luna, mas parei e me virei para o outro humano na embarcação.

Você não acha engraçada a coincidência da Heather atacar um navio pesqueiro de Berk por engano, quando é você que passa as informações de quais navios saqueadores ela realmente devia ir atrás?

— Eu acho que ela deve ter misturado algumas informações que eu dei para ela. – Ele se fez de desentendido.

— Mas é claro, já que pirataria é crime e bem mais barato, esse produtos roubados também te atrapalhariam não é?

— Eu só passei o que ela me pediu, eu nem sabia dos planos dela no começo.

Eu soltei um riso sarcástico. – Mas é claro que não, eu aposto que foi um erro e comunicação. – Eu falei, mas era possível ver que eu não acreditava nisso. – Tenha cuidado Johan, para não errar mais nada.

Eu o vi engolir a seco e sabia que não precisava dizer mais nada.

—------------- xx ----------------

Já era dia.

— Então, quando foi que você percebeu que eu havia saído? Achei que estava dormindo na cabana.

Soluço foi o primeiro a iniciar um conversa. Eu sinceramente não sabia se queria voltar a falar com ele, não ainda.

Já tinha suspeitas sobre a Heather, achava que ela tinha passado por uma coisa traumatizante, mas não achava que tinha sido tão cruel e tão parecido com a minha. A partir daquele momento a minha simpatia com ela tinha melhorado muito e a desconfiança, caída a zero.

Contudo, mesmo vendo que eu estava errada, não consegui encarar o Soluço, não tão diretamente. Do mesmo modo que eu não confiei na Heather, ele não confiou em mim. Em um ponto eu estava certa, ela tinha escondido algo de todos e mesmo assim, ninguém quis me ouvir, perguntar algo tentar entender.

— Estava na floresta quando vi vocês indo atrás delas. – Respostas curtas e diretas eram melhor.

— Mas resolveu seguir a gente ao invés de avisar os outros?

— Você é impulsivo e bom demais para esse mundo Soluço, há pessoas que você não entende e situações perigosas que não pode enfrentar. – Eu inda não o olhava. – Ir atrás da Heather sozinha foi tão perigoso quanto ela está fazendo agora.

Pude ver que ele encolheu os ombros.

— Você está brava comigo?

Tentei não mostrar reação.

— E por que estaria?

— As coisas... não estão como antes.

Não respondi para ele, mas sim na minha cabeça: porque você deixou as coisas ficarem assim.

— Olhe. – Eu apontei para a frota que era possível ver de longe e o pior Heather na Tesoura de Vento, presa no ar por correntes em pleno ar. – Droga! Soluço!

— Eu sei, vamos!

E isso nós fizemos, eu avancei com Luna, para os navios mais próximos. Ignorando as falas ridículas e provocantes de Dagur. – Vamos garota! Tiros simultâneos!

Eu comecei a atirar nas bestas, evitando que lançassem flechas na Heather ou no Soluço.

— Não deixem a garota morena escapar, eu quero vingança! Peguem os Fúrias da Noite!

— Explode as correntes Banguela! – Soluço ordenou, mas quando o tiro de plasma atingiu o alvo, nada aconteceu. – Correntes a prova de dragões?!

Eu encarei surpresa, não como Soluço pelas novidades, mas sim por já ter visto aquilo antes e sabia muito bem que Dagur era burro demais para ter inventado aquilo sozinho, teria que ter conseguido com outra pessoa, e eu temia e rezava para ser diferente da pessoa que eu estava pensando.

— Valeu a tentativa Soluço, você não achou que eu iria facilitar a sua vida não é? – O ruivo louco continuou a provocar.

— Soluço! – Eu chamei e depois apontei quando ele olhou. – Mire nos navios, os cascos!

Ele entendeu o meu plano e nós dois mergulhamos, sabia que ele o Banguela podiam se cuidar, então eu me concentrei em desviar dos balaços que estavam jogando em nós.

— Agora, garota! Tiros simultâneos. – Luna não hesitou em soltar o máximo de tiros nós 4 barcos mais próximos, Soluço fazia o mesmo o resto que segurava as correntes. Heather conseguiu se mexer, quando as correntes ficaram frouxas e ela se libertou.

Soluço e eu nos reunimos com as duas que se aproximara.

— Heather, você não pode enfrentar o Dagur e a frota dele sozinha. – O garoto avisou, mas a morena de tranças parecia muito relutante.

— Eu não estou sozinha, eu tenho a Tesoura de Vento.

Nós tivemos que desviar de mais flechar. Ela se voltou para os navios novamente.

— Eu estou quase lá! Talvez eu não tenha outra chance! – Ela parecia determinada e os olhos dela, loucos por vingança.

— Mas isso é suicídio! – Soluço ainda tentava falar com ela.

— Eu estou disposta a fazer o que for necessário.

Eu já estava impaciente com a teimosia dela e gritei. – E a vida da Tesoura de Vento vale tudo isso? Quanto mais você vai querer perder para o Dagur? – Eu percebi que ela arregalou os olhos com a minha frase. – Só que dessa vez, será culpa sua.

Eu falei bem séria e isso a atingiu.

— Heather. – Eu voei do lado dela. – Você terá outra chance, confie em mim, eu sei pelo o que você está passando. – Eu olhei bem nos olhos dela e sabia que ela tinha entendido o que eu queria dizer. – Confie em mim, você deve saber quando recuar.

Heather soltou uma exclamação de raiva antes de se voltar para sair dai, Soluço e eu a seguimos. Tinhamos evitado uma catástrofe naquele dia.

—---------- xx ------------

O clima estava bem estranho. Voava um pouco mais na frente de Soluço e Heather que mantinham uma certa distância entre eles. Nenhum de nós tinha falado nada desde que começamos a voltar para o Domínio e com certeza não seria eu a quebrar aquele gelo. Porém, eu não tinha muita certeza do porquê de estarem daquele jeito, se era pela Heather ter mentido ou por ter sido eu a ajuda-la, ou por ela ter arriscado a vida de seu dragão por uma causa perdida. Eu estava mais brava por cauda do ultimo motivo.

Todavia, sabia que não tinha o direito de pedir satisfações, e tudo o que eu queria conversar com ela, seria mais tarde, então deixei que eles se resolvessem, e voei mais na frente com Luna, mas me uma distância em que eu ainda conseguisse ouvir a conversa.

— Explodir os guinchos, boa ideia. – Heather tentou começar uma conversa.

— Na verdade, foi ideia da Morgana. – Pude sentir o olhar de Soluço nas minhas costas, mas não respondi. Ele riu meio nervoso. – Acho que demos sorte, o que não faz mal a ninguém... Nós falamos com o Johan, ele disse que o Dagur exterminou o seu vilarejo e a sua família... sinto muito.

Bom, direto ao assunto.

— Então sabe o porquê de ele ter que pagar.

— Eu sei, mas você não tem que enfrenta-lo sozinha.

— Não sei não, parece que o meu destino é ficar sozinha.

Senti os meus ombros encolherem com a resposta dela. Sabia como era, sabia muito bem. Mas parece que aquilo foi suficiente para Heather começar a ser um pouco mais sincera.

— Primeiro, quando eu era pequininha, eu fui separada da minha família biológica.

— Família biológica?

Pensei em ir mais na frente para deixar eles conversando sozinhos, mas Heather parecia mais disposta a falar, e por mais que eu não tivesse olhado para ela de novo nesse tempo, ela sabia que eu podia ouvir cada palavra.

— Mas eu não me lembro direito, faz muito tempo, só ficaram uma imagens na minha mente. Eu lembro das mãos do meu pai, elas eram ásperas, mas muito carinhos. Também me lembro do escudo dele, eu não podia brincar com ele, mas o meu pai deixava mesmo assim e isso. – Eu olhei por cima do ombro para vê-la tirar um chifre que estava preso na cintura. – Ele me deu esse chifre, eu não sei se tem um significado, mas toda vez que eu olho para o chifre, eu penso nele. Eu só queria saber quem ele era.

Ela ficou em silêncio depois, o mesmo com Soluço. Mas a conversa já tinha acabado porque tínhamos chegado ao Domínio.

Nós pousamos na base e vi que todos já estavam lá e eles pareciam meio ansiosos de ver Heather de novo, acho que tem haver com o fato de ela ter trancado os dragões de todo mundo quando fugiu, Soluço tinha me contado. Quando Heather entrou pela porta, já foi logo pedindo desculpas, mas eu estava cansada e ainda não queria encarar todo mundo. Então, me virei para, dessa vez sim, ir para minha cabana.

— Você pode ficar com os outros dragões, Luna. – Eu virei para a minha melhor amiga e vi ela me olhar bem e relar os olhos e dar uma bufada, como se dissesse: “você acha realmente que vou te deixar sozinha?” – Bem, se é assim, podemos ver o que vamos fazer para o jantar, será que a Heather gosta de costeletas?

— Acho que com a sua comida, ela vai gostar de qualquer coisa.

Eu me virei para quando ouvi a voz do moreno.

— Você não devia estar junto dos outros?

— É que eu queria conversar com você um pouquinho. – Soluço coçou atrás da cabeça, o gesto que ele sempre fazia quando estava nervoso.

Pensei em dizer que não era uma boa hora, mas acho que uma hora ou outro teríamos que voltar a nos falar.

Eu suspirei. – Ok

E assim nós nos encontrávamos de volta na cabana de reuniões, sem mais ninguém perto. Eu me sentei na mesa redonda e ele parou na minha frente.

— Então... – Soluço começou, mas acho que ele estava bem enrolado sobre o que falar, porque ele continuava a trocar o peso do corpo de uma perna para a outra.

Eu decidi começar então. – Olha, Soluço, eu não estou brava com você.

Pude ver que essa resposta tirou um peso enorme dos ombros dele, mas ele ainda tinha uma preocupação no olhar.

— Eu só queria me desculpar, pelo jeito que falei com você. – Ele deu alguns passos mais perto.

— Tudo bem, eu entendo agora que a Heather é uma pessoa que vocês confiam, mas eu só estava tentando proteger todo mundo.

— Eu sei disso. – Ele parou bem na minha frente e eu fui obrigada a olhar para o seu rosto diretamente, pela primeira vez naquele dia. – Nós sabemos disso, é só que Heather é nossa amiga há tão mais tempo.

— E eu há apenas alguns meses, então eu que deveria ser investigada?

— O quê?! Não! – Ele balançou a cabeça de um lado para o outro. – Não foi isso que eu quis dizer.

Eu soltei um suspiro alto e passei a mão no rosto, estava cansada e isso não estava indo bem.

— Olha Soluço, eu sei que não, desculpe por dizer isso. – Agora falava diretamente a ele. – Eu só quero que vocês entendam, principalmente você, que há muitas pessoas ruins lá fora. Eu vivi muito tempo me iludindo achando que toda pessoa tinha um pedaço bom que seria capaz de me ajudar quando eu estava sozinha no mundo, mas tem muita coisa ruim nessas águas, e eu não podia confiar em alguém que eu não sabia nada, eu fiz isso antes e só acabei machucada. – Tive que olhar para baixo depois da ultima frase.

Vi uma mão entrar no meu campo de visão e pousa sobre as minhas, quando levantei a cabeça, ele estava bem na minha frente.

— Eu sei que você passou por coisas horríveis, e pior ainda sendo tão jovem, mas eu quero que você perceba que não precisa confiar em mais ninguém, só em mim. – Senti a minha respiração prender na garganta. – Eu era um estranho para você há alguns meses e agora eu sei que eu- nós não queremos perder você e que eu vou sempre estar aqui para você. – Ele apertou mais a minha mão. – Agora vamos voltar ao normal, porque o Banguela sente muita falta dos seus carinhos de tarde.

Ele sorriu para mim e não pude evitar de fazer o mesmo, ele tinha covinhas fofas. Acabei soltando uma gargalhada antes de assentir e joguei os braços envolta do pescoço dele.

Senti ele abraçar com a mesma força de volta e pude ouvir a voz abafada dele no meu cabelo: - Senti falta disso.

Eu não respondi, apenas escondi o rosto no pescoço dele. Ficamos assim um tempo, e de repente eu senti algo nos separando ao se colocar bem no meio.

— Hey Banguela.- Eu ri baixinho e fiz um carinho na cabeça dele. – Bom... – Eu saltei da mesa e me virei para Soluço que me olhava sorrindo. – Eu vou falar com a Heather.

— Você quer que eu vá junto?

— Acho melhor não, devo um pedido de desculpas para ela, mas tem algo que também gostaria de discutir.

Ele parecia um pouco preocupado, mas assentiu com a cabeça.

— Ela e a Astrid disse que iriam fazer “coisas de menina”.

Eu senti o minha boca repuxar em um sorriso. – Então, eu sei exatamente a onde elas vão estar.

—---------- xx ------------

Eu não estava errada, ambas estavam no campo de tiro ao alvo que Astrid e eu fizemos.

— Então, o que mais vocês fazem aqui para se divertirem? – Pude ouvir Heather perguntando para a loira e foi quando eu interrompi.

— Acho que a resposta da Astrid vai ser qualquer coisa em relação a possibilidade de risco de morte. – Eu respondi ao sair de meio da floresta. As duas viraram para mim surpresa.

— Como se você não amasse também. – Astrid lançou um sorriso pra mim.

— Não posso dizer que é mentira.

— Procuramos você para a conversa de meninas, mas já tinha saído da base.

Vi que Heather não tinha falado nada.

— Aposto que vocês se divertiram bastante. – Eu estava sendo sincera. – Mas, Heather, eu estava pensando se eu podia falar com você rapidinho.

A morena pareceu surpresa com a minha resposta, mas assentiu. Astrid sabia que precisávamos daquele tempo.

— Ok, então, eu espero vocês no penhasco.

Eu esperei até a loira estivesse uma distância segura para começar a falar.

— Eu não vim pedir desculpas, apesar de um dever um pedido sim do mesmo jeito que você deve para mim.

Ela arregalou os olhos, mas depois disse: - Justo. Então sobre o que quer falar?

— Eu sei o que passou com você. – Ela me olhou confusa. – Eu sei o porquê aconteceu o mesmo comigo.

Pude ver que agora ela estava muito surpresa.

— Quer dizer que a sua família...?

— Sim, foram todos dizimados por um homem muito ruim também, mas não foi o Dagur. – Eu falei quando vi a pergunta na expressão dela. – Foi há muito anos.

— Então, você quer me apoiar ou me criticar? – Ela parecia bem confusa.

— Olha, eu sei que nós não conhecemos nada uma da outra, além disso. Contudo, eu quero dizer que entendo o porquê de você querer vingança, mais que qualquer um desse grupo, porque não sei o que eu faria se visse o homem que arruinou a minha felicidade de novo.

Ela ia falar algo, mas eu interrompi. – Porém, eu acho que você esta no caminho errado.

— Como assim?

— Heather, você está se afogando em vingança, hoje você e a Tesoura de Vento podiam ter sido mortas, mas você não percebeu isso. Acha mesmo que vale a pena perder mais um vida só para você ter um sentimento bom por poucos instante?

— Você está dizendo que eu não direito de castigar alguém que me tirou tudo? Você entre todas as pessoas.

— Não, estou dizer que você todo o direito do mundo, mas que você não vai conseguir fazer isso sozinha. Essas pessoas que estão aqui, se importam com você e não entenda o que representa para elas, esse grupo gosta de você como se nunca tivesse saído, e a partir do momento que você os reencontrou, eles a ajudariam de qualquer modo e o fato de você ter escondido coisas deles, os levou para um campo minado, cegos.

Ela encolheu os ombros um pouco, mas continuei.

— Eles estão com você agora, irão ajuda-la, mas se você não os contar o que realmente está acontecendo, ele iram se machucar, e eu não vou permitir isso.

Ela ficou em silêncio.

— Olha, eu quero ser sua amiga, e você pode contar comigo para qualquer coisa, por mais que eu tenho agido diferente até agora, não quero ver alguém que eu sei, agora, que é uma boa pessoa e que se importa com dragões se machuque assim.

Eu fiquei em silêncio esperando uma reação e vi ela suspirar.

— Eu sei que você não quer mais ficar sozinha, então não fique.

Dei um leve sorriso para ela e para a minha surpresa, ela correspondeu.

— Eu entendo que você quer dizer, sei que não posso fazer isso sozinha. – Ela estendeu o braço para mim e eu segurei bem perto do cotovelo, acho que tínhamos nos acertado. – Você vem encontrar com a Astrid?

— Não, pode ir, você precisa relaxar um pouco.

Ela concordou e eu me virei para voltar para a sede sem saber que ao invés de mudar sua cabeça, tinha ajudado para um novo plano em sua mente.

—----------- xx --------------

— Morgana!

Ouvir uma voz me chamar quando Bangula pousou ao meu lado com o seu mestre.

— Soluço? Por que você parece tão nervoso? – Ele tinha um olhar no rosto que eu não tinha visto antes.

— Isso. – Ele tirou o chifre da Heather. – Esse chifre do pai da Heather, tem o selo de chefe do meu pai!

— O quê?! – Eu perguntei espantada.

Depois disso, estávamos os dois em nossos dragões voando em direção de Berk para conseguir repostas diretamente com a fonte, Stoico o Imenso.

Chagamos em berk bem mais rápido do que o de costume tamanha era a pressa do Soluço.

— Soluço! Morgana! – Bocão falou quando nos viu pousando. – Odin ouviu as minhas preces, eu estava dizendo que preciso da ajuda de vocês dois e do Banguela e da Luna com um grupinho irritante de Nadders selvagens que esta me deixando louco! - Eu olhei para o lado e vi 6 Nadders andando descontrolados por entre as cabanas. – Vocês ouviram suas pragas nojentas!

— Foi mal, Bocão, eu preciso ver o meu pai, é urgente. – Soluço estava bem sério.

— Nesse caso ele está no salão, mas é o dia das queixas, então deve demorar um pouquinho.

Soluço agradeceu e pegou na minha mão para irmos no salão, mas eu de um leve puxada.

— Acho que você de veria falar com o seu pai sozinho. – Eu dei um leve sorriso para ele, mas entendia isso também.

Eu vi os dois indo em direção do que pode ser uma das maiores revelações da vida do Soluço.

Dei um pulo de susto quando ouvi um Nadder soltar um rugido alto.

— Bocão! Você não pode puxar a calda dele assim! – E fui ajudar o viking irritado.

Não foi tão difícil assim arrumar as coisas entre os dragões espinhudos, mas estava preocupada com Soluço, ele já estava conversando com o pai há algum tempo. Pulei do chão que estava sentada quando vi a dupla se aproximando, o humano com cabeça baixa.

— E ai? – Eu perguntei baixinho. – Ela é a sua irmã mesmo?

— Não, mas é uma situação bem pior que isso.

—----------- xx ---------------

E pode colocar a situação em escala de catastrófica quando Soluço e eu chegamos ao Domínio e o encontramos vazio, com apenas um mapa pregado na parede com uma das adagas da Astrid prendendo-o na parede.

— Como foi que todos eles concordaram em ir fazer uma besteira dessas? – Soluço estava bem irritado.

— Acho que eu tenho uma pontada de culpa. – Ele me olhou confuso. – Eu disse a Heather que todos a ajudariam e que elas tinha que confiar neles, mas eu disse isso como uma forma de encontrar um jeito de superar essa vingança, e não para levar todo mundo para um ataque as cegas de novo! – Eu gesticulava com as mão para o alto e vi Soluço soltar uma risada. – O que foi?

— É que apesar da situação, eu acho bom estarmos de volta ao normal. – Ele sorriu para mim e virei o rosto ao senti-lo esquentar.

Todavia, aquele clima acabou quando avistamos a frota do Dagur, mas o que chama a atenção não são os guerreiros no ar se desviando de flechas e catapultas, mas sim que no navio principal Heather estava com o machado bem na garganta de um Dagur amarrado no chão e a Tesoura de Vento parecia prestes a dar o golpe final.

Nós corremos para nos aproximar e Soluço não hesitou em lançar um ataque de plasma atrás do navio como aviso para que eles parassem.

— Heather, pare! – Ele gritou e ambos pulamos no casco do navio.

— Sai, Soluço! – Heather não iria desistir.

— Você não esta entendendo, Heather. – Eu tentei me aproximar, se pelo menos eu conseguisse tirar o machado dela.

— Você disse que me entendia, Morgana. Que era para eu confiar em todos, eu o fiz!

— Mas eu não quis dizer isso! – Eu tentei falar. – Você precisa ouvir o que o Soluço tem para contar.

Soluço tirou o chifre da bolsa. - Você falou que o seu pai te deu isso.

— Ele deu, mas o que esta fazendo? – Heather não estava entendo nada.

— Esse é o brasão de chefe do meu pai!

Era possível ver a surpresa no rosto dela.

— Eu estou dizendo que o meu pai deu esse chifre para chefe da tribo Berserker, anos atrás, Osvaldo o Abrasivel como presente pela filha recém nascida dele.

— Mas...

— Heather. – Eu falei de vagar para tentar acalmar as coisas. – Você era essa filha, seu pai era Osvaldo, como também é pai do... – Todos olhamos para o homem amordaçado. - ... do Dagur.

O choque era visto no rosto da cavaleira.

— Você não pode mata-lo. – Soluço disse.

— Que tal a Morgana? – Ela se virou para mim e eu dei de ombros tirando a adaga da bota.

— Não! – Soluço colocou a mão na minha frente e me olhou indignado.

— O que foi? Eu não gosto dele também.

Fomos interrompidos quando o barco tremeu e mais flechas passaram por nossa cabeças. Atrás de nós, a frota que o Dagur ia comprar estava se aproximando e atacando. Depois de outro ataque o barco balançou, eu ia cair na água pelo desiquilíbrio quando senti Soluço me segurar pela cintura, ele se virou para a Heather.

— Heather, nós temos que ir embora.

Mas ela estava desolada demais para fazer algo. E em meio aquilo tudo, Dagur acabou de soltando.

— Eu tenho que admitir, você nunca decepciona irmão, ou será que é o meu tio? Nunca se sabe nesse mundo.

— Você é doente. – Eu disse para o ruivo lunático na minha frente.

Soluço e Astrid montaram nos seus dragões.

— Heather, eu sou a única família que te resta, vem comigo irmão. – Dagur estendeu a mão para ela, mas a morena ainda estava ajoelhada no chão. – Eu sei que você sente o sangue Berserker correndo nas suas veias.

Antes que ele desse mais um passo para perto dela, eu lancei o Osso Voador entre eles. Dagur pulou para trás assustado.

— Você não é a família dela. – Eu disse de vagar enquanto parava do lado da Heather. – A família dela é que a apoia e a protege, as pessoas que estão prestes a sair daqui.

Eu me virei para a garota e estendi a mão, pude ver o olhar determinado, mas ainda triste dela, porém ela pegou a minha mão e eu a ajudei a se levantar, juntas, nós corremos até o Dagur, e este se colocou em posição de ataque, mas nós duas pulamos sobre ele e caímos nas selas de nossos dragões. Estávamos saindo daquele lugar.

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Era final da tarde quando eu vi Heather arrumando as coisas para ir embora com a Tesoura de Vento.

— Aqui. – Eu falei atrás dela e estendi um pacote. – Comida para a viagem.

— Valeu. – Ela sorriu fraco. – Você entende o porquê de eu ter que ir, não é?

— Sim, mas espero que mude de ideia algum dia.

— Obrigada, Morgana. Sei que começamos errado, mas eu gostaria de ter uma amiga como você.

— Você sabe que já tem. – Ela me deu um abraço.

Astrid apareceu atrás de nós. – Então, você já vai embora de novo, achei que estivesse cansada de ficar sozinha.

— E estou. – Heather suspirou.

— Então não vai, é mais seguro aqui. Diz para ela, Morgana.

Eu dei um leve sorriso para Astird, sei que ela era a pessoa que mais sentiria a falta da caçadora, mas eu e nem ninguém podia impedir ela de ir embora.

— Eu sei, Astrid, mas tenho que colocar a minha mente em ordem. – Ela subiu na Tesoura de Vento. – Valeu Astrid, foi legal ter uma amiga de novo, e ter conseguido mais uma.

Eu fui para o lado da loira, senti Soluço chegar ao meu outro lado, enquanto víamos Heather voar para longe.

— Hey. – Eu dei um empurrão no ombro dela. – Eu sei que vocês estavam próximas, mas você ainda tem a mim.

Ela sorriu de leve.

— E a mim. – Soluço disse. – Você quer fazer alguma coisa juntos?

Antes que Astrid pudesse responder, eu entrelacei o meu braço com o dela. – Não, vamos ter a nossa conversa de garotas.

Astrid soltou uma gargalhada com a cara que Soluço fez e assentiu para mim.

Posso não conhecer a Astrid e os outros há tanto tempo assim, mas ela sabia que Heather não era a sua única amiga e eu era muito grata por ter uma companheira de luta como ela.