When the Moon meets the Night

Capitulo 11 - A irmã mais velha (parte 2)


— De todas as ações irresponsáveis, indisciplinadas, de todas as coisas que poderia ter aprontado, essa foi a pior! Você sabe o que o Dagur é capaz para colocar as mãos no Olho de Dragão? – Soluço claramente não queria uma resposta enquanto passava um sermão no Gutav. Tínhamos acabado de chegar de volta e estávamos com os outros na parte central do Domínio, onde fazíamos as reuniões. Eu estava de braços cruzados e quieta no canto, sabia que o que o Gustav tinha feito era errado.

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— Eu só achei que se chegasse aqui com o tesouro, vocês me aceitariam. – Gustav tentou explicar e depois abaixou a cabeça culpado.

— Em primeiro lugar, não tem tesouro e segundo, nós já fomos lá e a ilha toda é como uma colmeia repleta de cavernas instáveis que nós nunca localizamos. – Soluço voltou a falar.

— Desculpa, eu só...

— Você poderia ter morrido, o Anzol de Dente poderia ter morrido. Olha só, isso aqui não é Berk, você tem que entender que as regras são diferentes e você tem que usar mais a cabeça.

— Eu só queria provar que sou capaz. – Gustav tentava explicar, mas não estava se ajudando.

Soluço soltou uma rizada sarcástica. – E provou, você provou que é capaz de ser um baita de um irresponsável, de ser muito imaturo e de não ser nada confiável para nenhum de nós.

Tá, agora ele exagerou.

Eu esperei todos os outros saírem do local para finalmente me dirigir ao esquentadinho.

— Você não acha que está sendo muito duro com ele? – Eu resolvi me meter mesmo com o olhar irritado que o moreno me mostrou.

— Nem tente defender ele Morgana, você sabe o que ele fez foi errado como tudo que ele faz. – Ele gritou na minha cara e agora foi eu que franzi a testa, ninguém iria gritar assim comigo.

— Talvez ele não precisasse fazer nada que chame a atenção se você ao menos tivesse dado uma chance a ele. – Eu rebati.

— Como você quer que eu dê uma chance para alguém sem treino?

— Ele não tem treino porque você se recusa a ajuda-lo, ele é só uma crianças que estava tentando te impressionar, você acusa ele como se nós mesmos não tivéssemos os gêmeos que explodem algo pelo menos duas vezes ao dia.

— Mas olhas só o que ele fez hoje, fez uma maior bagunça em um só dia aqui. – Eu podia ver que ele estava ficando sem argumento.

— Ele encheu um buraco com pedra, que grande mal há nisso? – Eu joguei os braços para o alto frustrada. – Vocês não tentam dar uma chance para ele em nada, não tentam ajudá-lo e mesmo assim querem que ele seja perfeito.

— Você tem que entender, Morgana, não pode passar a mão na cabeça dele sempre e o proteger de tudo. – Ele passou a mão no rosto cansado. – Olha, o dia foi cheio, amanhã a gente pode conversar de novo, mas agora seria melhor para todo mundo se deixássemos como está.

Ele não me deixou falar mais nada antes de se virar e voltar para a própria cabana.

— Ele é impossível! – Eu soltei um urro de frustação e me virei para Luna. – Você acha que eu estou errada? Ele nem me ouve. – Ela veio até o meu lado e colocou a cabeça em baixo da minha mão para eu me acalmar. Tive que contar até dez, antes de sorrir para ela. – Vamos garota, parece que precisamos dormir mesmo.

—------------ xx ----------------

Qualquer chance de que as coisas iriam melhorar no dia seguinte foi para o espaço quando todos acordaram e não havia sinal do Gustav.

—Alguma coisa? – Soluço perguntou após pousar do meu lado.

— Eu já procurei na sede, na sua cabana e até nos estábulos e eu não o encontrei. – Astrid respondeu.

— Não tem nada pegando fogo aqui, então ele deve ter ido embora. – Perna de Peixe disse, mas se calou com o olhar que eu lancei para ele.

— A gente tem que achar o Gustav. – Eu disse preocupada.

— Será mesmo? – Cabeça Dura falou gostando da ideia.

— É. – Melequento concordou. – Está preocupado com o quê? Nós deveríamos comemorar o fato de ele ter partido.

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— Vocês podem achar isso bom, mas aqui ele é só uma criança e responsabilidade nossa. – Eu falei brava.

— Morgana tem razão, precisamos saber se ele esta bem. – Eu fiquei surpresa em ter sido o Soluço a concordar comigo.

— Podemos perguntar para o Anzou deDente.

— E Cabeça Quente pode dizer como vamos fazer isso?

— Se vira, Melequento.

Para o espanto de todo mundo, o dito dragão veio voando e pousou na nossa frente.

—Anzol de Dente! – Eu corri para perto dele tentando acalma-lo, o coitadinho estava super agitado. – Ele não parece estar machucado.

— Gente, olha. – Perna de Peixe apontou para um pergaminho enrolado no chifre do dragão. Soluço pegou para ler.

— Dagur! Ele quer fazer uma troca: o Olho de Dragão pelo Gustav.

— Eu não entendo, como foi que o Dagur conseguiu sequestrar o Gustav? – Eu comentei.

Soluço estava arrumando a mochila dele na sela do Banguela para a viagem.

—Eu não sei, mas nós não temos escolha.

— Tem certeza que não temos escolha? Nenhuma? Nadica? Mesmo? – Cabeça Dura se calou com o cascudo que eu dei nele.

— A culpa é minha, eu não dei nenhuma chance para o garoto. Você tinha razão Morgana, se eu não tivesse tão concentrado com esse negócio. – Ele se referia ao Olho de Dragão nas mãos. – Eu teria deixado ele ocupado.

— Não foi culpa sua Soluço. – Eu coloquei uma mão no ombro dele. – Eu também insisti demais em algo que nenhum dos dois estava pronto ainda.

— Deixa pelo menos eu e a Tempestade irmos com você. – Astrid tentou convencer o moreno.

— O Dagur foi muito claro, ele quer que eu vá até lá sozinho, a gente não sabe o que ele pode fazer com o Gustav se eu não cumprir a risca a suas exigências. – Eu fiz uma careta e ele percebeu. – Eu vou tomar cuidado, prometo.

Eu sorri de leve para convencer mais a ele do que a mim mesma. Nós ficamos vendo a dupla e o Anzou de Dente partirem e eu me virei para voltar para a minha cabana, garantindo que todos vissem isso.

—Sozinho é um iaque fedido, vamos garota. – Luna sorriu animada para mim, ela não tinha gostado de que o Banguela tinha ido sozinho também e parecia bem feliz com o meu pequeno plano de seguir ele de longe.

—------------ xx -------------

Já fazia alguns minutos que estávamos seguindo os três, por mais que o Soluço seja muito inteligente, eu era bem mais experiente em me esconder. Não demorou para chegarmos no ponto de encontro que era o barco do Dagur, por sorte era perto de um grupo rochoso de pedras e eu e Luna conseguimos nos esconder, a neblina que envolvia o lugar também ajudava.

Eu senti Luna dar um leve rosnado quando avistou o Dagur. – Shh garota, vamos só observar, precisamos garantir que o Gustav esteja bem.

De onde estávamos ainda dava para ouvir a conversa e eu pude rolar os olhos com os comentários bobos e sarcásticos do ruivo psicopata. Também pude ouvir o rolar que o Olho de Dragão fez no casco quando o Soluço o jogou, mas a minha surpresa foi ouvir a conversa seguinte.

—Esse pessoal aqui me tratou mil vezes melhor do que você os seus cavaleiros me trataram. – Era a voz do Gustav.

— Gustav... – Era possível sentir o sinal de aviso na voz do Soluço.

— Você podia ter me dado uma chance sabia? E tudo o que vocês fizeram foi me dizer que eu não era boa e que não era o meu lugar. Pois aqui é o meu lugar.

— Gustav, eu tenho certeza que você não sabe a onde está se metendo. Pensa na Morgana e tudo que ela fez por você.

Eu prendi a respiração com a menção do meu nome.

—Ela foi realmente a única que foi legal comigo, que me via de verdade, mas não é o suficiente. Então, sim Soluço, eu sei muito bem o que estou fazendo.

— Morgana? Você está falando da morena louca que soltou bombas no meu barco? – Dagur perguntou e depois soltou um riso alto. – Você está trabalhando com bandidos agora, irmão? Caiu muito de nível.

Eu fechei a cara com o insulto, mas fiquei agradecida com o rosnado que ouvi Banguela soltar me defendendo.

—Parece que o seu trabalho acabou aqui, irmãozinho. Agora seria a hora que eu te trairia e te encheria de flechas, mas o menino é medroso e ele me fez prometer que te soltaria e em troca ele me levaria ao tesouro.

Tesouro? Ele não estava falando do...?

—Isso mesmo Soluço, nós temos o Olho de Dragão e o fogo do Anzol de Dente e sabe o que isso significa? Grande tesouro nos espera!

— Você vai se arrepender disso, seu pestinha.

— Eu acho que não, Soluço.

Pela movimentação que eu ouvi, Soluço tinha subido no Banguela de novo. Foi confirmado quando eu vi a dupla levantar voo.

Eu dei uma batidinha de leve na cabeça da Luna indicando para nós irmos embora.

—Onde você pensa que vai? – Nós paramos bem na frente dos dois e eles frearam.

— Morgana! Quase me matou de susto! O que vocês estão fazendo aqui?

— Te seguindo, obvio. Até parece que eu iria te deixar vir sozinho encontrar com o Dagur. – Eu apontei para uma área rochosa e nós pousamos para conversar.

Soluço encostou as costas em uma pedra e soltou um suspiro alto.

—Eu ouvi tudo. – Eu me sentei do lado dele.

— Então você sabe que o Gustav traiu a gente. – Ele passou a mão pelos cabelos frustrado. – Ele me enganou certinho, e agora o Dagur tem o Olho de Dragão.

Ele deu um pulo se levantando. – Nós temos que voltar agora mesmo para o Domínio e-

Eu o interrompi puxando seu braço para baixo com força fazendo ele voltar a se sentar.

—Se acalma garotão, ou vai acabar tendo um ataque em plenos 19 anos. – Eu ri e ele pareceu relaxar, mas ainda podia ver seus ombros tensos. – Sabe, Soluço, eu sei que você não gosta quando eu defendo o Gustav, mas você tem que entender que ele não é você. Tem pessoas que não conseguem se virar sozinhas, elas precisam de ajuda para poder progredir. – Eu empurrei o ombro dele de leve com o meu e recebi um sorriso fraco. – Porém, eu ainda penso que você deve confiar nele, porque afinal, se ele conseguiu a confiança de um dragão, é porque tem bom coração.

— Confiar? Mas e sobre o que ele fez?

— Bem, ai está mais uma vez, você não percebe o que ele é capaz. – Agora o moreno me olhava confuso. – Durante o tempo que eu fiquei com o Gustav, eu o ensinei algumas coisas e agora ele me provou que pode ser um bom aluno. Lembra do que ele disse para você, sobre o “tesouro”?

— Mas é claro! – Ele soltou tinha um sorriso enorme agora. – A ilha esburacada! Eles vão para lá, era isso que ele estava tentando me dizer. – Ele me estendeu a mão. – Vamos Morgana, temos que terminar isso.

—--------------xx--------------

—São eles? – Eu cochichei para Soluço. Estávamos escondidos na praia e eu pude ver o barco do Dagur para na praia.

— Vamos para o ponto em que o Gustav caiu da última vez. – O moreno disse e eu assenti. Nos deslocamos em silêncio por uma entrada lateral.

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Quando entramos, foi possível ver a luz do Olho de Dragão sendo carregado pelo Gustav, estava andando reto até ela ser sacudida e depois abafada.

—Saia já! Saia agora mesmo. – Era a voz do Dagur gritando. Isso queria dizer que o Gustav tinha conseguido escapar dele, mas provavelmente estava escondido.

Eu olhei para Soluço e ele sabia o que eu queria dizer. Luna e Banguela estavam prontos para atacar se necessário.

—Te peguei! – Dagur falou quando acho o Gustav, mas nós também tinhamos achado.

—Não, nós te pegamos. – Soluço falou quando nós nos revelamos, Banguela com uma carga de plasma bem preparada. – Bom trabalho Gutav.

O garoto olhou aliviado para nós e eu sorri para ele, com certeza uma criança incrível.

—Qual o problema Dagur? Não vai me dar um fora? Nem ser sarcástico? Achei que tivéssemos um código tão legal que você adorasse. – Eu ri com a fala do Soluço, ele tinha usado a mesma que o ruivo falou para ele mais cedo.

Dagur, mais rápido do que nós, puxou o Olho do Dragão das mãos do Gustav.

—Dagur, entrega isso agora mesmo. – Luna soltou um rosnado enfatizando o meu aviso.

— Por mais que eu queria conhecer mais de você, novata e, para minha surpresa, a sua Fúria da Noite, não vai dar não.

— Eu não estou pedindo. – Luna soltou uma explosão de plasma no chão mostrando que eu não estava brincando.

Havia uma cratera entre nós e o ruivo.

—Você não tem para onde ir.

—Jura? – Ele levantou o Olho de Dragão. – Ups. – Eu arregalei os olhos quando ele simplesmente largou na abertura.

— Essa não! – Gustav pulou dentro do buraco.

— Gustav! – Eu gritei desesperada e fiz Luna ir atrás do garoto.

— Morgana!

Ignorando o chamado, nós duas voamos para o garoto.

—Morgana! – Gustav gritou. O eco do meu nome fez a minha visão ficar embasada e lembranças do mesmo som em um desespero muito maior de um pequeno garotinho zumbiu no meu ouvido.

— Isaac... – Eu sussurrei, mas só sai do meu estupor com a batida de uma pedra no meu ombro. Sacudindo estiquei o braço para pegar o braço do garoto na minha frente e o puxei para a minha cela. – Pronto, eu peguei você.

Ainda meio tonta eu sorri para o pequeno.

—Vocês estão bem? – Soluço perguntou e eu ia responder quando uma pedra enorme se desprendeu de uma das paredes e veio na nossa direção.

—Cuidado! – Eu tentei avisar, mas de nada adiantou, mesmo tentando desviar o pedregulho conseguiu pegar na asa da Luna e do Banguela ao mesmo tempo, isso fez com que Soluço, Gustav e eu caíssemos das sela.

— Luna! – Eu chamei e ela conseguiu voar de volta para mim. – Tudo bem, garota? – Eu suspirei aliviada depois de ver que ela estava sem ferimentos. Outro alívio foi ver Anzol de Dente pegando o Gustav.

— Banguela!

Eu olhei para baixo e vi que Soluço e Banguela não conseguiam chegar um ao outro, tinha me esquecido que o dragão não podia voar sozinho. Tentei puxar Luna para baixo para ajuda-los, mas as pedras não paravam de cair e impediam o avanço.

—Soluço!Banguela! – Eu gritei desesperada, podia sentir que Luna também tentava chegar ao Banguela de qualquer maneira, mas parecia impossível.

Quando eu achei que iria presenciar a queda fatal deles, Soluço conseguiu finalmente alcançar a sela do fúria da noite e voar para um túnel lateral na parede, Anzol de Dente e eu os seguimos e conseguimos evitar o desmoronamento.

—Eu ter que criar alguma solução para caso isso aconteça de novo. – Soluço brincou, mas não achei graça nenhum. Eu literalmente pulei da minha sela para a dele e joguei os meus braços ao redor do pescoço dele o abraçando apertado.

— Nunca mais me assuste assim, ouviu? – Ele tinha soltado uma exclamação de surpresa e eu ignorei o abraçando mais forte, depois de alguns segundos, eu senti ele retribuir o abraço.

— Shhhh está tudo bem, estamos todos bem.

Eu o soltei depois de me acalmar um pouco e ele sorriu de leve para mim, eu retribui e foi quando eu vi o outro humano do recinto. Saindo de cima do Banguela, eu voltei a minha preocupação para o adolescente.

—Gustav, você está bem? Se machucou? – Eu segurei o seu rosto nas minha mão para ver se tinha algo de errado.

— Eu estou bem, sério. – Eu riu, mas depois fechou a cara. – Eu sinto muito, Morgana, Soluço.

— Eu também sinto muito, Gustav. Você continua sendo irresponsável, imaturo e impudente, mas pela maneira segura que você lidou com a situação, acho que você tem todas as condições para se tornar um cavaleiro um dia. – Soluço falou e eu sorri orgulhosa para ele.

— “Um dia”? Acho que “um dia” não é nada mal. – Ele parecia bem mais feliz agora.

A conversa foi interrompida com um terremoto leve.

—Acho melhor nós procuramos uma saída. – Eu comentei e os outros concordaram, nós nos viramos para sair, mas vi que o Haddock tinha parado e, para minha surpresa, tinha um baú nas mãos.

— Isso é...?

— Aham, parece que tinha um tesouro afinal das contas.

—----------------- xx -------------------

A volta para o Domínio tinha sido bem tranquila, quando chegamos, os outros estavam esperando na colina. Eu acabei levando um pequeno sermão da Astrid por ter saído sozinha, mas fora isso, estava tudo bem. Agora era a hora da despedida do pequeno.

—Gustav eu... – Astrid tentou se desculpa, mas Gustav colocou um dedo sobre os lábios dela, para a impedir de falar.

— Pode parar, querida. Eu não posso ficar, a minha mãe me mataria, geralmente ela percebe que eu sumi depois de três dias. – Ele falou e eu cobri a mão para abafar o riso.

— Gustav. – Eu o chamei e depois me agachei parar poder dar uma abraço nele. – Se cuida está bem? E tente não irritar ninguém em Berk. – Eu brinquei.

— Pode deixar. – Ele fez sinal de continência e eu ri. – Obrigada por tudo, Morgana, você foi como uma irmã mais velha para mim.

Eu prendi a respiração com o que ele falou e segurei as lágrimas, ele era um bom garoto, estabanado, mas um bom garoto.

Depois disso nós vimos ele montar no pesadelo monstruoso e ir embora.

—O que é isso? – Astrid desviou a atenção para o baú nas mãos do Soluço.

— É só uma coisinha que eu achei no fundo da caverna. – Ele tirou um objeto de dentro.

— Uma lente do Olho de Dragão? – Perna de Peixe perguntou super animado.

— Parece que havia realmente um tesouro no fundo daquelas cavernas. O Olho de Dragão nos deu pistas de como encontra-lo, nós só não estávamos procurando no lugar certo.

— Se tinha uma lente por lá, quer dizer que existem mais ainda. – Eu comentei.

— E se pensar que não teríamos achado isso sem o Gustav.

— Então vamos lá contar para ele.

— NÃO!

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—Que dia mais cansativo. – Eu comentei mais para mim mesma do que para Luna. Já estava de noite e todos foram se recolher. Podia sentir a minha cabeça latejar de dor.

— Tok tok

Eu me virei para a entrada da cabana quando e vi Soluço parado ali. – Será que a gente podia conversar um minuto?

Eu olhei para ele confusa, mas concordei com a cabeça de qualquer modo, dei espaço para ele se sentar na minha cama ao meu lado.

Primeiramente, ele não disse nada e só ficamos observando Banguela se deitar em cima da pedra/cama da Luna junto dela.

—Ela gostou muito da cama. – Eu me referi a pedra, que tinha sido presente do moreno. Tinha tentado começar a conversa, mas Soluço ignorou e resolveu finalmente dizer o que ele queria.

— O que aconteceu com você hoje? – Ele perguntou.

Eu desviei o olhar e também tentei me fazer de desentendida. – Eu não sei do que você está falando.

—Eu sei que você sabe, lá na caverna, você congelou do nada. – Ele falava baixo para não me pressionar.

— Eu sei que aquilo não deveria ter acontecido, eu quase matei a todos nós.

Eu arregalei os olhos quando ele pegou o meu ombro e me virou com tudo para olhar para ele.

—Não é isso que eu estou me falando! – Ele disse bravo e eu estremeci, percebendo isso, Soluço me soltou e acalmou a voz. – Aquilo que aconteceu... eu fiquei preocupado com você, poderia ter se machucado.

Eu tentei pensar em algo para acabar com aquela conversa, mas sabia que não teria outro jeito, o moreno sabia ser bem insistente quando queria. Então eu me limitei a suspirar derrotada.

—O modo como o Gustav gritou o meu nome, me trouxe lembranças. – Eu olhei para ele. – Lembranças do meu irmão.

— Irmão? – Ele ficou surpreso, não o culpo, nunca tinha mencionado nada sobre a minha família antes.

— Eu tinha um irmãozinho. – Eu continuei. – O nome dele era Isaac, ele era adorável, um pestinha que sempre queria brincar com tudo e explorar a onde não devia. – Eu ri de leve com as lembranças.

— Você nunca me disse nada sobre a sua família. – Senti ele se aproximar mais de mim e colocar uma mão por cima das minhas recolhidas no meu colo, não percebi que estava tremendo. – Você não precisa me contar nada que não queria.

Sorri de leve agradecida e assenti, ainda não estava pronta para contar a ele sobre o meu passado. – É só.... o Gustav me lembra tanto dele, ele teria 13 anos agora, ele era tão bom, nunca enxergava o mal em nada, sempre sorrindo e feliz.

—Ele parece ser um garoto incrível. – Ele falou e eu tentei soltar um sorriso fraco.

— E era. – Ele tinha percebido o que eu quis dizer. - Por isso que eu o “passava a mão” na cabeça do Gustav , acho que era uma forma de proteger ele, de cuidar dele, como eu não pude fazer com o meu irmão.

Senti Soluço passar o polegar pela minha bochecha limpando uma lágrima que caiu, outras seguiram.

— Eu era uma irmã tão ruim, sempre queria me aventurar por ai, subir em penhascos, explorar cavernas e ele sempre queria ir junto, mas só tinha 6 anos e eu não deixava, dizia que ele era muito novo e que era perigoso para ele não se sentir mal, mas na minha cabeça eu só não queria que ele viesse para não me atrasar. Hoje eu me sinto tão mal. – Cobri o rosto soluçando pelas lágrimas. – Ele só queria passar um tempo comigo e eu era tão estupida em pensar apenas em mim, agora eu não o tenho mais e tudo que eu queria era poder voltar no tempo e poder abraça-lo e dizer o quanto o amava e que nós iriamos em todas as aventuras que ele quiser, só para poder ver ele sorrindo mais uma vez. Mas ai, aconteceu aquilo e eu... e eu....

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Eu não consegui terminar de falar, de contar tudo.Meu pequeno irmãozinho que eu não pude salvar, não pude proteger.

Soluço me deixou deitar a cabeça em seu ombro e passou o braço sobre o meu ombro, fazendo um carinho de leve com o polegar neste. E ficamos assim, sem dizer nada, até eu me sentir tão exausta pelo choro e cair no sono.