Uma Pequena Visita
Capítulo 2
Já era tarde da noite. A pequena garota acorda sem sono. Senta na cama e esfrega os olhos. Ela põe seus pezinhos no chão frio, pega um cobertor e uma de suas pelúcias.
A loirinha caminha devagar em direção à sala. Vai até o braço do sofá e sussurra:
- Papai Len, vochê está acodado?
- Hum... Agora estou... - ele murmura se mexendo um pouco.
- Papai Len... - ela o cutuca - Não conshigo domi.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói! Ele se remexe e diz sonolento:
- Esse sofá não é muito grande, não tem espaço pra dois...
Rin larga suas coisas no chão e tenta empurrar uma poltrona para perto do loiro. Como não era forte o suficiente, o móvel nem saiu do lugar.
Len respirou fundo e levantou-se. Empurrou a poltrona até ao lado do sofá e a inclinou para trás, fazendo assim uma caminha improvisada.
- Pronto. Agora vá dormir. - se jogou de volta no sofá.
- Huhum! - ela assentiu animada - Obigada!— subiu no móvel e se aconchegou nele com seu cobertor e seu bichinho de pelúcia.
- Papai Len... - o chamou novamente.
- O que foi, Rin-chan?
- Conta uma históia pa mim?
- Na sua casa é aquela governanta maligna que lhe conta historinhas?
- Não, é a mamãe.
- Aquela nanica... - resmunga.
Ele encara a loirinha que faz o mesmo com os seus olhinhos amáveis. Len respira fundo e se rende:
- Tudo bem então! - a garota comemora - Mas você vai me prometer que depois vai dormir, certo?
- Ceto!
- Era uma vez, em um apartamento cheio de roupa suja e comida estragada, vivia uma barata. Essa barata adorava subir em cima de cabelos loiros, principalmente de menininhas que demoram muito pra dormir. Fim!
- Hã?! – ela indaga – Po acasho ela vivi aqui?
- Talvez... – sorri maquiavelicamente – Bons sonhos.
A pequena arregala os olhos e treme toda. Olha para os lados e mexe em sua cabeça, com medo de encontrar algo lá.
- Vochê está mentindo, não é?
Ele não responde.
Rin se levanta e sobe em cima do loiro e rola para o seu lado, ficando em suas costas.
- O que está fazendo aí, menina?! Eu não disse que não tem espaço?
- Eu shou pequena... – argumentou.
- Assim eu vou cair.
- Mais asshim a dona baata não vai me acha, po que o sheu cabelo é mais shujo que o meu. – disse sonolenta.
- Da onde que você tirou essa conclusão?!
Mas ela não escutou. A pequena foi relaxando, até que se rendeu ao sono que estava chegando.
- Ei! Rin-chan?! – notando que ela já dormia, ele suspira e desiste. Por fim, logo também adormeceu.
~***~
Len acorda dolorido. Ele estava caído no chão com o cobertor enrolado na cintura.
Ainda sonolento, ele pergunta:
- Rin-chan... Por que eu estou aqui em baixo?
- Não shei. Vochê eshtava aí quando acodei.
- E você? – se ergue esfregando a cabeça – O que está fazendo?
- Jogando. – se remexe na cadeira com o seu tablet.
- Algo de moda? – ele pergunta juntando o cobertor.
- Coida.
- “Coida”?
- Coiida!
- Ah, corrida. – arruma a poltrona – Já tomou café?
Não tirando os olhos – e muito menos os dedos – do aparelho, ela responde:
- Ainda não.
- Tem cereal açucarado, caso queira.
- Hum...
A campainha é tocada. O loiro ajeita sua roupa amarrotada e faz um pequeno rabo de cavalo com o cabelo.
- Já estou indo! – se dirige à porta.
- E aí Len! – exclama o outro rapaz – Onde você se enfiou ontem?!
- Piko. – boceja – Desculpa, eu esqueci.
- Esqueceu? Como esqueceu?! Era um encontro duplo! Tive que cancelar.
- Aff, eu já falei que estou bem assim.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Não, não! Eu remarquei para hoje de tarde! Não dá pra cancelar de novo!
- Cara, eu-
- Papai Len, - falou a loirinha – Onde eshtá o ceeal açhucaado?
- No balcão de baixo. – ele responde.
- Espera aí! – exclama Piko – Tem alguém no seu apê?
- Hã... Tem sim, só q-
- Agora entendi! – sorriu com malícia em seu rosto – Você tem visita... – ri – Deixa eu ver?
- O quê?
- Pela a voz ela é uma burikko*! Deve ser muito fofa! Seu safadinho!
- Não é o que você está pençand-
- Papai Len, - ela novamente o chama – Onde tá o leite?
- Oh! Pelo jeito ela gosta de brincar de papai e filhinha! – o prateado concluí.
- Não! – o Kagamine diz – Está na parte de cima da geladeira.
- Cara, deixa eu ver ela, vai?!
- Piko, cala essa boca!
O rapaz se invoca e empurra o loiro pra dentro. Ele então encontra uma pequena garota em cima de uma cadeira na frente da geladeira.
- Meu, ela é uma sósia anã sua, por acaso? – começa a rir – Caraca, que fofa!
- Quem é esshe tio feio? – a menina pergunta.
Len suspira e põe a mão no rosto.
“Sabia que ele era burro, mas nem tanto...”— pensou o loiro.
~***~
Depois de esclarecerem tudo ao prateado, tomaram café da manhã e, enquanto a menina assistia um desenho na TV, os rapazes conversavam:
- Vai lá Len! Me ajuda cara!
- Já falei: não estou em clima para um encontro.
- Mas é o que você sempre diz!
- Piko, tente entender, eu tenho que cuidar da Rin-chan. Não posso sair e deixá-la sozinha.
- E se você levar ela junto? As gatas se amarram em caras que gostam de crianças!
- Nem pensar! Minha filha não é imã de mulheres!
- Pô cara! - resmungou Utatane pensando em desistir até que algo lhe vem em mente. Se levanta e vai até a loirinha que o encara curiosa.
- O que vochê qué, tio feio?
- O que me diz, Rin-chan? Quer ir à sorveteria comer algo?
- Shovete?! – a garota se animou.
- Piko, o qu- – o loiro tentou falar quando foi interrompido pelo o amigo.
- Vai negar um sorvete a sua filha, é?
- Vamos na shoveteia! Vamos, vamos! – a pequenina insistiu.
~***~
Os três chegaram no local. Rin ainda estava animada:
- Sherá que tem shovete de laanja?
- Talvez tenham... Mas mesmo assim não se afaste de mim. – o loiro explicou à pequena.
- Vamos para aquela mesa! – apontou Piko.
- Shim! – exclamou a menina correndo em direção.
- O que eu acabei de dizer, Rin? – suspirou Len. Ele olhou para a mesa – Ei! Ela está ocupada!
- Não sei do que está falando... – cantarolou o prateado, empurrando o amigo.
- Oi! – a loirinha acenou para as duas moças – O tio feio disshe que esshe luga é nossho!
- Oi garotinha! – falou uma delas - Chegamos aqui primeiro, então-
- Fala aí meninas! – exclamou Utatane – Desculpa o atraso. – sentou-se seguido de Len – Esse é o meu amigo do qual lhes falei outro dia.
- Prazer, sou Yuzuki Yukari e essa é a minha amiga, Akita Neru.
- Olá.
- Oi – falou o loiro. – Rin-chan, sente aqui do meu lado e se comporte.
- Tá bom. – respondeu a menina.
- É sua? – perguntou a outra moça.
- Sim. Ela veio passar um tempo aqui em casa.
- É um amorzinho! – sorriu.
- Viu eu falei. – cochichou Piko.
Len bufou e revirou os olhos.
“Esse Piko... Ele vai ser só...” – pensou.
- O que vão querer? – perguntou a garçonete.
- Pra nós dois sundaes de morango. – disse Yukari.
- Um sorvete de chocolate pra mim, boneca. – o prateado deu uma piscada.
- Eu não vou querer nada. – disse o loiro.
- Shovete de laanja!
- Querida, infelizmente não temos esse. – sorriu a garçonete.
- Mash eu queia esshe...
- Rin-chan, você ouviu a moça. – Len explicou.
- O que você acha de um sorvete de baunilha com cobertura de cauda de laranja, hum? – tentou convencê-la.
- Não é a meshma coisa... – a pequena fez um bico.
- Então vamos fazer assim: eu trago o sorvete de que eu lhe falei. Se não gostar, sai por conta da casa. O que me diz?
- Humm... Tá bom...
A garçonete sorriu e se virou.
“Essa mulher...”— o loiro pensou – “Acho que a conheço de algum lugar...”
~***~
Rin enfiou uma bela colher cheia de sorvete de baunilha com cauda de laranja na boca e se animou ao sentir aquele sabor agradável. É, pelo jeito não ia ser por conta da casa não.
As suspeitas de Len de já ter visto a garçonete continuavam. Tinha até mesmo pensado se não perguntaria a mesma, mas temia parecer estar flertando com ela. A qual não era a sua intenção.
- No que vocês trabalham, meninas? – perguntou Piko, querendo puxar assunto.
- Sou vendedora de calçados. – disse Neru – E ela ainda é estudante.
- É. Estou na metade da faculdade de advocacia. – a moça confirmou – E vocês?
- Eu e o Len trabalhamos em uma lojinha de conveniências. É bem tranquilo, não é?
O loiro que estava perdido em seus pensamentos volta a si:
- Hum? Ah, sim.
- Moçha...— disse a garotinha, que até o momento não tirava sua atenção do sorvete – Esshes melões não shão pesados? – apontou para a loira que ficou vermelha e nervosa.
Os dois rapazes ficaram sem reação, enquanto a outra garota se matava de rir.
- Ri-Rin-chan... – o Kagamine tentou falar – O qu-quê você q-quis dizer?
- Hum? – a pequena o encarou inocentemente.
- B-bem... Hã... – murmurou Neru olhando para os lados.
Len temia que esse era o fim e que o amigo iria se revoltar com ele.
“Pelo menos, não vou ser forçado a levar Rin para esses encontros terríveis...”— concluiu internamente.
Notando o silêncio de todos, a menininha novamente diz:
- Então moçha, esshes bincos shão pesados?
- Brincos?! – todos exclamaram largando após um longo suspiro.
Akita Neru pôs as mãos nas orelhas e enfim percebeu que estava usando um par de brincos com a imagem de um melão fatiado.
- Rin-chan, nunca mais me assuste assim... – murmurou o loiro.
~***~
O resto do encontro ocorreu normal. Eles conversaram bastante, mas – tanto o Utatane quanto as garotas – notaram que Len continuava distante. Isso mesmo, lá não era o local onde ele queria estar.
~***~
- Rin-chan...- bateu na porta – está tudo bem?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Shim! – ela afirmou.
- Quer ajuda?
- Não.
- Então ande logo, preciso tomar o meu banho também.
- Tá bom!
O loiro voltou a lavar a louça, quando ouviu a pequena o chamar:
- Papai Len!
- O que foi? – retornou à porta do banheiro.
Rin a abriu e o puxou pela camiseta.
- Vem logo!
- Mas-
- She abaixa!
- Hã?
- Ápido! – insistiu apontando para a borda da banheira.
O Kagamine suspirou, mas fez o que a garota pedia.
Ela dobrou as mangas de seu pijaminha amarelo e empurrou a cabeça do pai na banheira, pegando com um potinho água e derramando no rapaz.
- O que está fazendo? – ele perguntou.
- Lavando o sheu cabelo! Asshim a baata que shobe em cabelo não vai fica aqui! – pegou o xampu e derramou uma grande quantia naquela cabeleira loira. Estralou os seus dedinhos e se pôs a esfregar o couro cabeludo.
- Rin-chan, eu sei lavar meu cabelo, ok?
- Não acedito! – fez bico – She fosshe vedade não haveia nenhuma baata aqui!
“Essa menina...” — riu internamente – “Por mais que ela tenha medo da barata, ao mesmo tempo criou um método de vencer esse medo. Que espertinha...”
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