— O que você quis dizer com isso? — Perguntei, estacionando o carro, assim que chegamos.

— Bem, deve ser fácil se colocar no lugar das pessoas que tem um rumo de vida diferente, já que sua mãe é lésbica e deve ter te ensinado a não criticar os caminhos de ninguém.

— Sim... — Respondi, hesitante.

— Então por que você é assim, Dillan? Por que colou aquela folha no meu armário, se não tem nada contra minha sexualidade?

Suspirei, entendendo.

— Eu... eu não sei. Acho que só não quero ser menosprezado. — Fui sincero.

— E por isso, acha que tem o direito de menosprezar os outros? — Ele questionou, sua voz abalada.

— Não tenho nenhum direito. — Disse, baixo. Gabriel ficou em silêncio. Olhei-o e o vi olhando pelo vidro da janela do carro. Seu reflexo ali contido parecia estar numa imersão de pensamentos. — Desculpe por aquilo.

Ele me olhou subitamente, seus olhos arregalados.

— Pode repetir? — Ele sussurrou, parecendo incrédulo.

Estreitei os olhos.

— Sei que você ouviu.

— Bem, se não repetir, não vou tomar um milk-shake com você e não vou te perdoar. Aposto que sua mãe ficaria triste também. — Ele disse, orgulhoso, cruzando os braços e fingindo olhar pro outro lado.

— Desculpa! — Repeti.

— Tudo bem. — Sorriu.