POV Stefan

A luz do sol começa a surgir no quarto, ela penetra em meus olhos e me faz abri-los, a primeira coisa que vejo é Elena deitada na cama, ainda dormindo, tão calma e angelical com o cabelo castanho escuro espalhado pelo travesseiro branco, parece que aquele é seu único momento de paz, nunca atrapalharia isso. Levanto-me do sofá e caminho silenciosamente até a porta, abro-a e saio do quarto, dou uma última olhada nela e fecho a porta. Retiro meu celular do bolso, disco o telefone da minha tia.

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—Oi querido – diz minha tia ao telefone.

—Oi tia, o Damon já está me esperando?

—Está quase pronto, pode vir.

—Ok – desligo e desço a escada.

Faço minha higiene matinal e tomo um café. Dirijo até a casa da minha tia, toco a campainha e Damon aparece.

—Stef! – ele corre para os meus braços.

Envolvo-o com todo o amor e carinho, sempre quando eu o abraço me faz lembrar-me de quanto tempo eu não o vejo, e a saudade que eu estava sentido. Ele se afasta.

—Vamos? Eu estou animado – diz ele.

—Sim – minha tia aparece logo atrás dele, cumprimento-a com um abraço – vamos indo, tenho que voltar até o escurecer – digo.

Ela concorda com a cabeça e olha para o Damon.

—Tente se comportar – diz ela.

—Sempre me comporto – ela dá um beijo em sua bochecha e logo depois caminhamos até o carro.

POV Elena

Acordo sonolenta, sento-me lentamente na cama e olho para o sofá, não tem ninguém. Meus olhos percorrem pelo quarto e estou sozinha. Admito que gostaria de vê-lo dormindo novamente. Me espreguiço e então me levanto da cama, caminho até o banheiro e molho meu rosto. Escuto o toque de mensagem recebida no meu celular, saio do banheiro e caminho até a minha cômoda, onde está o aparelho, porém percebo minha imagem no comprido espelho do meu quarto, caminho até ele e começo a observar meu corpo, não tem quase nada de diferença. Viro-me de lado e levanto a minha camisola, vejo que minha barriga está um pouco gordinha, nada grandioso, mas perceptível por eu ser magra. Deslizo minha mão lentamente pela minha barriga e um sorriso instantaneamente se abre e fico observando ela por um bom tempo, e imaginado como vai ser esse bebê, como será a sensação de ser mãe... Só de pensar dá um frio na barriga, mas ao mesmo uma felicidade indescritível. Saio do meu “transe” e vou até o celular.

“Amanhã estou indo ai, precisamos conversar bastante e precisamos matar a saudade, volto hoje de viagem, só não irei hoje porque estarei morta. Te vejo amanhã.”

Faz um tempo que não vejo Caroline, ela estava viajando por causa dos estudos, e só de pensar que irei vê-la e que iremos passar a noite toda conversando, me deixa feliz.

POV Stefan

Entramos no shopping. Não lembro a ultima vez que vim até esse lugar, afinal não é um lugar que eu frequentava, não tinha dinheiro para gastar aqui. Damon anda deslumbrado, olhando as lojas e apontando para todos os lugares, ele está com um sorriso indescritivelmente lindo no rosto, e só de poder ver isso, me deixa completamente satisfeito.

—Onde é a loja de brinquedos? – pergunta ansioso.

—É no andar de cima – digo.

—Então vamos logo – diz segurando minha mão e me puxando.

Usamos a escada rolante para chegar no andar de cima, caminhamos até a grande e colorida loja de brinquedos. Logo na vitrine, está cheia de brinquedos de diversos tamanhos e preços. Damon fica parado com a boca aberta, olhando para eles.

—Vem, isso é somente a vitrine – digo segurando sua mão e ele me acompanha até a loja.

POV Elena

Tomei um banho, coloquei um vestido simples e agora estou sentada no sofá do meu quarto, lendo uns livros da faculdade. Tiro minha concentração quando ouço uma batida na porta.

—Entra! – grito.

A porta abre e minha mãe aparece.

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—Oi querida – diz ela.

—Alguma coisa aconteceu? – pergunto preocupada.

—Não, por que pensa isso?

—Porque desde que eu disse que estava grávida, você não falou mais comigo.

Ela suspira.

—Desculpa... – diz caminhando até mim – eu estou aqui por isso mesmo, quero conversar com você sobre isso – ela senta ao meu lado e segura minha mão – eu me afastei e não quero isso.

Sorrio.

—Eu também não.

—Então vamos recuperar esse tempo afastadas... Como está a gravidez?

—Bom, eu completei 5 semanas e já consigo ver um pouco da barriga, porque eu sou magra e...

—Posso ver? – pergunta.

Meu sorriso aumenta.

—Claro – digo e fico de pé em sua frente, levanto o vestido até uma altura que mostre a barriga, viro-me de lado e passo a mão a barriga.

—Nossa – diz surpresa – dá para ver mesmo.

Concordo com a cabeça.

—Posso tocar? – pergunta.

—Sim – viro-me em sua direção e tiro minha mão da barriga, então ela toca ela, sinto sua mão gelada e suada. Por que ela está tão nervosa? Será que ela pensou que eu estava com raiva dela?

Vejo seus olhos encherem de lágrimas.

—Mãe?

Ela tira a mão da barriga e seca as lágrimas.

—Desculpe, eu não me contive – diz.

Sorrio.

—Eu sei... Foi emocionante para mim também – abaixo o vestido e volto a sentar no sofá.

—Você está linda e vai... Vai... Ser uma grávida linda – diz gaguejando e segurando as lágrimas.

—Mãe se acalme – digo entrelaçando minha mão na sua.

Ela concorda com a cabeça.

—Desculpa, eu não sabia que já tinha tido tanto progresso na gravidez.

—Nem eu estou acreditando, está passando tudo tão rápido.

Ela me olha, sorri e me puxa para um abraço. Me aconchego em seus braços e ouço seu choro. Não sabia que ela estava tão emocionada com isso, pelo jeito eu tinha uma outra percepção dela. Ela me afasta e seca as lágrimas.

—Eu... Eu trouxe isso – ela tira umas pílulas do bolso – são vitaminas, tomei quando estava grávida de você e do Jeremy, foram ótimas para a gravidez.

—Obrigada – digo estendendo minha mão para ela me dar as pílulas, ela fica parada, olhando para minha mão, pensando se vai mesmo me dar as pílulas, parece que não tem certeza do que está fazendo – mãe?

Ela me olha e sorri, me entrega as pílulas.

—Você precisa colocar elas embaixo da língua e deixar dissolver – diz ela.

Concordo com a cabeça, então faço o que ela pede. Enquanto espero as pílulas dissolverem, percebo que ela me olha com angustia e medo. O que está acontecendo? Ela está tão estranha!

—Pronto – digo – tenho que tomar de novo?

—Sim... De dois em dois dias – diz ela.

—Tudo bem – digo, me levanto, caminho até minha pequena mesa, onde tem uma jarra cheia de água, encho o copo e bebo.

POV Stefan

Estamos mais de uma hora aqui dentro, e ele ainda não decidiu qual brinquedo quer. Eu vou enlouquecer! Sei que é a primeira vez que eu trago ele em uma loja de brinquedos, onde pode escolher o que ele quiser, então por isso ele está nessa indecisão, mas não aguento mais!

—Você não sabe mesmo o que quer? – pergunto enquanto ele está em frente de uma estante cheia de bonecos de super-heróis.

—Não! São muitas opções!

Suspiro lentamente.

—O que acha da gente ir tomar um sorvete? E aí depois voltamos e você escolhe?

—Ótima ideia! – diz sorridente.

—Então pense no que quer enquanto tomamos o sorvete, ok?

Ele concorda com a cabeça.

Saímos da loja e caminhamos até achar uma sorveteria, onde tem uma fila enorme. Reviro meus olhos.

—Podíamos comer outra coisa – digo.

—Ah não... Quero sorvete – diz.

Respiro fundo.

—Ok.

Depois de um bom tempo esperando, conseguimos o sorvete e estamos sentados comendo e conversando sobre a variedade de brinquedos que ele tem que escolher.

POV Elena

Já faz horas que eu e minha mãe estamos conversando. Ela me contou tudo sobre a gravidez dela, o que ela teve que passar e os sentimentos que ela tinha, me mostrou várias fotos dela grávida, e algumas coisas que ela tem até hoje. Também contei sobre minha relação com o Stefan, e como estou lidando com a gravidez. Nunca conversei assim antes com a minha mãe, não éramos tão próximas, sempre tive mais amizade com o meu pai, afinal eu e ela vivíamos brigando, sempre.

—...eu fiquei totalmente desesperada! Pensei que iria ser mãe solteira, que ninguém fosse me apoiar e que estaria sozinha nisso tudo... Mas estava totalmente errada, principalmente em relação ao Stefan, pensei que... – sinto uma dor forte na barriga, dou um leve gemido – ai!

Minha mãe me olha não entendendo nada.

—Ai! – grito. A dor vai aumentando a cada segundo, envolvo minha barriga e grito.

—Filha! O que foi? – ela pergunta apoiando sua mão em minha costa.

—Minha barriga... Estou sentindo uma dor insuportável – digo gemendo e dou outro grito.

—Respira fundo, isso não vai ser fácil – diz ela.

Olho para ela.

—Do que está falando? – e outra pontada de dor maior me atinge, fecho meu olhos e me encolho tentando acabar com a dor, mas não adianta.

—Calma, vai passar – diz acariciando minhas costas.

—Do que está falando?! – pergunto gritando.

—As pílulas... – diz me olhando – elas...

Sinto algo descer pelas minhas pernas, olho para baixo e vejo sangue, e depois olho para minha mãe. Não! Ela não fez isso! Não! Ela não pode ter feito isso! Não pode! Não! Lágrimas começam a descer pelo meu rosto descontroladamente, a dor não sinto mais, só sinto a dor no meu coração, a de traição, fico olhando para ela desacreditada. Minha mãe, a mulher que me carregou em seu ventre por 9 meses, que cuidou de mim por 23 anos, que me amou e me deu carinho, fez de tudo por mim, acabou de tirar a coisa que mais me importava no mundo... Meu filho. Meu coração está apertado, essa é uma dor incontrolável, saber que sua mãe matou seu filho, tirou algo tão precioso de você. Por um momento o mundo para em minha volta, e tudo o que consigo fazer é olhar para a cara dessa mulher, e logo quando retomo a consciência, percebo que está me abraçando, empurro-a com toda a minha força, ela cai para trás no sofá. A dor da hemorragia volta, começo a gritar desesperadamente, caio no chão, que está coberto por sangue, a dor física e psicológica estão juntas dentro de mim, é insuportável! Não estou aguentando. Abraço minhas pernas e abaixo minha cabeça, estou coberta por sangue, mas não ligo, EU PERDI MEU FILHO. Choro desesperadamente, me engasgo com as minhas lágrimas e olho para aquela mulher novamente, e ela está me olhando chorando, desvio meu olhar, não consigo olhar para ela. Ela tirou tudo o que eu tinha, tudo de valioso na minha vida, ela tirou, ela não tinha esse direito!

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POV Stefan

—Tem certeza que é esse? – pergunto a Damon.

—Sim – diz sorrindo com o carro na mão.

Caminhamos até a fila do caixa.

—Espera – diz ele, olho para trás e o vejo com um urso de pelúcia enorme nos braços – podíamos dar ele para o bebê – diz.

Sorrio.

—Daríamos o primeiro presente dele.

Damon concorda com a cabeça.

Elena vai amar, ela ama ursos de pelúcia, e principalmente os grandes. Vai ser o primeiro presente do nosso filho, ela vai poder estar com ele durante toda a gravidez e quando ele nascer, será dele. E com certeza vai ser aquele urso que irá estar com ele o tempo todo, e quando ele crescer, estará guardado para nos lembrarmos dele sempre.

—Vamos levar – digo.

Damon sorri satisfeito.

POV Elena

Tomei um longo banho, Katie limpou todo o sangue, óbvio que ela ficou assustada, e provavelmente entendeu o que ouve, mas deve pensar que foi um aborto natural, porém não foi. Quando as dores e a hemorragia acabou, fiquei sentada olhando para o nada, tentando por em minha mente que meu bebê não está mais dentro de mim. Minha mã... Miranda tentou falar comigo, porém gritei até ela sair, e fiquei sozinha, sentada no sangue e chorando.

Estou deitada em minha cama, olhando para o teto e chorando. Meu travesseiro está encharcado de lágrimas, mas não me importo, a dor que estou sentindo eu nunca senti antes, é insuportável e está me destruindo aos poucos... Tudo o que eu havia planejado, toda a felicidade que eu sentia, foi destruído... Eu simplesmente não consigo aceitar isso, era o meu bebê, eu o amava mais do que tudo, em tão pouco tempo, ele era parte de mim... E agora quando toco minha barriga sinto um vazio.

—Oi – escuto a voz de Stefan, viro minha cabeça em sua direção, e o vejo se aproximando com um grande urso de pelúcia, volto a olhar para o teto – eu fui hoje no shopping – meu coração aperta mais, já não basta o meu sofrimento, irei fazer outro sofrer – e comprei isso para o bebê e você... Na verdade, o Damon que deu a ideia e pediu para dizer que o presente é meu e dele, então... – ele se aproxima da cama – Lena?

Fico olhando para o teto, não faço nenhum barulho, só fico parada e deixando as lágrimas descerem.

—O que foi? – pergunta preocupado.

Não respondo e nem olho para ele.

Ele senta na cama e segura minha mão, quando sinto seu toque, meu coração se quebra mais, e as lágrimas descem mais rapidamente.

—Lena, por favor, fala comigo, o que houve? Me diga, estou preocupado, sabe que pode contar comigo.

Olho para ele e vejo que está totalmente preocupado.

—Eu... Eu perdi ele... Eu perdi ele – caio no choro.

—Perdeu quem? – ele seca as minhas lágrimas – quem você perdeu?

Respiro fundo e olho para ele.

—Eu perdi nosso filho.