I've tried so hard to tell myself that you're gone

But though you're still with me

I've been alone all along

Gabrielli Genevive parou de correr pela décima vez naquele começo de dia. A tremenda falta de ar a fazia ter de desacelerar, parar e respirar profundamente algumas vezes. Viveu catorze anos com aquela maldita doença no coração que a fazia ficar vulnerável perante aos errantes atualmente. A sua pele morena estava molhada por causa do suor que a acompanhava desde que o apocalipse havia iniciado.

Expirou devagar uma última vez antes de levantar a cabeça e retomar seu caminho. Caminhava pela rodovia deserta, rezando para que nenhum errante aparecesse de surpresa. Mesmo sem saber para onde ir, preferiria não continuar muito tempo em um mesmo lugar.

Para acabar com o tédio da caminhada, Gabrielli começou a cantarolar uma música que costumava ouvir no orfanato na qual ficara desde os seus seis anos de idade. Mas a doce melodia foi cortada por um alto som de escapamento de moto. A garota olhou para trás procurando a origem. Os olhos brilharam ao perceber que era um homem que corria em uma Chopper.

A princípio, ela pensou que ele iria continuar, passando reto por ela. Porém o homem na casa dos cinquenta anos de idade parou, voltando um pouco para trás, fazendo com que ambos ficassem lado a lado.

“Oi” Gabrielli disse. O desconhecido levantou os óculos de sol para encara-la, depois desligou o motor e acariciou a comprida barba enquanto dizia:

“Você parece muito nova para ter conseguido sobreviver sozinha até agora. Onde está seu grupo?”

A garota franziu o cenho, perplexa. “Não tenho grupo. Sobrevivo sozinha há meses.”

“Hm.” Ele voltou a abaixar os óculos e se preparou para continuar sua corrida.

“Espere! Vai mesmo me deixar sozinha aqui?”

“E por que não deveria?”

“Mas que pergunta. Estamos na era do fim do Mundo. Seria burrice deixar os últimos sobreviventes se virarem sozinhos para depois morrerem. Acredito que em grupo, as chances de sobrevivência são maiores.”

“Se é o fim do mundo... A hora de todos irá chegar. Não acha menininha?”

“Não sou menininha! Tenho quatorze anos!”

“De qualquer forma, você seria apenas um fardo.”

Gabrielli se encontrava vermelha de raiva. Discutir com um adulto nunca foi problema para ela, mas desta vez o ser se mantinha teimoso. Porém a verdade era que ela não queria continuar sozinha, levou um grande tempo par encontrar alguém e quando encontrou... Foi esse homem desagradável.

“Poderia pelo menos me dizer seu nome?”

“Jack Steele”

A garota abriu a boca, mas Jack ligou sua moto, não a deixando falar. Seguiu reto pela estrada e Gabrielli bufou, enquanto observava o homem sumir de sua visão periférica. Depois gritou, mesmo tendo esperado que ele atingisse uma distância que não a ouviria:

“Não precisava da ajuda de um velho rabugento mesmo!”

Gabrielli abaixou a cabeça, magoada por saber que voltaria a se virar sozinha. Seus lábios ficaram trêmulos e sua visão se tornou embaçada por causa das lagrimas que se juntavam. Queria desistir. Queria largar o Mundo naquele instante e ir para onde os outros estavam. Não sabia o porquê de Deus ter a deixado viver com aquela doença ao deixar uma pessoa saudável ter uma chance em meio o apocalipse.

Seus joelhos não aguentaram, e então caiu sentada no chão esquentado pelo sol. Limpou as bochechas molhadas com o choro e resolveu ficar ali. O som do motor da moto de Jack voltou aos seus ouvidos. Lá vem ele. Pensou. Vai me jogar mais ainda no chão.

A gigante sombra do homem cobriu a garota, deixando Gabrielli assustada. Ela cerrou os olhos esperando pela sua próxima ação e ouviu as palavras pronunciadas pela voz grossa e rouca do mais velho:

“Você me chamou do que?”

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Ele ajeitou o chapéu de xerife, colocando-o mais para trás de sua cabeça, de um jeito que não atrapalharia sua visão. Passou o braço sobre a testa, secando a umidade. Carl sabia que estava por ali. Tinha que estar ali. A granada reserva fora guardada por ele e seu pai, num dia tranquilo na prisão.

“Por que estamos fazendo isso, pai?” O garoto havia perguntado para Rick no dia.

“Por precaução oras.” Respondeu com um sorriso. “Caso algo aconteça como aconteceu com o Governador, teremos uma carta na manga”.

Carl não respondeu, só observou os movimentos do pai. Rick embrulhou a granada num pedaço de pano e a guardou em uma espécie de baú encostado na parede esquerda. O garoto sentiu seus cabelos sendo bagunçados pela mão quente de seu pai.

“Vamos lá, Carl. Temos que ver se os vegetais estão crescendo bem.”

...

O garoto seguiu para o mesmo baú daquele dia e abriu. Revirou a caixa procurando pela granada e lá estava ela. Sorriu satisfeito. Voltou até o lado de fora e fitou os errantes desesperados. Como se usa isto? Carl virou a granada na mão analisando a arma. Seria só puxar o ganchinho e tacar no objetivo...?

O garoto deu de ombros e assim o fez. Após jogar tantos jogos de videogame o mínimo que ele poderia saber era isso. Tampou os ouvidos e sentiu o monumento tremer debaixo de seus pés. Apressou-se para checar se os errantes se encontravam mortos e para sua felicidade, tudo havia dado certo.

Desceu correndo de volta ao solo temendo que a estrutura desabasse, mas isso não acontecera. Olhou ao redor e pensou no que faria depois. Os estragos eram grandes e tomaria muito tempo de sua vida. Se bem que Carl não tinha mais nada a perder. Sem escola, sem tarefas de casa, sem rotina. Haveria tempo de sobra. Respirou fundo, determinado a qualquer desafio. Ele fez uma promessa, e iria cumprir.

O melhor que tinha a fazer era forçar as grades a trabalharem novamente. Depois limpar a área da prisão. E então... E então ele veria oque mais iria precisar.

A dúvida que preenchia sua cabeça era onde encontrar os arames que formariam as grades e alicates que ajudariam no trabalho. O único lugar provável seria dentro dos blocos da prisão. Segurou a arma destravada nas mãos e tomou coragem para entrar na construção. A alma de seu pai refletia em seus olhos otimistas.

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“CARLLLLLLL!!”

A voz de Michonne correu pela floresta. Seu cenho se encontrava franzido de preocupação.

“Eu disse que não deveríamos deixá-lo sozinho com o corpo do Rick” Comentou Daryl com sua voz baixa. Michonne se virou para ele, irritada.

“O garoto sofreu uma perda terrível. Ele precisava de um tempo sozinho.”

“Tsc. Ele é uma criança.” Ao perceber que a mulher só se irritava mais, completou “Não estou dizendo que ele é irresponsável, apenas que não tem consciência de certas coisas que faria e depois se daria mal”.

Michonne voltou a olhar para frente, procurando por todos os lados algum sinal de Carl. Sabia que estava se afastando demais do grupo e mais cedo ou mais tarde teria de voltar. Seu coração estava sendo apertado com tamanha força que ela chegou a pensar que teria um infarto.

Daryl pousou sua mão no ombro dela. “Não quer acabar se perdendo.”

Michonne empurrou-a com agressividade. “Não vou desistir.”

“E eu não vou seguir com você.” Ela estreitou os olhos e ele começou a perder a paciência “Tenho valor pela minha vida. Por que você também não tenta ter?”.

“Sempre me virei sozinha.” Se voltou a recomeçar sua busca “Conseguirei voltar antes do por do sol. Não quero ninguém atrás de mim”.

Daryl deixou a mulher partir. Expirou com força e apertando sua Crossbow, resolveu se juntar ao grupo novamente. Todos indagaram a respeito da busca e ele sempre dava a mesma resposta: “Nada”.

Glenn acariciava os cabelos de Maggie e por algum motivo Daryl se lembrou de Beth. Onde estaria? Tara surgiu do meio das árvores trazendo consigo outra garota loira. A primeira coisa que ele percebeu foi seus pés descalços.

“Ela diz ter visto fumaça e seguido até aqui” Disse firmemente Tara. “Se denomina Manuella”.

O grupo inteiro colocou as atenções nela. Eugene Porter parecia babar...