E se...

E se...

Eu me lembro de começar,

Mas, sinceramente, esqueci como termina.

Se isso é um truque de mágica,

Eu desaparecerei antes que você saia.

Nada é comparável a caminhar na praia enquanto é aurora,

Contudo em um momento o crepúsculo chega...

As soluções sempre derradeiras,

Pois a maré está alta demais.

Cada minuto é muito mais que simples olhares ao relógio...

Posso sentir e ouvir

Enquanto separo os dedos anelares e observo o anel cair.

A verdade é própria, mas a mentira é sóbria,

Caso você consiga distinguir.

É quando a chuva cai e a comparação começa...

Como uma metáfora de algo que está incompleto.

Pressinto a carga disso me assumir,

Porém cabe a quem a culpa de infligir

Sérios danos àquele relógio,

Que insisti em existir.

Talvez eu não veja o tempo correr,

Talvez essa nuvem não faça chover,

Talvez as cartas ainda estejam na cartola,

Talvez aquela bebida te deixe sóbria.

Eu lembro que o sol apareceu,

Na manhã cinza cujo véu não nasceu.

Se você lembra ou esqueceu,

Ainda não sei diferenciar os “teus” dos “meus”.

Só esqueça essas dúvidas banais,

A vida realmente tem sentido nessas bagatelas normais.

Um segundo é muito para compreender a feição de um rosto...

Ou o quão áspera sua pele se tornou.

Como cobra, rasteja.

Eu não sinto, mas minto ao dizer que a água está morna...

Quando na verdade é frio.

Não é o cachecol que aquece teu pescoço

Nessa ventania e caminhada pela praia.

O que mais cabe é a certeza de que deixei o fogão ligado...

E se isso me queimar, teria sido arquitetado?

Caso contrário, eu estaria irritado,

Com outra demonstração pífia de um sentimento não mais inato.

Talvez o sol não apareça,

Talvez o vento forte permaneça,

Talvez a água aqueça,

Talvez nossa cozinha ainda seja a mesma

Quando voltarmos dessa caminhada a fio,

Onde o significado de calor e frio se confundiu.

~Gabriel.