Quando sai da minha barraca no dia seguinte, percebi que cada um estava se ocupando de uma coisa no nosso pequeno acampamento. Carol estava preparando o café da manhã, Daryl estava sentado em uma cadeira perto dos outros, comendo. Literalmente só faltava eu para comer.

— Bom dia. – Murmurei ao chegar perto dele

Escutei “Bons dias” em resposta e recebi um prato de ovos de Carol e fui me sentar em um banquinho para comer. Quando terminei, entreguei o prato para Carol de volta e fui até o trailer, escovar os dentes, pentear o cabelo e lavar o rosto. Assim que voltei me espreguiçando, Glenn limpou a garganta, chamando nossa atenção para si.

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— Pessoal. – Ele nos chamou novamente, passando a mão no rosto

— Sim? – Eu o incentivei a falar

— Então. – Glenn limpou a garganta novamente - O celeiro está cheio de caminhantes.

Todos nós paramos o que estávamos fazendo e encaramos Glenn. Minha boca abriu algumas vezes, confusa. Eu fui a primeira a caminhar em direção ao celeiro, sendo seguida pelos outros. Enquanto atravessava o campo, estalei todos os meus dedos, nervosa. Uma parte da minha cabeça dizia que era uma brincadeira e a outra levava muito a sério, porque isso seria a desculpa perfeita para o Glenn ter agido estranho todo esse tempo. Assim que cheguei perto da porta do celeiro, caminhei devagar e aproximei meu rosto da abertura, esperei alguns segundos para meu olhar se acostumar com o escuro lá de dentro e quando se acostumou, meu coração acelerou e eu dei um pulo para trás quando um dos caminhantes me olhou, grunhindo.

— Temos que fazer algo a respeito. – Falei ao dar alguns passos para trás e encontrar o nosso grupo – Tem uma boa quantidade lá dentro.

— Deus. – Shane murmurou, passando a mão na cabeça e depois se virou par Rick – Você não vai me dizer que está tudo bem com isso.

— Não, eu não vou. – Rick concordou – Mas somos convidados aqui. Esta não é a nossa terra.

— Essa é a nossa vida, cara. – Shane elevou a voz, inconformado

— Abaixe sua voz. – Glenn pediu, olhando para ele

— Não podemos varrer isso assim pra debaixo do tapete. – Andrea disse

— Não é certo. – Shane concordou – Mas não mesmo. Tá, olha. Ou nós entramos lá e fazemos a coisa certa ou vamos embora daqui. Temos conversado sobre o Fort Benning há um bom tempo.

— Não podemos ir. – Rick o interrompeu

— Por que, Rick? – Shane retrucou – Por quê?

— Porque minha filha ainda está por aí. – Carol respondeu por ele

— Tá bom. – Shane respirou fundo – Tá. Eu acho que é hora de começarmos a apenas considerar outra possibilidade.

— Nós não vamos deixar a menina para trás. – Eu o interrompi brava

— Estou perto de achar a garota. – Daryl falou para ele – Acabei de achar a boneca dela há dois dias.

— Você achou uma boneca, Daryl. – Shane disse rindo – É isso que você fez, achou uma boneca.

— Você nem sabe o que está falando. – Daryl disse para ele, erguendo o tom de voz

— Só estou dizendo o que precisa ser dito. – Shane revidou – Uma boa pista se consegue nas primeiras 48 horas. É assim que se faz.

— Shane. – Rick tentou interrompe-lo – Shane. Shane, para.

— Deixa eu dizer outra coisa, cara. – Shane se virou novamente para Daryl e desta vez eu já me preparei para me meter no meio dos dois – Se ela estivesse viva por aí e visse você vindo todo esquisito com sua faca e orelhas penduradas no seu pescoço, ela iria correr na outra direção, cara.

— Cala a boca. – Daryl passou por mim – Vou te mostrar quem é o estranho.

Rick e eu nos metemos no meio deles, os dois gritando ameaças um para o outro. Acabou que enquanto eu empurrava Daryl para longe, Glenn e os outros se prontificaram em nos ajudar.

— Agora não é hora disso! – Falei para o Daryl, quando ele tentou tirar minhas mãos dele – Temos outros problemas para cuidar.

— Deixa eu falar com o Hershel. – Rick falou para Shane, quando o viu se distanciar de nós – Deixa eu resolver isso.

— E o que você vai resolver? – Shane berrou se virando

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— Já chega. – Lori mandou, apontando para Shane

— Se nós formos ficar, se formos limpar este celeiro tenho que convencê-lo disso. – Rick disse para ele, calmo, mas firme – Esta terra é dele.

— Hershel vê as coisas lá dentro como pessoas doentes. – Dale nos contou, se aproximando – A esposa dele, o enteado dele.

— E como você sabe disso? – Perguntei para Dale, juntando as sobrancelhas

— Ontem, eu falei com Hershel. – Dale respondeu

— E você esperou a noite? – Shane perguntou para ele, inconformado

— Pensei que poderíamos sobreviver mais uma noite. – Dale retrucou – E sobrevivemos. Eu estava esperando até esta manhã para dizer alguma coisa. Mas Glenn é quem queria contar.

— O homem é louco, Rick. – Shane disse alto – Se Hershel pensa que essas coisas estão vivas, elas não estão.

Com toda a gritaria, os caminhantes lá dentro nos escutaram e agora começaram a bater e empurrar o portão de madeira.

Estávamos ferrados.

Depois de decidir montar uma guarda no celeiro, para tentar deixar as coisas sob controle, nós voltamos para o acampamento. Depois de passar um bom tempo conversando com Glenn e entendendo melhor as coisas, Rick me chamou para uma reunião. Para discutirmos a busca de Sophia.

Me apoiei no capo do carro depois de guardar a minha pistola que ele havia me entregado e fiz um sinal para ele começar. Mesmo não estando com cabeça para muita coisa, a busca era a melhor coisa que eu poderia fazer agora. Achar a menina.

— Mas também mostra que ela poderia estar indo para este caminho, para o sul. – Rick dizia – Se Sophia continuou nessa direção ela poderia ter saído da floresta e entrado nas fazendas.

Suspirei, eu estava meio perdida.

— E o que falamos ontem? – Perguntei para ele, confusa – Sobre ela talvez ter ido para o norte?

— Temos que checar as duas rotas. – Rick me explicou

— Certo. – Afirmei com a cabeça e chequei o mapa – Então, vamos pegar a 74 até a estrada Ivy. Podemos ir para o sul e seguir a pé pela floresta até chegarmos na Christopher, iremos pro leste uns quilômetros e aí voltamos.

— Exatamente. – Rick me olhou, balançando a cabeça positivamente, provavelmente agradecendo por eu não ser idiota

— Rick. – Hershel o chamou

Nós olhamos para trás e vimos Hershel se aproximando de nós, erguendo as magas da camisa social.

— Hershel. – Rick o saudou – Nós só pegamos nossas armas, porque vamos procurar pela Sophia.

— Antes de fazer isso, eu preciso de sua ajuda com uma coisa. – Hershel lhe disse e antes que eu falasse alguma coisa, ele me olhou – E você deveria estar na cama, pode ir descansar.

— Certo. – Falei olhando para Rick, indecisa – Quando você voltar me dá um toque, eu vou estar no trailer com o Glenn.

Rick concordou com a cabeça e eu me afastei, caminhei em direção ao trailer e subi as escadinhas, indo me sentar ao lado do Glenn no teto.

— Você não deveria ir procurar a Sophia com o Rick? – Glenn me perguntou

— Hershel precisava da ajuda do Rick com algo. – Respondi – Não me pergunte o que é, o homem me dispensou sem ao menos me esperar dizer que iria ajuda-los. Enfim, belo chapéu.

— O meu boné sujou. – Glenn riu sem graça, ao arrumar o chapéu de pescador de Dale em sua cabeça – Com ovo.

— Problemas no paraíso? – Perguntei a ele, me referindo a Maggie

— Ela pirou quando eu contei do celeiro para vocês. – Glenn me contou, balançando a cabeça negativamente

— Iriamos saber uma hora. – Comentei respirando fundo – Por bem ou por mal. Ainda bem que foi da melhor maneira possível, você nos contou. – Ele concordou suspirando e eu resolvi mudar de assunto – Então, Rick me contou sobre a Lori. Aparentemente está rolando muita coisa que eu não sei aqui. Porra, um bebe?

— Eu sei. – Glenn murmurou – Então, começa a usar camisinha.

— Não tenho nenhuma. – O olhei de canto de olho

— Eu te dou algumas, fui a farmácia duas vezes. – Ele comentou despreocupadamente – Está na minha mochila.

— Você tem quantas? – Perguntei interessada

Glenn me olhou e deu risada, como se me dissesse que tinha o bastante para dois de nós. Parei para pensar por alguns segundos que aquela conversa era estranha, já que nunca me ofereceram alguns pacotinhos de camisinha.

De graça pelo menos.

— Ei. – Glenn saudou alguém

Mal olhei para ver quem era, mas pude ver Shane entrar no trailer. Escutei barulhos lá dentro e olhei de canto de olho para Glenn, indecisa entre descer e saber o que está acontecendo ou permanecer tomando um pouco de Sol.

O Sol estava melhor, já que Shane é o último item da minha lista de interesses no momento.

— Vocês viram aonde ele foi? – Shane perguntou, assim que saiu do trailer

— Quem? – Glenn lhe perguntou, juntando as sobrancelhas

— Nem vem querer brincar comigo, tá bom? – Shane disse para ele

— Você tá falando do que, cara? – Perguntei irritada

— Dale. – Shane respondeu alto – Vocês viram aonde o Dale foi?

— Ele me pediu pra buscar um pouco de água. – Glenn respondeu – Ele disse que ia me cobrir na vigília.

— E ele já tinha ido quando você voltou, né? – Shane perguntou, num resmungo alto

— É. – Glenn respondeu lentamente – Você acha que ele está bem?

— Ah, ele está bem. – Shane afirmou

— Por que ele saiu, então? – Glenn perguntou confuso

— Olha, só me diga pra que lado ele foi. – Shane pediu

— Não entendi. – Glenn comentou

Shane resmungou algo baixo e saiu andando em passos largos, para longe de nós. Ele estava tramando alguma coisa para Dale.

Sem dúvidas.

Quando cansei do Sol fui descansar um pouco na minha barraca, passou horas até eu me levantar de novo e sair para procurar o Rick. Atravessei o campo em direção a casa da fazenda. Maggie e Glenn estavam sentados na escada enquanto Carl, Patrícia e Beth estavam jogando algum tipo de jogo de tabuleiro em uma mesa na varanda. T-Dog e Andrea estavam conversando entre si, perto da escada.

— Viu o Rick por aí? – Glenn me perguntou, quando eu cheguei perto deles

— Não, passei a tarde esperando por ele. – Respondi respirando cansada - Já era para termos saído há horas.

— E eram mesmo. – Ouvi a voz de Daryl concordar, ele estava chegando com Carol – O que aconteceu?

— Rick nos disse que ele ia sair. – Carol comentou, preocupada

— Que droga. – Daryl resmungou alto – Ninguém está levando isso a sério? Temos uma maldita trilha. Ah, aqui vamos nós.

— Só pode estar brincando. – Comentei baixo, cruzando os braços

Shane estava caminhando em nossa direção, carregando a bolsa de armas.

Aposto que era isso que ele estava atrás.

— Mas pra que isso? – Daryl perguntou pra ele, apontando para a bolsa de armas

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— Você tá comigo, cara? – Shane perguntou para ele, estendendo uma escopeta

— Tô. – Daryl respondeu, pegando a arma

— Tá na hora de crescer. – Shane comentou olhando para Andrea – Você já tem o seu?

— Tenho. – Andrea respondeu – Onde está o Dale?

— Ele está a caminho. – Shane respondeu

— Armas não são proibidas? – T-Dog perguntou, quando recebeu uma pistola

— Não são se precisarmos. – Shane respondeu e se virou para o restante de nós – Ei. Escutem. Essa fazenda parecia ser uma maravilha quando pensávamos que ela era segura. Mas agora sabemos que não é. E quanto a você, cara? – Ele se virou para Glenn – Vai proteger o que é seu? – Perguntou e quando o coreano pegou a escopeta, ele continuou – É isso aí. Sabe atirar?

— Você pode parar? – Maggie perguntou para ele – Se fizer isso, se entregar essas armas meu pai vai mandar vocês irem embora hoje mesmo.

— Temos que ficar, Shane. – Carl lhe disse, descendo as escadas

— O que é isso? – Lori perguntou alto, caminhando em passos largos até nós

— Não vamos a lugar nenhum, tá bom? – Shane disse para ele – Escutem, o Hershel... Ele só vai ter que entender, tá bom? Bom, ele terá que entender. Precisamos achar a Sophia. Estou certo? – Nos perguntou e se aproximou de Carl, tirando uma arma do cós da calça – Eu quero que você pegue isto. Pegue isto, Carl. E mantenha sua mãe a salvo. Faça o que for preciso. Você sabe como. Vá em frente, pegue a arma e faça.

Lori afastou o filho de perto de Shane e olhou para ele, com raiva.

— O Rick disse nada de armas. – Ela falou para ele – Não é você que resolve isso. Essa decisão não é sua pra tomar.

— Ah, merda. – T-Dog resmungou alto

Ao fundo, quando olhamos na direção que T-Dog estava olhando, vimos Jimmy servindo como um palhaço para chamar a atenção de um caminhante, o qual Rick mantinha preso em um tipo de coleira e atrás dele, estava Hershel, também segurando um caminhante.

— Que caralho é isso? – Perguntei confusa

Assim que Shane começou a correr, nós seguimos seus passos, correndo em direção ao Rick e os caminhantes. Percebi que Rick tinha nos visto e assim que passamos pela cerca que nos separávamos e chegamos perto deles paramos de correr, Shane se meteu na frente deles e por isso eles tiveram que ir um pouco para trás com os caminhantes.

— Que diabos você está fazendo? – Shane perguntou alto

— Shane, não se meta. – Rick pediu, também alto

— Por que seu pessoal está armado? – Hershel perguntou à Rick, assim que viu as armas

— Está brincando comigo? – Shane perguntou, rodeando eles – Tá vendo? Tá vendo o que eles estão segurando?

— Estou vendo quem estou segurando. – Hershel retrucou alto

Uma expressão de angustia se instalou em meu rosto, Hershel estava louco.

— Não, cara. – Shane disse a ele – Não sabe.

— Shane, deixa a gente fazer isso, depois a gente conversa. – Rick lhe pediu

— Do que você quer falar, Rick? – Shane retrucou, alto – Essas coisas não estão doentes. Eles não são pessoas. Eles estão mortos. Não vão sentir nada por eles porque tudo que eles fazem, é matar. Estas coisas, bem aqui. – Ele apontou para os caminhantes – Eles são as coisas que mataram a Amy, que mataram Adrian, mataram Otis. Eles vão matar todos nós também.

— SHANE, CALA ESSA BOCA! – Rick gritou

— Ei, Hershel, cara. – Shane o chamou – Deixa eu te perguntar uma coisa. Será que uma pessoa viva mesmo, pode se safar disso? – Ele tirou a pistola do cós da calça e atirou algumas vezes no peito da caminhante que Hershel estava segurando pela coleira

— Para com isso. – Rick gritou para ele

— Foram três balas no peito. – Shane continuou – Será que alguém que está vivo pode sobreviver a isso? – Ele apontou para a caminhante – Por que isso ainda está vivo? – Ele atirou mais duas vezes em direção a morta viva – Foi no coração, nos pulmões. Por que isso ainda está vindo?

— Shane, já chega!

— É, você está certo, cara. – Shane concordou com Rick – Já chega mesmo.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ou que qualquer um pudesse dizer algo, Shane andou em direção ao caminhante que Hershel segurava e lhe deu um tiro na cabeça. O caminhante caiu no chão e todos nós ficamos em silencio, enquanto Hershel se ajoelhava perto do caminhante morto.

— Shane. – O chamei, dando um passo para frente, mas ele me mandou parar com a mão – Para com essa merda. Já chega.

— Isso mesmo, já chega! – Shane berrou, olhando de Rick para Hershel – De arriscar nossas vidas por uma garota que já era. – Ele berrou para Carol – Já chega de viver perto de um celeiro cheio de coisas que estão tentando nos matar. Já chega. – Ele caminhou até a frente das portas do celeiro e nos olhou – Rick, não é como era antes. Agora, se vocês querem viver, se quiserem sobreviver precisam lutar por isso. Eu estou falando sobre a luta. Bem aqui, agora mesmo.

No mesmo momento que Shane colocou as mãos nas portas do celeiro, Rick tentou entregar o caminhante para Hershel, mas ele parecia alienado. Shane bateu várias vezes com uma picareta no cadeado da porta do celeiro e conseguiu abrir, enquanto Rick gritava para ele parar, Shane tirou o pedaço de madeira que também trancava as portas e bateu com força, chamando os caminhantes. Assim que ele voltou para perto de nós e sacou sua pistola, as portas se abriram. Os primeiros caminhantes saíram, sedentos de fome e vieram em nossa direção. Andrea sacou a sua arma e começou a atirar em suas cabeças, assim como Shane e todos os outros que estavam com armas em punhos. A família de Hershel estava chorando, provavelmente os familiares caminhantes deles estavam sendo mortos, de novo. Não toquei em minha arma durante os minutos de tiros, eu não faria parte daquilo. Quando pensamos que eles haviam acabado, nos entreolhamos em silencio, antes de um gemido soar por trás das portas entreabertas do celeiro. Um arrepio desceu pela minha espinha assim que Sophia, a filha de Carol saiu, morta, como uma daquelas coisas. Carol gritou e correu na direção da filha, mas foi parada e impedida por Daryl, ela começou a chorar, desesperada. Lentamente, passei a mão pelo meu rosto, angustiada. Passamos dias procurando por Sophia e agora, descobrimos que ela estava ali, no maldito celeiro durante todo esse tempo. O caminhante que uma vez foi Sophia começou a caminhar lentamente em nossa direção, sem saber o que fazer, olhei de Carol para Rick, precisávamos agir. Com o rosto sério, Rick pegou se revolver do coldre e caminhou em direção a Sophia, levantou a arma e atirou em sua cabeça, acabando com seus gemidos.

— Não olha. – Ouvi Daryl dizendo – Não olha.

Ele estava ajudando ela a se levantar do chão, Carol assim que ficou de pé, se livrou de seus braços e saiu chorosa, em passos largos em direção ao acampamento. Em silencio, nós a acompanhamos com o olhar, todos tinham consciência que ela queria ficar sozinha. Suspirando pesado e alto, passei a mão no cabelo enquanto dava meia volta, em direção ao acampamento. Eu não a procuraria, precisava pensar. Muitas ideias estavam passando na minha cabeça, como aquela menina foi parar lá dentro?

Rick sabia?

O que diabos acabou de acontecer?

Com os gritos, eu me virei, assustada. Estava a uns bons passos longe do celeiro, mas ainda sim consegui enxergar. Estavam puxando Beth de um caminhante, ainda vivo. Vi Andrea pegar uma foice e acertar o caminhante, na cabeça.

Passei reto pela minha barraca e me sentei, encostando minhas costas em uma arvore ao lado do acampamento. Mesmo sem o elástico, fiz um coque no meu cabelo, fazendo uma espécie de nó.

Estava cansada, frustrada e descontente.

Muito descontente.