She and the dudes

Time is over


"Meu querido, muito querido, Lysander,

És um filho amoroso e de coração sincero. Tens a minha excentricidade - como diz seu pai - mas tem os olhos de amor incondicional. Tem uma fascinação pelo diferente, o novo, e sei que esse aniversário será especial para você. É o primeiro de muitos que não estarei com você, mas sei que você, mesmo sendo o meu filho mais próximo e mais parecido comigo, superou melhor que seu irmão Lorcan. Você procurou conforto nos amigos e ele nas mulheres e nas brigas, conheço meus filhos o suficiente para saber. Seu irmão é uma confusão, cuide dele, e quando saírem de hogwarts esteja ao seu lado e seja seu porto seguro. Encontre um amor eloquente, que te consuma e que te enlouqueça. Tenho certeza que a garota certa será extraordinária, linda e com uma mente elétrica. Uma garota normal não precisaria do seu amor quanto aquela que você escolher. Eu ficaria orgulhosa de quem quer que escolhesse, pois a garota que fizer o seu coração bater mais forte e levar sorrisos ao seu rosto, já será tudo que imaginei para você. Amo você meu pequeno Lysander, agora você já tem a maioridade bruxa, use-a para o bem e ame e ame e ame sempre.

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Com todo o amor do mundo, sua mãe."

Antes de morrer, mamãe escreveu algumas cartas. Papai me entregara essa no meu aniversário do ano passado e eu estava relendo e relendo enquanto Lucy ressonava ao meu lado. Quando lia essa carta podia ouvir a voz harmônica de minha mãe sussurrando as palavras em meu ouvido e deixava o momento ainda mais perfeito.

Sentia que mamãe estaria realmente orgulhosa de mim, apesar das brigas após o fim das aulas, das bebedeiras e de todas as confusões, Lorcan estava voltando aos seus eixos e particularmente interessado em uma garota morena e mais velha que estava cuidando de dragões com seu tio na Romênia. Lorcan e Roxanne até formariam um belo casal, tive que admitir. Estava feliz com o meu relacionamento com meu irmão, fora difícil no início, mas estava cada vez mais simples.

Meu pai chorou como um bebê quando decidi sair de casa, mas Rolf achou justo quando disse que almoçaria quase todos os dias em sua casa. Ele estava começando a sair mais, o que era bom, mamãe havia falecido a quase três anos e papai não poderia ficar para sempre as sombras de seu grande amor. Ele precisava viver, mesmo que demorasse, e quem sabe, talvez, até encontrar um novo amor. Mamãe ficaria feliz com isso..

"A vida é repleta de grandes amores. Amor não é um olhar, conversas bobas ou sorrisos, isso são algumas causas, o amor é a consequência de estar ao lado das pessoas, de se deleitar nelas. O amor está em tudo, não só para um casal, isso acontece quando se mistura o deleito com o desejo. Mas o amor é sempre puro, justo e altruísta."

Nunca esqueci dessas frases de minha mãe. Foram poderosas e me ensinaram a ver um mundo de uma forma totalmente nova.

Talvez minha mãe ficasse um pouco decepcionada por eu ter enganado a Lucy para que ela adormecesse, mas ela entenderia que eu estava preocupado com o fato de ela não estar dormindo direito. As olheiras em seu rosto estavam cada vez mais escuras. Independente disso, mamãe e eu sabíamos que eu tinha escolhido a garota certa, que Lucy era perfeita para mim.

Estava quase relendo pela oitava vez, naquele dia, a carta, quando Lucy começou a se remexer no colchão, chamando minha atenção. Seus corpo se debateu e seus lábios soltaram suspiros ofegantes, como se ela estivesse correndo e cansada.

— Ele. Rose. Corra. - Suas palavras saíram entrecortadas e seu rosto estava ficando vermelho.

Eu precisava acordá-la, coloquei minhas mãos delicadamente sobre seus rosto e seus dedos agarraram meus pulsos. Seu corpo ficou duro, aos poucos ela foi levantando o tronco, sentando-se, e com o rosto bem próximo ao meu, abriu os olhos. Mas não estavam castanhos, eram translúcidos, era assombroso. Porém eu já não temia, não era a primeira vez que a via assim.

— Ressoar do início do terceiro dia, meia-noite. - Murmurou com os lábios pálidos. - Ressoar do início do terceiro dia, meia-noite. - Repetiu.

Seu corpo caiu flácido sobre a cama e ela voltou a dormir, enroscando-se em minha mão. Eu estava começando a me acostumar com isso, por isso, apenas me deitei ao seu lado e velei seu sono até cair no sono.

X

A casa dos Krum era aconchegante e logo me senti em casa. Kaya era voraz e espirituosa como Lanna, Nikki era avoada e meio lunática como Lysander. Rapidamente entendi porque Ikarus se dava melhor com essas duas pessoas em particular. Ambas eram cuidadosas e amorosas comigo e com o irmão. Estavam me ajudando a tirar as coisas da bolsa, já que eu passaria uma semana lá. A mais velha das irmãs ficou com a minha mala de roupas, fazendo um discurso sobre cada peça. Uma de minha malas era entupida de livros e Nikki ficou feliz em folhear a maioria deles até que encontrou o que Ikarus me dera e mostrou a Kaya.

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Elas começaram a falar coisas em búlgaro das quais fugiam a minha compreensão, só conseguir distinguir 3 palavras (priyatelka, kniga e raven), não conhecia seus significados, contudo, procuraria mais tarde. Assim que terminamos, fui atrás de Ikarus - que as meninas disseram estar na sala - conversando com a mãe.

Ela parecia preocupada e irritada, brigava com o filho naquela mesma língua. Duas das três palavras se repetiram das que as meninas falaram, gravei mais duas em minha mente - neloyalnata e smutitel - e outra se sobressaiu. Rosa. O meu apelido. Fiquei imediatamente apreensiva, porém decidi que nem adiantaria escutar atrás da porta, nunca seria capaz de compreender toda a conversa, então, adentrei ao recinto com cautela. Fui recebida com sorrisos e a conversa cessou.

O inglês reinou e a alegria voltou.

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Lily sempre foi um exemplo de delicadeza. Apesar disso, ela nem sempre era aquela garota frágil e delicada, como se vivesse uma pequena redoma de vidro, como se nada jamais fosse tão perfeito quanto seus olhos castanhos e seus belos cabelos flamejantes. Uma Lily era dona de muitas Lily's, e eu era o único que estivera perto o bastante para observar e reconhecer cada um deles.

Lily-Marota - Olhos alertas e sorriso travesso, alguma brincadeira pronta para estourar.

Lily-Emotiva - Olhos chorosos e lábios trêmulos, o choro - de felicidade ou tristeza - pronto para sair.

Lily-Medrosa - Olhos fechados e unhas afundadas na palma da mão, com possíveis tremores ao escurecer.

Lily-Carente - Olhos gentis e sorriso condescendente, abraços e beijos também inclusos no pacote.

Lily-Intrigada - Cenho franzido e lábio crispado, geralmente seguido de um "Eureka".

Lily-Furiosa - Bochechas infladas e orelhas vermelhas, seguido de um apocalipse de gritos e tapas.

E, por último, o meu favorito.

Lily-Minha-Melhor-Amiga - Esse era composto por todos os outros e mais uma infinidade de expressões que eram destinadas a mim. Isso mesmo, até mesmo seus gritos e tapas.

Amar é, definitivamente, enlouquecer.

Bem, naquele momento, ela era minha versão preferida jogando - comigo - xadrez bruxo e perdendo com facilidade. Eu sabia que a Lily-Furiosa estava prestes irromper e dizer que eu sou um egoísta e devia ser um bom cavalheiro e devia deixá-la ganhar. Mas eu amava vê-la irritada.

— Xeque-mate! - afirmei, meu bispo destruindo seu cavalo.

— HUGO! - berrou. - Pela barbas de Merlin, quando vai aprender a ser um cavalheiro? Isso é injusto. - Suas orelhas já possuíam a tonalidade de seu cabelo e suas bochechas ganharam um leve volume.

— Lily, você sabe que sou bom em xadrez. - Dou de ombros. - Por que não escolhe algo que valha a pena competir? Poderíamos até fazer uma aposta.

Então, Lily-Intrigada estava ali.

— Que tipo de aposta? - Seus olhos curiosos analisando-me.

— Sei lá. Eu poderia pedir para você qualquer coisa e você me pedir qualquer coisa. O que acha? - Improvisei.

— JÁ SEI!

E lá estava a Lily-Marota.

X

Após algumas horas ouvindo as palavras erradas de Viktor, as conversas animadas de Kaya, as indagações sórdidas de Nikki. Ikarus e sua mãe decidiram me levar para conhecer os dragões. A Sra. Krum era excepcionalmente boa nisso, treinava de uma grande quantidade de dragões e era bem renomada na região.

— Ikarus, Kaya e Nikki. - brincou. - Essas pestes deram mais trabalho que qualquer dragão. Mas deixe-me apresentar os meus favoritos.

Havia um rabo-córneo húngaro chamado Diego, uma francesa chamada Milionett, um romano chamado Alexandre, uma egípcia chama Cleópatra e o seu realmente favorito, um búlgaro que se chamava Viktor.

Sim, ela deu o nome de seu dragão favorito como o nome de seu marido. E por mais irônico que fosse, achei bem romântico.

— Não é a toa que as florestas da Bulgária são conhecidas pelos seus males, existe uma manifestação de dragões logo ali. - Murmurei para Ikarus, quando começamos a voltar.

— Lobisomens. - Murmurou a Sra. Krum. - Tem uma matilha de lobisomens por aqui. Quer dizer, várias. Sempre os vejo por aí nas noites de lua cheia.

— Você não tem medo? - O arrepio atravessou a minha espinha, provocando um calafrio.

— Claro que não, sempre estou dentro de casa. - Piscou para mim, um sorriso enorme no rosto.

O medo percorria minhas veias, todos conhecíamos a história de Madame Brown, nossa professora de adivinhações, ela fora atacada por um lobisomem na guerra e toda noite de lua cheia fica trancafiada, cheia da poção do morto-vivo, em uma parte escondida nas masmorras.

E o tio Bill que tem um gosto particular por carne crua. O pai do Ted era lobisomem, mas todos dizem que ele era um grande e bondoso homem. Lembra de Remus Lupin, lembrou-me de seus amigos, os marotos. As imagens de Lysander, Hugo, Albus e Scorpius vieram a minha mente. Eu realmente sentia falta deles, mesmo os vendo com frequência, não era a mesma coisa.

Albus tinha razão sobre o Scorpius, eu acabei me afastando dele pelo fato de estar namorando outro. Quando estava perto dele, ficava confusa e encantada pela sua beleza. Cheguei até mesmo a declarar todo o meu amor por ele para Lysander em um crise de ciúmes, quando soube que ele estava saindo com uma garota do St Mungus. Eu havia bebido duas garrafa inteira de firewhiskey com Albus e Lysander. Porém, Ikarus era um homem maravilhoso e por isso não me permiti deixar levar, ele merecia alguém devota a ele, tudo que eu não era.

Querendo tirar essas coisas de minha cabeça, virei para Ikarus com um grande sorriso.

— Você tem um dicionário de búlgaro para inglês? Queria muito aprender mais sobre a sua língua.

X

— Pela milésima vez Potter... - Grunhiu minha namorada. - A Alisha não está afim de mim, só porque ela é lésbica, não significa que ela gosta de mim.

Estávamos na sala de estar do pequeno apartamento que havia ganhado de seus pais, tínhamos acabado de jantar com seus amigos do time de quadribol.

— Pela milésima vez Longbottom... - Imitei-a. - Exato, ela não precisa gostar de você para querer fuder com você. Ela e aquele amiguinho dela passaram a noite inteira cochichando e olhando para você.

— Merda Potter, o amiguinho dela é o Dimitri, irmão dela, não acho que ela tenha vontade de ter um relacionamento a três com o próprio irmão no meio. - Suspirou pesadamente e se encostou na parede. - Ela é uma garota legal, não uma estranha incestuosa. - Fechou os olhos com força e bateu a cabeça contra a parede.

— Para mim, é claro. - Praticamente berrei. - Tenho certeza que se a Rose estivesse aqui, ela concordaria comigo, porque ela parece ser a única pessoa que me entende esses dias.

Seus olhos pegaram fogo.

— Primeiro, não ponha a Rose no meio disso. Segundo, qualquer garota que viva sobre o mesmo teto que você vai ser corrompida por essa sua mente perturbada! - Sua voz estava alguns tons mais altos e ela me encarava com o rosto transfigurado em ira.

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— Então você não quer dividir o mesmo teto com a minha mente perturbada, não é mesmo? - Perguntei, sentindo a mágoa escorrer em minha voz.

O nosso relacionamento estava começando a quebrar e assim como eu.

— Não sei Potter. Eu amo você, mas... - A voz começou a embargar e senti um longo tremor atravessar o meu corpo. - muitas vezes acho que vou enlouquecer se continuar assim. - Os seus olhos se encheram de lágrimas. - Nós raramente nos vemos e quando nos vemos brigamos por motivos bestas. Não consigo mais suportar isso Albus. Deveríamos aproveitar o dia, ficarmos juntos e felizes. Mas não é assim, você tem ciúmes de toda pessoa que eu fale e tenha interesses amoroso em mulheres. Eu nunca trairia você, nunca. Contudo, parece que você não percebe isso, parece que duvida da minha integridade, quando quem deveria duvidar de alguma coisa sou eu. Você foi um mulherengo, não eu. Você dormiu com várias garotas e eu com ninguém. Eu deveria desconfiar de você e não o contrário.

Algumas lágrimas escorreram por seu rosto, mas nada se comparava a dor que eu sentia em meu peito naquele momento. Sua voz foi como uma faca perfurando cada pequeno pedaço do meu coração, doía e doía, parecia que ela estava fazendo de propósito. O choque percorreu o meu corpo em uma velocidade além do normal e eu só queria que ela fosse embora para que eu pudesse deitar e dormir, para que suas frases fossem esquecidas. Porém, aquela era a casa dela e eu quem tinha que ir embora.

— Vou para um hotel. - Afirmei.

— Albus... - Eu levantei a mão pedindo que ela fizesse silêncio.

— Não Lanna. Preciso pensar, ok? Eu quero realmente quero que esse relacionamento dê certo e se eu ficar vou dizer ou fazer coisas das quais vou me arrepender, e estou cansado de pedir desculpas a você por toda merda que faço. Você merece mais que isso.

Enquanto falava, recolhia o meu malão e pegava a minha varinha, ficando pronto para aparatar.

— Qual hotel você vai? - perguntou baixinho, cabisbaixa.

— Não sei. Vou procurar algum e amanhã apareço por aqui. - Tentei me manter firme e sério, mesmo o meu interior estando uma confusão de sentimentos.

Ela se desencostou da parede, aproximando-se com uma certa rapidez. Apertei a varinha em meu punho, pensando no local que eu iria, não conhecia muito na Austrália, então, a primeira imagem que apareceu em minha cabeça foi a minha decisão.

— Al não v...

Lanna sussurrou a poucos passos, mas sua voz foi interrompida pelo som do silêncio que provinha do pequeno prédio de dois andares. Não percebi que decidira ir para aquele local específico e me surpreendi bastante ao perceber que em meu desespero recorri a única pessoa a quem nunca esperava recorrer. Eu não sabia o que era pior, encarar a pessoa dentro daquele prédio ou encarar a pessoa a quem eu entreguei o meu coração e deixou bem claro que estou estragando tudo com suas palavras dolorosas.

Subi as escadas devagar, decidindo se estava tomando a decisão certa ou não. Foda-se. Preciso disso. Para minha surpresa, a porta foi aberta antes mesmo de eu bater e logo um homem alto e ruivo me encarava do outro lado da porta. Os olhos tão verdes quantos os meus estavam cheios de um antigo brilho que eu a muito não via em nenhum rosto.

— Albus. - Sussurrou o meu irmão com a surpresa estampada em seu rosto. - Venha, entre.

— James. - cumprimentei sem expressão alguma.

Meu irmão não fez perguntas. Deixou que eu comesse o que eu quisesse, deitasse onde quisesse, fizesse o que quisesse. Sem perguntas sobre o que eu fazia ali ou o que queria ali ou se eu ainda o odiava. Ele sabia que a resposta era sim, eu sabia que a resposta era sim, o mundo sabia que a resposta era sim.

Sua perguntas eram simples. Perguntou sobre o tempo em Londres e afirmou que tinha saudades de Londres. Perguntou como estavam os nossos pais e afirmou que achava que Lily não combinava com a carreira no quadribol que mamãe queria que ela seguisse. Perguntou sobre o ministério e contou algumas diferenças entre a Nova Zelândia e Londres. Nada pessoal, nada que pudesse lembrar do que ele me fizera, da razão pela qual eu o odiava.

Mas ele pensava sobre isso, eu sentia sobre cada palavra. Eu pensava sobre isso e demonstrava em cada palavra.

— Eu vou preparar um colchão e colocar no estúdio, pode ficar com o meu quarto. - murmurou sem jeito e, para minha surpresa, assanhou meus cabelos. - Eu sei Al, mesmo assim, amo você e senti sua falta.

Foi tudo o que disse antes de sair pela pequena casa.

Senti o choro ficar preso em minha garganta quando ele saiu do meu campo de visão. Após todo o estresse com Lanna, eu vim para na Nova Zelândia bater à porta do irmão que eu odeio as duas horas da manhã e ele me tratou como se eu não o odiasse, como se tudo estivesse bem, preocupando-se em não se meter em minha vida, mesmo sendo um intrometido.

James amadureceu muito desde que fugiu com Dominique e isso era claro em seu modo de agir.

X

Após observar vocábulos e fonéticas, comecei a minha busca pelas palavras que eu queria, especificamente, descobrir. Kaya e Nikki haviam saído com a mãe para a vila mais próxima. Eu, Viktor e Ikarus haviam feito um pequeno torneio de xadrez-bruxo e eu fiquei em primeiro lugar, agora, ambos, estavam travando uma longa batalha para escolher o segundo e terceiro lugar, deixando-me livre para fazer o que eu quisesse.

A partida já estava em quarenta minutos quando finalmente descobri o significado da primeira palavra, mas logo peguei um jeito e fiz um pequeno dicionário.

Priyatelka "приятелка" - Namorado ou amigo

Kniga "книга" - Livro

Raven "равен" - Igual

Neloyalnata "нелоялната"- Injusto

Smutitel "смутител"- Perturbador

O que significava que após uma hora de estudo eu sabia absolutamente nada da língua oficial do meu namorado, eu era uma negação como namorada. Todo o que eu precisava Ikarus sempre arrumava um jeito de conseguir, sempre me dava presentes, sempre estava presente. Todos gostaram dele, ninguém tinha o que reclamar dele, eu, por outro lado, parecia a maior exploradora do universo.

Não era de se surpreender se eu fosse a injusta e a perturbadora. Talvez a mãe dela não gostasse de mim e estivesse mostrando o seu ponto de vista quando cheguei.

— Rosa? - chamou meu namorado, tirando-me do torpor sou-a-pior-e-mais-odiada-namorada-do-universo. - Chegaram algumas coisas para você.

Ikarus colocou as embalagens e as cartas sobre a cama, seis cartas, três embalagens. Depois disso, depositou um beijo no topo de minha cabeça e sorriu abertamente.

— Está perto do sol de pôr, as corujas sempre chegam por volta dessas horas quando é essa época do ano, nunca entendi a razão - Abracei a sua cintura, encostando minha cabeça em seu abdômen

— Sobre o que você e sua mãe estavam conversando quando cheguei hoje de manhã? - Seu corpo enrijeceu sob o meu toque, o que confirmou as minhas dúvidas. - Não precisa dizer.

Eu preferia não saber, a mulher doce e gentil tinha direito a não gostar de mim e querer o melhor para o seu filho, eu aceitava na boa, mesmo sentindo a tristeza em meu coração.

— O jogo já está no fim, vou terminar e deixar que você tenha um tempo com seus presentes.

Beijou mais uma vez o topo de minha cabeça antes de sair. Passei alguns minutos encarando os objetos, antes de começar a abrir. Uma camisa Wollongong Warriors com um bilhetinho "Para você poder torcer por mim" da Lanna. Uma manta para sofá absurdamente feia que só poderia ser coisa do Albus e um porta-retrato com uma foto minha segurando a Pyxis no seu nascimento, esse era do Scorpius. As primeiras cinco cartas eram de colegas de trabalho desejando feliz natal. Quando cheguei a sexta carta, comecei a ler sem muita atenção, até perceber o conteúdo dentro dela.

"Sonhei com você. Você corria, corria, e corria sem parar. Parecia correr pela sua vida, como se algo a perseguisse. Porém, algo me dizia que você sofria de dores na alma. Não sei porque sonhei isso, mas, uma frase ficou martelando em minha cabeça após acordar 'Ressoar do início do terceiro dia, meia-noite.' Não sei o que pode significar, só que era tão real, achei melhor te contar.

Com sincera preocupação, Lucy.

P.S.: Quando receber essa carta, por favor, dê alguma resposta. Misturado com os sonhos que venho tendo do Professor Krum, estou me sentindo bastante ansiosa."

Sonhos com o Ikarus? Não que eu acreditasse nessa coisa de adivinhações e tal, mas, por alguma razão, eu senti um arrepio na nuca e imediatamente olhei para a janela aberta que tinha vista para a floresta. Ficava há uns dois ou três quilômetros de distância, mas será que era longe o bastante para manter os lobisomens fora de alcance?

Batidas leves na porta me fizeram sobressaltar. Os grandes olhos azuis de Kaya me encaravam com um ar curioso.

— Mamãe quer saber se você gosta de banitsa? Ela comprou os ingredientes para fazer, mas percebeu que não sabe o que você gosta de comer. - Falou aproximando-se da cama e sentando de frente a mim, respeitando o espaço das cartas e presentes. Dobrei a carta rapidamente.

— Nem sei o que é. Mas eu gosto de comida, vou gostar, com certeza. - Dei um sorriso amarelo, tentando disfarçar a minha preocupação.

— Você parece ser uma garota legal Rose. - Ela segurou minha mão esquerda entre suas duas mãos. - Merece apenas um melhor. - Deu sorrisinho e encarou bem fundo nos meus olhos. - Espero que entenda.

Após essas palavras, se levantou rapidamente e saiu pela porta como um furacão. Pude ouvir sua voz no corredor falando algo que eu não entendi. Fiquei atônita por alguns segundos. O que Kaya quis dizer com “Espero que entenda”?.

Só então notei um papelzinho estanho no meio da cama, não estava ali antes. Imediatamente peguei o papel e li o que tinha escrito.

"Quando estiver sozinha, revele-o"

X

Após um longo dia de trabalho, cheguei em casinha nova me sentindo cansado. Tomei um longo banho e me servir de uma boa dose de firewhisky. Esses eram os meus dias, e, ao fim de cada um deles, sentava sobre o sofá, com algum livro, e saboreava minha bebida à medida que me deleitava nas páginas. Infelizmente, era apenas um paliativo para não pensar o que estaria Rose fazendo neste exato momento.

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Nunca eram bons pensamentos.

Eu tentava reviver a melhor noite da minha vida, porém, aos poucos, não era mais comigo que ela estava. Era com Ikarus. Estávamos tão distantes que mesmo que eu não fosse completamente apaixonado por ela, eu ainda sentiria ódio de Ikarus por levar a minha melhor amiga. Eu sabia que ele a fazia feliz, então, comecei a tentar seguir em frente.

Estava saindo com uma garota, Helen, até que no meio do sexo, fiz a coisa mais estupidamente clichê possível, chamei-a de Rose e então, ela nunca mais olhou na minha cara. Não acho que ela está errada.

Então, voltei a fazer as mesmas coisas e quando a sensação era pesada demais para ficar dentro de casa, eu saia, bebia um pouco e, se encontrasse uma garota legal, dizia a mim mesmo que era uma péssima ideia. Era uma vida solitária e, na maior parte do tempo, infeliz. Porém, era o que eu tinha e, provavelmente, o que eu merecia.

Quando estou confortavelmente sentado no sofá, com um livro em minhas mãos, escutei batidas na porta e fui obrigado a levantar. Ao abrir a porta, me deparo com Lysander, Lucy e uma grande torta do que, pelo cheiro, suspeito ser de amora.

— Vinhemos em paz. - Afirmou Lysander, com um sorriso divertido.

— Querem entrar? - Uma sensação boa, como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas.

— Amora. É a sua favorita, né? - Perguntou Lucy, colocando a torta em minhas mãos e entrando na casa.

— Como você sabe? - Perguntei curioso.

— É a Lucy. - Lembrou Lysander. - Ela sempre sabe. - Ele deu uma olhada ao redor e voltou a me encarar. - Quando foi que essa casa viu um ar fresco?

Não podia dizer que a casa estava arrumada ou que estivesse fresca. Ninguém vinha aqui, então, nunca senti a necessidade de deixá-la confortável. Fora as do trabalho, as únicas pessoas que eu visitava eram os meus pais, que não estavam muito receptivos a visitas ultimamente. Minha mãe havia contratado uma pessoa para cuidar do meu pai que estava bastante ranzinza por não conseguir andar. Eu os visitava um ou duas vezes na semana, porém, eles nunca me visitavam.

Antes que eu pudesse responder, Lysander estava abrindo todas as cortinas e janelas com a varinha, deixando o ar frio do inverno entrar. Com a lufada de ar, Lucy começou a me encarar e algo acendeu em seus olhos.

— As coisas vão mudar muito rápido e tudo já tomou seu curso. Os próximos dias já estão escritos. - Ela fez um estalo com a boca e prosseguiu - Eles foram avisados, mas o tempo acabou.