Segredos Em Família

O laboratório das fofocas


SEGREDOS EM FAMÍLIA

CAPÍTULO V

Ao fim do turno, Gil estava cansado demais para fazer outra coisa a não ser dirigir para casa. É, a idade estava finalmente o alcançando. Porém, ao chegar lá, encontrou uma cena diferente. O som e as luzes da sala ligados. Entrou no cômodo, com a intenção de desligar os aparelhos e, só então, reparou na coisa mais estranha daquela cena. Sua esposa dormindo no sofá. Gil olhou em seu relógio de pulso; 6;15 am. “Que estranho. O que houve com ela?”

Gil resolveu pega-la no colo e leva-la para a cama. Mesmo que ela fosse ter somente mais um tempinho de sono, ele queria que fosse confortável. Sara estava em um sono tão pesado que nem acordou com o movimento. O marido então seguiu para o banho e logo em seguida deitou na cama e dormiu.

O despertador tocou as sete horas, acordando o casal. Outra coisa para Gil estranhar. Sara sempre acordava sem a ajuda do despertador. Agora, sua mulher ainda estava se espreguiçando. Gil desligou o aparelho e se virou para sua mulher.

-Bom dia, meu amor.

-Dia, Gil

Acordando totalmente, Sara se deu conta de onde estava. A cara que ela fez de surpresa foi, na opinião de Gil, adorável. Ele resolveu então ajuda-la.

-Eu cheguei e voce dormia no sofá. Achei que ficaria mais confortável aqui- ele disse, acariciando o rosto de Sara.

Sara pegou a mão do marido e a beijou. Ele era tão amável com ela. Resolveu se levantar e começar seu dia, para que Gil pudesse voltar a dormir, mas o marido não deixou. Puxou a mulher para si, fazendo com que ela caísse em cima dele.

-Gil!

O homem não deixou Sara reclamar muito. Começou a beija-la e Sara nunca resistia a seus beijos.

-Agora sim, isso é o que eu chamo de um bom dia!- Gil disse entre beijos

-Seu bobo!- Sara disse enquanto se aconchegava ao marido. Suspirou. Não dormira bem a noite passada, e estava mega cansada apesar de ainda nem ter se levantado da cama.

-Querida...

-Hum?

-Por que você estava dormindo na sala?

-Gil... – ela disse se levantando e olhando em seus olhos- Não foi nada, acho que só relaxei demais. Agora, volte a dormir. Vou ver a Cássia.

Saiu quase correndo do quarto. Dessa vez quem suspirou foi Gil. Ele não sabia o que fazer desse comportamento de Sara. Fazia um tempo que ela estava assim, estranha e cabisbaixa num momento. No outro, ela ficava feliz e contente. Era frustrante essa gangorra de emoções! O único fator que o consolava era ela não ter se afastado emocionalmente dele e de sua filha.Gil virou de bruços e agarrou o travesseiro de sua amada, tentando voltar a dormir.

CSICSICSICSICSICSICSICSICSI

Sara fez todas as suas tarefas da manhã no automático. Cássia era uma amor de menina e quase não dava trabalho. Entrava na escolinha rindo para as professoras e dava um “Xau, mamãe!”

Ao chegar no trabalho é que a coisa começou a ficar esquisita. As pessoas a encaravam quando ela passava e , algumas vezes, ela percebeu que paravam de conversar quando ela se aproximava. Em vez de ir ao vestiário guardar sua bolsa, como sempre fazia, Sara foi direto ao banheiro. Será que ela estava com tanto sono que passou maquiagem demais, parecendo uma palhaça? Ou então eram as suas roupas, que não combinavam? Sua imagem no espelho estava normal. Cansada, era fato, mas normal. “Bom, já vi que hoje não será o meu dia”

Sara se sentia estranha. Não só hoje, estava assim já há uns meses. Uma hora estava nas nuvens, na outra, parecia estar no inferno. E ela odiava esses sentimentos doidos. Afinal, ela tinha tudo o que qualquer mulher sempre sonhou. Um marido lindo, inteligente, fiel. Uma filha que mais parecia uma bonequinha de tão linda e comportada. A casa própria , com espaço o suficiente para a família e amigos. Até o cachorro eles tinham! Faltava mesmo só um filho homem para completar a equação da “ família americana dos sonhos”. Então, por que se sentia mal?

Olhando para seu relógio, viu que não tinha tempo de ficar remoendo sua vida, tinha um trabalho para fazer. Foi à procura de seu chefe e,sendo designada para trabalhar com a novata Ronnie Lake novamente, respirou fundo e meteu a cara no trabalho.

As coisas andaram relativamente normais, até a hora em que Sara precisou deixar uma evidência no laboratório de Vestígios e, para sua surpresa, encontrou David Hodges como técnico.

- Hodges, o que faz aqui a essa hora?

-Senhora Grissom, a que devo a honra de sua visita?

Sara balançou o envelope de evidências na frente dele e disse, com um sorriso sarcástico na cara:

- Um caso, como sempre. E já disse não uso o nome do meu marido no trabalho. Daria muita confusão.

-A, Sara, espere aqui que tenho o resultado do seu caso da semana passada

Hodges era uma das muitas peças raras no laboratório de Las Vegas. Ele acreditava estar em um nível superior da maioria das pessoas ali. Tanto acreditava que para ele era tão natural ser assim que seus companheiros já nem ligavam para seus trejeitos. Suas manias egocêntricas o faziam feliz e contribuíam para um ambiente de trabalho mais divertido.

O problema de Hodges era que ele não parava por ali. O homem era um puxa-saco e também mantinha uma paixão por Grissom. Dava um tratamento mais que especial para tudo que Grissom pedia. E quando Sara se casou Hodges começou a fazer seus joguinhos para cima dela. Isso era algo que Sara detestava, pois só aumentava mais a ideia de que ela era somente uma interesseira.

Enquanto os dois esperavam a máquina terminar de imprimir os resultados Hodges tentou mante uma conversa casual.

-Então, como vai a família?

-Bem.

Um segundo de silencio e, quando Hodges ia tentar puxar mais um assunto, um outro técnico do diurno entra no laboratório e, sem reparar em Sara , começou a puxar conversa com Hodges:

-Hodges, você trabalha geralmente no noturno, não é?

-Sim, eles não viveriam sem mim por lá.

Sara se segurou para não fazer um comentário irônico. Percebendo que iria rolar uma fofoca sobre sua antiga equipe. Ficou quietinha, esperando ouvir algo interessante.

-Então você sabe quem era a ruiva gostosa que tava flertando com o Grissom?