Rule The World

Everything had changed


Pov. Austin

Decisões e mais decisões.

Quando eu decidi considerar a ideia qual fui oferecido, não imaginei que fosse me sentir assim. Vazio.

Eu estava feliz e assustado. Mas, durante toda a viagem, me senti vazio. O que eu estava fazendo, afinal ? Era insano. Até porque eu não tinha como imaginar de que jeito ela reagiria, o que eu falaria, como seriam as coisas.

Mas tínhamos um bom histórico com viagens. E seria bastante conveniente se continuasse assim.

Paris era uma cidade muito bonita.

Senti meu coração acelerar quando pousei em terra firme e muitas coisas passavam pela minha cabeça. Eu tinha sido um idiota, e estava tendo uma chance de consertar isso. Mas o que aconteceria se eu mesmo não tivesse conserto ? Eu a perderia. E não queria isso.

Me imaginei podendo tocá-la novamente (se a mesma não me enforcasse assim que me visse) e valia sim a pena.

Uma das milhares de coisas que tinha mudado nesses meses foi a minha capacidade de perceber quando estava errado. De ouvir os conselhos de outras pessoas e de ser autosuficiente o bastante para criar os meus próprios. E eu tinha me dado um conselho: Eu faria o que seria certo pra mim, o que me deixava bem e feliz.

E estava fazendo isso agora.

Me lembrei de todas as vezes nesse tempo em que conversei com a Sra. Dawson e como parecia ridículo. No final de cada conversa, eu me perguntava se era mesmo possível eu estar falando sobre Ally e eu para a mãe dela, mas ela parecia entender tão bem que era como conversar com alguém da minha idade. Ou até melhor.

Fui verdadeiro quando disse que não tinha certeza sobre a viagem, que eu não sabia como ela reagiria e se seria mesmo bom para nós. Também fui verdadeiro quando disse que eu não sabia se eu mesmo era bom pra ela.

No final, ela me convenceu. E passei o resto dos dias me perguntando o quão maluco era. Eu gostava disso. De fazer as coisas por impulso. E continuaria fazendo, até achar o que eu realmente queria.

( ... )

Pensei que tivesse algo de errado comigo. Algo de errado com aquilo. Mas não. Estava tudo certo, perfeitamente certo. Ally tinha os olhos marrons fixados em mim e eu tinha os meus fixados nos dela. Não parecíamos surpresos nem nada. Ela não parecia.

Mas estávamos parados em meio ao saguão de um hotel considerado muito chique por aqui. E ela sorriu pra mim ao mesmo tempo em que eu sorri para ela. Corremos um até o outro até nossos corpos se chocarem. A abracei forte e ela retribuiu com a mesma intensidade. Parecia a mesma garota que eu tinha visto pela última vez chorando por minha causa no aeroporto de Miami. Não estava pronto para soltá-la. Estava aproveitando aquele momento para recordar de tudo o que senti falta ... Seu cheiro, sua pele branca e macia em contato com a minha. A intensidade daquele momento era única.

Simplesmente a beijei. E ela simplesmente retribuiu. Nada tinha mudado, ainda éramos os mesmos. Nós dois ainda sentíamos o mesmo e todo o tempo separados, não parecia ter interferido em nada.

Continuei com minhas mãos em volta de sua cintura e ela fez o mesmo comigo, enquanto podíamos sentir o gosto um do outro sem querer parar. Bom, até o fôlego precisar atrapalhar.

As pessoas á nossa volta não interferiram em nada. Algumas olhavam, outras preferiram ignorar, e eu não ligava para elas. Ally também não. Nosso momento, nossos sentimentos.

E nada tinha mudado.

Obviamente não era real. Devo ter pegado no sono no táxi, afinal, a viagem tinha sido incrivelmente longa e cansativa. E que belo sonho eu tive. Meu subconsciente me mostrando o que eu queria ver, o que eu queria que acontecesse.

Mas não era real.

Não era real; não era real; não era real.

Precisei ficar repetindo isso na minha mente para ter certeza. Parecia real ... Tão real ...

Quando o motorista do táxi (que Graças a Deus falava um pouco de inglês) parou o veículo, não imaginei que tivéssemos mesmo chegado. Mas era o mesmo nome de hotel que a Sra. Dawson tinha me passado. Só que definitivamente não era um hotel qualquer.

O Hotel De Crillon era definitivamente o lugar mais chique no qual eu já tinha pisado. Decorado com mármore, antiguidades e lustres extravagantes. Parecia a cena perfeita de um filme.

A cena perfeita para que meu sonho se tornasse realidade, pensei.

E então, eu a vi.

Parecia fácil demais, como no meu sonho. Mas diferente da minha imaginação, muita coisa tinha mudado mesmo. Não era igual. Eu não me sentia igual ao meu sonho. Tudo estava diferente. Eu não tinha certeza do que pensar, como agir.

Ally lia uma revista americana sentada em uma poltrona aparentemente bastante confortável no saguão. Não, ela não parecia a mesma garota. Sim, tudo tinha mudado.

Ela deve estar brava, deve estar confusa e querendo me matar. Seu mal humor podia ser engraçado as vezes. E acho que eu deveria lidar com esse momento assim. Eu deveria dizer que estava ali por coincidência ? Não, isso seria demais, ela não acreditaria. Era melhor contar a verdade logo de cara. Acho que ri, só de imaginar sua reação.

Tudo tinha mudado.

E eu não fazia a menor ideia do que fazer assim que seu olhar chegou até mim.

Pov. Emma

Miami era um lugar bonito. Extremamente quente, mas também bonito.

Eu adoraria apreciar um dia na praia, vendo o sol se pôr em cima da mesma rocha escorregadia em que estou agora. Mas sozinha. Não com minha mãe e meu irmão junto. Eles estavam brincando na areia. Pensei que Tomás fosse velho pra isso, mas acho que estava errada. E de qualquer jeito, minha mãe - Katy - o incentiva a fazer coisas de criança muito mais desde que meu pai faleceu.

Acho que ela fica tão preocupada que ele tenha uma infância normal que acaba o tratando como um bebê. Ela provavelmente só não fazia isso comigo porque eu não dava nenhuma chance.

– Será que eu não posso ir dar uma volta ? - Perguntei, pela décima quinta vez. Mamãe revirou os olhos e parecia chateada ao ter que me responder pela décima quinta vez também.

– Será que você não pode passar um tempo com sua família ? - Me respondeu, usando outra pergunta.

– Vocês são adoráveis, mas eu sou uma adolescente, lembra ? Gosto de ficar sozinha.

Eu sabia que isso a chateava, que ela ficava magoada e que provavelmente pensava que não tinha mais controle nenhum sobre os filhos. Mas não era verdade. Ela só se sentia assim porque a culpa era grande demais, o medo de que nos ter criado sem um pai interfira em nossas escolhas.

– Deixa ela ir, mãe. Não faz nenhuma falta mesmo. - Meu irmão disse, sem me olhar, mas de cara feia. Nossa, como era assustador.

– Não lembro de ter falado com você, Tommy.

– Não sou um cachorro! - Gritou, realmente bravo. E minha mãe sussurrou alguma coisa em seu ouvido dando dois tapinhas em suas costas nuas.

– Pode ir, Emma. - Katy falou. - Só ... Se cuida, tá legal ?

Assenti, contente por ela ter me deixado ir, mas meio zangada comigo mesma por sempre ser a razão da discórdia.

Mas que mal faria caminhar um pouco ? Precisava conhecer mais a minha nova cidade mesmo. E ficar sozinha sempre foi minha especialidade. Mas pelo menos em Chicago, eu tinha amigos, pensei. E era verdade. Eu conhecia todo mundo lá, a maioria desde que eu era muito pequena. E nunca quis ter que sair de lá.

Mas minha mãe recebeu uma oferta de emprego irrecusável e aqui estamos nós.

Parei em uma lancheria para pedir uma bebida. Uma das vitaminas que vi na placa chamou minha atenção por ser completamente natural e decidi comprar. Depois de já ter pago e também já estar saindo do lugar, simplesmente senti toda a bebida gelada sendo derrubada em cima de mim. Exatamente na porta do estabelecimento.

Olhei, zangada para a minha roupa, agora completamente molhada e lambuzada de vitamina e depois para a pessoa que tinha causado isso. Era um garoto. Mal olhei para ele porque a raiva que eu estava sentindo podia me fazer pular na garganta dele a qualquer segundo. A única coisa que eu pude ver, é que ele tinha olhos azuis.

– Ai meu Deus! - Ele exclamou, quando viu o que tinha feito. - Me desculpe, eu sinto muito ... Eu estava ...

– Cala a boca! - Também exclamei, só que bem mais alto do que ele.

– Eu posso pagar uma bebida pra você, meu nome é ...

– Não quero saber seu nome e também não quero nada que venha de você - resmunguei, tentando limpar minha roupa, mas era impossível. - Mas muito obrigado por estragar minha blusa nova.

E saí dali. Com passos largos e até poderia ter fumaça saindo de dentro de mim. Definitivamente as pessoas daqui tem certa mania de esbarrar umas nas outras.