Odiava o fato de não poder contar a ninguém sobre meu passado. Esse segredo era tão cruel, que me sugava cada vez que eu lembrava e inevitavelmente, era toda hora. Eu precisava fazer algo. Eu precisava me aliar a alguém que o odiasse tanto quanto eu. E ninguém, jamais, poderia saber. Nem os meninos sabiam disso. Meu passado era um assunto tenso e nunca declarado totalmente. Já me meti em tanta merda. Porque logo com você, Killian Jones?

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Meu celular vibrou na calça e tirei-o rapidamente. Uma mensagem de minha aliada.

"Pode vir à minha casa? Precisamos conversar Capitão. Te aguardo, Regina."

"Posso. Chego ai em menos de 10 minutos. Até, KJ."

Precisava sair da casa da Emma o mais rápido possível, então assim que ela foi para a cozinha, peguei todas as minhas coisas e fui em direção ao quarto de hóspedes. Havia um bloco e uma caneta bem na mesa de canto, comecei a rabiscar umas desculpas, mas no fim deixei uma informação breve e nada acolhedora. Não poderia arriscar dúvidas de ninguém e principalmente de Emma. Se nem meus melhores amigos sabiam,porque ela, que mal me conhece(e já deve me achar um louco!) deveria?(Quem, em pleno juízo, começa a contar da sua vida depois de cinco minutos de conversa? Eu deveria estar vendo unicórnios de tão bêbado, drogado, maluco, sei lá mais o que, mas ainda sim falei uma coisa que poucas pessoas sabem).

Sai da casa da Emma o mais rápido e discreto possível e fui em direção a casa da prefeita e Henry abriu a porta antes de eu tocar a campainha. Ele me deu um abraço rápido e saiu correndo.

– Atrasado para a escola. - disse Regina enquanto nos cumprimentávamos. Ela sentou-se no sofá e fiz o mesmo. - Quer tomar café? - ela pergunta, apontando para a mesa. Como estou morto de fome, acabo aceitando.

– Espero que não fique bravo, mas Robin pode ouvir a conversa? - ela pergunta e seu namorado surge com um bolo nas mãos. - Ele não vai falar para ninguém e pode, inclusive, nos ajudar.

– Claro que pode! - digo e cumprimento Robin apertando sua mão. Ele se senta ao lado de Regina e corta um pedaço do bolo para ele.

– Mas me diga, novidades? - começa Regina.

– Nenhuma. - digo, desanimado. - Queria tanto ter o Bae comigo. - aperto as mãos e respiro fundo. Sinto meus olhos fraquejarem, mas não me importo. Apesar de tudo o que falam, sinto que estou entre amigos e eles não irão me julgar. - Aquele MERDA do Rumpelstiltskin não deveria ter roubado o MEU filho de mim! - cerro os punhos e depois tento relaxá-los, em vão.

– Calma Killian. - tranquiliza Robin, apertando minha mão de modo firme.

– Calma? - pergunto. - Você quer que eu tenha calma? - berro. - Queria ver se fosse o seu filho que teria sido roubado e você não conseguisse fazer nada para recuperar-lo. - bato a mão na mesa ao meu lado. Argh! Porque logo a mão boa, Killian? Bater com a prótese ou com o gancho que é bom... Nada. Vez de Regina segurar minha mão, muito mais por medo de eu quebrar alguma coisa do que para me tranquilizar. Tenho certeza.

– Ele vai ficar com você, eu tenho certeza. - diz ela, sorrindo. Se não fosse dramático, esse momento seria cômico. Imaginem o que as pessoas diriam se ouvissem de um capitão que a prefeita que julgam ser uma bruxa má, na verdade é uma nobre e indefesa mulher com sentimentos? Rá, hilariante. Ok, foco Killian.

– Se você diz... - digo em muito pouco som, mais para mim do que para qualquer outra pessoa.

– Eu só preciso que você me conte como tudo isso aconteceu para que nós possamos lhe ajudar. - ela diz e olha para Robin, que deposita um leve beijo em sua bochecha.

– Tudo bem. - digo.

Então começo a falar.

*

Depois de eu ter tido tudo o que aconteceu, vi Regina e Robin olhando-me sem uma reação concreta. Além de Dan, Thiago, James, Smee e aquele merda do Rumple, eles eram uma das poucas pessoas que sabiam disso.

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– Nossa! - disse Regina meio amargurada. - Entendo completamente sua dor Killian. Eu não saberia o que fazer se ficasse sem o meu Henry. - disse ela.

– Opa. - Robin sorriu. - Acho que ele pode nos ajudar.

– Henry? - disse Regina e eu em uníssono.

– É claro, por que não? - ele juntou as mãos e começou a explicar sua ideia. - Se eu não me engano, eles devem ter a mesma idade e é bem capaz de estudarem juntos.

– Tá e como isso vai me ajudar? - questiono.

– Simples. Pergunta pra Branca se eles são da mesma sala, ela não é a professora deles? - afirmo com a cabeça. - Então, se eles já são amigos, melhor ainda, mas se não, eles podem passar a ser. - vejo um sorriso se formar no rosto de Regina.

– Acho que estou começando a entender! - diz ela. - Killian, é o seguinte: Henry irá ser a nossa ponte de contato. Sempre que tiver algum evento no colégio você irá conosco e sempre que tiver algum trabalho, você virá aqui para compartilhar o momento, conversar com ele e tudo o mais. Vocês vão se conhecer mais.

– Entendi... - disse. - Mas e depois?

– Isso vai ser o nosso jogo para ganhar tempo. - fala Robin. - A Regina, junto com o Graham, estão na busca do DNA do Rumple e do Bae para comprovar a não paternidade dele. E então pegaremos o seu e comprovaremos a paternidade, entendido? - balanço a cabeça positivamente.

– Só tem um probleminha. - mordo os lábios. - O Graham tem que manter esse trabalho em completo sigilo, inclusive sigilo de sua perita, a Emma, que é minha amiga, mas não sabe disso e não quero que saiba ainda. Pode ser? - eles concordam com a cabeça.

Emma não precisa saber disso, não agora. Poucas pessoas sabem e manteremos exatamente assim.

*

– Torta de maçã, mãe? - pergunta Henry, todo apressado depois de voltar do colégio.

– Mas tão cedo? - pergunta Regina, após dar um beijo na testa do filho.

– Hoje só teve prova. - ele dá de ombros. - Posso pegar um pedaço? - diz, já pegando.

– Filho precisamos conversar.

– O que eu fiz dessa vez? - ele diz com a boca cheia e rio baixinho. - Killian, você ainda está aqui? - Henry arregala os olhos e dou uma piscadinha para ele, fazendo uma careta.

– Você não fez nada pirralho. - diz Robin, brotando na cozinha. - Nós só queremos que você nos ajude, mas para isso precisamos que você nos prometa umas coisinhas, tudo bem? - ele abraça seu enteado, que está super concentrado na torta da mãe.

– Pode mandar! - ele diz e toma um longo gole de suco de uva.

– Filho, primeiro de tudo quero um sigilo mortal sobre isso, tá legal? - diz Regina, segurando a mão dele. Ele move a cabeça positivamente e Regina continua. - Tudo bem. Olha, nós vamos lhe contar uma história resumida, mas a sua missão é ficar próximo do Baelfire, tá? - ela bagunça o cabelo dele e sorrio ao ver essa cena.

– Ele é mó amigo meu, po! - diz Henry e um sorriso aparece em meu rosto. - Mas porque vocês querem que eu fique próximo dele? Quer dizer, mais próximo dele? - ele olha para a mãe e em seguida para Robin, por último, me encara e tomo o partido da conversa.

– Vou lhe resumir a história, já que é grande e não quero que você saiba as partes tristes, mas o Bae não é filho do Rumple como todos pensam. Ele é meu filho, só que não tenho como comprovar isso... Não ainda. - digo. - E nós estamos lutando para provar isso, entendeu? - Henry me encara com um misto de espanto e felicidade. - Você trazer ele aqui, fazer vocês dois mais próximos e até eu mais próximo dele, é um jogo para ganhar tempo e para ele ver que eu sou um cara legal. Não duvido nada que aquele monstro diga boas mentiras de mim para o meu filho. - me sobe uma enorme vontade de quebrar aquela loja infeliz do Sr. Gold e de brinde, quebrar a cara dele. Mas calma Killian, tudo tem o seu tempo. Você fará algo muito melhor.

– Entendi. - ele fica meio pensativo. - Ele é seu filho?

– Sim. - sorrio. - Somos parecidos?

– Um pouco. - ele sorri e depois vira para a Regina. - Mãe, estou com fome! - protesta.

– Vai tomar um banho que depois o Robin vai te levar na Granny's para comer aquela lasanha dela que eu sei que você adora! - disse ela, dando um beijinho no filho, que subiu correndo logo depois. Sorri ao lembrar de mais uma pessoa que eu conheço que também se amarra na lasanha da Vovó.

– Você vai para lá depois amor? - pergunta Robin, mexendo no cabelo dela.

– Vou sim, só vou com o Killian na prefeitura para mostrar para ele uma coisinha, tá bom? - ela dá um selinho em Robin.

– Tudo bem. - Diz ele, enquanto me dirijo a porta para esperá-la.

– Vamos? - pergunta Regina depois de uns minutos.

*

Assim que chegamos à prefeitura, recebo uma mensagem de Dan.

"Jones, meu brother, to fazendo uma comidinha aqui na Torre da Emma, cai pra cá depois, jae? Abraços do mais lindo. Dan."

– Quero te mostrar alguns progressos que podem lhe ajudar no processo. - diz Regina.

– Tudo bem, só preciso que você seja rápida, pois estou morrendo de fome e acabei de receber um convite para almoçar fora. - digo, enquanto digito uma resposta para Dan.

"Pode deixar, estou resolvendo uns problemas. Você sabe quais né? Ps: O mais lindo sempre será eu. KJones."

Sentei-me na poltrona enquanto Regina pegava alguns papéis e os organizava para mim.

– Bom, sabemos que a Milah não estava mais com o Rumple fazia muito tempo... - ela disse, lendo o que, provavelmente, eram anotações. - E que vocês dois estavam tendo um affair e estavam apaixonados. - ela olha para mim e confirmo com a cabeça.

– Eu amei a Milah até os últimos minutos de vida dela. - respirei fundo e continuei. - Eu jamais a obriguei a ficar comigo, mas ela vinha porque não se sentia bem com ele. Não era feliz com o Rumple. Nunca fora. Ele nunca pode lhe dar o que sempre sonhou e ela queria terminar há muito tempo, mas ele sempre negara. - finalizei.

– Ela sempre quis ter um filho, então? - pergunta Regina, encarando o papel. - Então acho que você já sabe que o Rumple tem esterilidade e nunca poderia ser pai do Bae.

– Sim, eu sei disso. - digo vitorioso. - Mas não tinha como provar.

– Agora tem. - sorrimos cúmplices. - No hospital há todos os exames dos habitantes de Storybrooke e bom, exames de sangue podem não apenas comprovar paternidade como também a infertilidade dele. - ela diz e me entrega os papéis. - Dá uma olhada. Rumple não consegue produzir nada. - diz Regina rindo e acabo acompanhando-a.

Ficamos falando mais sobre o caso e depois digo que tenho que ir, ela então me acompanha até a porta. Não consigo tirar o sorriso do rosto.

– Até mais ver, Capitão Jones. - ela diz.

– Até mais ver, Prefeita. - digo e abraço-a forte.

E então saio quase saltitando pela rua em direção a casa da Emma e inconscientemente olho para cima, mas não há ninguém na janela.

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