Camp Half-Blood; Lago de Canoagem; Terça-Feira; 07:52 da manhã;


Percy: Então eles foram mesmo?


Fiz que sim com a cabeça.

Percy: E o que você pretende fazer?

Encolhi os ombros.

Percy: Você vai falar comigo hoje?

Encolhi os ombros, de novo.

Sinceramente, eu não queria falar. Estava arrasada. Só queria ficar lá, tomando Sol em qualquer lugar que ele pegasse. Se Percy estivesse comigo, beleza. A presença dele me fazia me sentir melhor. Mas eu estava mal. Olhei para Percy e ele estava muito branco.

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Eu: Percy, você está muito pálido.

Percy: Sempre fui pálido. Você sabe.

Eu: Não, você não entende. Está muito mais pálido do que o normal.

Ele ergueu o braço, conferindo a cor.

Deuses, ele estava da cor do leite! O que estava acontecendo? Coloquei as mãos em seu rosto, medindo a temperatura. Depois, coloquei as mãos nas bochechas dele e o virei para mim.

Eu: Deuses, você está congelando!

Com meus poderes, senti ele perdendo a força e ele caiu. Eu o segurei. Como eu sentia suas dores, percebi que ele juntou todas as forças dele para falar.

Percy: Ah, deuses, Rapha, você sabe o que fazer?

Eu: Sim. Sim. Eu vou até o meu chalé, pegar um pouco de ambrosia.

Ele assentiu e eu saí correndo na direção dos chalés. No caminho, encontrei com Luke Castellan. Ele pareceu preocupado depois que me viu.

Luke: Rapha, você está bem?

Eu: Não. Digo, eu estou. Mas Percy não. Hã, Luke?

Luke: Sim?

Eu: Será que você poderia dar uma olhadinha em Percy? Ele está no lago da canoagem. Só até eu chegar.

Luke: Claro! Tudo bem.

Ele foi para o lago eu segui o meu caminho de volta para o meu chalé. Na porta de lá havia um garoto lá. Acho que ele se assustou. Ele era alto, tinha pele morena e eu diria que era atraente, mesmo que não me atraísse.

Eu: Hã, posso te ajudar?

Xx: Este é o chalé de Apolo, não é?

Eu: É sim. E você é... ?

Xx: Hã, William DeVille.

Ah... aquele era o garoto que Jenna havia falado. Ainda bem que ele não me atraia, porque já era dela.

Eu: Ah, sei, você deve estar procurando pela minha irmã, Jenna Alexander.

William: Sim, ela mesma. Você sabe onde ela está?

Eu: Ela saiu em uma missão, de madrugada. Será que eu não poderia te ajudar?

William: Na verdade, não. Eu... eu queria agradecer a ela por ter sido tão legal comigo, ontem. Ela passou o dia comigo e disse que tinha dado as costas para as atividades dela e até para uma irmã especial que se chamava.... acho que era Reyna....

Eu: Raphaella?

William: Isso. Esse nome mesmo.

Eu: É, essa sou eu. Eu sou Raphaella Harmon. Prazer.

Ele olhou para os sapatos. Eram coturnos, amigo.

William: Bem, será que você podia dar um recado pra ela da próxima vez que a ver?

Eu: Claro. O que foi?

William: É que... eu achei que ela era muito legal e... bem bonita, sabe? E, quem sabe, qualquer dia desses...

Eu: Você quer chama-la para sair?

William: Isso. Exatamente. Fala isso pra ela, tá?

Eu: Sem problemas.

William: Valeu. Então, eu já vou indo. Obrigado pela ajuda. Perdão por te atrapalhar.

Eu: Não, não atrapalhou. Quem sabe atrasou, mas está tudo bem. Perdão por não poder ajudar. Até mais.

Ele assentiu e saiu de lá.

Eu entrei no chalé. Meus irmãos estavam acordando direito. Andei até a minha cama e puxei a minha mala. Abri e peguei o pacote de ambrosia e o cantil de néctar. Saí correndo de volta para o lago da canoagem. Percy estava deitado no chão e Luke estava sentado ao lado dele.

Eu: Obrigada, Luke. Pode ir.

Luke: Prefiro ficar. Espero que não se importem.

Eu: Não, não.

Peguei um pedaço da ambrosia que julguei se o suficiente.

Eu: Coma. Rápido.

Percy pegou o pedaço de ambrosia e comeu.

Abri o cantil de néctar e deixei um pouco cair sobre minha palma da mão. Virei a mão com os dedos apontados para baixo e deixei o néctar escorrer pelo meu dedo indicador.

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Eu: Abra a boca.

Ele obedeceu.

O néctar escorreu de meu dedo diretamente para a garganta dele, enquanto eu fazia movimentos circulares com o dedo, permitindo que o néctar caísse em todos os cantos. Logo, o néctar acabou. De minha mão, eu digo.

Percy: Gosto de nosso primeiro beijo.

Eu: Logo você vai se sentir melhor. – falei enquanto limpava a meleca do néctar na água do lago. – Eu disse que você precisava melhorar a sua alimentação. Mas “Não! Eu estou bem”. Vou falar com Quíron para uma dieta especial ser preparada para você, viu, mocinho?

Percy: Ah....

Eu: Perseu, isso é sério! Você ia vomitar muito agora, se a sua namorada não fosse uma excelente curandeira e não soubesse exatamente o que fazer. Seu estômago ia ser vomitado.

Percy: Você não está sendo muito dramática não?

Eu: Olhe, você não comeu nada hoje. Então, você ia vomitar água, como acontece quando não se tem comida no estômago. Como você ia vomitar muito, ia acabar saindo sangue, após a água acabar. Então, você ia acabar vomitando sangue. Mas você ia vomitar muito mesmo, então, não me surpreenderia se o seu estômago saísse.

Percy: Sério? Eu ia vomitar tanto assim?

Eu: Não, mas um dia você vai.

Ele se sentou.

Percy: Você devia ser uma deusa.

Eu: E você devia ser mais saudável. Sou só meio deusa.

Percy: Deveria ser completa.

Foi quando me lembrei que Luke ainda estava lá.

Percy e eu olhamos para ele ao mesmo tempo.

Luke: Ah, perdão. Vou indo me encontrar com Annabeth. Até mais.

Eu: Tchau, Luke. Ei, espere!

Ele olhou de volta para mim.

Eu: Eu vou fazer a inspeção dos chalés, hoje. Espero que esteja tudo arrumado. Sou exigente.

Luke: Entendi.

E ele se foi.

Eu: Você não gosta muito dele, gosta?

Percy: Sei lá. Sou obrigado a admitir: ele morreu como um herói. Mas... sei lá... não gosto muito da ideia de conviver com ele. Você não se importaria de ficar longe dele, não é?

Ri dos ciúmes dele.

Eu: Não. Não me importaria.

Beijei sua bochecha.

Eu: Você sabe como ele voltou à vida?

Percy: Annabeth me disse que Hades e Hermes fizeram um acordo. Ela não me disse o que Hades recebeu.

Eu: Não me surpreenderia se fosse a minha alma. Hades me odeia.

Ele riu.

Percy: Ele não te odeia. Ele é só... mau.

Eu: Sei.

Conferi as horas em meu relógio. Eram 07:59.

Eu: Você me ajuda a fazer a inspeção? Tipo, Lee e eu íamos fazer, mas ele saiu, então...

Percy: Claro. Te ajudo sim.

Eu: Vá para o seu chalé. Ou para o pavilhão. Está na hora de irmos comer.

Percy: Tá...

Ele suspirou.

Eu: O que foi?

Percy: Nada. Nada.

Eu: Percy, não temos tempo. Fale logo.

Ele fez aquela cara de bebê foca.

Percy: Você nem me beijou hoje.

Sorri e revirei os olhos.

Eu: Ai, Cabeça de Alga, que sofrimento....

Puxei-o pelo colarinho diretamente para meus lábios.

Pressionei-os bem forte contra os dele, por uns dez segundos. Depois, fui puxando-o pela mão de volta para os chalés. Nos separamos quando ele entro no chalé dele e eu no meu. Todos os meus irmãos (fora Lee, Will e Jenna) estavam lá. Estavam todos vestidos e prontos. Imagino que me esperando.

Eu: Vamos, gente!

E fomos andando para o pavilhão do refeitório. Saímos do chalé ao mesmo tempo que Percy e Tyson saíram do deles. Como assim foi, Tyson acabou se misturando com o chalé de Apolo e eu e Percy fomos da direção do pavilhão de mãos dadas.

Eu: Hoje não vou me sentar com você. Não fique bravo. É apenas que... eles estão sem conselheiro-chefe, sabe? E você está com Tyson e tal...

Percy: Entendo. Michael Yew era o próximo da fila para ser conselheiro-chefe antes de você chegar. Quem sabe ele não te ajuda?

Eu: Acho que ele pode me ajudar, sim. Aliás, isso não significa que eu não vou aparecer na sua mesa para julgar o que você pode ou não comer.

Ele suspirou frustrado e revirou os olhos.

Percy: Então, isso é sério mesmo.

Eu: Sim, isso é. Quem mandou namorar uma curandeira de Apolo?

Percy: Eu tinha que me apaixonar por alguém tão perfeita e tão cuidadosa com quem ama?

Eu: E quem disse que eu te amo?

Percy: Você, palhaça.

Fuzilei-o com o olhar.

Eu: Não. Me chame. De palhaça.

Percy: Desculpe, Raio de Sol. Não vou repetir isso.

Expirei bem rápido pelo nariz e seguimos em silêncio até o pavilhão.

Você já deve ter percebido, a essa altura, que Percy já me deu vários apelidos: Cabelo de Miojo, Miojo Brilhante, Princesa Solar, Raio de Sol e etecetera. Caso você esteja com a dúvida, eu não gosto nem desgosto. Sou neutra, nessa situação. Deixo ele me chamar do que quiser. Se ele estiver feliz com isso, eu estava feliz. Que eu me lembre, eu só o chamava de Cabeça de Alga. Quando chegamos lá, deixei meu chalé ficar à vontade na nossa mesa e fui falar com Quíron. Ele usava sua camiseta de CENTAURO Nº #1.

Eu: Quíron, cheguei a te falar que Percy está mal?

O rosto do centauro assumiu uma expressão preocupada.

Quíron: O que está acontecendo com ele?

Eu: Nem chegamos a falar sobre meus poderes novos, ontem. Enfim, um desses meus poderes novos é que, quando toco uma pessoa doente, posso identificar o que ela tem, ou sentir a mesma dor que ela sente.

Contei a ele sobre Percy se sentindo mal, na Broadway e hoje de manhã. Ele respirou fundo.

Quíron: Não se preocupe. Acho que podemos fazer um cardápio especial para ele. Você mesma pode preparar.

Eu: Aliás, podemos prepara-lo juntos. Seria melhor. Afinal, eu posso ser uma excelente médica, mas eu sou uma garota de dezessete anos. Você é um centauro com mais de dois mil. Acho que com seu auxílio ficaria melhor.

Quíron: Tem razão. Deixemos ele comer a refeição normal agora, mas vamos preparar este cardápio novo antes do almoço.

Fiz que sim com a cabeça e fui me sentar em minha mesa.

O café da manhã daquela vez foi cheeseburger e pizza. Legal, né? Não muito para o estômago do Percy, mas para mim foi. Fiquei vigiando ele, para garantir que ele não ia jogar a salada do hambúrguer na fogueira. Aquilo, definitivamente, não me surpreenderia. Depois do café, os campistas voltaram às suas rotinas. Percy e eu fomos fazer a inspeção matinal dos chalés. Deixe-me explicar como funciona esse negócio de inspeção: os conselheiros-chefe dos chalés inspecionavam a limpeza dos outros chalés. O chalé que estivesse melhor, ganhava a primeira hora no chuveiro, ou seja, a água quente do dia. O pior chalé (normalmente o de Hermes) ficava com a louça depois do jantar. Começamos pelo chalé 3, considerando que Thalia Grace, a moradora do chalé 1, virara uma Caçadora de Ártemis, e Hera não tinha filhos semideuses. O chalé me surpreendeu com a diferença: os papéis de bala não estavam mais no chão. Nem sacos de salgadinhos. A fina camada de poeira que sempre havia por lá, havia sumido. O chão estava varrido. As camas estavam arrumadas. As roupas estavam guardadas e dobradas (sim, uma boa inspecionadora tem de abrir os armários e conferir se está TUDO em ordem. Especialmente quando se é a namorada do inspecionado). Passei dois dedos pela mesa de cabeceira. Limpa como nunca antes.

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Eu: É... tudo ótimo. Melhor do que nunca. Vou dar quatro de cinco.

Ele arqueou a sobrancelha direita.

Percy: Por que quatro?

Eu: Porque Tyson arrumou tudo.

Ele fez uma cara como se dissesse Como você sabe?

Eu: Percy, você vai fazer dezoito anos daqui a dois meses e dezesseis dias. Acho que você é inteligente o suficiente para saber que eu te conheço. Sei que você nunca arruma o seu chalé. Apenas alguém simpático e fofo como Tyson faria isso.

Percy: Está insinuando que eu não sou simpático e fofo?

Eu: Estou afirmando que você não arruma o seu chalé. É mentira?

Ele suspirou e fez que não com a cabeça.

Eu: Então. Dê um quatro. Vamos.

Ele anotou no pergaminho enrolado na prancheta. Conferi se ele tinha dado a nota que eu falei. Sim, ele havia dado. Demos as mãos e fomos para o chalé de Ares. Eles acabaram com 4 de cinco. Meu chalé ficou com 4 de cinco. Tudo estava em seu devido e perfeito lugar, mas as minhas coisas estavam desarrumadas. Lençóis fora do lugar, mala aberta ao lado da cama, roupas jogadas, tudo horrível. Eu era um péssimo exemplo. Hefesto ficou com dois. Desordem total, mas eles são meus amigos. Hermes ficou com um. Sério. Muito triste. Depois, seguimos para o chalé de Deméter. Tudo organizado, todas as roupas guardadas, madressilvas trepadeiras pendiam da porta e o telhado estava coberto de margaridas. Felizmente, eu achei um erro. Oba, pensei, ainda posso ter a água quente! Debaixo da cama de Katie Gardner, a própria conselheira-chefe deles, havia um monte de terra e uma lanterna.

Eu: Katie, Katie... plantando de madrugada?

Katie: Perdão. Não consigo evitar.

Eu: É... se não estivesse tão sujo aqui debaixo, vocês levariam cinco. Mas, pensando bem...

Olhei debaixo das outras camas. Todas tinham pelo menos um morrinho de terra em baixo.

Eu: Acho que vocês vão levar três.

Katie suspirou.

Katie: Justiça seja feita.

Eu: Obrigada pela paciência.

Peguei a prancheta com Percy a anotei a nota do chalé 4.

Eu: Tchau, Katie. Livre-se desses montes de terra.

Saímos do chalé e fomos para o de Atena. Tudo ótimo. Eles ficaram com 4, porque alguns projetos estavam fora do lugar. Afrodite ficou com 5. Tudo estava em seu devido lugar, arrumado, bonito, perfeito. Legal. Eles ficariam com a água quente.

Eu: Ótimo trabalho, Sile. Tudo perfeito. E esse cheiro de... morango?

Silena: Sim. Essência de morango. Gostou?

Assenti.

Eu: E esses bombons?

Silena: São os bombons de meu pai. Quer um?

Eu: Claro.

Peguei um. Percy também. Tinham gosto de isopor.

Silena: Eu sei. Gosto de papelão.

Fiz que sim com a cabeça.

Depois foi o chalé de Dioniso. O lugar tinha um leve cheiro de uva. Eu diria que eles estavam bem arrumados. Achei uma garrafa de vinho lá. Eu sabia que, a maior parte deles, era menor de idade, então confisquei a garrafa. Dei um três de cinco para eles. Com isso, a inspeção havia acabado. Afrodite havia ganho, para variar. Atena, Apolo e Poseidon ficaram em segundo lugar. Dioniso e Deméter em terceiro, Hefesto em quarto e Hermes em último. Depois disso, voltei para as minhas atividades normais. Aula de mitologia grega, com Annabeth, colheita de morangos, produção de armas, com Charlie. Depois, o almoço. Após faxina semanal que eu costumava fazer, em meu chalé, decidi ir até o lago da canoagem. Percy tinha aula de navegação de correnteza agora, e eu queria vê-lo. Fui até lá. Eu me sentei no cais, ao seu lado.

Eu: Às vezes eu fico pensando: será que o sobrenome da minha mãe não atraiu o meu pai?

Percy: Como assim?

Eu: Connor e Travis tem o sobrenome “Stoll”, que parece com roubar em inglês. Hermes é o deus dos ladrões.

Ele fez que sim com a cabeça.

Eu: Eu tenho o sobrenome “Harmon”, que parece com “harmony”, que é harmonia em inglês. Apolo também é o deus da harmonia, sabia?

Percy: Sabia. Você e eu temos o mesmo professor de mitologia.

Eu: Ah, não temos não. Até o final do ano letivo do ano passado, meu professor de mitologia era um sátiro.

Percy: É... mais ou menos.

Eu: Outra coisa na qual eu penso: eu tenho dedos estranhos, já percebeu?

Percy: Sabe que não?

Eu: Olhe minha mão! Meu polegar parece um indicador diminuído! Fino e longo. E os outros dedos são todos grossos! Eu sou estranha!

Ele ficou olhando para os dedos da minha mão.

Percy: Tem razão.

Eu: Percy!

Percy: O que foi? Eu só concordei!

Eu: Não é para você concordar. Como um bom namorado, quando eu ressalto meus defeitos, você tem de dizer que me ama do jeito que eu sou, e que eu sou perfeita assim mesmo!

Percy: Ok. Eu te amo do jeito que você é, e você é perfeita assim mesmo. Você não tem nada para fazer agora?

Eu: Geralmente, eu faço a faxina básica do chalé, a essa hora nas terças-feiras.

Percy: E depois?

Eu: Faço alguma coisa com Charlie. Eu sempre arrumo um tempo para isso. Mas eu senti uma vontade de vir te ver....

Percy: Então, você pode me assistir aqui.

Me deitei no ombro dele e dei um tapinha em seu joelho.

Eu: Não, a minha beleza irradiante ia te atrapalhar. Aliás, eu tinha de ter ido falar com Quíron antes do almoço. Me esqueci completamente disso. Agora eu vou. Tchau, meu amor.

Dei um beijo nele e fui em direção à..... qualquer lugar onde deduzi que Quíron pudesse estar. Primeiro, na varanda da Casa Grande. Não estava. Depois, fui para os campos de arco e flecha, e lá estava ele. Dessa vez, estava usando seu casaco de tweed.

Eu: Nem falei com você hoje, não foi?

Ele se virou para mim.

Quíron: Realmente, eu percebi que você não veio.

Ele fez sinal para que eu me aproximasse. Foi quando eu percebi que havia um homem com ele. Esse homem... parecia aqueles anjos bebês do Dia dos Namorados. Como eram seus nomes mesmo? Queburins, acho. Querubins, pensei, sua estúpida! Ele parecia um querubim já passado dos quarenta anos. Um querubim quarentão. Seus olhos carregavam uma expressão triste. Ele usava uma camisa havaiana com estampa de leopardo. E um chapéu de palha estranho. Quando senti seu cheiro, descobri quem ele era. Ele tinha cheiro... de uva.

Eu: Dioniso.

O deus do vinho sorriu.

Dioniso: Melhor que Peter Johnson.

Franzi o cenho.

Eu: Quem?

Quíron: Depois você se acostuma. Rapha, este é Sr. D, diretor do Acampamento.

Eu: Prazer em conhecer, senhor. Eu sou Raphaella Harmon, filha de Apolo.

Dioniso: A garota de quem ninguém no Olimpo aguenta mais ouvir.

Eu: Gente, não estou entendendo nada.

Quíron: Depois podemos discutir sobre isso.

Ele pegou um papel e uma caneta no bolso do casaco. Eu tinha meus raios solares dos dedos para isso.

Quíron: Vamos começar. O que você pensou para o café da manhã?

Eu: Bom, eu pensei em no café da manhã começarmos com algo leve. Nada de frituras. No máximo, um bolo de chocolate. De preferência, sem corante.

Desenhei uma tabela no ar, com meus raios de sol. A tabela tinha três colunas e duas linhas. Nas linhas de cima, escrevi CAFÉ DA MANHÃ, ALMOÇO e JANTAR.

Quíron: O que você acha de frutas?

Eu: Frutas são uma ótima ideia. Pensei também em algo do tipo torradas com manteiga e mel.

Quíron: Sim, sim.

Ele anotou em seu papel. Coitado, é uma dificuldade anotar apoiado na mão. Eu anotei em minha tabela amarela.

Quíron: No almoço, que tal spaghetti com salada?

Eu: Sim, ótima ideia. Molho de tomate, natural, feito na hora, de preferência. A salada poderia ter alface, tomate, azeitona...

Quíron: Calma, por favor. Não temos tantos recursos.

Eu: Façamos com o que tivermos. E podemos incluir carne, também. Faz bem.

Ele anotou em seu papel. Anotei SPAGHETTI COM SALADA E CARNE na minha tabela. Dioniso alternava o olhar entre mim e Quíron.

Dioniso: O que, exatamente, estamos fazendo?

Eu: Meu namorado, Percy Jackson, está com alguns problemas na saúde por causa da alimentação. Estamos tentando melhorar o cardápio dele.

Dioniso: Quíron, quem é Percy Jackson?

O centauro suspirou.

Quíron: Peter Johnson.

Dioniso: Ah.

Eu estranhei aquilo, um pouco.

Eu: Tá... e para o jantar?

Quíron: Que tal pizza vegetariana?

Eu: Ótima ideia. Simples e mais fácil. É isso aí!

Anotei PIZZA VEGETARIANA em minha tabela.

Pronto! O novo cardápio de Percy já estava formado. Me senti bem melhor com aquilo. A tabela ficou mais ou menos assim:


Café da manhã


Almoço

Jantar

Frutas

Torrada com mel

Spaghetti com salada e carne

Pizza vegetariana


Só que tudo era amarelo, considerando que eram raios de Sol, produzidos pela minha pessoa, e escrito em grego antigo. Passei a mão na tabela, fazendo-a se dissipar em névoa amarela. Quíron guardou o papel no bolso.


Quíron: Agora, vamos discutir sobre seus novos poderes. Quais você descobriu durante esse tempo que passou fora daqui?

Eu: Deixe-me ver... posso brilhar, desse você já sabia.

Ele assentiu.

Eu: Se eu tocar uma pessoa doente, posso identificar o que ela tem ou sentir sua dor, ou qualquer coisa do tipo; quando eu toco um livro de poesias, eu meio que as leio. Só que eu sinto. Eu posso saber quantas poesias têm lá dentro, e posso recitá-las, palavra por palavra; eu posso controlar a intensidade dos raios do Sol, tipo, se eu quiser torrar uma pessoa, eu torro, e esse último que eu acabei de te mostrar, desenhando coisas no ar com raios de Sol.

Escrevi RAPHAELLA no ar, mostrando-os meu poder e encolhi os ombros.

Eu: Tenho tido bastante contato com Apolo. Ele disse que sou muito mais poderosa do que eu posso imaginar.

Dioniso: E ele sempre fez besteira. Apolo... um eterno adolescente. Você deve ser mais madura do que ele, Reyna Herman.

Eu: Raphaella Harmon – corrigi.

Dioniso: Que seja. Apolo dá poderes demais para os filhos. Algum dia, eu vou acordar sem poder algum porque vai estar todo com algum dos filhos dele. Você vira as costas e pronto. Ele está apaixonado, a garota está grávida e ele faz a filha ser tão poderosa quanto Ártemis.

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Eu: Acho que isso é normal de um pai que ama os filhos, sabe? Conceder aos filhos felicidade. É o que um pai normal faria.

Dioniso: Mas não precisamos fazer dos filhos tão poderosos quanto os pais.

Eu decidi não protestar. A julgar que Dioniso acha que meu namorado se chama Peter Johnson, eu não acho que ele seja uma pessoa muito social ou amorosa.

Eu: Bom, agora eu... pensei em voltar para a forja, mas você se importa se eu ficar aqui e treinar?

Quíron: Eu insisto. Ontem você não pôde treinar comigo, por causa de seu irmão, mas hoje eu vou te obrigar a treinar.

Sorri.

Eu: Valeu, Quíron.

Arranquei Ópera de meu pescoço e joguei-o no ar. Peguei o arco e mirei no centro do alvo. Soltei a flecha e acertei no centro do centro. Na verdade, a flecha entrou um pouco mais do que eu pretendia. Tipo, furou a madeira que segurava o arco, cara. Muito louco.

Quíron: Ótimo tiro. Excelente mira. Só... tente controlar um pouco mais a sua força. Faça o que eu disser. Prepare o arco para atirar.

Peguei a flecha no alvo, voltei para onde estava e fiz o que ele mandou.

Quíron: Agora, relaxe todos os músculos, desde a cabeça aos pés.

Relaxei completamente.

Quíron: Afrouxe um pouco a mão. Tente segurar o arco com menos força. Para o tiro ser totalmente certeiro e fantástico.

Afrouxei.

Quíron: Descanse os ombros. E abaixe os cotovelos.

Obedeci.

Quíron: Agora, inspire fundo e prenda a respiração.

Assim foi feito.

Quíron: E solte.

Soltei.

A flecha se pousou bem no centro, do centro, do centro. Sorri, orgulhosa. Andei até lá e vi a posição da flecha de todos os ângulos.

Quíron: Muito bom, criança. Agora, suba a colina e acerte esse alvo.

Eu: Qual colina?

Quíron: Colina Meio-Sangue.

Franzi o cenho e olhei para Quíron.

Eu: Sério isso?

Quíron: Muito sério. Já vimos que de perto você acerta, mas e de longe? Temos de te treinar para qualquer situação. Você tem de estar pronta para tudo.

Bufei, arranquei a flecha do arco, bati o pé e fui andando na direção da colina, enquanto praguejava em grego antigo. Não que eu não quisesse subir a colina e tal, mas era muito longe. E a preguiça era muito grande. Sem contar Peleu, o dragão guarda-costas do Velocino de Ouro que descansava no pinheiro que um dia já fora Thalia Grace, filha de Zeus. (Mas isso é outra história) Enfim, fiz o que Quíron mandou. Subi a colina. Depois, armei Ópera e me preparei para atirar. Relaxei todos os músculos, desde a cabeça aos pés. Afrouxei a mão. Descansei os ombros e abaixei os cotovelos. Procurei o alvo. Encontrei. Fixei meus olhos em seu centro. Virei Ópera na direção dele, até a ponta da flecha tampar minha visão do centro. Inspirei fundo e prendi a respiração. Soltei a flecha. Acertei bem no meio. Quíron olhou orgulhoso para mim e aplaudiu. Dioniso não demonstrou emoção nenhuma. Eu sorri e mordi o lábio inferior. Cocei minha nuca, tímida e desci a colina. Corri de volta para onde eles estavam.

Quíron: Muito bom. Está vendo? Menos força, mais concentração.

Eu: É... quando se é arqueiro há mais de dois mil anos é mais fácil. Eu sou apenas há um ano.

Quíron: Mas você tem o sangue de Apolo.

Eu: Mas ele próprio te ensinou a ser arqueiro.

Quíron: Tem razão. Se quiser, pode treinar mais, aqui.

Eu: Valeu. Acho que eu vou treinar com os pégasos. Até mais, Quíron. Até mais, Lorde Dioniso.

Quíron acenou e eu fui para o estábulo de pégasos. Quando cheguei lá, encontrei a melhor amazona de pégasos que existe: Silena Beauregard.

Sile: Oi, Rapha! Equitação?

Fiz que sim com a cabeça.

Silena me ajudou a montar no pégaso Pepsy, que eu amava, e que Percy me disse que me amava também, e ela se montou em um outro que eu acho que se chamava Guido e ficamos rodeando o acampamento, enquanto voávamos e conversávamos.

Silena: E então, amiga, como vão as coisas com Percy?

Eu: Credo, você parece Jenna falando.

Silena: Passamos mais tempo juntas discutindo o teu relacionamento do que você pode imaginar.

Eu: Hã...

Silena: E as coisas com Percy?

Eu: Ah, vão bem. Ele é um excelente namorado. Ontem à noite, me perguntou se eu achava que ele era um bom namorado.

Silena: Sério?

Eu: Muito sério. O caso é que eu digo que ele é o melhor namorado do mundo quase todos os dias! Fiquei indignada de ele ter perguntado isso.

Silena: E o que você disse?

Eu: Disse que eu o considero o melhor namorado do mundo porque é verdade, não por causa da magia do momento. Depois, disse que o amava e que estava apaixonada por ele.

Mordi o lábio.

Silena: Ai... que fofo... e ele?

Eu: Ele me disse que me amava e que também está apaixonado por mim.

Silena: Awn......

Demos as mãos e rimos. Depois, nos soltamos.

Eu: E aí? Já falou com Charlie?

Ela suspirou.

Silena: Ainda não tive coragem.

Eu: Lembra-se de quando eu cheguei no acampamento e passei muito tempo com Percy e todos achavam que estávamos namorando?

Silena: Lembro.

Eu: Então, tive uma conversa com Charlie, nesses tempos. Ele me disse que as pessoas acharam isso não só porque ficávamos muito tempo juntos, mas também porque ele parecia gostar de mim.

Silena: Está brincando? Ele saia por aí segurando um cartaz em cima da cabeça dizendo "Quero Namorar com a Raphaella Harmon.

Ri daquilo. Todos falaram isso.

Eu: Charlie disse algo parecido. Ele disse que estava escrito na cara do Percy com tinta permanente “Eu gosto da Raphaella Harmon”. Aparentemente, eu fui a única que não viu essa tatuagem. Eu disse a ele que era uma viagem, que eu havia chegado haviam 24 horas, que eu nem tinha ficado lá tempo o suficiente para saber o nome dele e tal... e ele disse que quando Percy e eu começássemos a namorar, ele queria ser o primeiro a saber. E eu disse: “Claro. No mesmo dia em que você e Silena começarem a namorar.” Ele disse que achava que gostava de você só porque você é filha de Afrodite, e filhos de Afrodite atraem as pessoas, naturalmente. E eu disse “Hã, dã! Está escrito com tinta permanente na cara dela: ‘eu gosto do Charles Beckendorf’. Como você não percebeu ainda?” O caso é: Eu disse a ele que você gosta dele, e você não vai me fazer passar por mentirosa, Silena Beauregard, então, ainda hoje, você vai assumir o seu amor a Charles Beckedorf, filho de Hefesto, me ouviu?

Seus olhos estavam arregalados. Ela mexeu a cabeça freneticamente, assentindo.

Eu: Bom. Muito bom.

Após isso, eu percebi que tinha feito algo que não tinha nada a ver comigo. Bem estranho isso.

Silena: E então... eu percebi que Lee, Will e Jenna não estavam com você no café nem no almoço.

Eu: É... eles saíram em missão de madrugada.

Jenna: Missão para quê?

Eu: Altamente secreto. Nem eu deveria saber.

Silena: Então, como você sabe para quê?

Eu: Segui eles, de noite.

Silena: Ah.

Uma luz surgiu em minha mente.

Eu: Sile, acabei de ter uma ideia.

Silena: Que ideia?

Olhei para ela com um sorriso travesso, o qual se fosse para Percy, ele teria saído correndo.

Silena: Já vi que isso me inclui.

Fiz que sim com a cabeça.

Pousamos os pégasos de volta no estábulo e depois fomos para o chalé 10, onde contei meu plano à Sile, que adorou a ideia. Ela escreveu um bilhete, que eu peguei e fui até a forja, entregar a Charlie. Ele sorriu quando viu o que estava escrito.

Charlie: Isso é de verdade? É dela mesmo?

Eu: Dã! Sinta o cheiro, Charlie. Não tem cheiro de amor?

Ele cheirou o bilhete.

Charlie: Tem cheiro de morango.

Eu: Essência de morango. Ela passa no chalé todo.

Charlie: Me fale sério, Raphaella Harmon. Ela entregou esse bilhete na sua mão? Você tem certeza de que é dela?

Eu: Mil por cento. Certeza absoluta. Você vai.... ?

Apertei o braço dele.

Charlie: Ah.... claro que vou. Por você e por ela.

Eu: Mais por ela do que por mim?

Charlie: Mais por ela do que por você.

Eu: É assim que eu queria.

Dei um abraço no braço dele, e saí de lá.

Depois disso, eu tinha treino de rastreamento. E depois, aula de esgrima. E depois, um tempo livre. Os campistas tinham todos o tempo livre no mesmo horário. Passei uns vinte minutos com Percy (adivinhe só o que fizemos. Duvido.) e depois fiquei conversando com Annabeth. Mal tínhamos nos falado desde que eu cheguei, então, eu decidi passar um tempo com ela, e obriguei Percy a passar um tempo com Luke, para eles ficarem mais amigos e tal. Credo, eu estava agindo como uma esposa. Argh. Bem, eu e Annabeth ficamos no anfiteatro, ajeitando os instrumentos de música nos lugares para mais tarde enquanto conversávamos.

Annabeth: É sério? Você vai fazer isso mesmo?

Eu: Ah, se vou. E isso vai dar certo. Vai ser dessa vez.

Ela riu.

Annabeth: Você é louca, Raphaella Harmon. Mas eu estou torcendo para dar certo.

Eu: Vai dar. E então... como vão as coisas com Luke?

Annabeth: Ah, vão bem.

Eu: Vocês estão namorando há quanto tempo?

Annabeth: Um pouco mais de um ano.

Eu: E ele é o bom namorado que você achou que era?

Annabeth: Ah, é. Eu sabia como ele era. Convivi com o namoro dele com Thalia por tempos.

Eu: Ah, é mesmo. Sabe, às vezes, quando eu não tenho nada para fazer, eu fico fazendo ligações.

Annabeth: Como assim?

Eu: Quem tem parentesco divino com quem.

Annabeth: Hum.

Eu: Então, se você ver do meu ângulo, Thalia aqui só não é tia de Percy e dos filhos de Deméter. Porque: Hera não têm filhos semideuses aqui, e todos os outros chalés são de filhos de Zeus, como Thalia, o que faz dela nossa tia.

Annabeth: Nunca tinha pensado desse jeito. Às vezes você fica sem absolutamente nada para fazer, não é?

Eu: É. Nada mesmo.

Nós rimos.

Annabeth: Então... soube que seus irmãos estão em missão.

Eu: É... eles estão mesmo.

Annabeth: Sobre... o Oráculo.

Fiz que sim com a cabeça e suspirei.

Eu: Fico me perguntando o tempo todo quem poderia ter feito isso. E qual é o objetivo desse ser? Acabar com a minha autoestima?

Annabeth: Pode ter sido aquele John, se lembra?

Eu: Lembro. Mas como ele roubaria o Espírito de Delfos?

Annabeth: Não sei. Como eles roubaram o Elmo das Trevas?

Eu: Sei lá. Deve ter sido com a ajuda de Nêmesis ou coisa parecida...

Annabeth: O caso é: eles já tiveram a vingança deles. E eu imagino que possa ter sido, sim, para acabar com a sua autoestima.

Eu: Legal. Mas, cara, por que razão acabar com a minha autoestima? E eu imagino que deve ter sido alguém poderoso, porque, cara, roubou o Espírito de Delfos.

Annabeth: Eu sei. Eu sei. Vamos precisar rever as lendas gregas. Qualquer pessoa que possa ter uma rixa antiga com Apolo é suspeita. E você, dona Harmon, tente ter visões.

Eu: Juro que vou tentar.

Batemos nossos punhos fechados, viramos eles, e puxamos para trás mexendo os dedos. Depois rimos. Esse era o nosso toque.

Annabeth: Só uma coisa. Quíron me disse que eu não podia contar a você o que aconteceu de jeito nenhum. E eu não contei. Como você descobriu?

Eu: Segui eles ontem a noite.

Dei um sorriso inocente e encolhi os ombros.

Annabeth: Safadinha....

Ri daquilo.

Olhei para o meu relógio.

Eu: Annie, já é hora do jantar.

Annabeth: Mas já?

Eu: Mas já. 17:55.

Annabeth: Uau. Se você quer deixar as coisas deles prontas antes do jantar... eu posso terminar aqui.

Eu: Valeu. Você é uma ótima amiga.

Dei um beijo na bochecha dela e saí correndo para o meu chalé. Peguei A Cesta e corri para a praia. Abri A Cesta, peguei a toalha lá de dentro, posicionei A Toalha, e Os Pratos e depois As Frutas e eu vou parar de falar Desse Jeito. As velas estavam no lugar, os cocos, as frutas nos pratos e a cesta perfeita. Parei para observar o meu trabalho. Lindo. Poderia aproveitar com Percy qualquer dia desses. Mas não dessa vez. Então, eu voltei para o meu chalé, onde os meus irmãos me esperavam. Levei eles para o pavilhão do refeitório. Sentamos em nossa mesa. Silena olhou para mim da mesa de Afrodite e eu pisquei para ela. Ela assentiu. Saiu e deixou a mesa na responsabilidade da irmã, Drew Tanaka. Ela usava um lindo vestido florido não muito justo. Ficava ótimo nela. Charlie também olhou para mim. Pisquei para ele. Ele se levantou e deixou o chalé na responsabilidade do irmão, Jake Mason. Ele estava usando jeans preto e blusa do acampamento, coberta por uma jaqueta de couro. Estava ótimo. Ah, se Percy tivesse esse gosto e se vestisse assim... Pensei que quando Jenna voltasse, poderia arrumar um encontro desses para ela com o William DeVille. O jantar foi servido. Churrasco e pizza de muzzarela, mas para Percy, pizza de tofu com carne de soja e rúcula. Ele olhou torto para pizza, e depois olhou feio para mim. Pisquei para ele também e ri. E eu estava faminta. Devorei tudo em um segundo. Digo, não tudo, considerando que uma parte foi para a fogueira. Depois do jantar, tivemos um torneio de vôlei. Adivinhe? Meu time perdeu. Eu, definitivamente, não nasci para esportes. E, depois, fomos todos para a fogueira. Fiquei com o violão, de novo. Após um tempo, Quíron parou tudo.

Quíron: Campistas, preciso fazer um anúncio.

Paramos de tocar e todos viraram os olhos para o centauro.

Quíron: Acho que muitos de vocês já perceberam que Will Solace, Lee Fletcher e Jenna Alexander não estão aqui.

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E todos os campistas: “Ah, não brinca?” “Sim, nós percebemos.” “A vá?”

Quíron: Enfim, os que têm mais contato com a nossa querida Raphaella Harmon já sabem que eles estão em missão.

Michael: Eles haviam te contado? – cochichou para mim.

Eu: Sim, Jenna me acordou e me avisou antes de eles saírem.

Quíron: E eu achei que não seria justo não contar a vocês a razão da missão deles. Perdoe-nos, Rapha, por não ter lhe contado antes. Achamos que seria melhor para você. Bom, aqui vai: o Espírito de Delfos foi roubado.

A fogueira ficou amarelo-claro. Acho que eu ainda não havia te contado que ela reflete o estado de espírito dos campistas. Todos pareciam surpresos. Eu apenas olhei para baixo e assumi uma expressão sombria no rosto.

Quíron: Ainda não sabemos como, ainda não sabemos quem, mas sabemos que aconteceu. Will, Lee e Jenna foram encontrá-lo. Não se preocupem, eles têm um plano e tudo vai dar certo.

Suspirei. Eu, sinceramente, tinha um pressentimento ruim de que as coisas não iam dar certo. E eu sou vidente. 98% das vezes, meus pressentimentos estavam certos. Bem, eu decidi esperar e ver o que se passava. Fiquei na minha rotina do Acampamento, sabe? Colheita, aula de mitologia, aula de grego, aula de esgrima, escalada, equitação com pégasos e tal. Aliás, meu plano deu certo! Silena e Charlie agora estavam namorando! Ai, que máximo! Voltando ao assunto, eu esperei. O problema foi que eu esperei DUAS SEMANAS. Ah, meu amigo, alguma coisa estava errada. Eles não podiam estar bem. Mantive-me controlada durante esse tempo todo. Mas muito preocupada. E em uma das noites em que eu esperava, eu tive um sonho. Vou te contar como foi: Em meu sonho, Lee, Will e Jenna estavam em um estacionamento. Seus cabelos estavam parecendo ninhos de pássaros. O cabelo de Jenna estava solto e desgrenhado. Eles estavam observando um monte de terra que havia lá. Lee estava agachado ao lado da terra, observando.

Lee: Você tem certeza?

Jenna: Tenho.

Will: Mas é só terra.

Jenna: Mas esta aí.

Lee: Não está meio cego?

Jenna: Não. Está aí. Eu tenho certeza absoluta.

Lee respirou fundo.

Lee: E agora? Como tiramos daí?

Jenna: Sei lá.

Ela pressionou o pé contra a terra e franziu o cenho.

Jenna: Que estranho. Lee, levante.

Ele obedeceu. Os dois foram para trás.

Jenna colocou um pé em cima da terra. Depois, no segundo em que ela encostou o outro pé, a terra desabou e ela caiu.

Jenna: AAAAH! MEUS DEUSES!

E se ouviu um som de pancada.

Lee: NÓS JÁ VAMOS, JENNA!

Will: E como vamos?

Lee: Sei lá... nós...

Will: Tive uma ideia.

Lee: Ainda bem. Eu não tinha ideia do quê fazer.

Ele revirou os olhos.

Will: O túnel não é muito estreito. Acho que se formos de costas, empurrando a terra, podemos chegar lá, ainda vivos.

Lee: Gostei.

Eles tiraram as mochilas das costas e colocaram na frente. Se viraram de costas um pro outro, enroscaram os braços e entraram no túnel. Foram descendo, pressionando as paredes de terra com os pés. Desceram bastante. Quando já tinham passado uns 18 metros, eles já estavam ofegantes.

Will: Podemos... parar?

Lee: Só... se a gente... se soltar.

Will: Então... vamos?

Lee: Ah... tá.

Eles pararam de pressionar a parede e foram caindo. Caíram cerca de... uns dois metros. Esses folgados... quando chegaram no chão, Jenna estava lá, em pé, ao lado deles.

Jenna: Demoraram, hein?

Lee: Desculpe. Estávamos tentando não cair.

Jenna: Não deu certo.

Will: A vá?

Eles se levantaram.

Will: E então? O que é aqui?

Jenna: Até agora, um túnel escuro. Não passei daqui. Fiquei esperando os dois trouxas.

Lee: E o que nós estamos esperando para andar?

Will: A sua ordem. Você é o líder da missão, seu idiota.

Lee: Ah, é. Então, vamos.

E eles seguiram andando na escuridão, em direção ao fim do túnel.