O Quase Fim Do Mundo

Uma briga de facas


O que você faria se estivesse dormindo e de repente aparecesse alguém com uma faca no seu pescoço,com cara de deboche e parecendo um soldado real que quer me matar?

Acho que a maioria das pessoas tentaria um diálogo, faria algo racional para sair dali. Negociar com o cara da faca, essas coisas. Infelizmente, eu tinha acabado de acordar e isso foi meio que um susto. Então meu primeiro passo foi agir por puro instinto e reflexo - Ou seja, meter os dois pés com toda a força no estômago do soldado.

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Ele voou com toda a força e deu de cara e encontro ao chão.Tirei a faca de cortar manteiga que eu tinha pego na cozinha algumas horas atrás do bolso e comecei a ameaçar ele. Infelizmente,ele ainda tinha a porcaria da faca - E ela era maior do que a minha. Outro problema é que a minha perna algumas horas atrás tinha levado, hã, um tiro. Então ela não estava já nas melhores condições quando o chutei, e agora estava bem pior.

– Como me achou aqui? - Perguntei, cambaleando pela perna.

– Estou te seguindo à horas. Pouco antes de você explodir meus dois companheiros. Cara,o esôfago de um deles saiu voando que é uma belez...

–Cara, eu não estou interessado em esôfagos voadores. Ok,então você está me seguindo a um tempo.

– Basicamente... Esperei você dormir, é claro. Infelizmente, eu esperava que você pedisse por misericórdia, implorasse pela vida e tal, não que metesse os dois pés no meu estômago. Muito bem, vai se render?

– ...Essa pergunta é mesmo necessária?

– Ok, então, serei obrigado a matá-lo.

Murmurei algo como "todo mundo quer me matar o tempo todo, não irá fazer nenhuma diferença" e parti para cima dele.Rolamos no chão,faca (Do tipo de cortar carne de churrasco) contra faca (Do tipo de cortar manteiga), um duelo mortal. A minha perna doía (Tive uma linda chance de meter um chute na boca do indivíduo, mas isso poderia ferrar de vez com ela) e isso atrapalhava muito.

Me lembrei de que estávamos num prédio. E eu havia arrombado um apartamento sem subir escadas. Tentei fazer com que a luta se movesse para perto de um sofá, onde pulei nele e saltei pela janela. Tentei ignorar a dor e aproveitar o momento de surpresa de meu adversário e dessa vez fiz o que qualquer pessoa sensata faria - Saí correndo como se não houvesse amanhã.

Depois de uns cinco minutos de corrida (Onde a cada cinco segundos eu virava numa rua diferente para despistar o cara), parei. Eu ignorei a dor o tempo todo, mas como se quisesse me castigar, ela voltou com toda a potência contra mim. Sentei e levantei a barra da calça - Só para ver que o ferimento sangrava e estava muito pior do que antes. Peguei novamente uma gaze para limpar um pouco mais daquilo. Estava horrível. Pela primeira vez, comecei a pensar que não devia ter provocado aqueles soldados - Apesar de que, claro, ver os esôfagos deles voando por aí fora bem divertido. Infelizmente, eu havia perdido a bazuca. Claro que existem bazucas normais por aí, mas, puxa, havia sido um grande golpe de sorte achar uma que "recarrega sozinha". Agora, eu a havia perdido.

Tirei a faca do bolso e comecei a lixar as unhas. Olhei ao horizonte e vi o castelo onde Helena estava. As memórias, novamente, começaram a voltar.

Me lembro do tempo onde ela conquistou o mundo - Ou a Austrália, pelo menos, no começo. Era um dia normal. 2 de Maio. Uma quarta-feira. Eu tinha... Quantos, uns vinte anos? Era por aí. Eu voltava da minha faculdade, quando vi a notícia no jornal - "Mulher invade Parlamento e toma o poder á força".

A Rainha da Inglaterra não aprovou a medida - Claro. Decretou um ultimato, onde ou Helena saía do poder e aceitava novamente o governo monárquico inglês ou a Inglaterra vinha e destruía a nação. Acho que eu já citei que a "Nova Rainha" não se importava com seu povo e apenas queria o poder, então ela não deu a mínima (Apesar de que começou a aumentar o poderio bélico australiano). No dia seguinte, Camberra havia sido dizimada. Fora isso que transferira a capital para Sydney.

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Uma semana depois, um avião da força armada australiana, disfarçado como um Boeing 5601, passou por cima de Londres e dizimou a capital inglesa também. Basicamente, foi assim que começou a guerra que fez Helena meter medo no mundo. Nem um mês no poder e ela já havia começado um combate. Acho que ela estabeleceu um recorde.

De volta ao mundo real e pós-apocalíptico onde eu estava vendo um ferimento em minha perna, refleti. Eu estava realmente perto do castelo. Segundo o que dizem, Helena tomou o poder com o auxílio de mínimas pessoas (Incluindo a sua amiga Beth. Como raios ela concordou com a ideia?), e segundo o que dizem também, a guarda no castelo é bem menor do que a no Parlamento. Será que, talvez, eu conseguiria invadi-lo sozinho e destruir tudo por ali? Eu poderia mudar o mundo. Eu poderia salvar o mundo. Me envolvi em pensamentos e fiquei ali, refletindo, por um tempo relativo... Até a hora em que eu realmente decidi colocar o pé (O pé bom, por favor) na estrada - Eu estava decidido á invadir o Castelo de Menelau,como era chamada a morada da tirana.

Me esgueirei pelas ruas. Tentei achar um soldado. Eles não eram raros. Depois de uns cinco quarteirões de máxima cautela e busca, achei um á paisana. Com muito cuidado, me aproximei do indivíduo sigilosamente... E cravei uma faca de cortar manteiga em seu calcanhar, fazendo ele gritar de dor (Nada demais, já que a porcaria nem ponta tinha). Aproveitei o momento e subtraí seu revólver. Na hora, ele levantou os braços.

– Não me mate. - Ele disse,abrindo um escudo.

– Se fosse você que estivesse no meu lugar, você já teria me matado, não? - Perguntei.

– Bem, eu acho que isso não vem ao caso agora. Nós podemos conversar.

– Você não teria me dado um espaço pra conversar. Teria é dado espaço para uma bala perfurar a minha testa. Mas, vamos ser generosos. Pra que lado fica o Castelo de Menelau? O caminho mais curto, por favor.

–Entre na rua ali em frente e vire á esquerda depois de cinco quarteirões... Então,entre no redondo e pegue a saída Noroeste. - Ele começou a pensar,abrindo a guarda - Assim,continue andando e... - Então ele viu que a sua guarda tinha ido para o brejo, e eu tinha um revólver apontado para ele.

Depois de finalizá-lo, tentei seguir o caminho que ele havia falado. Até que era bom, e eu saí perto do local. Infelizmente,eu não sabia o que eu tinha que fazer depois de pegar o caminho Noroeste - E eu só soube qual era o caminho Noroeste depois de perguntar gentilmente sem a ajuda de revólveres e ameaças e xingamentos para um senhor que vinha passando na rua. Ele saiu correndo, depois.

Tentei entrar na segunda rua que encontrei á direita. Era até clara. Dava pra ver bastante coisa, e não tinha muitos destroços na rua. Provavelmente, as coisas são menos destruídas pra quanto mais você se aproxima do "local onde dorme a fera".

Mas não tive muito tempo para pensar nisso. Um tiro de bazuca foi disparado de uma alameda paralela a rua onde eu estava e explodiu a parede na minha frente.