Night Troopers

Confusão Interna


"I've been here looking dynamite

Alone against the wallGirls like you give it all so cold

Talking cheap in a bathroom stal"

1983 - Neon Trees

Eu estou lavando a louça. Que Melody pediu. De novo. É meio deprimente pensar que eu nem brigo mais quando ela pede, mas é verdade. Acho que eu cansei de brigar - não leva a nada. Ontem foi legal. A gente voltou pra casa três da manhã, porque Chick e Shep queriam comprar bebidas e eles ficaram tomando até desmaiarem de sono, e então Thomas levou Shep pra casa enquanto eu e Morgan trazíamos Chick pra casa dos White. Ha. Ha. Essa foi engraçada*. Mas enfim, agora eu estou aqui, meio sonolenta, mas valeu a pena, eles arrasaram no show ontem. Ruby entra na cozinha e pega o número do entregador de pizza. Ela me olha de soslaio.

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–Se divertiu ontem? -Ela pergunta seca, não querendo realmente saber a verdade.

–Foi demais. A banda dele toca muito. -Eu digo, sabendo que ela vai saber que "ele" é Chick. Qual é. Ela estreita os olhos.

–Tanto faz. Não ligo. Mas o que eu REALMENTE estou interessada pra saber é sobre Morgan e você. -Eu quase deixo o prato nas minhas mãos cair.

–O que você quer dizer?

–Sobre o romance adolescente de vocês.

–Nós somos amigos. NÃO temos um romance adolescente.

–Ah isso vocês tem. Ele está caidinho por você.

–Sai dessa, Ruby. Ele ainda deve ter sentimentos pela ex namorada dele. -Eu digo, um pouco afetada, lembrando das lágrimas dele depois que Jessica deu um tapa nele. Eu não sei o que aquilo quis dizer. É tão confuso. Mas foi ele quem terminou com ela... quer saber? Eu não sei de nada.

–Não. Tenho certeza que ele está.

–Cai fora. -Mas ela não sai, só que eu não digo mais nada, porque ela está ligando pra pizzaria. Eu continuo a lavar a louça, porque não há nada melhor pra fazer. Ultimamente, Ruby tem saído bastante pra arranjar um emprego e coisas assim, já que ela se demitiu do dela, e Melody nem dá o ar das graças. Eu ainda não conheço Kurt, mas minha irmã disse que ela vai fazer um jantar em algum desses finais de semana, e então eu vou conhecer a "pessoa extraordinária que ele é". Pra falar a verdade, aguentando Melody, ele deve ser mesmo.

Penso em minha mãe. O fantasma dele ainda me assombra quando eu olho para Melody, ou eu vejo Ruby gritando por causa de Chick. É difícil não ter pesadelos a noite por causa disso, não importa quanto eu tente. Mas eu sei que no final, não são pesadelos. São memórias que eu tenho, horríveis demais para poder chamar de lembranças. Quando alguém fala lembranças, eu sempre penso em uma memória feliz gravada para sempre na sua memória. Mas, às vezes, as lembranças são assustadoras demais, e então a gente chama elas de pesadelos. E os meus pesadelos são as únicas coisas que fazem meu corpo suar frio a noite, embora isso tenha melhorado depois de começar a sair frequentemente com Morgan. Me pergunto se minha mãe ia gostar do Morgan. Ela odiava meus antigos amigos e meu namorado. Eu odeio eles também, agora. Acho que eu só não via o que minha mãe não gostava neles. Ela dizia que eles eram "falsos". Eu sempre achei uma falta de educação pensar deles assim. Quer dizer, ela não conhecia eles do jeito que eu conhecia, mas é assim que eles são. Pelos menos comigo.

Eu não tinha muitos amigos. Eu só tinha os dois. E agora... eu só tenho Morgan, eu acho. Não sei se eu posso dizer que Olívia é minha amiga... quer dizer, ela é ADULTA. Mas ela me entende bem também. Acho que me entende de um jeito que eu não me entendo. Tem a banda e Lacey e Max e Caleb. Mas eu não falo muito com eles. Eu tenho que conversar com Morgan. Eu estou tão confusa. Eu estou fazendo alguma coisa certo nesse mundo? Eu sei que ser amiga de Morga é certo, porque ele é fantástico. E trabalhar pra Olívia também. Mas fugir da Melody e provocar a Ruby... Ruby. Ela deve estar passando por um inferno com essa coisa do Chick voltando pra vida dela, eu não quero nem imaginar. Olho pra cima, pra ver se ela ainda está ali, pra poder perguntar como ela está, mas ela já subiu. Meu celular vibra e eu vejo uma mensagem de Morgan. Outra coisa esquisita. Eu nunca usei tanto meu telefone pra alguma coisa. É claro, eu mandava mensagens direto em casa, mas não como eu e Morgan estamos fazendo. Quando nós não estamos juntos, ele me manda mensagem, eu respondo, ele responde e nós ficamos nisso até eu encontrar ele na minha janela ou encostado na porta de casa tomando café. Eu nunca fui tão ligada a um GAROTO antes.

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*Se você ainda não caiu na ira de sua irmã, e ela não te deixou de castigo por ter chego um pouco mais tarde que o combinado ontem, topa ir a praia hoje de tarde? É sábado!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!*

*Não é como se você PRECISASSE perguntar. Que horas você passa aqui?*

*Te aviso pela janela quando eu estiver pronto, nem eu sei ainda. Vamos ver se a garota da cidade pega uma cor.*

*Como se você não fosse da cidade, Morgan WHITE*

Eu sorrio, quando a mensagem de resposta aparece.

*HÁ. HÁ. EU SABIA.Trocadilho com meu nome. Tudo bem, tudo bem. Só não fique brava quando eu te jogar nos confins dos mares pra algum TUBARÃO ARRANCAR SUA PELE, garota. Abre o olho*

*Uso abusivo da sua inexistente agressividade, cara. Nem perca seu tempo tentando me assustar.*

*Sh. Sh. SH! Não consigo te ouvir... suas mentiras estão falando alto demais.*

–Jazmine! -De repente, a Melody grita. Eu olho pra cima. Ela está furiosa. Ah, OK. O QUE EU FIZ AGORA?

–O que foi?

–Você alguma vez escutou o que eu disse? Eu te disse, meia hora atrás, pra você tirar a porcaria da carne da geladeira!

–Mas a Ruby pediu pizza.

–Eu não estou nem aí. Droga, Jazmine, você faz alguma coisa certa? Agora o almoço vai demorar uns quinhentos anos pra sair. -Isso foi pior que tudo que ela já me disse. E eu não ligo se são os hormônios falando. Eu estou magoada. Não chore, não chore, não CHORE...

–Bem, não fui eu que fugi de casa, então se formos falar de coisas certas, você não pode falar nada.

–Porque você não pode esquecer isso? Eu me arrependo, tudo bem? Não precisa ficar esfregando na minha cara que eu fui embora toda vez que a gente conversa.

–Conversa? Todas as nossas conversas até agora foram sobre como eu não faço nada direito.

–Quer saber, eu não vou falar mais nada! Não vou perder meu tempo brigando com minha irmã adolescente. -As lágrimas caem do meu rosto. Minha cabeça está doendo demais, por causa do choro que eu estou tentando reprimir. Mas não tento mais esconder. Ao invés disso, eu jogo a louça na pia de novo, e me viro para a porta. Ela tenta me acompanhar, mas não consegue, e para na porta enquanto eu já estou no portão.

–Aonde você vai?! -Sem olhar pra trás, eu grito:

–Pra longe de você!