Blut deixou Kurokawa sair da arena sem fazer mais perguntas:

–Isso foi bem surpreendente e impressionante... -Sussurrou ele. -O Kurokawa ultrapassou em muito minhas expectativas, o que você acha dele, Eclipse?

E a espada surpreendentemente respondeu:

–Me liberte...me liberte, agora!!!! -Gritava algumas vozes distorcidas de dentro da espada.

–Ah...você estava corrompida... -Riu Blut. -Dizer que você está corrompida é hilário, afinal de contas, você apenas retornou a sua forma inicial...Eu imagino o que ele pensaria se visse no que suas criações se transformaram...

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Eclipse começou a tremer no chão e a libertar um gás negro e branco:

–Não tente sair, você não tem um corpo físico, você apenas morrerá em vão se tentar... -Advertiu Blut.

–É...melhor...assim... -Respondeu Eclipse novamente num tom distorcido.

–Faça o que quiser...mas me deixe terminar primeiro. -Insistiu Blut. -Sobre o garoto, ele é muito forte...sério, em momento algum em imaginei que teria que usar 25 por cento de meu poder...

–Sim...o garoto... -Dizia Eclipse. -Eu...vou...tomar o corpo...dele...assim...eu poderei...sair...

–Não faça isso...você se arrependerá depois... -Respondeu Blut. -Mas eu tenho que ir...não faça nenhum bobagem...

A fumaça preta e branca que vinha de Eclipse apenas se dissipou no vento. Kurokawa do lado de fora da arena viu várias manchas de sangue mas nenhum corpo:

–O que aconteceu aqui? -Disse Kurokawa

–Talvez eles tenham lutado com alguém... -Respondeu Marwolaeth. -Vamos seguir o rastro de sangue!

Já longe dali, Sasesu e Lizzy voltavam para a casa. Eles voltaram pelo caminho que haviam ido e por isso a jornada facilitou-se, mas mesmo assim, carregar um companheiro ferido naquele lugar não era fácil:

–Você está bem, Sasesu? -Perguntou ela segurando seu ombro.

–Sim... -Respondeu ele.

Mesmo que seu corpo se afastasse daquele lugar, sua mente não podia fazer o mesmo:

–Lizzy...vamos parar naquela árvore ali... -Pediu Sasesu.

–Porque?

–Por favor...apenas faça isso...

Lizzy atendeu o pedido e dirigiu-se para a tal árvore, no mesmo momento, Sasesu pousou sua cabeça em seu peito:

–Por favor...só dessa vez, me deixe ser fraco... -Pediu ele. -Me deixe abaixar minha cabeça e lamentar...por favor...

Lizzy apenas abraçou-o:

–Está tudo bem...

Sasesu sorriu e deixou lentamente suas lágrimas preencherem seu rosto, essa era a única coisa que ele podia fazer agora. Para ele, era humilhante encontrar-se naquela situação mas havia sido um impacto muito grande. Apenas lembrar-se de que ele nunca mais veria aquele ingênuo rosto fazia-o encher-se de sentimentos negativos. Ele sentia ódio, uma raiva incondicional por aquele que havia tomado a vida de Ike.

Seu ódio começara a se tornar irracional, ele já havia concluído sua vingança mas mesmo assim não se sentia satisfeito. Mas este ódio era balanceado por seu sentimento de culpa, e esse sentimento era ainda mais forte. No momento em que ele pensava em voltar para pisar no cadáver de seu inimigo mais um vez, ele lembrava-se de que a culpa não era dele, e sim, sua.

Foi ele que havia atraído Ike para isso, era sua culpa isso tudo ter acontecido. Sua mente quase colapsou e suas lágrimas ainda não haviam parado de escorrer, até ele lembrar-se de algo. Ele lembrou-se de seu irracional orgulho. O orgulho de preferir esconder seus problemas e perder sua própria sanidade do que revela-los e parecer fraco.

Ele imediatamente levantou-se e secou suas lágrimas:

–Isso foi tão patético... -Disse ele. -Vamos, eu tenho certeza de que Ike não quereria ver-nos nessa situação...

Lizzy surpreendeu-se com a rápida superação de Sasesu e sussurrou como se não quisesse ser ouvida:

–Você é incrível, Sasesu...Eu apenas não estou chorando porque meu cérebro ainda não entendeu a situação...

–Deixe isso de lado...temos que deixar a tristeza de lado e seguir em frente! -Sorria falsamente Sasesu. -Vamos...

Ele estendeu-lhe a mão e ela agarrou-a sem hesitar. Os dois seguiram para a casa de Kurokawa mesmo estando bastante feridos e Kurokawa e Marwolaeth percorriam o mesmo caminho:

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–Mas quem? -Perguntou Kurokawa. -Quem poderia ter atacado eles?

–Não sei e também não consigo imaginar muitas pessoas... -Respondeu Marwolaeth.

Os dois moviam numa grande velocidade enquanto seguiam o rastro de sangue até que, de um momento para o outro, a visão de Kurokawa escureceu e ele sofreu um grande impacto contra uma árvore:

–Kurokawa!! -Exclamou Marwolaeth. -O que você está fazendo?

–Desculpa...eu ainda estou bem cansado do duelo... -Reclamou ele. -Mas vamos seguir em frente...não temos para perder...

Ele levantou-se e seguiu em frente demonstrando dificuldades. Marwolaeth pegou-o no colo inesperadamente:

–Ei...o que você está fazendo? -Perguntou ele.

–Não temos tempo para seu orgulho idiota, eu vou te carregar assim para podermos ir mais rápido! -Exclamou ela.

Ele foi praticamente obrigado a aceitar:

–Que vergonhoso... -Disse ele cobrindo seu rosto com sua mão.

Nesse momento, Sasesu e Lizzy já haviam chegado na casa de Kurokawa:

–Temos que fazer curativos para as suas feridas... -Disse ela indo para a cozinha. -Seria tão bom se ainda pudéssemos usar as poções de cura...

Sasesu deitou-se no sofá e respondeu:

–Esse é sem dúvida o pior malefício do uso da energia...Mas pensando bem, eu acho que ainda podemos usar feitiços de cura!

–Eu não sei se tenho algum...-Respondeu Lizzy. -A grande maioria de minhas habilidades são passivas. E você?

–Eu tenho mas não tenho energia para usa-lo... -Suspirou Sasesu. -Sério, os feitiços são praticamente inúteis. Com a energia necessária para ativar um, eu posso fazer vários ataques.

Qualquer um nessa situação podia perceber que esta conversa era forçada, e tinha intuito de deixar o clima mais calmo. Era apenas para esconder todas as emoções negativas que eles sentiam. Lizzy pegou alguns panos na cozinha e trouxe-os para a sala. Ela amarrou os panos em seus ferimentos e nos de Sasesu para estancar o sangramento:

–Obrigado Lizzy... -Agradeceu ele. -Eu vou para o quarto dormir...estou bem cansado...

–Tudo bem... -Respondeu ela. -Não se preocupe com nada...

Ele subiu as escadas e pousou sua cabeça cansado sobre o travesseiro. Num piscar de olhos, ele já havia dormido. Quando eles se abriram novamente, a noite já havia chegado e uma figura observava o seu sono da janela. Sasesu levantou-se de imediato:

–Opa, não se assuste! -Disse o homem da janela. -Eu sou apenas um pessoa normal e que não é suspeita!

Como o quarto estava escuro era impossível ver seu rosto:

–Que pessoa normal e que não é suspeita observa o sono de alguém? -Perguntou Sasesu.

–Sabe...todos possuem seus fetiches... -Riu ele. -Mas eu tenho um assunto a tratar com você!

–Fale logo, seu pervertido! -Exclamou Sasesu.

–Eu vi tudo o que aconteceu com você...inclusive a morte de seu amigo... -Disse a figura.

–Isso não lhe faz respeito...vá embora! -Ordenou Sasesu.

–Calma, eu venho aqui para te dizer que você não é o culpado. Eu estou aqui para impedir que a culpa te consuma.

–Pare de falar como se soubesse de alguma coisa! -Gritou Sasesu.

–Você vai perceber isso com o tempo. Mas eu tenho que ir embora agora, algumas visitas estão vindo...

A figura saiu pela janela sem fazer barulho e no instante seguinte, Kurokawa entrou pela porta do quarto:

–Você estava falando com alguém?

–Não...vocês devem ter imaginado... -Mentiu Sasesu.

–A Lizzy já me contou o que aconteceu... -Disse Kurokawa. -Mas nossa vida não é longa o suficiente para podermos perder tempo chorando...

Sasesu sorriu e falou:

–Eu sei...Devemos viver pelos mortos!

Kurokawa alegrou-se em perceber que Sasesu não estava tão abalado assim, mas nesse momento, Sasesu percebeu algo escondido em sua tristeza:

–Eu sou um bom mentiroso... -Pensou ele.

Mais tarde eles reuniram-se ao redor da mesa e jantaram normalmente, assim, outro dia iniciou-se. Sasesu levantou-se mais cedo que todos e resolveu visitar a casa dos pais de Ike. Já que seu corpo havia desaparecido devido a atualização (NA: Ver capítulo 38). Ele pretendia de alguma forma entregar a triste notícia de que vosso filho nunca mais retornará a casa. Era difícil mas necessário.

Ele ficou cerca de meia hora na frente daquela casa tentando criar coragem até que a porta abriu-se sozinha:

–Oh, seria este jovem o carteiro? -Perguntou uma mulher abrindo a porta. -Tão cedo...

–Ah...não...eu queria falar algo com a senhora... -Gaguejou Sasesu nervoso.

–Pode falar...sou toda ouvidos! -Sorriu a mulher.

–Eu não posso...eu não posso destruir seu sorriso...ainda mais quando a culpa é minha. -Pensava Sasesu. -Mas não seria mais cruel ainda deixa-la sem notícias dele? Eu não sei...não sei como agir...

Sasesu manteve imóvel enquanto apertava sua mão com força:

–Ei...você sabe que a culpa não é sua... -Disse alguém escondido atrás de um árvore. -Fale logo...ela merece saber...

Sasesu voltou seu olhar naquela direção e não pode ver nada:

–Aquele cara da janela de ontem... -Pensou ele. -Mas ele está certo...eu não posso deixar minha incompetência ferir os outros...tenho que contar...

Ele respirou fundo e segurou suas lágrimas:

–Eu quero falar sobre...seu filho...Ike... -Disse ele alto e em bom som.

A mulher riu:

–Filho? Mas que filho? -Perguntou ela. -Eu e meu marido não temos nenhum filho, você deve ter errado a casa...

Ela disse essas palavras e voltou para dentro de sua casa deixando Sasesu pasmo do lado de fora:

–Ela não conhece o Ike? -Pensava ele. -Impossível, essa é a casa dele e eles não tinham motivo para mentir...será que eles esqueceram?

Mas no fundo de sua alma uma pergunta maliciosa que apenas tinha como objetivo diminuir sua culpa brotou:

–Será que o Ike...nunca existiu? -Pensou Sasesu. -Serão apenas delírios de minha mente?

Ele sorriu por um segundo mas seu punho, por vontade própria , acertou seu rosto com muita força:

–O que eu estou pensando...aquele cara não poderia ser fictício!!! -Gritou ele para si mesmo. -Todos os momentos que passamos juntos são reais!!!!!

Ele voltou para seu quarto e tentou dormir até os outros acordarem mas novamente seu sono foi interrompido:

–Mas que droga você está fazendo nessa janela? -Perguntou Sasesu para a figura do outro lado da janela.

Pelo fato do vidro estar embaçado, seu rosto estava muito desfocado:

–Nossa...não sabia que você conseguia sentir minha presença... -Disse ele do outro lado.

–Vá embora... -Ordenou Sasesu.

A figura abriu a janela e sentou-se do lado de dentro do quarto próximo a parede, Sasesu não olhou para seu rosto mas ele pode perceber que se tratava de um adolescente loiro:

–Porque você insiste em culpar a si mesmo? -Perguntou o loiro. -Porque você era supostamente o mais forte e responsável ali? Porque você deveria zelar o bem estar dos outros? Você se culpa pelo seu orgulho idiota? Mas você sabe que eles estavam preparados para morrer quando partiram...você não os forçou...eles foram porque queriam...

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Sasesu demorou para responder:

–É...talvez você esteja certo...

Nesse momento, Lizzy abriu a porta do quarto de Sasesu e deparou com esta exata cena:

–Eu vim porque escutei vozes e com quem você está falando, Sasesu? -Perguntou Lizzy surpresa.

–Droga...preciso inventar alguma desculpa... -Pensava Sasesu. -Sim vou dizer que ele é amigo meu...

Sasesu olhou para Lizzy e falou:

–Apenas um amigo... -Disse ele apontando para o jovem loiro.

Lizzy deu um passo para trás:

–Mas...não tem ninguém ali...Sasesu...

Ele duvidou do que havia ouvido e imediatamente olhou para aquele lugar. Ele contemplou a assustadora verdade:

–Vazio...não tem ninguém ali...com quem eu estava falando? -Pensou ele em pânico.

Mas não demorou um segundo para ele entender o que havia acontecido:

–Eu realmente achei estranho...porque alguém apareceria apenas para me consolar...mas agora faz sentido. -Pensava ele. -Um mecanismo de defesa do meu cérebro...aquele garoto foi criado por mim para tentar livrar-me de minha culpa...

Sasesu levantou-se e dirigiu-se para a porta:

–Não é nada Lizzy...apenas vá... -Disse ele fechando e trancando a porta.

Após ter certeza que Lizzy já havia ido embora ele liberou sua frustração:

–Droga...droga...eu sou um bosta...tentando me livrar da culpa assim, mesmo que eu saiba que sou culpado...mas que merda... -Chorava ele baixinho. -Mas que merda...

Ele afogou-se em tristeza. E algumas pessoas alegraram-se com isso. Através de um feitiço, a velha que anteriormente havia os ajudados viu toda aquela situação. Não só ela mas como também o temido Ceifador Silencioso (NA: Ver capítulo 27):

–Ei, vó...não deveríamos agir? -Perguntou o Ceifador.

–Cale a boca...ainda não é o momento... -Disse a velha. -Vamos deixar ele cair em desespero primeiro...