Fita Azul

1º Encontro - Parte I


A semana passou mais rápido do que Thalia previra: Além de ter ignorado as inúmeras ligações de Percy, ela não recebeu nenhum telefonema da empresa de telecomunicações que havia feito entrevista, mas também não deixou de procurar emprego, tentando o máximo de contatos que possuía. Por fim, quando o sábado chegou, ela se sentia chateada demais para querer sair da cama. Entretanto, é claro que ela não conseguiu passar o dia a base de chocolate, sorvete e Netflix, afinal, ela tinha um filho e ele estava esperando aquele dia a semana toda.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Dimitri a acordou já pulando na cama, pedindo para Thalia se arrumar logo, apesar do encontro só está marcado para o almoço, segundo Jason. A Grace queria bater na cabeça do irmão até que ele criasse juízo depois daquela asneira, mas se contentou em se levantar resmungando e passar o resto da manhã controlando o filho que parecia estar com a hiperatividade, uma característica herdada do pai, à mil.

Essa roupa diz “eu quero transar com você”? — Thalia perguntou quando se aproximava o horário marcado, enfiando na frente da televisão para atrair a atenção de Jason. O loiro automaticamente percorreu os olhos azuis pela roupa da irmã, analisando desde os acessórios como o gorro e o colar, a jaqueta sobrepondo o cropped preto, até a saia jeans sobre a meia-calça rendada e as botas de salto mais grosso e cano curto, antes de fazer uma careta:

— Primeiro: eca! Eu sou seu irmão, não me pergunte esse tipo de coisa! — Jason exclamou, um tanto quanto vermelho, fazendo Thalia suspirar sem paciência. — Segundo: Você precisa de uma amiga urgente! E terceiro: mesmo que você usasse uma camiseta com uma frase extremamente vulgar, literal e sugestiva…

— Tipo: “me coma”? — A garota interrompeu com um sorriso malicioso, deixando o irmão ainda mais vermelho.

— De novo: eca! Eu sou seu irmãozinho inocente, existem limites sobre o que podemos falar!

— Inocente? — Thalia ergueu a sobrancelha e riu, quando o irmão fechou a expressão ainda mais em envergonhado. — Tá, continue!

— O que eu quero dizer é que, mesmo se você apareça nua na frente do Nico, ele não vai levar pro lado malicioso! — Jason exclamou. — Ele é mais lerdo que o Percy nisso! Se você quiser dar em cima do Nico, acredite minha querida irmã, você vai ter que agarrá-lo de verdade! E eu não acredito que estou dizendo isso!

— Tá, Jason. — Thalia revirou os olhos, desistindo de provocar o irmão. — Mesmo assim: dá pra alguém levar pro lado malicioso o que estou vestindo?

— Olha, eu nunca reparo nisso. — O loiro deu de ombros, porém, ao ver a expressão nervosa do irmão, suspirou para evitar o sorriso. — Mas não: não tá não.

— Ótimo!

— Vai trocar de roupa? — Jason questionou, vendo a irmã subir para o quarto.

— Claro que não!

— Eu sei que você quer um camiseta com uma frase vulgar, literal e sugestiva, Thalia! — Jason gritou, quando a irmã já alcançava o último degrau.

— Eca, Jason! — Foi a vez dela gritar, encostando na barra de proteção para ver o garoto no andar de baixo. — Eu sou sua irmanzinha nada inocente, mas há limites sobre o que podemos falar!

Jason somente riu, planejando seus próximos passos.



(…)



— Dimi, vamos! — Thalia chamou enquanto saía do quarto retocando o batom vermelho. Tudo bem que ela não queria estar arrumada, mas era horrível sair de casa sem maquiagem nenhuma parecendo um fantasma, né?!

— Já vou, mamãe! — Dimi gritou em resposta, fazendo Thalia franzir a testa ao notar que a voz vinha do quarto de frente ao seu, o quarto de Dimitri. O menino estava ansioso o dia todo chamando para irem logo, quase não parou quieto enquanto Thalia o ajudava vestir roupa, agora estava enrolando?

— O que você está fazendo, querido? — Ela interrogou, se aproximando para abrir a porta.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Não entra! — A voz de Jason soou de dentro do quarto e Thalia percebeu que lá vinha alguma coisa não muito boa.

— Jason, o que você está aprontando dessa vez? — Ela perguntou ficando nervosa. O que mais faltava pro seu irmão inventar?! Chamar um celebrante e já realizar o casamento?!

— Só mais um minuto, Thalia!— Seu irmão pediu, fazendo-a respirar fundo e encostar na parede do quarto. Por fim a porta do quarto foi aberta e um Jason com sorriso de quem aprontou saiu, o que deixou a mulher mais nervosa.

— Onde está meu filho? — Ela questionou, erguendo a sobrancelha.

— Aqui, mamãe! — Dimi saiu de trás do tio e Thalia não sabia se brigava com o irmão, se sorria para o filho ou lhe apertava as bochechas.

Ela havia vestido Dimitri de maneira comum: jeans, camiseta e agasalho; Simples e confortável. Mas Jason havia mudado completamente a roupa do sobrinho: O menino permanecia de calça jeans, mas os tênis haviam sido trocados por mais formais que combinavam com a camisa branca — que provavelmente atrairia manchas de ketchup e molho — e o colete azul por cima. O menino estava completamente fofo e formal para o primeiro encontro.

— Jason, ele só vai no Mc Donalds! — Thalia falou por fim, tentando não rir ou morder o filho.

— Eu tô feio? — O menino perguntou verdadeiramente preocupado, fazendo um bico.

— Claro que não, meu amor! — A Grace exclamou, ajoelhando-se em frente ao filho. — Você está lindo! Tenho certeza que sua noivinha vai adorar!

Dimitri sorriu para a mãe, uma covinha surgindo na bochecha que combinava perfeitamente com o jeito de menino custoso que ele possuía.

— Vamos?! — O menino pediu animado, quase pulando. Sua mãe suspirou e se ergueu sorrindo.

— Tem certeza que não quer levar ele? — Thalia perguntou ao irmão que apenas negou a cabeça.

— Eu vou estar ocupado. — Jason respondeu, já pensando nas horas em frente a televisão assistindo séries.

— Por que eu não consigo acreditar nisso? — Ela retrucou, cruzando os braços.

— E, eu acho que você vai se divertir mais. — O loiro completou, recebendo um tapa no braço vindo da irmã.

— Mamãe, vamos! — Dimitri pediu impaciente, segurando a mão de Thalia.

— Vamos, querido. — Ela respondeu amavelmente, deixando-se puxar em direção à saída.

— Thalia? — Jason chamou, fazendo-a se virar para ele. — Lembre-se: Nico nunca entende mensagem subliminar. Agarra logo ele!

Thalia olhou para os lados, procurando alguma coisa para jogar em Jason. Infelizmente, ele conseguiu entrar no quarto primeiro e trancar a porta.

— Mamãe? — Dimitri chamou, a expressão séria e confusa. — Você vai agarrar o papai da Hazzel?

— Não, meu amor. — Thalia respondeu, contando até dez para não matar o irmão mais novo. — A mamãe vai agarrar seu tio Jason e bater nele até que ele deixe de ser bobo. Agora vamos, você tem um encontro, lembra?

— Não consigo esquecer! — Dimitri respondeu, sorrindo de uma forma tão aberta que até os instintos homicidas de Thalia sumiram.

(…)

McDonald's. Por que não o Burger King?! Ou Wendy's?! Thalia odiava aquele palhaço estranho! Se dependesse dela, Dimitri jamais experimentaria um McLanche Feliz, mas, como não dependia, ali estava ela, entrando no que ela entenderia como inferno.

Não foi difícil achar os Di Angelo's: Nico e Hazel estavam sentados em uma das mesinhas encostadas a parede de vidro, conversando baixinho até que a menina viu Dimitri e já foi levantando correndo para abraçá-lo. Thalia sorriu diante a inocência das crianças e quase se assustou quando viu que o pai da menina também havia se levantado para recepcioná-los, parecendo tão embaraçado como sempre.

Thalia sorriu o cumprimentou com um “oi”, aproveitando que era impossível se aproximarem mais porque as crianças estavam paradas tagarelando entre os dois.

— Eu tônevoso! — Dimitri revelou da maneira mais sincera possível, fazendo Hazel rir.

— Eu também! Vem, vamos sentar! — O Hazel o puxou pela mão, contornando o pai e se enfiando no banco, Dimitri se sentando bem ao lado dela.

Nico gesticulou para que Thalia passasse a frente e ela o fez, sorrindo um pouco tímida, enquanto se sentava de frente para Hazel. Como Dimitri havia se sentado ao lado da menina, Nico não teve escolha além de se sentar ao lado de Thalia, ficando completamente constrangido quando seu braço roçou o dela.

— O que vocês vão querer? — Nico perguntou, depois de pigarrear e odiar o som da sua voz.

— McLanche Feliz! — Hazel gritou, erguendo os bracinhos em alegria.

Dimitri deu de ombros olhando para a mãe esperando que ela decidisse.

— Bom, — Thalia falou calmamente, encarando Nico. — eu nunca venho aqui Então, acho que você vai ter que escolher pela gente.

— McLanche Feliz! — Hazel repetiu, desta vez em um tom que respondia Thalia. — Papai sempre pede McLanche Feliz pra mim e pra ele.

Nico ficou vermelho e abaixou a cabeça diante do comentário da filha, mostrando como estava constrangido.

— É por causa dos brindes. — Ele explicou, mas mordia o lábio e falava em um tom baixo que demonstrava a mentira, principalmente somada a vermelhidão no rosto. Thalia estava tentando não se divertir com isso, ou apertar-lhe as bochechas. — Eu sempre peço por Hazel.

— Não é não! — A menina desmentiu, fazendo Nico ficar mais vermelho. — Nem sempre o senhor me dá! Eu ainda quero o bonequinho do Mario.

Hazel fez um biquinho inocente e Thalia apertou os lábios, tentando ao máximo não rir da situação.

— Hazel… — Nico começou a repreender, mas pareceu não achar um argumento válido, então se contentou em abaixar a cabeça, como se quisesse sumir nas sombras.

— Então quatro McLanches Felizes! — Thalia falou, tentando contornar a situação. — Quer que eu vá pedir?

Nico negou com a cabeça, se levantando quase tropeçando e se dirigindo ao balcão de atendimento. Thalia ficou sentada tentando não rir, observando as crianças que pareciam alheias ao que havia acontecido.

— Você tá bonita! — Dimitri exclamou de uma vez, cortando uma frase de Hazel sobre como era sua escola. — Esqueci de dizer!

— Estou? — A menina perguntou surpresa, olhando pra própria roupa.

— Uhum! — Dimitri exclamou feliz. — Só estaria mais bonita se estivesse usando a fita, mas ainda tá bonita!

— O papai disse que não ia dar certo! — Hazel revelou, suspirando pesarosa. — Você também tá bonito!

Thalia não se conteve em rir. As crianças estavam completamente destoantes, Dimitri todo formal por conta do tio, mas Hazel parecia ter acabado de sair de um show de rock: de saia preta, jaqueta de couro e até coturnos! Nem a blusa branca com borboletinhas ou a pulseira com pingentes dos mesmos animalzinho tiravam o ar de um pouco punk que Thalia adorou. De fato, a fita não combinaria, mas Nico havia tido um bom gosto ao vestir a filha.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu esqueci de puxar a cadeira! — Dimitri exclamou, arregalando os olhos azuis assustado.

— Mas não estamos sentados em cadeiras. — Hazel comentou, franzindo a testa.

— Como faz então, mamãe? — O menino perguntou sério e preocupado.

— Não precisa fazer nada, querido. — Thalia respondeu, ainda não entendendo muito bem de onde Dimitri havia tirado tudo aquilo. — Apenas se divertir.

— Tia, — Hazel chamou baixinho, fazendo a Grace se inclinar na direção dela quando a menina a chamou com os dedos.

— O que foi? — Thalia perguntou, vendo a menina olhar discretamente pro pai que ainda esperava na fila sua vez de fazer os pedidos.

— Meu papai tá nervoso. — Hazel confidenciou, sussurrando. — Ele nem dormiu!

Thalia acabou sorrindo, se afastando lentamente quando viu que Nico as fitava.

— Obrigada, querida. — Ela sussurrou, se endireitando e piscando cúmplice quando Hazel colocou o dedo na frente dos lábios, pedindo segredo.

Nico não demorou a voltar pra mesa, parecendo menos vermelho, mas igualmente tenso e constrangido.

— Tudo certo? — Thalia perguntou e ele assentiu com a cabeça, pegando o celular do bolso, a ignorando.

A Grace apenas suspirou e desviou os olhos para a vista da janela de vidro, xingando o irmão mentalmente. Ela até poderia ter feito igual o Di Angelo e se refugiado no telefone, até havia deixado o aparelho carregando a manhã inteira pra fazer isso, mas, quando foi pegar na hora de sair de casa, deu de cara com o carregador fora da tomada e a bateria quase zerada. Ela nem precisava perguntar quem foi o culpado. Mas tinha certeza que daria a sentença do julgamento e cumpriria a pena de morte na hora do jantar.