Eternamente

Capítulo 18


Quem é George? Quem é George? Pena pelo amor de Deus, Emily Campbell! Pensa rápido! Argh! Nadinha? Nenhuma ideia? Gabe que é bom em mentir não está me ajudando, está é me olhando com essa cara de bravo sexy. Bravo sexy? De onde eu tirei isso? Mas que ele fica sexy com essa carranca, ah ele fica! Terra chamando Emy! Quem pode ser o George? Um amigo que estava afim? Um cara que eu pensava em namorar quando voltasse das férias? Ou melhor, ainda penso. Mas eu não posso falar isso porque estou namorando o Gabe perante todos.

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– George é colega nosso. Ficamos muito amigos e não conseguimos nos despedir dele porque ele estava viajando. Não é, princesa? – Gabe perguntou olhando pra mim.

– É. Ele é um colega nosso. E ele me mandou uma mensagem perguntando como estão as férias. – disfarcei sorrindo, mas a minha vontade era de revirar os olhos e socar a cara do Gabe, ou sair correndo dali.

– Que legal. É bom que façam amizades assim. Um dia vocês poderiam trazê-lo aqui. Ou melhor, fala pra ele vir pra cá. – a minha madrinha falou inocentemente.

– Não! – nós gritamos ao mesmo tempo.

– Por quê? Seria legal conhecer outro amigo seu sem ser o Gabe, filha. – Meu pai falou.

Coitado do meu pai. George queria ser muito mais do que amigo, e nem imaginava o que eu estava fazendo nessas férias. To ferrada? Sim...

– É... Ele... – fale alguma coisa... Fale sua língua maldita.

– Ele trabalha muito. Nem deve ter tempo pra nada, nem para namorar. – Gabe falou, mas eu senti um tom de ironia.

– É uma pena. Qual é a profissão dele? – meu pai perguntou.

– Ele é engenheiro civil. – falei.

– Uau, engenheiro! Bela profissão! – meu padrinho disse.

– É mesmo... – falei sorrindo.

Gabe falava algo bem baixo, e eu, infelizmente, não consegui escutar.

– Algum problema, meu filho?

– Não, eu estou ótimo. Aliás, eu já estou cheio.

– Já? Mas você nem comeu direito. – minha madrinha falou.

– Já mãe. Você já acabou princesa?

Não né! Mas era melhor eu ir com ele, porque eu sabia que viria bomba por ai.

– Já. Estava uma delicia.

Eu e Gabe fomos para a minha casa, pois eu sabia que os meus pais não iriam aparecer agora, já que eles conversavam bastante depois do jantar, ainda mais com a festa que virá por ai. Estávamos na sala, e Gabe não parava de ficar andando de um lado para o outro. Isso estava me deixando tonta!

– Para Gabe! – falei segurando a mão dele

– O que ele queria? – perguntou com a voz baixa, o que me deixou mais assustada, porque eu sabia que isso não era um bom sinal.

– Nada de importante. – desconversei.

– Se não é importante você me falar.

– Não, eu não posso! Ou melhor, eu não vou dizer! Isso diz respeito a minha vida! A minha! – gritei.

Ele me olhou assustado, e eu senti a tensão em seu corpo. Acho que exagerei desse jeito.

– Ah é? Quantas vezes eu te consolei, porque você magoou com alguém? Eu estava lá com você! Quantas vezes eu limpei as suas lágrimas por causa do maldito do Chad. Quantas vezes você me ligou de madrugada para me falar daquele canalha que te traiu? Hein, Emily? Quantas vezes eu te escutei? Agora não quer me falar a porcaria de uma mensagem de um cara que mal te conhece, mas eu aposto que ele quer te levar pra cama. E aposto que você não irá pensar duas vezes. – gritou de volta, e isso foi como um soco no meu estômago.

Eu dei um tapa no rosto dele, e a minha raiva só estava crescendo.

– Nunca mais diga isso. Eu não sou como essas mulheres que você gosta. Eu não sou assim! George não é assim! Ele não é você! Você é desse jeito, Gabe! Você! – gritei de volta. – E pare jogar na minha cara as coisas que já fez por mim, porque eu já fiz muitas coisas por você também. Aguentei você falar sobre as mulheres que você dormia. Sobre as coisas da vida, do seu trabalho... Eu te ajudei em muitas coisas, ou melhor, estou de ajudando. Se não fosse por mim você estaria ferrado com o padrinho! Ferrado! Quem você iria trazer para apresentar como sua falsa namorada? Uma das mulheres que você comeu por uma noite? Elas não iriam suportar a sua possessão por um segundo. Já eu, bem, eu aguento isso até hoje. Eu aguento e não reclamo! - gritei nervosa.

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Estava sentindo a falta do maldito ar. Droga! Logo agora eu tenho que passar mal? Eu estava bem! Ar, eu preciso de ar. Respira!

Gabe me olhava assustado e havia lágrimas em seus olhos, e eu estava a ponto de chorar também, mas a falta do ar não me deixava pensar em mais nada.

– Ar... Eu preciso... – falei, tentando puxar todo o ar possível.

– Merda! Princesa, pelo amor de Deus, espera ai!

Gabe saiu correndo e voltou e menos de cinco segundos. Ele voltou com a minha bombinha e me ajudou com ela. Aos poucos eu fui sentindo a respiração voltar, e na mesma hora avistei os meus pais abrindo a porta.

– Filha! Meu Deus, Emy! Você está bem? – meus pais perguntaram preocupados e assustados.

– Agora estou. – falei baixo.

– Mas o que aconteceu aqui? Vocês parecem estar agitados. – meu pai perguntou.

–Nós...

– Eu comecei a sentir falta de ar, e o Gabe ficou muito preocupado. Por isso estamos assim. – menti, olhando para o Gabe seriamente.

– É que nós escutamos gritos. – minha mãe falou.

– Impressão de vocês. Porque aqui não escutamos nada. – falei sorrindo.

– É deve ser mesmo. Ah, filha, você tem que ir ao médico ver isso. Mamãe fica preocupada.

– Eu irei mãe. Prometo.

Meus pais me abraçaram, e eu senti tanto por estar mentindo para eles. A culpa me persegue todos os dias, mas eu não posso desistir agora. Mesmo o Gabe não merecendo assim, eu não posso abandoná-lo.

– Você já pode ir. – falei para o Gabe.

– Mas...

– Eu estou bem. Vou descansar agora.

– Tudo bem. Boa noite! E Emy, se cuida! – falou me dando um beijo na bochecha.

Ele saiu com um olhar triste, mas eu ainda estava brava com ele. Ele nunca me feriu tanto com palavras como hoje. Como ele pôde achar que eu vou para cama com qualquer um? Achava que ele me conhecesse bem. Mas eu percebi que estava enganada. Muito enganada!

Depois de convencer os meus pais de que eu estava bem, tomei um banho e fui me deitar. Fiquei virando de um lado para o outro, imaginando como Gabe estaria. Eu não deveria pensar no idiota, mas eu não conseguia parar. A nossa briga foi feia, e ambos magoamos um ao outro. Será que a nossa amizade tinha ficado abalada? Espero que não, pois não existe Emy sem Gabe!

Acordei mais cansada do que nunca, já que eu fui dormir super tarde, ou melhor, quase nem dormi. Brigar com o melhor amigo é horrível, mas brigar e jogar algumas coisas na cara é pior ainda. Não sei como vou reagir ao encontrá-lo. Não sei como vou pedir desculpas pelo o que eu falei, mas sei que irei pedir. Isso eu sei.

Estava de pijama e deitada ainda, quando a porta do quarto foi aberta, e um Gabe todo atrapalhado entrou com uma bandeja de café da manhã. Eu assustei na hora que vi, e sorri feito uma boba com aquela cena. Gabe estava de avental de florzinha, e com o cabelo de um jeito bagunçado sexy.

– Oi. – ele falou baixo, e eu sabia que ele estava com vergonha.

– Oi. – respondi quase no mesmo tom.

– Eu trouxe o café da manhã pra você! – falou, depositando a bandeja em cima da minha cama.

A bandeja estava linda! Tinha as frutas que eu gostava suco de laranja, chocolates, e várias outras coisas. Mas o que me chamou atenção foi a rosa branca, uma foto nossa fazendo careta e um papel. Peguei a pequena carta e comecei a ler.

Oi?! Ah, você sabe que eu não sei como escrever bem uma carta de desculpas, já que eu nunca fiz isso! Emily, Emy, princesa... Minha melhor amiga, minha companheira nas horas boas e ruins, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... Isso está parecendo à fala de um casamento, eu sei, mas o que temos é um casamento! A nossa amizade é um casamento que construímos com o tempo, mas sem a parte do sexo! Eu sei que errei... E errei feio! Eu fui estúpido por ter falado aquilo, já que eu te conheço bem o suficiente para saber que você não é qualquer uma! Você é a Emy! A minha Emy! A que eu cuidei desde bebê! Que eu vi crescer, chorar pela primeira vez! A que falou a sua primeira palavra, que no caso foi: Gabe! E a que estará sempre comigo, principalmente nas minhas burradas. Eu te peço perdão pelas palavras. Eu não pensei na hora, porque eu estava nervoso, e não medi o maldito filtro do pensamento. Por favor, diga que irá continuar sendo a minha melhor amiga! Minha alegria e desespero! Eu te amo!

Ass: Seu melhor amigo e namorado gostoso!

Como alguém pode ser um fofo idiota? Gabe conseguia ser tudo de uma vez só! Era o idiota mais lindo e fofo do mundo! Como eu não poderia desculpá-lo? Acho que só se fosse louca!

– E então... – perguntou ansioso.

Eu olhei para ele e não demonstrei nada. Queria ver o nervosismo dele.

– Claro que eu te desculpo! – falei depois de alguns segundos.

– Glória a Deus! Ah, Emy... Eu fui um tolo!

– Isso foi mesmo. Um tolo, imbecil, idiota, bobo, burro...

– Ok! Eu já entendi. Mas é sério, eu quase me bati depois que te falei aquilo. Eu juro que não era verdade!

– Eu também falei coisas nada legais com você. Eu não me arrependo de nada, e nunca irei recusar ajudá-lo.

– Eu fiquei com medo de você desistir por causa do Geoffrey!

Lá vem o Gabe chamando o George de Geoffrey. Eu tenho certeza que ele faz isso de propósito.

– É George!

– Isso mesmo.

– Gabe, eu nunca iria abandonar você por causa dele. Eu me comprometi com você, e irei até o fim! – falei o abraçando.

Depois das nossas pazes, tomamos o café, e não paramos de conversar um segundo.

Eu e Gabe estávamos a caminho da cidade, porque a madrinha nos ordenou a comprar algumas coisas que estavam faltando em casa. Gabe reclamou de preguiça, mas depois acabou cedendo. Eu estava dirigindo por causa do pé machucado dele, mesmo sabendo que ele estava bem, eu me ofereci para dirigir.

Paramos no mercado, e compramos tudo que estava na lista. Gabe quis dar uma passeada pela cidade, e acabamos parando na loja de fantasia que é bem conhecida n cidade. Quando éramos crianças, eu e Gabe sempre vínhamos para cá. A Dona do lugar é muito simpática, e sempre nos tratou bem e sempre nos deixou brincar na loja. Entramos, e eu senti como se estivesse voltando para a minha infância. Não havia mudado muita coisa por ali. A loja estava um pouco maior, e tinha mais vendedores. A Dora, que é a dona, estava no caixa como sempre.

– Tia Dorinha! – falei sorrindo, e indo em direção a ela.

– Meu Deus, pequena Emy? É você mesma? – perguntou assustada.

– Sim, sou eu! Quanto tempo! – falei, e a abracei fortemente.

– Muito mesmo! Vocês crescem e somem! Você continua linda, mais linda a cada dia! Os namoradinhos devem cair aos seus pés, hein?! – falou rindo, e eu ficando vermelha como sempre.

– Ah, nem tato assim... Eu estou namorando.

– Jura? Quem é o sortudo?

– Sou eu! – Gabe disse sorrindo, e a puxou para o abraço.

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– Gabezinho? O pequeno Gabe terremoto? –perguntou sem entender.

– Isso mesmo. Eu e a princesa estamos juntos. – falou me abraçando.

– Isso é maravilhoso! Eu sabia que isso iria acontecer! Vocês viviam juntos, e o Gabe terremoto não deixava ninguém chegar perto de você. E ainda a chama de princesa, que coisa fofa!

– Pois é... – falei sem graça.

– Ah, esperem um pouco. – ela falou indo até uma gaveta. – Olhem o que eu achei esses dias por aqui. Estava arrumando a gaveta, e achei isso.

Eram duas fotos minhas e do Gabe, de quando éramos crianças. Eu estava vestida de princesa e ele de príncipe. Na foto o Gabe está me beijando na bochecha e eu estou bem vermelha. Com certeza deve ser de vergonha. E na outra, eu estava vestida de Dorothy, e ele de espantalho. Mas o melhor eram as nossas caretas.

Dorinha nos entrega e foto e fala para voltarmos logo. Assim que prometemos milhões de vezes, ela nos deixou sair. A nossa próxima parada era uma feirinha que estava acontecendo. Era uma feira de animais. Ah, eu amava animais!

Passeamos e eu babei bastante pelos bichinhos. Tinha muitas crianças, e eu me lembre de quando eu e Gabe adotamos um cachorrinho. Ficamos malucos aquilo. Não desgrudávamos do coitadinho. Gabe ficou olhando um gatinho fofo, enquanto isso, os meus olhos se apaixonaram por um cachorrinho fofo, e que lembrava bastante o que tivemos. Seu pelo caramelo e lisinho, seus olhos assustados me emocionaram. Eu queria muito levar para casa, mas seria complicado, já que eu não moro aqui. Nós saímos dali, e eu fiquei com o coração partido, e rezando para que ele conseguisse um dono ou dona que desse bastante amor e carinho.

Nossa última parada seria um dos lugares que eu mais amava: loja de livros. Muitas mulheres amam bolsas, sapatos, roupas, joias, e tudo mais... Eu amava livros! Nada com um bom livro, seja ele de ação, suspense, romance, erótico... O importante é ser livro e ser bom!

Gabe reclamou um pouco, porque segundo ele, eu não iria dar bola para ele, e esqueceria-se do mundo ao meu redor. Mas o que u posso fazer se eu me esqueço do mundo mesmo? Eu não tenho culpa! Sou uma leitora compulsiva!

Fiquei andando pelas prateleiras, tentando achar algo que não tivesse lido, e que me chamasse atenção. Gabe andava comigo, e ficava me perguntando toda hora se não tinha achado o livro ainda. Trazer homem em loja é a pior coisa! Ainda mais quando eu quero comprar com calma!

– Esse aqui você já leu, não é?! – falou me mostrando o livro do meu querido Christian Grey.

– Ah, sim... Esse ai eu tenho e leio muito! – falei sorrindo.

– Ah, esse aqui é daquele cara ricão e da moça virgem, não é? E que ele gosta de amarrar a mulherada na cama, e que ele fala que não faz amor, que fode com força. Mas que no final acaba se apaixonando pela Ana, mas, ele a machuca e eles acabam se separando. – falou olhando para o livro.

Gabe leu cinquenta tons? Ah, não! Essa é boa!

– Gabe Hunter lendo cinquenta tons de cinza? – falei rindo da cara dele.

– Eu? Claro que...

– Sim. Até sabe a história do primeiro livro, e pior, sabe o nome na personagem.

Ele fica sem graça, e a minha vontade é de rir da cara dele.

– Eu só fiquei curioso. Você vivia lendo, até se negou a sair comigo, e mal atendia as minhas ligações. Eu queria saber quem era esse Grey. – falou, tentando arrumar uma desculpa.

– Se você diz... Mas o livro é ótimo, e o Grey e o Gideon são alguns dos meus amores literários! Ah, Gideon...

– E eu lá vou saber quem é esse tal de Gideon.

– Um dia eu te empresto o livro, e você verá como é bom! – falei rindo da careta dele.

– Eu hein, to fora!

Fiquei procurando ali, mas não encontrava um livro que me chamasse à atenção.

– Princesa, você acha que se um dia eu virar livro, eu serei amor literário de alguém? – perguntou sério.

Deu-me vontade de rir da cara que ele fez. Gabe tinha cada pergunta.

– E porque você viraria um livro?

– Ah, sei lá... Vai que alguém queira contar a minha história de vida. Ou sobre a nossa amizade. E então, você acha que alguém vai gostar de mim?

– Talvez! Tem algumas que sem apaixonam pelo personagem.

– Já aconteceu isso comigo. – falou sério.

– Gabe atriz pornô não vale! – falei rindo

Eu estava em uma sessão de livros maravilhosos, digamos que eu queria levar todos. Estava tão entredita que nem percebi Gabe me chamando.

– Princesa olha esse livro de autoajuda. Acho que vou dar de presente para o Chad. – falou rindo.

O livro era realmente de autoajuda. Era basicamente uma autoajuda do amor. Parece que estava ensinando a pessoa a desistir de quem não te quer.

– Gabe. – falei, mas a minha vontade era de rir.

Gabe me puxou para a sessão erótica, e ficou olhando comigo os livros. Quando eu estava saindo com um livro na mão, ele me puxa e mostra o Kama Sutra.

– Ei princesa, olha isso aqui! Que coisa, hein! Eu vou levar! – falou pra mim sorrindo.

– Você vai levar? Jura? – perguntei sem acreditar.

– Sim. É um livro, e tem figuras, o que ajuda muito. E você sempre faou para eu ler algo diferente. Isso aqui é diferente! E algo que me interessa. – falou sorrindo.

Eu nem tentei entrar em discussão com ele. Gabe estava convencido que iria levar.

Sai de lá com cinco livros, e olha que eu queria levar mais, mas outro dia eu iria voltar para comprar. No caminho para a casa, Gabe não parava de olhar o livro. Ele estava tão concentrado e fazia algumas caretas ao mesmo tempo.

– Mas como isso é possível? Tem que ser elástica! Olha isso, princesa! – ele falou me mostrando uma posição não muito comum.

– Gabe, eu estou dirigindo. E eu não quero ver... Isso! –falei rindo.

– Olha isso aqui... Meu Deus! Nunca vi isso, e olha que eu já vi muita coisa...

Viu muita coisa! Argh! Nem quero saber o que ele já viu.

– Vai usar alguma coisa ai com alguém? – perguntei curiosa, mas com medo da resposta.

– Talvez. – falou sorrindo.

Malditos homens! Malditos homens que não conseguem controlar a vontade!

Eu estava ajudando a minha mãe a madrinha com o almoço, e Gabe teve que ir até o escritório do padrinho para levar um papel que ele tinha esquecido. Eu até me ofereci para levá-lo, mas ele se negou e disse que estava bem.

Após o almoço, que só nos três comemos, fui para o quarto começar a ler. Assustei com o Gabe entrando com uma caixa grande no meu quarto, ainda mais quando eu a vi mexendo.

– O que é isso?

– Abra. Espero que goste!

Assim que eu abri eu avistei dois olhinhos brilhando pra mim. Era o cachorrinho que eu tinha me encantado na feirinha. Ah, posso morder o Gabe agora?

– Mas... Como...

– Como eu sei? Eu vi você olhando para ele, e não o adotei na hora porque queria fazer uma surpresa. Eu vi que você não parava de olhar, e como mais um pedido de desculpas, eu peguei ele para você, ou melhor, para nós.

Ok. Eu quero morder o Gabe agora. Pode uma pessoa ser tão fofo assim? Acho que não!

– Ele é lindo. Eu amei! – falei o abraçando.

– Ele pode ir com a gente para casa. E cada dia um cuidará dele, se você quiser.

– Eu quero. Claro que quero. – falei.

– Ele lembra o Valente. Nosso primeiro cachorrinho.

Ah, Valente... Nossos pais falavam que ele valente, porque mesmo a gente o apertando, ele sempre estava ao nosso lado

– Lembra mesmo, Gabe. Acho que foi por isso que eu me apaixonei por ele.

– Ele será o nosso filho... De mentirinha.

– Claro. – falei sem graça.

– Qual o nome dele? Eu deixarei você escolher essa vez.

– Jura? Bem... Já sei!

Gabe iria adorar o nome, Iria mesmo!

– E qual será? – perguntou sorrindo.

– Príncipe.

Gabe me olhou emocionado e me abraçou.

–Lindo nome para um lindo cachorrinho, e uma dona mais linda ainda...

– Ah, Gabe...

Ficamos brincando com o Príncipe, e até fotos tiramos dele junto com a gente. A minha foto preferida foi a que Gabe estava fazendo beicinho com o Príncipe. Ficou tão fofo! Ele brincou tanto que até dormiu. Eu e Gabe estávamos parecendo dois papais babões quando o neném acaba de nascer. Estávamos olhando ele dormir e sorriamos.

– Gabe, você quer ser pai um dia? – perguntei curiosa.

Ele ficou tenso ao meu lado, e demorou em me responder.

– Eu não sei se serei um bom pai.

– Você nunca vai saber se não for um dia. E claro que será. Você sempre cuidou de mim quando eu era bebê. E agora cuidará do Príncipe.

– Isso é verdade. Mas bem que poderíamos tentar um filho de verdade, daí eu saberei se serei bom ou não. Quer dizer... Bom eu sou! – falou sorrindo maliciosamente.

Meu Deus! O que ele acabou de dizer mesmo? Mesmo nas brincadeiras, Gabe me fazia ficar vermelha e sem graça.

– Estou brincando.

É claro que estava! É claro...

Combinamos de sair com o pessoal hoje, e iríamos a um barzinho super bacana que tinha até karaokê. Eu a as meninas amamos isso! Os meninos ficaram sem entender o motivo da nossa euforia, mas era bem simples: era um Karaokê. Um lugar bem legal para se divertir com os amigos. Eu optei por um vestido preto e um pouco acima do joelho. Ele era colado ao meu corpo e tinha um decote. Meu pai pirou quando viu, mas a minha mãe falou alguma coisa em seu ouvido e assim ele acalmou. Só ela mesmo. Coloquei um sapato de salto, mas nem tão alto assim, senão não iria conseguir andar direito. Deixei meus cabelos soltos e com cachos. Passei pouca maquiagem, mas não deixei de colocar o batom vermelho. Estava acabando de arrumar as coisas em minha bolsa, quando Gabe entrou e eu paralisei. Puta que pariu, ele estava lindo! Lindo não, ele estava... Quente! Sua jaqueta preta e a camisa um pouco apertada deixavam seus músculos praticamente à mostra, e para a imaginação de qualquer mulherzinha por ai. Sua calça jeans um pouco surrada e praticamente sexy. Droga! Porque uma pessoa tem que ser tão linda assim? Deveria ser crime, só acho!

– Uau! Você está... Lindo! – gostoso na verdade, mas não iria falar isso.

Ele me olhava de cima para baixo, e mal piscou assim que me viu,

– Eu estou bem? Minha maquiagem está boa? Ai, Gabe, fala alguma coisa!

– Você está... Isso ainda tem pano? – perguntou sério.

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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Como assim?

– Olha o tamanho desse vestido, desse decote... Isso ai é um projeto de vestido, não é?!

– Não! É o vestido que eu vou sair.

– Não vai sair com isso de jeito nenhum! Olha essas pernas de fora. Olha esse decote. Se você se abaixar um pouco dá para ver até o seu rim.

– Que exagero! Eu vou tomar cuidado, e não vou ficar me abaixando toda hora.

– Não vai abaixar hora nenhuma. O padrinho viu isso?– falou sério.

– Viu e não me proibiu. – menti.

– Duvido. Ele não iria deixar você sair isso que você chama de vestido.

– Se não quiser acreditar... Vamos?

Ele bufou e me olhou. Achou mesmo que eu iria trocar de vestido, querido? Ah, se enganou!

– Fazer o que, não é! – falou pegando a minha mão e saindo do quarto.

O lugar estava lotado já, e graças aos meninos, que já tinham guardado a mesa, nós estávamos sentados e conversando amimadamente. Chad estava afastado de mim, mas não tirava os olhos, Lis não tirava os olhos dele, e eu e Gabe sempre trocávamos olhares. As era tão comum entre nós.

Várias pessoas estavam cantando, umas boas outras ruins. Estávamos tentando decidir uma música legal, quando os meninos saíram da mesa e falaram que já iriam voltar. Fiquei curiosa, porque eles riam sem parar.

Eu e as meninas ficamos na mesa, junto com Chad, que não quis ir com os meninos. Estávamos tão distraídas, que nem ouvimos quando o pessoal que estava cantando parar. Escutei uma voz conhecida. Aquela voz seria impossível eu não saber que era do Gabe.

– Oi. Ah, peço licença para vocês. – falou nervoso.

Mas o que ele estava fazendo em cima daquele palco? E junto com os rapazes, que não pararam de rir.

– Eu vou fazer uma coisa pelo qual eu posso me arrepender depois. Droga! Eu não sei se consigo fazer isso. Está bem, eu consigo sim. Eu magoei uma pessoa muito importante pra mim. Eu falei uma coisa que não deveria, e que eu me arrependi no segundo seguinte. Essa pessoa ficou chateada, e com toda a razão do mundo. Nós estamos bem agora, mas eu ainda acho que não foi suficiente. Quando éramos novos ela gostava de uma banda muito famosa, então eu irei cantar e provavelmente dançar como pedido de desculpas. Se eu passar vergonha aqui, por favor, ignorem. Emily Campbell, minha princesa, é pra você! Só por você!

O que? Como assim? O que ele iria fazer?Deus, ele tirou a jaqueta, e a blusa sem manga estava expondo seus braços maravilhosos. Ai, senhor! Eu e as meninas corremos para frente do palco para vermos melhor o show deles. Gabe virou de costas igual aos outros rapazes. Eu fiquei praticamente paralisada com aquilo. O toque da música era tão conhecido por mim. Era o NSYNC! Gabe estava cantando NSYNC pra mim!

Ele virou e olhou diretamente pra mim. Sua camisa grudada com o suor daquele lugar quente, o deixou mais quente. Muito mais!

Cansado de ouvir todas essas pessoas falando...

Qual é o lance dessa vida pop e quando isso vai acabar?

Você tem que perceber que o que estou fazendo não é uma moda

tenho o dom da melodia, vou tocá-la até o final.



Não importa

O carro que eu dirijo ou o que uso no meu pescoço

Tudo o que importa

É que você reconheça, trata-se de respeito

Não importa

As roupas que uso e onde eu vou e por quê

Tudo o que importa

É que você fique estimulado e farei isso com você o tempo todo



Para o mundo que eu quero descer! Gabe cantava maravilhosamente bem, e rebolava ao mesmo tempo. Droga! Ele rebolava muito bem! As mulheres ao meu lado estavam pirando, e eu só conseguia ouvir uns: gostoso! Quero você, delícia! Vem aqui, gatão! Argh! Que bando de safadas. Ele não era para o bico delas. Ele era pra mim! Porque ele rebolava daquele jeito? Deus, que bunda!

Você imagina por que

Esta musica te deixa alegre?

Ela te leva para um passeio

Você sente isso quando seu

Corpo começa a agitar

E, baby, você não pode parar

E a música é tudo o que você tem

Deve ser POP!



Pop sujo

Baby, baby, você não pode parar.

Eu sei que você gosta disso

Pop sujo

Deve ser...



Os meninos o acompanhavam como se eles fossem uma boy band de verdade. Gabe a todo o momento sorria para mim, e fazia aquela cara safado. Oh, tentação! Meu pai me ajude a aguentar! Ele desceu do palco e foi para o meu lado. Ele cantava roucamente perto de mim, e quando eu menos esperava, ele pega a minha mão e coloca sobre a sua barriga sarada. Meu autocontrole, que não estava bom, estava prestes a evaporar. Minha vontade era de tirar aquela camisa e passar a mão com vontade. Porque será que eu tenho um amigo desses? Porque eu não posso ser amiga de uma mulher? Meu melhor amigo tem que ser lindo, fofo, safado e gostoso! Por quê?

Assim que a música acabou, a plateia foi ao delírio. As mulheres pareciam que estavam com fofo naquele lugar, porque nunca vi mordendo os lábios e se abanando daquele jeito. Que bando de assanhadas! Os meninos desceram e foram me abraçar, e começaram a rir um do outro. Eu me perdi um pouco do Gabe com todo aquele tumulto. Eu estava o procurando, e quando eu finalmente o aviste, ele estava abraçando uma vaca peituda. Mas o que? Ele estava de abraços com uma siliconada piranha? Isso não vai ficar assim. Não vai mesmo!

Gabe

Eu estava realmente nervoso com aquilo e toda aquela situação. Esse tal ai voltou só para ferrar com a minha vida. E pior, a princesa nem sabe como disfarçar. Ela deve estar pensando em como se sair dessa, e pela careta que ela está fazendo aposto que não está conseguindo pensar em nada. Eu nem deveria ajudá-la, porque ela ainda vai estar de papo com esse babaca, mas se eu ao fizer isso, tudo estará perdido! E claro, eu não quero que ela fique de conversinha com o metidão. Acabei inventando que ele era nosso amigo. Amigo? Só se for bem longe de mim. Aquele lá eu não quero nem saber da amizade, nem de nada! E ainda por cima inventei que não conseguimos nos despedir dele. Ah, para, né! Eu lá queria me despedir dele. Mas foi a desculpa que consegui arrumar na hora. Eu não conseguia conter a minha raiva, e não conseguia disfarçar o meu olhar do dela.

– Que legal. É bom que façam amizades assim. Um dia vocês poderiam trazê-lo aqui. Ou melhor, fala pra ele vir pra cá. –a minha mãe falou inocentemente.

– Não! – nós gritamos ao mesmo tempo.

Nunca que poderíamos trazer ele aqui! Nunca! Isso seria a nossa maior burrice! Nem a Emy pode trazê-lo aqui um dia. Eles não vão ser nada, nada!

– Por quê? Seria legal conhecer outro amigo seu sem ser o Gabe, filha. – meu padrinho falou.

Ei, eu sou o único amigo dela. O único! George é um encosto que eu achei no caminho.

– É... Ele... – ela tentava achar uma desculpa, mas não saia nada. O jeito era ajudá-la.

– Ele trabalha muito. Nem deve ter tempo pra nada, nem para namorar. – falei ironicamente. Sim, era um indireta!

– É uma pena. Qual é a profissão dele? – meu apadrinho perguntou.

– Ele é engenheiro civil. – Emy falou.

– Uau, engenheiro! Bela profissão! – meu pai disse.

– É mesmo... – falou sorrindo.

Bela profissão? Ah, não dá! Até isso ele é o melhor! Ah, oi, eu sou engenheiro! Ah, vá à merda com as suas construções, Bob construtor! Eu sou advogado, defendo e acuso as pessoas. Salvo também! Eu também tenho uma bela profissão!

– Algum problema, meu filho? – meu pai perguntou

– Não, eu estou ótimo. Aliás, eu já estou cheio.

Cheio dessa conversa chata, sobre essa pessoa chata. Eu queria era desaparecer agora!

– Já? Mas você nem comeu direito. – minha mãe falou.

– Já mãe. Você já acabou princesa? – perguntei sem paciência. Eu queria tirar satisfações com ela.

– Já. Estava uma delicia.

Eu e a princesa fomos para a casa dela. Meus tios não viriam pra cá tão cedo, então poderíamos conversar a vontade. Estávamos na sala, e eu não parava de ficar andando de um lado para o outro. Eu estava a ponto de explodir!

– Para Gabe! – falou segurando a mão dele

– O que ele queria? – perguntei com a voz baixa, mas de calmo eu não tinha nada.

– Nada de importante. – desconversou.

– Se não é importante você pode me falar.

Claro que ela pode. Ela deve! Somos namorados, amigos!

– Não, eu não posso! Ou melhor, eu não vou dizer! Isso diz respeito a minha vida! A minha! – gritou.

Eu fiquei assustado com a reação dela. Nunca a vi tão nervosa desse jeito.

– Ah é? Quantas vezes eu te consolei, porque você magoou com alguém? Eu estava lá com você! Quantas vezes eu limpei as suas lágrimas por causa do maldito do Chad. Quantas vezes você me ligou de madrugada para me falar daquele canalha que te traiu? Hein, Emily? Quantas vezes eu te escutei? Agora não quer me falar a porcaria de uma mensagem de um cara que mal te conhece, mas eu aposto que ele quer te levar pra cama. E aposto que você não irá pensar duas vezes. – gritei de volta, mas me arrependi no segundo seguinte. Eu não era assim. Nunca fui!

Ela deu um tapa no meu rosto,e eu percebi que a raiva dela só estava crescendo.

– Nunca mais diga isso. Eu não sou como essas mulheres que você gosta. Eu não sou assim! George não é assim! Ele não é você! Você é desse jeito, Gabe! Você! – gritou de volta. – E pare jogar na minha cara as coisas que já fez por mim, porque eu já fiz muitas coisas por você também. Aguentei você falar sobre as mulheres que você dormia. Sobre as coisas da vida, do seu trabalho... Eu te ajudei em muitas coisas, ou melhor, estou de ajudando. Se não fosse por mim você estaria ferrado com o padrinho! Ferrado! Quem você iria trazer para apresentar como sua falsa namorada? Uma das mulheres que você comeu por uma noite? Elas não iriam suportar a sua possessão por um segundo. Já eu, bem, eu aguento isso até hoje. Eu aguento e não reclamo! - gritou nervosa.

Isso doeu mais que o tapa que eu tinha acabado de levar. Ela tinha razão. Emy já fez tanto por mim, e eu falei essas malditas besteiras. Eu era desse jeito, e não sabia ser de outro. Porque será que isso me incomodou tanto, mesmo sabendo que sou assim?!

Eu estava perdido nos pensamentos, e quando eu fui ver, ela estava sentindo falta de ar. Meu mundo parou no instante em que ela tentou puxar o ar, e ele não vinha. Droga! Não chora, Gabe! Não fique desesperado!

– Ar... Eu preciso... – falou, tentando puxar todo o ar possível.

– Merda! Princesa, pelo amor de Deus, espera ai!

Corri para o quarto dela e peguei a bombinha. Nunca corri tanto na vida como hoje. Voltei com a bombinha e a ajudei. Aos poucos ela foi voltando e na mesma hora vi que os meus padrinhos estavam de volta.

– Filha! Meu Deus, Emy! Você está bem? – meus padrinhos perguntaram preocupados e assustados.

– Agora estou. – falou baixo.

– Mas o que aconteceu aqui? Vocês parecem estar agitados. – meu padrinho perguntou.

–Nós... – Eu iria dizer que a culpa é minha, porque era mesmo. Mas ela começou a falar, então eu parei no mesmo instante.

– Eu comecei a sentir falta de ar, e o Gabe ficou muito preocupado. Por isso estamos assim. – mentiu, olhando para mim seriamente.

– É que nós escutamos gritos. – a madrinha falou.

– Impressão de vocês. Porque aqui não escutamos nada. – falou sorrindo.

– É deve ser mesmo. Ah, filha, você tem que ir ao médico ver isso. Mamãe fica preocupada.

– Eu irei mãe. Prometo.

E iria mesmo. Eu mesmo a levaria ao médico.

– Você já pode ir. – falou pra mim.

– Mas...

Eu não queria ir embora. Queria me desculpar, e ficar junto com ela.

– Eu estou bem. Vou descansar agora.

Ela está me despachando. Até estaria me despachando agora.

– Tudo bem. Boa noite! E Emy, se cuida! – falei dando um beijo na bochecha.

Eu estava devastado com aquilo. Nunca fui tão burro em toda a minha vida! Dizer aquilo acabou comigo. Quebrou o maldito do meu coração. O que eu iria fazer se ela nunca mais me perdoasse? Eu não teria outra amiga, outra confidente. Alguém que eu confio à vida! Eu estaria devastado em mil pedaços. Não sei o que será de mim! E tudo por minha culpa. Que maldito ciúmes é esse que acaba comigo?! Acho melhor é ir tomar um bom banho e tentar dormir, porque amanhã será o meu plano de perdão.

Acordei bem mais cedo. Fiquei ali olhando as nossas fotos, e logo me lembrei do plano. Teria que dar certo, vai dar certo! Serei o amigo mais fofo e legal do mundo! Meu pai e meu padrinho já tinham ido trabalhar, e a minha madrinha e mãe estavam falando sobre a tal festa. Conversei com ela, e disse que iria preparar o café da manhã para a Emy.

Fui até a cozinha da casa dela, e fiz tudo o que ela mais gostava principalmente o café. Não tinha ficado tão bom igual ao dela, mas pelo menos eu tentei. Coloquei uma flor branca como sinal de paz, uma foto nossa fazendo careta para que ela se lembre do quanto nós combinamos e a carta que eu escrevi ontem de madrugada, quando eu tentava dormir diversas vezes. Entrei no quarto, e lá estava ela de pijama e com a cara de sono. Ela fica linda de qualquer jeito mesmo. Tentei não deixar cair a bandeja, e quase fiz um malabarismo. Eu estava usando um avental de florzinha, que foi o único que eu tinha achado na cozinha. Até avental de flor eu estava usando. Tudo por ela!

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– Oi. – falei baixo, e eu estava morrendo de vergonha.

– Oi. – respondeu quase no mesmo tom.

– Eu trouxe o café da manhã pra você! – falei, depositando a bandeja em cima da cama.

Ela ficou olhando a bandeja e senti que ficou emocionada e feliz. Pegou a carta e começou a ler. Eu nunca fui muito bem com as palavras, mas ali eu tinha colocado o meu coração. Eu depositei tudo o que eu podia, depositei tudo o que estava sentindo. Eu queria o perdão dela. Queria que ela voltasse a ser a minha Emy. Porque Gabe sem Emy não existe!

Fiquei esperando ela ler toda a carta, e o meu coração estava na garganta. Como ela pode me torturar desse jeito?

– E então... – perguntei ansioso.

Ela olhou pra mim e não demonstrou nada. Ela com certeza ela queria me matar.

– Claro que eu te desculpo! – falou depois de alguns segundos.

– Glória a Deus! Ah, Emy... Eu fui um tolo!

– Isso foi mesmo. Um tolo, imbecil, idiota, bobo, burro...

– Ok! Eu já entendi. Mas é sério, eu quase me bati depois que te falei aquilo. Eu juro que não era verdade!

– Eu também falei coisas nada legais com você. Eu não me arrependo de nada, e nunca irei recusar ajudá-lo.

Depois das nossas desculpas, e de ela me prometer que o idiota lá não iria atrapalhar em nada. Eu relaxei.Nada poderia nos atrapalhar, e agora eu sou o Gabe com a Emy.

Eu e Emy estávamos a caminho da cidade, porque a minha mãe nos ordenou a comprar algumas coisas que estavam faltando em casa. Eu reclamei, mas acabei sendo convocado a ir também. Queria ir dirigindo, mas a Emy foi falando que eu estava machucado e que não podia. Eu já estava bem, nem doendo estava mais, mas ela quis.

Paramos no mercado, e compramos tudo que estava na lista. Eu quis dar uma passeada pela cidade, e acabamos parando na loja de fantasia que é bem conhecida n cidade. Quando éramos crianças, eu e Emy sempre vínhamos para cá. Era tão divertido. Eu sinto falta do nosso passado e de tudo que vivemos aqui.

– Tia Dorinha! – Emy falou sorrindo, e indo em direção a ela.

– Meu Deus, pequena Emy? É você mesma? – perguntou assustada.

– Sim, sou eu! Quanto tempo! – falou, e a abracei fortemente.

– Muito mesmo! Vocês crescem e somem! Você continua linda, mais linda a cada dia! Os namoradinhos devem cair aos seus pés, hein?! – falou rindo, e ela ficando vermelha como sempre.

Está na hora de falar Gabe. Você é o namorado dela. Vá e mostre para o mundo!

– Ah, nem tato assim... Eu estou namorando.

– Jura? Quem é o sortudo?

– Sou eu! –falei sorrindo, e a puxo para o abraço.

Tia Dorinha é daquelas bem maluquinhas. Ela era como uma babá quando nossas mães vinham para o centro. Muitas vezes brincamos aqui nesses corredores. Fora as roupas que já usamos e abusamos

– Gabezinho? O pequeno Gabe terremoto? –perguntou sem entender.

O apelido de terremoto nem precisa explicar, não é?!

– Isso mesmo. Eu e a princesa estamos juntos. – falei a abraçando

– Isso é maravilhoso! Eu sabia que isso iria acontecer! Vocês viviam juntos, e o Gabe terremoto não deixava ninguém chegar perto de você. E ainda a chama de princesa, que coisa fofa!

– Pois é... – falei sem graça.

– Ah, esperem um pouco. – ela falou indo até uma gaveta. – Olhem o que eu achei esses dias por aqui. Estava arrumando a gaveta, e achei isso.

Eram duas fotos minhas e da princesa. Ela estava tão linda e... Apaixonante! Bateu saudade dessa época, porque eram somente nós dois contra o mundo. Não tinha ninguém, e eu não falava coisas estúpidas sem pensar. Na outra ela estava de Dorothy e eu de espantalho. Quantas vezes eu assisti o mágico de Oz por causa dela? Quase um milhão. E ela sempre falava que eu era os três amigos dela.

Nossa próxima parada foi uma feirinha de animais para adoção. A Emy amava animais, e isso me fez lembrar-se do nosso primeiro cachorrinho: o Valente.

Valente porque ele era realmente. Vivíamos apertando ele, mas ele sempre estava com a gente. Era muito fofo! A Emy tinha paixão por ele. E quando ele morreu ela ficou doente. Fiquei vendo os gatinhos, mas percebi que ela havia se encantado por um cachorrinho idêntico ao Valente, mas o que e surpreendeu foi que ela não quis adotá-lo. Mas eu iria dar um jeito nisso.

Nossa última parada seria um dos lugares que ela mais amava: loja de livros. Eu gosto de ler, mas a Emy era demais. Tudo se baseava nos livros de romance dela, seja em físico ou pela internet. Uma vez eu vim com ela em uma loja, e fiquei quase duas horas esperando ela escolher um livro. DUAS HORAS! Pode isso?

Ficou andando pelas prateleiras, mas pelo o que eu reaparei ela não tinha achado algo que tivesse chamado a sua atenção. Também, ela já leu quase tudo.

– Esse aqui você já leu, não é?! – falei mostrando o livro do famoso Christian Grey.

– Ah, sim... Esse ai eu tenho e leio muito! – falou sorrindo.

Eu que sei. Ela me ignorou enquanto lia esses livros. Ela mal comia na verdade. Ligava e ela não atendia. Achei que tivesse até morrido.

– Ah, esse aqui é daquele cara ricão e da moça virgem, não é? E que ele gosta de amarrar a mulherada na cama, e que ele fala que não faz amor, que fode com força. Mas que no final acaba se apaixonando pela Ana, mas, ele a machuca e eles acabam se separando. – falei olhando para o livro.

Merda! Acho que falei demais! Porque eu fui lembrar-me da história? Argh! Ela vai me zoar o resto da vida!

– Gabe Hunter lendo cinquenta tons de cinza? – falou rindo da minha cara.

– Eu? Claro que...

– Sim. Até sabe a história do primeiro livro, e pior, sabe o nome na personagem.

– Eu só fiquei curioso. Você vivia lendo, até se negou a sair comigo, e mal atendia as minhas ligações. Eu queria saber quem era esse Grey. – falei.

Eu tenho um bom argumento a meu favor. Eu li, confesso! Mas li por curiosidade. Até a minha secretária levou esse Grey para o escritório. Nós homens estávamos nos sentindo traídos por causa desse canastrão ai do livro. A minha melhor amiga me trocou por causa dele. Como ela pôde fazer isso?

– Se você diz... Mas o livro é ótimo, e o Grey e o Gideon são alguns dos meus amores literários! Ah, Gideon...

– E eu lá vou saber quem é esse tal de Gideon.

Quem é porra de Gideon? Nome brega! Prefiro Gabe. Será que outro que terei que ler? Era só o que me faltava.

– Um dia eu te empresto o livro, e você verá como é bom! – falou rindo .

– Eu hein, to fora!

Gente, porque ela não é como as outras? Ela nãocompra tanta bolsa, sapatos e essas coisas de mulheres. Acho que na casa dela tem mais livro do que qualquer outra coisa. É perigoso ela me trocar por causa deles. Será que se eu virasse um livro alguém iria me comprar? Isso seria estranho!

– Princesa, você acha que se um dia eu virar livro, eu serei amor literário de alguém? – perguntei sério.

– E porque você viraria um livro?

– Ah, sei lá... Vai que alguém queira contar a minha história de vida. Ou sobre a nossa amizade. E então, você acha que alguém vai gostar de mim?

– Talvez! Tem algumas que sem apaixonam pelo personagem.

– Já aconteceu isso comigo. – falei sério.

– Gabe atriz pornô não vale! – falou rindo

Ah, então tá! Já que não vale! Seria legal se alguém escrevesse a minha história com a Emy, daí alguém shipparia a gente como um casal. Iriam até inventar aqueles trocadilhos com os nomes. Isso seria interessante! Tipo: Gemmy ou Gammy. Ah, não, isso ficou estranho.

Opa agora ela estava na sessão de autoajuda. Fiquei olhando os livros os livros nas prateleiras ao lado, e quando vi um livro de autoajuda lembrei-me do chato do Chad. Ele estava precisando de um livro desses. Iria ajudar até a mim.

– Princesa olha esse livro de autoajuda. Acho que vou dar de presente para o Chad. – falei rindo.

– Gabe. – falou, mas eu vi que ela queria rir.

Eu a puxei para a sessão mais legal de todas: erótica. Sim, eu sou um pervertido às vezes. Fiquei olhando os livros, e achei um bem interessante. Opa, isso aqui era bom!

– Ei princesa, olha isso aqui! Que coisa, hein! Eu vou levar! – falei pra ela sorrindo.

– Você vai levar? Jura? – perguntou sem acreditar.

– Sim. É um livro, e tem figuras, o que ajuda muito. E você sempre falou para eu ler algo diferente. Isso aqui é diferente! E algo que me interessa. – falei sorrindo.

E era verdade. Ela sempre me falou que ler era bom, mas nunca me especificou o tipo de livro. Tinha que ser algo que eu gostasse, e aquilo eu gostava. Mesmo com algumas posições estranhas, mas nada eu pudesse adaptar.

Ela saiu de lá com cinco livros, e eu com um. No caminho eu decidi olhar o que tinha comprado, e puta que pariu o que era aquilo? Aquilo era possível? Como assim, gente?

– Mas como isso é possível? Tem que ser elástica! Olha isso, princesa! – falei, mostrando para ela uma posição não muito comum.

– Gabe, eu estou dirigindo. E eu não quero ver... Isso! –falou rindo.

– Olha isso aqui... Meu Deus! Nunca vi isso, e olha que eu já vi muita coisa...

Mas gente, a mulher estava... Deixa quieto! Melhor nem começar...

– Vai usar alguma coisa ai com alguém? – perguntou curiosa

– Talvez. – falei sorrindo.

Talvez não! Eu não tenho tanta elasticidade assim. E isso aqui era nível pesado.

Assim que chegamos, eu inventei que iria levar um papel para o meu pai, mas eu tinha outros planos. Fui até a feirinha de cães e acabei adotando o cachorrinho que ela tinha se apaixonado. Sei que ela iria amar, e isso era parte do plano de desculpas.

Fui até o quarto dela com o pobrezinho dentro de uma caixa. Assim que ela viu se assustou.

– O que é isso?

– Abra. Espero que goste!

Assim que ela abriu e avistou dois olhinhos lindos, se emocionou.

– Mas... Como...

– Como eu sei? Eu vi você olhando para ele, e não o adotei na hora porque queria fazer uma surpresa. Eu vi que você não parava de olhar, e como mais um pedido de desculpas, eu peguei ele para você, ou melhor, para nós.

– Ele é lindo. Eu amei! – falou me abraçando.

– Ele pode ir com a gente para casa. E cada dia um cuidará dele, se você quiser.

Eu até que serei um bom papai para ele.

– Eu quero. Claro que quero. – falou.

– Ele lembra o Valente. Nosso primeiro cachorrinho.

– Lembra mesmo, Gabe. Acho que foi por isso que eu me apaixonei por ele.

– Ele será o nosso filho... De mentirinha.

Seria de mentirinha mesmo. Até porque será o nosso único filho.

– Claro. – falou sem graça.

– Qual o nome dele? Eu deixarei você escolher essa vez.

– Jura? Bem... Já sei!

– E qual será? – perguntei sorrindo.

– Príncipe.

Meu Deus! Ela colocou o meu apelido carinhoso no nosso filhinho. Posso agarrá-la agora?

–Lindo nome para um lindo cachorrinho, e uma dona mais linda ainda...

– Ah, Gabe...

Tiramos tantas fotos dele, principalmente eu e ele, que o coitadinho acabou dormindo. Estávamos olhando ele dormir. Ele era tão lindo...

– Gabe, você quer ser pai um dia? – perguntou curiosa.

Que pergunta é essa? Eu não sei... Talvez não, ou sim. Eu...

– Eu não sei se serei um bom pai.

– Você nunca vai saber se não for um dia. E claro que será. Você sempre cuidou de mim quando eu era bebê. E agora cuidará do Príncipe.

Eu cuidei dela porque simplesmente era ela. Eu tenho medo da paternidade. Meu pai é um excelente pai, mas eu não sei se fui feito para isso.

– Isso é verdade. Mas bem que poderíamos tentar um filho de verdade, daí eu saberei se serei bom ou não. Quer dizer... Bom eu sou! – falei sorrindo maliciosamente para ela. Fazendo-a ficar vermelha. – Estou brincando.

Hoje era o dia que iríamos sair com o pessoal. Não demorei muito para me arrumar. Liguei para o Alex e pedi para ele fazer um favor pra mim, e depois de insisti com a vida ele aceitou. Essa seria uma surpresa para a Emy, e acho que ela iria gostar Então tive que ficar esperando pela princesa. Assim que vi a hora, decidi ir até ela, porque senão ela ficaria até tarde se arrumando. Assim que entrei em seu quarto paralisei. Como uma mulher pode ser assim? Que corpo era aquele. Que seios! Estavam grandes e duros. Droga! Seios não! E esse decote, essa falta de pano? Está louca que ela irá sair com isso. Desse jeito irei quebrar a cara de todos os homens naquele bar.

– Uau! Você está... Lindo!

Eu não conseguia pensar muito naquele momento. O traidor lá de baixo estava criando vida. Argh!

– Eu estou bem? Minha maquiagem está boa? Ai, Gabe, fala alguma coisa!

Que você está gostosa para caralho! Que eu quero te proibir de sair com isso ai? Não!

– Você está... Isso ainda tem pano? – perguntei sério.

– Como assim?

– Olha o tamanho desse vestido, desse decote... Isso ai é um projeto de vestido, não é?!

– Não! É o vestido que eu vou sair.

– Não vai sair com isso de jeito nenhum! Olha essas pernas de fora. Olha esse decote. Se você se abaixar um pouco dá para ver até o seu rim.

– Que exagero! Eu vou tomar cuidado, e não vou ficar me abaixando toda hora.

Não vai mesmo! Olhe lá se ela sair da mesa.

– Não vai abaixar hora nenhuma. O padrinho viu isso?– falei sério.

– Viu e não me proibiu.

Duvido! Ele não a deixaria sair com isso. Eu o conheço muito bem.

– Duvido. Ele não iria deixar você sair isso que você chama de vestido.

– Se não quiser acreditar... Vamos?

Ela não vai trocar mesmo? Jura? Que mulher teimosa! Melhor nem começar uma briga.

– Fazer o que, não é! – falei pegando a mão dela e saindo do quarto.

Estávamos conversando, quando dei um sinal para o Alex. Iríamos apresentar uma música que eu escutei bastante quando a Emy era nova. Subi no palco e respirei fundo antes de falar.

– Oi. Ah, peço licença para vocês. – falei nervoso.

– Eu vou fazer uma coisa pelo qual eu posso me arrepender depois. Droga! Eu não sei se consigo fazer isso. Está bem, eu consigo sim. Eu magoei uma pessoa muito importante pra mim. Eu falei uma coisa que não deveria, e que eu me arrependi no segundo seguinte. Essa pessoa ficou chateada, e com toda a razão do mundo. Nós estamos bem agora, mas eu ainda acho que não foi suficiente. Quando éramos novos ela gostava de uma banda muito famosa, então eu irei cantar e provavelmente dançar como pedido de desculpas. Se eu passar vergonha aqui, por favor, ignorem. Emily Campbell, minha princesa, é pra você! Só por você!

Só por ela mesmo que eu iria fazer aquilo. Nem que me pagassem eu faria de novo.

A música POP do NSYNC. Meu Deus! Quantas vezes eu escutei essa música, e tive que cantar junto com ela. Sabia de cor e salteado a letra. Tirei a jaqueta, e olhei diretamente pra ela, só pra ela. Minha camisa já estava grudada ao meu corpo por causa do calor infernal que estava fazendo naquele lugar.

Alex e os outros meninos cantavam comigo, e me acompanhavam no rebolado. Eu fiz há um tempo aulas de dança, porque ela disse que gostava de homens que dançavam. Ela até foi comigo, e mais ria de mim do que fazia as aulas. Escutei algumas mulheres loucas gritando por mim, mas eu queria apenas uma. Queria que ela visse que eu estava arrependido e que faria qualquer coisa por ela.

Desci do palco, e fui até ela. Cantei com a voz mais rouca possível. Vi que o Chad estava olhando para nós, então decidi provocá-lo. Peguei a mão dela e coloquei por cima da minha camisa. Eu senti o amigão acordar, mas ela não iria ver mesmo. Sua mão delicada estava me deixando louco. Mas meu foco era apenas cantar, só isso.

A música acabou e todos aplaudiram. Estava morrendo de vergonha, mas já tinha feito mesmo. Os meninos vieram cumprimentar a Emy, e foi quando me perdi dela. Fiquei em um canto esperando o pessoal sair um pouco da frente, quando duas mãos voaram no meu pescoço.

– Gabe, que saudades! – a mulher falou me abraçando.

Droga, o que ela está fazendo aqui?