O Pentagono

Acordei um pouco mais cedo que meus pais, era 6 da tarde, então o sol lá fora já estava quase completamente fora do céu, decidi ir para o jardim observar melhor o lado de fora. Todas as casas eram um pouco parecidas, mas algumas de cores diferentes, deitei-me na grama e observei as primeiras estrelas aparecendo, poder ficar fora de casa sabendo que nada irá me atacar era tranquilizante, ficara com saudades de fazer isso. Devo ter ficado quase 1 hora do lado de fora procurando constelações, pois minha mãe já estava arrumada para o trabalho na cozinha e esquentando uma bolsa de sangue para mim enquanto bebia o dela num como, meu pai desci as escadas preguiçosamente, deve ter acabado de acordar.

Peguei o copo para beber o sangue e fiquei assistindo televisão na sala, logo meus pais estariam saindo para trabalhar, estava feliz por eles estarem trabalhando como microbiólogos e não mais como guerreiros, nossa família inteira já trabalhou no exercito algum vez na vida, me pergunto se eu também irei querer fazer isso quando eu for mais velha. Logo que eles foram embora, fiquei sentada de cabeça para baixo no sofá pensando no que fazer, era meio chato ficar sozinha, mas decidi que logo iria voltar a dormir, porque amanhã tinha aula de manhã, era meio irritante para os vampiros irem de manhã, mas esse era o grande objetivo, pois a maioria dos vampiros eram magos do tempo, como eu e minha família, e é muito difícil um vampiro conseguir controlar seus poderes logo no começo (porque o nosso DNA é o mais próximo do DNA humano, o que dificulta na manipulação de magia), então se ficarmos com sono teremos que tentar "manipular o tempo em nossos próprios cérebros" para que não fiquemos tão cansados, eu ainda estava aprendendo a dominar essa técnica.

Ás 9 eu fui para meu quarto e li um livro de historia por uns trinta minutos, em 30 minutos eu já estava cansada o suficiente para dormir, eu não tinha nada melhor para fazer de qualquer jeito.

5 da manhã, me levanto e tomo um banho quente, eles sempre me deixam melhor, porque minha pele é muito fria, mas eu nunca percebo o quão quente a água estava até sair do chuveiro e ver o tanto de fumaça que me cercava. Volto ao quarto e coloco um calça e um blusa preta de manga comprida, saio de casa com a sombrinha, mesmo que não esteja tão claro do lado de fora, mas eu ainda precisava dela. Meren sai de casa ao mesmo tempo e sorri para mim do outro lado da rua, ela usava um vestido verde e meias brancas longas, o cabelo estava preso num rabo de cavalo, decido atravessar a rua para falar com ela.

— Indo para a aula sozinha?

— Meus pais gostam de dormir até tarde. - ela responde

— Os meus não acordam a essa hora nunca, então eu tenho que ir sozinha sempre

— Sabe onde fica o porto?

— Não, eu ainda não conheço aqui muito bem

— Então pode vir comigo

— Não é perigoso duas crianças andarem sozinhas por aqui?

— Você não ia sozinha?

— Sim, mas eu sou vampira, você é só uma elfa, parece indefesa para mim

— Eu sou mais forte do que você acha. - ela diz irritada

— Se você insiste, vamos antes que comece a clarear

Caminhamos por um tempo até chegarmos ao porto para pegarmos o barco, a escola ficava no mar, bem no meio dos 5 países, cada país era para uma facção, apesar de hoje em dia ser comum pessoas de facções diferentes conviverem juntas no mesmo país. O barco não demorou a sair e em pouco tempo entramos na escola, vejo meus amigos perto do portão, Lex, como sempre, tentava separa os gêmeos, Kay e Wen, de uma briga por algum motivo qualquer, vou até eles para cumprimenta-los.

— Bom dia. - digo sorrindo

— Emma! - Lex sorri e me abraça - Ainda bem, eu não aguentava mais esses garotos - Lex era uma garota animada, mas um pouco arrogante as vezes, tinha cabelos pretos e olhos vermelhos como qualquer outro vampiro

— Vamos voltar a fazer maratonas de filmes e historias de terror? - os dois meninos perguntam, eles eram um pouco mais baixos do que eu e Lex, os cabelos castanho muito escuro cobriam seus olhos na maioria das vezes, sempre me perguntei se eles nos viam bem

— Podemos fazer hoje na minha casa se quiserem, ai eu posso mostrar minha casa nova

— Ah, quem é ela? - Lex pergunta - Ela não cheira como nós

— É a minha vizinha, Meren, ela é uma elfa

— Você é de que facção? - Ela pergunta a Meren

— Animago... - responde timidamente

— Essa medrosa não vem conosco, vem? - Lex cruza os braços me encarando, olho para Meren e ela esta de cabeça abaixada mexendo em seus dedos

— Claro que vai, e ela não é medrosa, ela é bem mais corajosa do que eu. - digo parecendo confiante fazendo a garota levantar a cabeça confusa

— Tem certeza que uma elfazinha dá conta?

— Sem a menos duvida!

— Veremos...

Nossa conversa é interrompida com o sinal de entrada tocando, Lex, Kay e Wen entram indo em direção a nosso lado da escola.

— Por que disse isso para ela? Eu morro de medo de filmes de terror! - ela fala agitada e puxando minha manga

— Calma, não é tão assustador, vai ser divertido, eu prometo, e também, você tem que se posicionar quando alguém te trata assim, ok? Mostre para eles que você é forte

—....... Entendido. - diz parecendo mais animada e se vira entrando no corredor oposto ao meu

Foi um dia divertido na aula, eu finalmente consegui manipular o tempo para congelar seres vivos, apesar de terem sido apenas alguns animais pequenos, mas eu me sentia orgulhosa de mim mesma. Voltei para casa com Meren, meus amigos iriam me visitar de noite e eu teria que usar o período da tarde para deixa-la pelo menos um pouco mais corajosa.

— Ei, veja o que eu aprendi a fazer hoje! - ela me diz parando no meio da calçada, e se inclina para frente fazendo força, um pequeno par de asas coloridas sai das costas dela

— Uau! Elas são lindas. - digo as acariciando - Olha o que eu aprendi. - ergo uma das mão para uma borboleta que passava ali perto e ela congela no ar

— Nossa! - ela diz encarando a borboleta e a cutucando - Acho que será mais divertido ainda quando formos mais velhas

— É, ai conseguiremos controlar nossos poderes e seremos bem mais forte

— O que você vai querer fazer quando crescer, Emma?

— Eu não tenho certeza ainda, talvez eu entrenó no exercito mesmo, como a minha família, depois eu vou tentar achar outra coisa que eu goste

— Eu não sei o que quero fazer, mas no futuro eu talvez possa encontrar algo que me deixe feliz, só sei que gostaria de me casar um dia, papai e mamãe parecem tão feliz juntos, eu gostaria se ter alguém assim

— Não sei se seria legal, parece trabalhoso isso se casamento

— Quem sabe

Continuamos nosso caminho conversando sobre nossos tipos de animais favoritos, ela gostava muito de equinos, qualquer tipo, de cavalos até pegasus, já eu sempre senti mais afeição por carnívoros e repteis, contei para ela sobre a Hana e ela pareceu animada em conhece-la. Paramos na casa dela para que ela pedisse ao pais dela para ficar na minha casa, eles deixaram e fomos para a minha casa. Meus pais ainda dormiam então tivemos que fazer pouco barulho subindo as escadas, ela ficou animada em pegar na Hana, mas com um pouco de medo, felizmente ela é uma cobra amigável.

Passei boa parte da tarde contando a ela algumas historias de terror para que ela tentasse ficar com um pouco de medo delas, o que não deu tanto certo, porque ela se assustava com qualquer galope dos cavalos na rua depois da primeira historia, pensei em fazer algo para ela comer e tentar se acalmar, mas não tinha nada que ela pudesse comer na geladeira, então apenas coloquei desenhos para ela assistir na televisão e se acalmar um pouco.

Era quase 19 horas quando meus amigos chegaram, meus pais já haviam acordado e falado com todos nós, em pouco tempo já estavam de saída para ir ao trabalho. Todos nos sentamos no tapete da sala com as luzes apagadas e vimos alguns filmes de terror, Meren apertava meu braço tão forte que acho que ela teria parado minha circulação se eu estivesse "viva", vimos apenas 2 e passamos para as historias de terros, Kay e Wen contaram algumas historias nem tão assustadoras, mas agora era a vez de Lex, o que me preocupava, pois ela contava as melhores historias.

— Em uma noite fria, um pequeno coelho saia de sua toca para procurar comida como fazia todas as noite. - ela começa - Caminhando calmamente por entre um floresta de arvores negras e percebe a presença de um corvo num galho acima dele, "ora, ora, o que faz andando por aqui tão tarde?" o corvo pergunta, "apenas procuro comida, senhor", "então somos dois" diz o pássaro sorrindo maldosamente, fazendo o coelho recuar, "então ao menos façamos um acordo, que apostemos uma corrida até o fim da floresta, você tem vantagem por poder voar e enxergar melhor a noite, e eu não irei fugir, se ganhares eu serei seu jantar, mas se perderes, me deixara procurar comida em paz". O corvo acerta a proposta achando que seria fácil ganhar essa aposta, ele começa a voar e vê o coelhinho se movendo no solo na mesma direção que ele, mas de repente o tudo fica escuro, o corvo grita por ajuda e em pouco tempo ele consegue ver de novo, ele estava fora da floresta junto com o coelho, "parece que eu ganhei, senhor" ele sorria, "o que você fez?" o corvo pergunta assustado, "agora me deixara comer em paz" diz o coelho quebrando a asa do corvo o fazendo gritar de dor e pedindo ajuda, e enquanto o abria com suas pequenas garras ele cantava uma canção, "um pequeno coelho sai com as família para procurar comida, numa noite escura com demônios o observando, sua família é atacada, mas ele é poupado por um dos demônios, os olhos do coelhinho ficam vermelhos como o sangue de sua nova comida favorita e sua fome, ahhh sua fome, ela nunca acaba" canta o coelhinho aproveitando o seu jantar

Meren estava tremendo e se agarrava fortemente, o coração dela estava agitando e ela parecia congelada de medo.

— O que foi, elfazinha? Ficou com medo dessa historinha? Eu a escuto desde os 300 anos. - Lex ri

— Ela não esta com medo. - eu digo segurando o braço dela também - Eu estou..... é por isso que ela está me segurando, para que eu não fique assustada

— Não minta, o coração dela parece que vai saltar para fora, nos conseguimos ouvir

— É que ela ficou muito animada com a historia, não é mesmo? - olho para Meren rezando para que ela concorde

— É.... eu não fico com medo de historias assim, isso não é nada, - ela força um sorriso

— De qualquer forma, vocês deveriam ir para casa logo, está ficando bem tarde e temos aula amanhã. - eles concordam nós duas os levamos até o porto

— Lex. - eu a chamo antes dela entrar no barco

— O que?

— Tente ser mais legal com a Meren

— Por que? Ela não é uma de nós

— Mas isso não significa que é uma pessoa ruim

— Eu não quero me misturar com elfos

— Por favor... - faço uma cara triste para ela e ela suspira

— Certo, não vou mais tentar assusta-la e nem ser tããão rude, tudo bem?

— Obrigada. - sorrio - E eu que te contei aquela historia quando tínhamos 300 anos e você não dormiu por 2 semanas depois de escuta-la

— N-não importa! - ela entra no barco

Voltamos para a minha casa e eu tento acalma-la por um tempo, mas começa a ficar muito tarde, empresto a Meren meu gato-serpente de pelúcia e a levo de volta para casa. Me jogo na cama, cansada demais para colocar meu pijama e durmo de qualquer forma.