Desconexão

Solucione o enigma


O portal se materializou, por onde Homura surgiu com suas asas e vestido negro. Ficou abismada com o seu salão destruído.

“Homura-chan? AQUI! POR FAVOR!”

Homura seguiu o chamado, passando por uma montanha de escombros. Logo encontrou Nagisa ao lado de Mami, que estava caída no chão. “Tomoe-san?!”

Nagisa olhou para Homura, estava lavada em lágrimas. “POR FAVOR! AJUDA ELA!”

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Homura viu que Mami tinha um grande ferimento no ombro direito, estava pálida e desacordada. A gema da alma estava sobre a barriga e tinha um brilho fraco. Então ela foi medir a pulsação. Respirou aliviada. “Ela está viva, mas deve ter perdido muito sangue. O que aconteceu?”

Nagisa, chorosa, respondeu. “Eu cheguei aqui e ela estava lutando contra as suas crianças. Elas a machucaram. Eu consegui mandá-las embora, mas já era tarde. Uuuuuu....” Começou a soluçar.

“Ela vai ficar bem.” Homura invocou sua gema da alma, que brilhava como nunca. Enquanto usava a gema para curar o ferimento da Mami, ela notou que Nagisa observava atentamente. “Esse ferimento... parece ser uma mordida.”

Nagisa desviou o olhar. “Sim. Uma das crianças atacou ela pelas costas. Mami se debateu, mas não conseguia tirá-la, foi horrível.”

“Estranho.” Homura examinou se não havia outras feridas.

“O quê?” Nagisa indagou.

“Minhas crianças mastigam, elas não seguram as coisas com uma mordida.” Homura analisou. Próximo de onde Mami estava caída, havia outra poça de sangue. Entre a poça e Mami, havia gotas de sangue pelo caminho, indicando que ela se moveu ou foi movida. Nagisa não tinha nenhum traço de sangue, nem em sua vestimenta ou na sua boca. “Mas vou tentar descobrir qual delas fez isso.”

Homura então purificou a gema de Mami com a sua. Por fim, Mami foi envolta por uma luz violeta e desapareceu.

Nagisa ainda estava preocupada. “O que aconteceu com ela?”

A gema de Homura voltou para o seu local de origem. “Como eu disse, ela perdeu muito sangue. Felizmente a gema dela estava mantendo ela viva. Vai acordar amanhã em seu apartamento, um pouco indisposta, mas bem.”

“Ah... Que bom. Obrigada. Obrigada Homura-chan.” Nagisa disse aliviada e sorrindo.

Em resposta, Homura veio com um olhar inquisitivo.

Nagisa não deixou de notar. “Ah! Não. Eu juro que eu não trouxe ela aqui. Não sei como a Mami recuperou as memórias ou descobriu esse lugar. Eu juro!”

Homura olhou envolta, depois para o teto. “Eu acredito em você.”

Apesar da resposta da Homura, Nagisa não relaxou. “Onde você estava? Teve que resolver algum problema?”

Homura continuava olhando envolta. “Sim e foi resolvido.”

“Era a Madoka, não era? Ela recuperou as memórias?”

Homura voltou a olhar para Nagisa e sorriu. “Era a Madoka sim, mas eu a impedi.”

Nagisa respondeu com um sorriso que logo esmoreceu. Depois apertou os lábios e observou os escombros. “Aconteceu muita coisa essa noite.”

“Sim.”

“Mas acredito que tudo vai ficar bem agora.” Nagisa juntou as mãos em forma de oração, com uma expressão mais alegre. “Nós superamos isso porque você está certa Homura-chan.”

Homura olhou para um ponto no vazio. “Nós...”

“Sim! Eu conheço Madoka, ela realmente queria muito voltar e você está atendendo ao pedido dela.” Nagisa ficou empolgada. “E eu apoio você, eu já disse isso. Se precisar de mim para qualquer coisa.”

“Bem... eu ainda tenho que resolver um problema.” Disse Homura, ainda sem olhar para Nagisa.

“Um problema?” Nagisa até fez menção de abrir a boca para perguntar sobre qual problema, mas logo se deu conta. “Ah sim... Sayaka.”

“Não.” Disse Homura enquanto conjurava seu arco. “Outro problema.”

Quando Nagisa viu Homura se virar para ela e apontar o arco, deu um longo salto para trás.

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A flecha que Homura disparou voou em direção ao chão, explodindo ao contato.

“NNGGHH!” A onda de choque da explosão lançou Nagisa contra a parede e levantou uma nuvem de poeira.

“Você não mudou nada, Charlotte.” Homura criava uma nova flecha.

Por detrás da nuvem de poeira veio a voz da Nagisa. “Ah... O que está fazendo?! Homura-chan!”

“NÃO ME CHAME ASSIM!” Homura disparou. A flecha atravessou a nuvem. Então ela pôde ouvir o som da explosão e ver uma parte da parede desabando.

Porém Homura constatou que Nagisa havia escapado, quando viu que a menina saiu da poeira rolando pelo chão.

Homura puxou o arco de uma forma diferente, gerando cinco flechas menores. “Você enganou a mim, assim como enganara Mami Tomoe.”

“Como?! Eu...” Antes que pudesse argumentar, Nagisa viu Homura disparar. Se lançou, dando cambalhotas e fazendo estrelas para desviar.

Sem esperar, Homura disparou uma nova e grande flecha, que se dividiu em vários pequenos dardos que perseguiram Nagisa. Antes que seu alvo desaparecesse por detrás dos escombros, alguns dardos conseguiram atingi-lo.

“Ah...” Mesmo com a adrenalina do momento, Nagisa sentia a ardência das feridas: a traseira da sua coxa e batata da perna esquerda foram perfurada, assim como vários pontos do seu xale. Um grande corte por raspão passava horizontalmente nas suas costas, outro raspão em sua bochecha. Na sua atual situação, fugir não era mais uma possibilidade.

Homura preparou uma nova flecha e começou a caminhar sem pressa pelo salão, atrás de sua presa. “Não era para eu ter confiado em você em nenhum momento.” Então chegou ao local por onde Nagisa foi vista pela última vez e encontrou marcas de sangue. Sorriu.

Por uma fresta entre os escombros, Nagisa segurava a respiração enquanto observava sua predadora indo em direção ao centro do salão.

Homura começou a falar mais alto. “Mas esse era o seu plano desde o início, não é? Cada palavra, cada ato seu foi calculado. Por exemplo, essa sua historinha no hospital não passou de uma mentira, só para eu me empatizar.”

“NÃO! ESSA HISTÓRIA É REAL!” Nagisa mancou como pôde para ficar o mais longe possível de onde estava. Logo uma explosão vaporizou os escombros que estavam naquele local. Caiu no chão, sua perna não curava. Compreendeu então o motivo: a feridas estavam parcialmente cauterizadas e continuavam queimando.

Homura armou-se com mais uma flecha. “Você devia saber muito bem a função da sua semente da aflição. Você sabia que não iria morrer. Fufu. Talvez até Miki-san tinha consciência da sua armação.”

“NÃO HÁ ARMAÇÃO ALGUMA! O QUE SE GANHARIA COM ISSO!” Sabendo qual seria a resposta, Nagisa arrastou seu corpo para se afastar do local. No entanto, a explosão que se sucedeu derrubou uma parte dos entulhos, soterrando as pernas dela. “Não...”

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“Desgraçada! Você planejou isso para que eu cometesse algo terrível.” Homura preparava uma nova flecha. “Eu não só traí Madoka como agora traí meus sentimentos por ela. Por causa disso eu a quase perdi!”

Nagisa arregalou os olhos e respirou fundo. “Homu...”

“AAAAAAHHHHHH!!!”

Várias explosões ocorreram pelo salão, Homura disparou sem mirar sucessivas vezes.

Nagisa colocou as mãos sobre a cabeça e aguardou pelo pior. Porém o destino parecia ter sorrido para ela, pois não fora atingida nenhuma vez, apenas a poeira tomou conta dela, fazendo-a tossir.

Contemplando a destruição que cometera, Homura voltou a falar. “Acha que é boa em se esconder? Achar ratazanas de pelagem branca é a brincadeira favorita das minhas crianças.”

“Esper...” Mãos frias e duras alcançaram Nagisa antes que ela pudesse falar. As bonecas eram realmente muito boas nisso. Elas seguram a garota pelos braços e a removeram dos entulhos. Estavam felizes, a mestra talvez aceitasse isso como uma forma de perdoar aquela bagunça.

Nagisa foi sendo arrastada até Homura. Ela viu o semblante frio da garota de vestido escuro e no ombro esquerdo, para a sua surpresa, estava aquela salamandra negra com uma gema violeta na cauda.

Já frente a frente com Homura, as bonecas empurravam seus ombros para baixo, impedindo ela de se levantar. Não que ela pudesse: os ferimentos em suas pernas eram extensos demais. Nagisa implorou aos prantos. “Desculpe pelo que fiz. Porém eu garanto que você não traiu os sentimentos que tem por ela.”

Homura respondeu gerando mais uma flecha em seu arco e apontando para Nagisa.

O corpo de Nagisa estremeceu por inteiro. Gritou com todas as forças. “PORQUE EU SOU MADOKA!!!”

A salamandra revelou seus olhos ao arregalá-los. Eram como humanos, sua íris era um degradê de roxo para cinza a partir do centro.

Os olhos de Homura brilharam. “Bruxa, seu desespero levou você a criar uma mentira tão sem sentido. Ridículo...”

Nagisa suspirou. “Homura-chan...”

“JÁ DISSE PARA NÃO ME CHAMAR ASSIM!” Homura puxou o arco ainda mais para trás.

“Mas é um nome muito legal.” Mesmo com lágrimas caindo dos olhos, Nagisa sorriu. “E você é tão legal quanto ele.”

Homura engoliu seco com aquela afirmação. No entanto, ela se manteve firme. “Como... ela... ela contou tudo a você, não foi?”

Nagisa balançou a cabeça, negando. “Desculpe por ter mentido todo esse tempo, mas eu sempre fui ela. Eu só não revelei antes, porque você acreditaria menos ainda.”

“Cala boca! Você não é a Madoka!” O arco de Homura começou a tremer.

“Seus sentimentos estão dizendo o contrário, não?” Nagisa apertou os lábios e os olhos, mais lágrimas escorreram. “Eu sei que não me pareço nada com as suas lembranças, mas essa foi única forma que encontrei, no caso de você fazer isso.”

“O quê?! O que quer dizer...” Homura ficou confusa.

“Eu via você cada dia sofrendo mais, desejando minha existência, minha presença em sua vida. Eu sofria com você.” Nagisa disse, angustiada. “Eu vi cada possibilidade em que tu se desesperava e eu alcançava você, mas uma a uma elas se tornavam impossíveis. Você é muito forte, Homura-chan.”

A salamandra mantinha seu olhar fixo em Nagisa.

“Mas um novo sentimento começou a crescer em você, um mais forte que o desespero.” Um tom amargo saía dos lábios de Nagisa. “E então começou a ficar mais claro possibilidades onde você negava a minha mão.”

Homura desviou o olhar. “Então... você sabia...”

“Quando o momento estava chegando, eu entreguei as minhas memórias a Sayaka-chan e Nagisa-chan, mas não igualmente.” Nagisa continuou. “Sayaka-chan ficou com as minhas memórias enquanto eu era a Lei dos Ciclos, Nagisa-chan ficou com as memórias em que sou Madoka Kaname.”

Homura voltou a olhar para Nagisa. “Ter as memórias dela não faz de você Madoka.”

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“Então devo pintar meu cabelo de rosa? Colocar lentes de contato? É por isso que você ama tanto?”

Homura rangeu os dentes.

Baixando a cabeça, Nagisa disse. “Ninguém mais sabe disso, mas eu e Nagisa-chan somos como uma pessoa agora. Ela se voluntariou para isso porque, tanto ela quanto eu, jamais aceitaria o que você iria fazer. Você iria criar uma distância ainda maior entre nós, que nunca mais seria possível reverter!”

“Eu quero apenas que você seja feliz.” Homura respondeu.

“Como vou ser feliz? COMO? Se eu vou perder minha melhor amiga?” Nagisa fechou os punhos. Ainda estava sendo segurada com firmeza pelas bonecas. “Antes de resgatá-la eu já tinha visto o futuro depois de tudo isso que você fez. Um futurou onde já estou livre. Você não está lá, não está comigo.”

“É porque sou sua inimiga.” Homura foi firme em sua afirmação.

“Não! NÃO HOMURA-CHAN!” Nagisa vociferou. “Eu iria me libertar porque você iria se matar! Você se tornou inimiga de si própria! Por isso que fiz isso. Para salvar você!”

A salamandra fechou os olhos e andou por Homura até se esconder no cabelo.

Os olhos de Homura pararam de brilhar, a flecha em seu arco desapareceu. A expressão dela era de choque, com a respiração presa.

“Homura-chan?” Nagisa disse preocupada.

Homura voltou a respirar ofegante, ficou piscando olhos. Depois ordenou. “Soltem ela, minhas crianças.”

As bonecas obedeceram, Nagisa se firmou como pôde com as mãos no chão.

Homura abaixou o arco, mas manteve a disposição. “O que... pretende fazer.”

Nagisa então falou. “A Lei dos Ciclos precisa de Madoka. Incontáveis garotas precisam da presença da alma dela por completo para não caírem em desespero novamente. Se ela não voltar, meu desejo será em vão. Ir para lá será um destino pior que a morte. Contudo...” Sorriu. “a Lei não precisa de Nagisa-chan.”

Homura ficou curiosa.

“Você tem o poder Homura-chan. De criar um mundo menor, sem demônios, Kyuubeys ou qualquer outra ameaça, um paraíso com somente eu e você.”

Homura semicerrou o olhar. “Para sempre?”

O sorriso de Nagisa ficou mais largo. “Sim... para sempre seremos felizes.”

“Crianças, saiam.” Homura ordenou, enquanto seu arco desaparecia.

As bonecas se retiraram do salão.

Estendendo sua mão esquerda, Homura invocou sua gema em forma de coroa. O brilho intenso irradiou sobre Nagisa, logo ela sentiu suas feridas se fechando. Até a roupa estava sendo concertada.

Então Homura ajudou Nagisa a se levantar. “Eu sinto muito Ma...Ma...”

“Eu nem consigo imaginar como é difícil para você.” Nagisa segurou a mão de Homura e levou ela até seu rosto. “Mas eu não irei te deixar, nunca mais.”

Homura em um ato reflexo, retraiu a mão que Nagisa segurava.

Nagisa desviou o olhar para baixo. “É... é difícil.”

Homura levou a mão até a boca, enquanto olhava para outra mão que segurava a gema. “O que eu fiz... para levar você a esse ponto.”

“Não se sinta culpada. Você simplesmente me ama, apenas isso.” Nagisa voltou a sorrir. “Homura-chan, agora posso retribuir isso. Vamos viver juntas! Podemos fazer isso agora!”

“Não.” Homura balançou suas asas. “Tenho que fazer uma coisa antes.” E então saiu voando, até alcançar o mecanismo do relógio no teto.

“Homura-chan?” Nagisa chamou em voz alta.

Pousando sobre a maior engrenagem, Homura voltou a falar. “Como você deve saber, na época em que eu lutava para mudar seu destino, meus poderes para controlar o tempo eram provenientes do meu escudo.”

“Sim, eu sei.” Nagisa confirmou.

“Isso é algo que nunca compartilhei com ninguém, mas qualquer alternativa em que fosse possível obter uma vantagem, eu explorei. Me espelhando na Tomoe-san, eu procurei compreender melhor minha magia.” Homura passou o dedo na engrenagem, sentindo a ferrugem. “Descobri que meus poderes funcionam com qualquer relógio.”

“Estou ciente dos seus esforços.” Nagisa respondeu.

“Sim, mas o efeito era mínimo e consumia magia de forma insustentável mesmo em curto prazo. Era mais eficaz com relógios de maior porte, mas não era ainda o suficiente.” Homura colocou a sua gema em forma de coroa em uma ponta da engrenagem. “Então comecei a estudar minuciosamente o design do meu escudo. Era muito difícil, já que não podia desmontá-lo.”

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A salamandra desceu pelas costas de Homura e foi até o outro lado da engrenagem, onde ficou aguardando com a sua gema na cauda.

“Eu nunca desisti, mas infelizmente eu só pude compreender uma parte da complexidade. Contudo foi proveitoso. Esse é o fruto desse trabalho.” Homura abriu os braços e ficou olhando para as engrenagens do mecanismo. “Fufufwahaha. É claro que não era muito prático e para que eu pretendo fazer agora, eu não conseguiria mesmo com uma gema plenamente purificada. Porém agora tenho o poder que preciso.”

Nagisa estava estupefata. “O que pretende fazer?”

“Fufufu...” Os olhos de Homura novamente brilharam. Começando a partir da gema, a ferrugem das engrenagens começou a ir embora.

Homura desceu até Nagisa.

Sem a ferrugem, as engrenagens, assim como o pêndulo, voltaram a trabalhar novamente.

Nagisa estava mesmerizada, observando o mecanismo trabalhar cada vez mais rápido.

O pêndulo ia de um lado para o outro freneticamente. A engrenagem onde a coroa e a salamandra estavam girava tão rápido que se formou um borrão, onde não era mais possível discernir a qual gema pertencia aquela aura violeta.

“É melhor se segurar.” Homura abraçou Nagisa.

Os olhos de Nagisa não mentiam: Do chão e parede que restavam no salão, ela percebeu que o branco estava sendo substituído por um azul claro e a linhas vermelhas agora eram negras.

Foi nessa hora em que o salão começou a girar, cada vez mais rápido. Por onde quer que olhasse, aquela pintura azulada e linhas negras espiralavam para um ponto no infinito.

Que se aproximou rapidamente.

/人 ‿‿ 人\

Os olhos de Nagisa se abriram.

Ou melhor dizendo, ela não tinha certeza se estavam fechados antes. Só podia concluir que havia voltado a enxergar e o que viu a deixou boquiaberta.

Já era dia e ela estava no caminho para escola. Seu vestido rosa e mochila vermelha nas costas. As pétalas das cerejeiras acompanhavam os estudantes que passavam por ali.

“Bom dia.”

Nagisa se virou e encontrou Homura em seu uniforme escolar, usando seu brinco e, também, um laço vermelho amarrado na cabeça.

Logo atrás da garota de cabelos escuros, havia uma curiosa criatura: sua cabeça era como um chumaço de algodão com um grande bigode preto, seu corpo tinha forma de cone e terminava em pernas que pareciam coloridas asas de borboletas.

“Oh.” Homura passou a mão na cabeça da criatura. “Nessa época ainda havia muitos resquícios da Lei dos Ciclos, mas dessa vez não precisarei lidar com isso.”

Logo uma das bonecas de Homura apareceu e segurou aquela criatura pelo corpo. Depois foi até as outras que estavam brincando de ‘guerra de travesseiros’ usando a cabeça dessas criaturas.

“Homura-chan, hoje é o primeiro dia...” Nagisa falou.

“Eu vi você sofrer e morrer tantas vezes. No mínimo você mereceria viver feliz na mesma quantia.” Homura disse em tom melancólico. “Contudo agora eu sei que não vai ser dessa forma... Madoka.”

Nagisa deu um singelo sorriso, mas depois perguntou. “Então por que voltamos?”

Homura suspirou. “Para consertar algumas coisas e se despedir. Não acha isso bom?”

Nagisa franziu a testa. “Hum... C-claro.”

“Ótimo.” Disse Homura.

Nisso, uma loira passou por elas.

“Tomoe-san.”

Mami se virou, atendendo ao chamado de Homura. “Oi? Conheço você?”

“Não se lembra? Fufu. Nem da Bebe?” Homura fez um gesto, apresentando Nagisa.

“Oi Mami-s...hum...” Nagisa se conteve.

Mami olhou para Nagisa, arregalou um pouco os olhos e piscou algumas vezes. Voltou com um olhar interrogativo para Homura e por fim arregalou mais uma vez. “A-Akemi-san?” Começou a olhar envolta. “O que... o que aconteceu? O que você fez?”

“Está tudo bem. Eu só quero me despedir de uma forma mais apropriada. Uma última e doce lembrança.” Homura sorriu.

“Se despedir?” Mami questionou, curiosa.

“É verdade o que ela diz, Mami.” Nagisa assegurou.

“Você entenderá no caminho.” Homura complementou. “Temos que encontrar as outras.”

Homura saiu andando, deixando para trás uma Mami confusa, que ficou trocando olhares com Nagisa.

Nagisa forçou um sorriso.

As duas seguiram Homura até ela parar e olhar para uma das árvores.

Sentada no galho, com um saco de papel cheio de maçãs, Kyouko comia e oferecia os restos para os inúmeros pássaros negros empoleirados.

“Ei você!” Chamou Homura.

Kyouko olhou, sem ter idéia de quem era. “O que cê quer?”

Homura estendeu a mão. “Eu gostaria de uma maçã.”

Kyouko ficou um pouco desconfiada, mas jogou uma maçã. “Pega aí.”

Logo após segurar a maçã, Homura arremessou ela e acertou em cheio uma das aves, assustando as outras logo em seguida.

A revoada de pássaros desequilibrou Kyouko. “Quê! Who...WHOA!” E acabou caindo.

“Akemi-san!” Mami em tom de repreensão.

“Está tudo bem.” Respondeu Homura.

Em um salto, Kyouko se levantou. “Ah... Que merda é essa, Homura?!” Avançou em direção a Homura, pulando sobre o córrego que separava o calçadão do jardim das cerejeiras.

Encarou Homura cara a cara, com as veias saltando para fora. Então se deu conta da presença de Mami e Nagisa. Depois viu o que estava vestindo. “Que merda é essa, Homura?!”

“Eu iria perguntar o mesmo.”

Todos direcionaram sua atenção para Sayaka, que chegou correndo.

“S-Sayaka?” Kyouko ficou atônita. “Você ainda está aqui?”

“Bebe também está conosco, Kyouko.” Disse Mami.

“Pois é.” Nagisa disse tímida.

“Você tem idéia do que fez?” Sayaka falou irritada.

Homura juntou as mãos e pousou sua cabeça sobre elas, como se fosse dormir. “Que eu arranquei um pedaço da Lei dos Ciclos... blábláblá... que é só uma pequena parte dele... blábláblá... que são as recordações da Madoka antes dela deixar de existir... blábláblá...”

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“Nossa! Esse negócio de virar bruxa acaba com os miolos da gente.” Comentou Kyouko.

A confusão de Mami só aumentava. “Miki-san, tem idéia do que aconteceu?”

Mas Sayaka ignorou a pergunta, seu foco era somente Homura. “Com qual direito você acha que tem para ter feito isso?”

“Não se preocupe, acabará logo.” Homura respondeu. “Deveria ficar feliz, não vai me aturar quando voltar para lá.”

“O que está dizendo?” Agora até Sayaka ficou confusa.

“Como eu já havia conversado com Tomoe-san, essa é uma despedida para todas vocês.” Subitamente, Homura ergueu a cabeça. Seu brinco balançou. “Ah! Madoka está vindo, vamos dar as boas vindas. Sim?”

Hoje era o primeiro dia na escola depois de sua longa estadia no Ocidente e Madoka estava bastante ansiosa. Será que muita coisa havia mudado? Ao menos o uniforme não e até combinava com os laços amarelos que ela estava usando. Ela tinha a esperança de fazer grandes amizades.

No entanto ela parou quando se deparou com cinco garotas na frente do portão da escola, quatro que deveriam ser aproximadamente da mesma idade que ela, enquanto uma era bem mais jovem. Todas tinham a atenção voltada para ela. Até que a garota de cabelos azuis curtos correu em sua direção.

“Madoka!” Sayaka colocou as mãos em Madoka. “Tudo bem contigo?”

Madoka disse assustada. “O-oi?! Como sabe meu nome? É da minha sala?”

Ao ouvir aquelas indagações, Sayaka rangeu os dentes e virou para Homura. “O que fez com ela? Traga ela de volta!”

Homura se aproximou, revirando os olhos. “Eu disse que era para dar as boas vindas e não agarrá-la. Deixe comigo.”

Sayaka largou Madoka, mas ficou com uma expressão de suspeita.

Homura segurou Madoka pelos pulsos.

“Isso é... bullying?” Madoka estava mais assustada ainda.

“Não.” Homura sorriu. Aquela voz. Aquelas mãos. Aqueles olhos. “Madoka. Meu nome é Homura Akemi, mas pode me chamar de Homura.”

“Homura...” Repetiu Madoka.

“Eu amo você.”

Sayaka foi a primeira a reagir com a declaração de Homura. “C-como é?!”

Kyouko arregalou os olhos. “Esse negócio de virar bruxa...”

Com rubor, Mami escondeu o rosto com as mãos.

Nagisa também corou, mas, ao invés de se esconder, sorriu muito.

Já Madoka ficou catatônica. “Homura...Homu...” Até seus olhos começarem a brilhar em um tom dourado. Uma poderosa aura mágica emanava dela e tudo a sua volta começou a ser tomado pelo ambiente estrelado do cosmos.

Apenas as garotas permaneceram.

“Cruzes! A loucura não termina!” Kyouko se abaixou, temendo ser atingida por um cometa que passava por ali.

Mami estava desorientada e ao mesmo tempo maravilhada. “Incrível...”

Nagisa estava tranqüila.

Sayaka falou, contente. “A Lei será restaurada.”

O cabelo de Madoka esvoaçou, seus laços amarelos foram embora. Ela olhava para o espaço sideral. “Eu me lembro... Homura-chan.”

Madoka puxou um pouco seus braços e segurou as mãos de Homura. Olhou para ela e disse. “Enquanto estiver me segurando, nós não iremos nos separar.”

“Entendo.” Homura balançou a cabeça, confirmando.

Sayaka ficou olhando para as duas. “Hum... Ei transferida, quando você falou em amor...”

“Eu amo Madoka. Por esse sentimento que cresceu dentro de mim, eu cometi pecados. Contudo não me arrependerei de nada ou estaria traindo meu desejo.” Homura então entristeceu. “Mas eu sei que Madoka precisa retornar. Devo aceitar que não irei mais vê-la. Esse é o preço do meu ato.”

“Como assim?” Sayaka indagou. “Madoka veio buscar você.”

“Eu não posso mais Sayaka-chan.” Madoka respondeu em tom triste. “Homura-chan não é mais uma bruxa e também não é mais uma garota mágica.”

Mami perguntou. “Kaname-san? Então o que vai acontecer com ela?”

“Ao obter um fragmento da Lei, ela adquiriu uma porção do seu poder. Eu não posso obtê-lo de volta. Homura-chan tem o mundo à sua mercê.” Concluiu Madoka.

“Cê ta brincando, né? Ela virou uma deusa?!” Kyouko exclamou.

“Fufu. Deusa? Não...” Homura olhou para Sayaka com malícia. “É mais apropriado dizer que sou o diabo.”

Sayaka ficou com uma postura mais tensa. “Acha que vou deixar isso acontecer?”

“Eu sei que tu tentaria, mas não vai precisar.” Continuou Homura. “Eu abdicarei dessa posição. O mundo voltará ao que era e eu me exilarei.”

“Então é por isso que quer se despedir.” Mami compreendendo, falou consigo mesma.

“É uma decisão muito sábia, Homura-chan.” Apesar de concordar, Madoka contorceu sua face. Lágrimas começaram a se formar.

“Não chore. Não gosto de vê-la chorar, Madoka.” Homura queria enxugar aquelas lágrimas, mas não podia soltá-la. “Eu estou feliz em saber que você realmente existe e que meu desejo foi realizado. Saiba que, onde quer que eu esteja, terei uma parte de você.”

Madoka segurou o choro e sorriu como pôde.

“E não quer dizer que voltará de mãos vazias.” Homura pendeu a cabeça para esquerda. Seu brinco em forma de uma salamandra negra ganhou vida e caminhou pelo braço de Homura até chegar em Madoka.

Madoka leu as runas que estavam escritas sobre o torso daquela salamandra.

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“Tomoe-san, Sakura-san, venham aqui.” Chamou Homura.

“Hã?! E como? Andando?” Kyouko olhava para baixo, onde só havia o espaço.

“Vem logo!” Disse Sayaka.

A primeira a começar a andar foi Nagisa, sendo seguida pela Mami.

Então Kyouko fez o mesmo, parecia que o pé conseguia se firmar naquele nada.

Quando elas chegaram, Homura começou. “Se vocês acabaram envolvidas nisso tudo, é por minha culpa. Foram grandes companheiras de batalha e não mereciam esse tratamento.”

“Akemi-san, estou lisonjeada, porém também triste em saber que irá partir dessa forma.” Respondeu Mami.

“Heh.” Kyouko deu sorriso de lado. “Dá pra ver que tu fez alguma cagada, mas quem não faz? E esse seu poder todo seria útil para lidar com os demônios.”

“Não Sakura-san. Esse mundo não terá futuro comigo.” Respondeu Homura. “Miki-san.”

Sayaka atendeu. “Diga diabo.”

“Fufu.” Riu Homura. “Proteja Madoka.”

“Vai falar o óbvio?” Sayaka cruzou os braços.

“Não. Eu tenho outro favor para pedir. Gostaria desamarrasse o laço em minha cabeça e entregue para ela.”

“Não!” Madoka apertou as mãos de Homura. “Não. Ele fica bem em você.”

Homura estava ainda mais sorridente, mas uma singela lágrima escorreu pela sua face.

Foi então que Nagisa abraçou Homura.

“Bebe?” Disse Mami, surpresa.

Nagisa disse para Madoka. “Eu quero ir com ela.”

“Como?!” Sayaka arregalou os olhos. “É claro que você não vai, Nagisa.”

“Ela vai ficar só.” Nagisa respondeu. “Eu também fiquei sozinha por muito tempo. É muito cruel! Eu não posso deixar isso acontecer.”

O olhar dourado de Madoka e o laranjado, com um toque de amarelo, de Nagisa ficaram por alguns segundos, um sob o outro. Até que a garota de cabelos rosas pronunciou. “Claro.”

“Madoka!” Espantou-se Sayaka.

“É uma decisão dela e se isso a deixará feliz...” Continuou Madoka. “Concorda Homura-chan?”

“Certamente. Ela pode vir comigo.” Homura olhou para Nagisa. “Bem... é hora de ir embora.”

“Homura-chan.” Madoka chamou atenção dela.

Homura voltou a sua atenção para a pessoa que ela amava. No ombro direito de Madoka, a salamandra, sua bruxa, observava atentamente.

Seu coração começou a bater mais forte e suas mãos pareciam estar coladas. Homura começou a respirar fundo, como se estivesse prestes a dar um passo. Um passo onde a garota das suas doces recordações não estaria mais ali.

Madoka reagia da mesma forma.

Depois de respirar tantas vezes, Homura viu que aquilo não estava adiantando. Decidiu fazer o contrário: prender a respiração, pronta para mergulhar no abismo.

Soltou.

Porém Madoka segurou ela com mais força ainda.

Homura arregalou os olhos.

Madoka começou mexer os lábios de forma muito sutil. Até mesmo para visão sagaz de Homura e sua experiência com leitura labial.

“**s**o***e**m***n*****n**”

Então Homura viu que, a partir de suas mãos, começou a se desintegrar em uma aura violeta. Fenômeno semelhante estava acometendo Nagisa.

Homura podia jurar, nesses últimos momentos, que a salamandra que estava com Madoka sorriu. Era um sorriso malicioso e a gema em sua cauda brilhava e balançava.

Até que a realidade se fragmentou.