Sara e Veronika estavam no carro, a caminho da casa de Douglas Hummer. Enquanto Sara mexia em seu celular, Veronika puxa assunto.

–Então... -Sara a olha. -Você está com muita raiva do Grissom? -Veronika não tira os olhos da estrada, embora tivesse percebido o desconforto de Sara com a pergunta. -Não precisa responder com palavras se não quiser. -Ela olha para Sara.

–Eu estou grávida dele... -Sara responde cabisbaixa.

–Eu sei... -Veronika responde e percebe a confusão na expressão de Sara. -E a Catherine não precisou me contar.

–Eu não acredito que ele só apareceu agora, eu já estou com oito semanas de gravidez. E foi ele quem me chamou para visitá-lo no Chile e depois, agiu como um cretino.

–Conheci dezenas de homens como o Grissom e sei exatamente do que você está falando, mas não vai poder ignorá-lo por muito tempo afinal, está esperando um filho dele. -Veronika dizia sem tirar os olhos da estrada.

–Fomos casados por 4 anos e ele nunca me contou sobre você. -Sara dizia enquanto mexia nas unhas.

–Eu também sei como se sente com relação a isso... Eu não sou uma ameaça para a felicidade de vocês, isso você pode ter certeza. E como eu havia dito, poucas pessoas sabem sobre a minha existência. Eu já sou ameaçada de morte todos os dias e se descobrirem que sou filha do Warrick, aí é que me matam e sem aviso prévio. Meu pai ainda está na lista negra do McGee. -Sara a olha assustada com o relato. Elas chegam na casa de Douglas Hummer e rapidamente entram no prédio, que era bem luxuoso.

–Nada mal para um professor de artes marciais... Nada mal mesmo! -Veronika diz e observa um pequeno sorriso em Sara. Elas entram no elevador e rapidamente chegam ao andar do apartamento dele e a primeira reação delas ao entrarem no ambiente é de surpresa. A casa estava completamente bagunçada, com copos e garrafas de vidro espalhados no chão e uma grande poça de sangue próximo a janela, que estava entreaberta e com várias manchas de sangue por todo o comprimento. Via-se sangue pelo balcão que dividia a sala da cozinha e também no sofá branco que ficava no meio da sala. Havia um vaso quebrado atrás do sofá e andando próximo a escada, Veronika pega um colar preto com o pingente em forma de cruz.

–Acho que já vi esse colar em algum pescoço! -Veronika levanta o colar e o mostra para Sara.

–Será que é o mesmo pescoço em que eu vi? -Sara pergunta já desconfiando da dona dele.

–Vou olhar lá em cima. -Veronika sobe lentamente as escadas, seguindo o enorme corredor, enquanto Sara documentava cada pedaço da casa. Ela recolhe um fio de cabelo que estava mergulhado na poça de sangue e o guarda em um pequeno saco plástico, o guardando em seguida na sua maleta. Logo após, enquanto mexia no aparador que ficava próximo a escada, ela observa Veronika descendo lentamente as escadas e parando em sua frente.

–Alguma outra evidência? -Sara fala sem tirar os olhos dos papéis presentes na gaveta do aparador.

–Só um quarto de sadomasoquismo... -Veronika responde com naturalidade. -Tem muitos apetrechos que podem conter DNA. -Sara a encara novamente, fechando a gaveta do aparador e pegando sua maleta.

–Então vamos até lá! -Sara começa a subir as escadas, seguida por Veronika, que passa em sua frente para mostrar o quarto, que era diferente do que estavam acostumadas. A parede do quarto era feita de vidro e havia uma porta de madeira ao lado, que era a única entrada do quarto.

–Voyeurismo? Nada mais me surpreende nesse caso. -Sara fala com um toque de humor em sua voz. -Você entrou no quarto? -Pergunta olhando para Veronika.

–Não precisei... Daqui eu vejo tudo. -Responde. -Mas podemos entrar agora. -Ela abre a porta e entra no quarto, seguida por Sara. A iluminação era fraca, com luzes pontuais no teto e uma luminária ao lado de um divã preto com detalhes em dourado na parede. Havia uma poltrona de couro no meio do quarto e uma bateria de carro ao lado, com dois fios parcialmente desencapados entendidos pelo chão. A esquerda, tinha uma mesa de inox com cintos de couro e um longo chicote entendido sobre a mesa, além de duas algemas de couro e uma máscara que cobria a boca e o nariz. Sara olhava cada detalhe do quarto e fotografava tudo, incrédula com o que via.

–Você e o Grissom já fizeram isso? -Veronika pergunta e Sara se assusta. -Digo, voyeurismo? Já fizeram? -Sara continua a encara-la assustada, mas logo desvia o olhar e, sem responder, continua a fotografar os objetos que estavam sobre a mesa.

...

Morgan estava com as fotos da autópsia de Douglas Hummer e de Christopher Walker espalhadas sobre a mesa da sala de DNA. Concentrada nas fotografias das mordidas, ela não percebe a entrada de Catherine e Grissom no ambiente.

–Oi! -Grissom diz e Morgan se assusta. -Atrapalho? -Ela o olha rapidamente e, em seguida, passa o scanner sobre as fotos.

–Não, imagina! Só estou um pouco mais dedicada a resolver esse crime. -Morgan responde com um meio sorriso no rosto.

–Alguma novidade? -Catherine pergunta.

–Eu consegui montar o quebra cabeça encaixando as mordidas e, visualmente, são muito parecidas. Percebem os dentes superiores totalmente alinhados? -Ela aponta com uma caneta para ambas as fotos. -Percebi que os caninos estão exatamente na mesma posição em ambas as fotos e possuem o mesmo formato, por isso, escaneei as imagens e joguei ambas no Banco de dados e espero por um resultado. -O computador solta um pequeno alarme indicando a conclusão da busca e Morgan rapidamente imprime o resultado. -Bom, de acordo com a análise da carga dentária, possuímos um único doador e é uma mulher.

–E quem é a mulher misteriosa? -Catherine pergunta olhando para o computador.

–O nome dela é Heather Kesller. -Grissom olha para Catherine e em seguida, abaixa a cabeça e fecha os olhos.

–Morgan, faça a análise novamente. -Catherine diz e Morgan a obedece.

–Heather Kesller. -Grissom se vira para sair da sala quando ouve seu celular tocando.

–Veronika, algum problema? -Pergunta alterado.

–Grissom... Eu sofri um acidente de carro com a Sara. Eu... Eu a trouxe para o hospital, mas ainda não sei como ela está e...

–Estou a caminho! -Ele desliga o celular e se vira para Catherine.

–O que aconteceu? Veronika está bem? -Ela pergunta preocupada.

–Ela é Sara sofreram um acidente de carro. Estão no hospital! -Catherine leva ambas as mãos a boca e o encara assustada. Sem falar mais nada, ambos saem da sala em direção ao elevador.

...

Veronika andava pela sala de espera de um lado para o outro enquanto tentava obter alguma notícia sobre o estado de saúde de Sara, mas não obteve sucesso. Ela para no meio do corredor quando avista Grissom e Catherine se aproximando rapidamente e então ela começa a chorar enquanto tentava explicar para eles o que havia acontecido.

–Eu juro... Eu juro que não estava correndo, ou... Ou ultrapassei o sinal enquanto dirigia e... Outros carros também foram atingidos e um até capotou e... - Ela soluçava enquanto Catherine a abraçava forte, mas a solta rapidamente quando Veronika solta um gemido de dor.

–O que você tem? -Ela pergunta preocupada.

–Nada, é só... -Veronika levanta a blusa e mostra um grande corte ao lado esquerdo de seu tronco.

–Veronika, você está ferida! -Catherine acena para a enfermeira que estava próximo ao trio, que rapidamente puxa Veronika para a sala de curativos. Grissom, que observava tudo com atenção, começa a caminhar de um lado ao outro da sala de espera.

–Grissom, ela vai ficar bem. E a Veronika não faria nada para machucá-la, disso você não tem como duvidar. -Catherine tenta consolar Grissom e avista o médico caminhando em suas direção.

–O senhor é o marido de Sara Sidle? -O médico direciona seu olhar para Grissom, que rapidamente se ajeita para falar cm o médico.

–Minha esposa está bem? E o meu filho? Como eles estão? -Grissom olhava aflito para o médico, que se divertia com a preocupação é solta um largo sorriso antes de se pronunciar.

–Calma, senhor Grissom, vamos com calma. A sua esposa está bem sim e seu filho também. A batida não foi tão forte assim e parece que a sua esposa está inteira, diferente da outra motorista. -O médico agora olhava para Catherine e o sorriso que tinha no rosto desaparece.

–O que aconteceu com a Veronika? -Catherine tentava controlar a emoção que sentia.

–A enfermeira a levou para fazer um raio-X e parece que ela fraturou três costelas e vai ter que fazer uma pequena cirurgia. Mas fora isso, ela se encontra estável. -Catherine se acalma com a notícia e olha para Grissom, que parecia ansioso.

–Será que eu posso ver a minha esposa? -Grissom pergunta.

–Claro! Na verdade, ela pediu mesmo para vê-lo. Me acompanhe, por favor. -Grissom sorri e então, segue o médico até o quarto de Sara. Quando lá chegam, o médico apenas abre a porta e da espaço para Grissom entrar. Ele, por sua vez, se aproxima lentamente da cama de Sara e estende a mão para poder segurar a mão dela, que apenas sorri com o gesto.