A Vida

Especial: Apotermis Posena Thalico


Especial Apotermis/Posena/Thalico

Apotermis

Ártemis

Ártemis caminhava por seu templo calma. Sua túnica branca presa somente em um dos ombros balançava, causando na deusa uma sensação de liberdade e auto-suficiência.

Os cabelos ruivos estavam presos em uma elaborada trança embutida, que caia por seu ombro direito. As sandálias, peças somente usadas pela deusa quando estava no Olimpo, não faziam barulho algum contra o piso de mármore.

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Ártemis suspirou ao ver a porta de seu quarto no fim do corredor. A deusa da Lua acabara de sair de um reunião, a última de muitas, ela esperava. Pela misericórdia das parcas as coisas ficariam mais calmas agora que todos estavam a salvo, finalmente.

A deusa da caça não tinha nenhum filho ou neto lá, como a maioria dos outros deuses, mas tinha grande afeto por muitos ali. Principalmente por Thalia, sua meia-irmã ex-caçadora. Tinha um imenso carinho pela garota e ficara realmente preocupada quando soube de seus riscos. Mas, bem, agora estava tudo certo.

Ártemis abriu a porta do quarto com um suspiro, mas nem teve tempo de admira-lo. Assim que a porta se fechou, seu corpo foi prensado contra a mesma. A ruiva só teve tempo de ver um flesh loiro antes de ser envolvida em um beijo.

Ela sorriu ao sentir os tão conhecidos braços envolverem sua cintura e a colarem ao corpo do deus a sua frente. Suas mãos foram diretamente para os cabelos loiros do deus do Sol, que aprofundou o beijo.

Com Apolo todos os beijos eram quentes. Mesmo os calmos eram quentes, literalmente quentes.

Aos poucos Apolo diminuiu o ritmo e parou o beijo com alguns selinhos. Ártemis sentiu a testa do loiro se juntar a sua e os braços dele a abraçarem carinhosamente. Vagarosamente a deusa abriu os olhos e o fitou.

Os cabelos loiros estavam bagunçados de modo atraente. Ele vestia uma túnica masculina, afinal acabara de sair da reunião assim como ela. Os olhos dourados a fitavam alegremente e o sorriso em seu rosto ilustrava ainda mais sua felicidade.

– Demorou, amor - ele reclamou.

Ártemis sorriu e o abraçou, pousando a cabeça em seu peito.

– Deve ser porque vim andando - ela ponderou - Ao contrário de certas pessoas que provavelmente correram até aqui.

Apolo riu contra seus cabelos, fazendo a garota se arrepiar.

– Bem, estava com saudades - ele justificou a apertando um pouco mais - Não vejo a hora de podermos tornar nossa relacionamento público, assim não precisarei esperar tanto tempo para te beijar.

A caçadora suspirou.

– Você sabe que não podemos, pelo menos não agora - Ártemis constatou - As coisas acabaram de esfriar por aqui.

– Eu sei - ele disse - Mas não vejo a hora de mostrar a Hefesto que você é minha! Só porque roubaram sua mulher não quer dizer que precise secar a dos outros!

Ártemis se afastou o bastante para ver o rosto de Apolo. O semblante do deus estava fechado, claramente irritado com o pensamento.

Ártemis riu, beijou sua bochecha e entrelaçou suas mãos, fazendo com que as alianças se chocassem. Um sorriso bobo logo tomou conta do rosto do deus, que levantou as mãos entrelaçadas e fitou as alianças. A de Ártemis era de ouro e a de Apolo prata, representando um ao outro. Aquelas alianças jaziam nos dedos dos deuses há pouco mais de dois anos, quando realizaram seu casamento. Somente Hera, que dera a benção, e Hermes, que pegara o casal em meio a uma troca de afeto, sabiam de tal acontecimento.

Não tinha sido fácil. Apolo precisara abdicar de sua posição como deus dos solteiros,mas esta no fim acabou por ser passada a Hermes. O real problema havia sido o voto de castidade de Ártemis. Mas ela e a deusa da sabedoria logo descobriram que o voto era um pacto, portanto um contrato, e todo contrato tinha suas brechas.

Apolo beijou a mão da esposa.

– Você sabe que será logo, não é? - ele indagou - Não poderemos esconder por muito mais tempo.

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Ele soltou suas mãos e colocou a própria sobre a barriga de Ártemis, que já apontava, mas estava inteligentemente disfarçada pela túnica.

– Eles são dois, vão crescer rápido - ele afirmou - Logo não conseguiremos mais esconder.

Ártemis abaixou os olhos em direção a barriga e colocou a mão sobre a mesma, ao lado da dele. Só o contraste entre as duas já era significativo. A de Apolo era grande, os dedos era longos e tinha um tom bronzeado. Já a de Ártemis era branca como a lua, pequena e delicada, porém forte devido aos anos de caçada.

Ela sorriu ao pensar em seus filhos. Quanto tempo eles tinham? Duas? Talvez três semanas? Eram tão pequenos e já tão amados. Apolo nem precisara que ela apresentasse qualquer sintoma para descobrir. O deus da medicina simplesmente tinha acordado algumas semanas antes, a abraçado com lágrimas nos olhos e um sorriso no rosto, e dito "Eu vou ser pai".

Mas a deusa também temia por eles. Se somente o fato de ela e Apolo terem um relacionamento estável já abalaria o Olimpo, o que aconteceria quando soubessem que ela estava grávida de gêmeos? Ia ser no mínimo conturbado. Novas crianças sempre deixavam o Olimpo conturbado.

– Não se preocupe - ele disse acariciando a barriga da esposa - Não deixarei que te façam qualquer mal ou a eles.

Mas e ele? Apolo não podia garantir sua própria segurança, não é? Mas ela podia protege-lo. E ainda havia Hermes que estava do lado deles.

– Vai da tudo certo - ele garantiu.

Ártemis assentiu. Sim, tinha que dar tudo certo.

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Posena

Athena

Athena acordou feliz. Finalmente uma boa noite de sono, fazia semanas que não tinha uma. Desde que Annabeth fora raptada pesadelos e mais pesadelos atormentavam suas noites.

Mas naquele momento tudo estava bem. Sua filha, seus netos e seu genro estavam bem. Sim, seu genro. Algum tempo antes ela desenvolvera um afeto pelo rapaz, afinal passara a entender o porquê de sua filha gostar tanto dele.

Annabeth. Ela sempre soube.Sabia mesmo antes da própria Athena saber. Isso deixava a mesma um tanto irritada. Como sua filha podia saber de uma coisa que nem ela, a deusa da sabedoria, sabia? Quando o assunto era amor, ela era assim tão cega?

Bem, se era, esperava que não fosse mais. Agradecia por aquele amor. Por nos poucos anos que estavam juntos ter lhe trazido mais felicidade do que em um milênio quando estava só.

Lógico que havia existido resistência de ambas as partes no início, principalmente da parte dela, e muitos problemas em relação a seu pai. Mas no fim tudo acabou se moldando para que ela estivesse ali naquele momento. Afinal o amor era uma força quase tão antiga quanto Gaia e Urano, não havia quem pudesse lutar contra ela. Nem a deusa da sabedoria, ou o deus dos deuses.

Athena se aconchegou junto ao corpo do marido. Ela tinha demorado um pouco a se acostumar com Atlântida, mas com o tempo passara a gostar mais de lá do que qualquer outro lugar. Eles viviam num palácio seco, envolto por uma resistente bolha, que permitia a entrada e saída de seres em geral, mas não da água. O palácio era fantástico e a arquitetura do local só seria mais impressionante se fosse obra da própria Athena.

A deusa passou o braço pelo abdômen do marido, na esperança de abraça-lo, mas algo a impediu. Ela abriu os olhos confusa, tentando entender com o que sua mão tinha se chocado, quando o viu.

Um garotinho dormia em cima de Poseidon. Os cabelos castanho escuros como o dela, porém lisos como os do homem, caiam bagunçados sobre o rosto do menino. A pele levemente bronzeada e macia, por conta da idade, estava parcialmente coberta por um pijama, formado por shorts azuis e uma camisa branca com um tubarão desenhado.

Athena sorriu. Quatro anos, essa era a idade do pequeno. Seu primeiro filho natural. O primeiro que não viera do cérebro, e sim de seu ventre. O primeiro fruto de um amor.

Distraídamente (N/A : quem se importa se o Word não reconhece essa palavra?) notou que o cabelo do menino estava grande, chegando a cobrir seus olhos. Analisou sem muita pressa os traços do filho. Era uma boa mistura entre os dois, mas o formato dos olhos e o sorriso davam uma grande vantagem ao deus dos mares.

Ela percebeu que pai e filho babavam, um sobre o travesseiro e o outro sobre a camisa do pai. Subitamente se lembrou que seu genro e neto também tinham aquele costume. Será que era algo adquirido por todos os homens daquela família? Com cuidado a deusa fechou a boca do marido e a do filho. Este último, que já esta com o sono leve, acordou.

A boca se abriu lentamente em um bocejo. Uma mão coçou os olhos, que logo se abriram. Eles eram de um verde claro um tanto acinzentado, uma cor única com toda a certeza.

– Mamãe - disse o pequeno Phillip descendo do pai e abraçado a mãe.

A deusa o abraçou, apoiando-o na cama.

– Pesadelos, meu amor? - ela perguntou tentando entender o motivo de ele ter dormido em sua cama.

– Não - ele respondeu inocentemente - Estava muito escuro...

Claro, o escuro. O grande monstro para o seu filho. Ela não o culpava. Eram nas trevas que viviam os monstros e por onde as criaturas do mundo inferior se locomoviam. Todos os seres racionais tinham medo do escuro.

– Por que não me chamou? - ela perguntou já que o menino sempre a acordava.

– O papai não deixou - explicou Phillip - Ele disse que você precisava dormir.

Athena sorriu. Aquele era Poseidon. Era evidente que ele também precisava dormir, afinal,além de lidar com todas as preocupações,tivera que lidar com uma Athena, por vezes, um tanto desequilibrada e uma criança assustada. Mas ele preferira sacrificar seu sono para deixa-la dormir.

Athena abraçou o filho novamente, qua apoiou a cabeça em seu peito e fechou os olhos. O temperamento de Phillip era difícil de se entender, afinal não era totalmente como o da mãe, e nem como o do pai. Ele era uma criança relativamente tranquila, fazia suas brincadeiras, afinal era uma criança, mas não arrumava problemas. Pelo menos não sérios. Amava ler e tinha uma paixão tão grande quanto pela água. Gostava de estar no controle e não lhe agradava que o contrariassem quando tinha certeza que estava certo. Mas era carinhoso e amigo.

Athena estendeu a mão, arrumando o cabelo do filho, e logo sentiu uma mão sobre seu rosto.

– Parece que tem alguém acordada - ele brincou.

Athena sorriu fracamente.

– Devia ter me acordado - ela disse - Você mais do que ninguém merecia uma noite bem dormida.

Poseidon negou com a cabeça.

– Não, você precisava descansar - ele refutou - E além do mais, nós dormimos bem, não dormimos garotão?

Poseidon bagunçou os cabelos do filho, que sorriu e abriu os olhos para olha-lo.

– Aham - ele afirmou - Mamãe você tinha que ver a história que o papai contou! Tinha bem um...

Athena sorria acompanhando a história sem sentido que o marido inventara na madrugada anterior. Sua família estava ali, e a que não estava ali ,estava bem, isso era tudo o que importava.

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Thalico

Thalia

Thalia acordou completamente desperta. Cuidadosamente virou a cabeça em direção a babá eletrônica em cima do criado mudo de seu quarto. Silêncio. Era esse o único som.

A garota deitou a cabeça novamente e percebeu que estava sobre o peito do marido. Sentiu os braços dele envolvendo sua cintura e viu sua cabeça caída no travesseiro perto da dela. Eles estavam abraçados, como sempre.

Thalia sorriu. Nico, desde a morte de Bianca, se tornara anti-social e não gostava de contatos físicos. Mal cumprimentava alguém, e abraços eram muito raros. Porém com ela ele não era assim, nunca tinha sido. Sempre fora carinhoso e desde de que começaram a namorar dormia daquela maneira, abraçado a ela.

A filha de Zeus gostava de se vangloriar dizendo que tinha melhorado-o, pois depois que a conheceu Nico se tornou mais simpático e mais alegre. Mas ela sabia que não era ela o motivo daquilo, e sim o amor que ele sentia por ela.

Com cuidado a morena se desvencilhou do marido e levantou-se da cama. Sabia que não podia demorar muito a voltar, ou ele acordaria. Ela voltou a conferir a babá eletrônica. Silêncio.

Tinha alguma coisa errada, ela sabia. Seu instinto de mãe dizia.

Quem diria que um dia Thalia Grace (agora Di Ângelo) teria instinto materno? Quem diria que um dia ela seria mãe de três filhos? Se alguém tivesse dito isso a ela anos antes provavelmente teria levado um soco. Mas ela não se arrependia de ter tido seus filhos. Nunca se esqueceria da expressão de Nico quando soube que ela estava grávida pela primeira vez, e ainda mais quando soube que seriam gêmeos.

Ela se lembrava da alegria que teve ao sentir os filhos chutarem ainda dentro de sua barriga, ao pega-los em seus braços pela primeira vez... Depois de Alex e Dylan ela havia ficado mais calma. Abdicara da maquiagem pesada, mas não das roupas pretas. Não era mais tão agressiva ou estourada.

Calmamente,Thalia caminhou para fora do quarto e na direção do de seu filho mais novo. O noite era quente, ela podia sentir o brisa levemente fresca entrar pela janela do corredor. A pouca luz que iluminava o local vinha do andar de baixo, provavelmente da sala.

A morena logo chegou aporta do quarto do bebê e abriu-a vagarosamente. A cena que viu confirmou suas suspeitas.

Alex estava parada no meio do quarto, iluminado somente por um abajur. Ela vestia um pijama formado somente por um short bem curto branco e uma camiseta preta. Os cabelos negros e lisos da garota estavam presos em uma trança de lado e os pés descalços. Nos braços ela segurava um pequeno bebê, este chorava baixinho enquanto ela tentava nina-lo. Os olhos azuis como os da mãe brilhavam em meio a escuridão.

– Vamos pequeno - ela pedia - Eu já não sei mais o que fazer.

Thalia entrou no quarto e olhou para a babá eletrônica. Desligada. A morena revirou os olhos, com certeza Alex tinha desligado.

– Filha? - ela chamou.

A garota virou na direção da mãe,surpresa. Thalia se aproximou dela silenciosamente.

– Como você acordou? - perguntou Alex enquanto a mãe pagava o pequeno de seus braços - Fiz de tudo para não fazer barulho.

Assim que o pequeno encostou no peito da mãe,se aquietou.

– Sexto sentido - respondeu Thalia, Alex olhava-a atônita - Você devia ter me chamado.

A neta de Zeus esfregou o pé direito no chão, criando uma atrito e consequentemente uma pequena descarga de energia.

– Você quase não tem dormido, e eu sei cuidar dele - ela se explicou - Mas por algum motivo não consegui faze-lo parar de chorar...

Thalia sorriu. Não era muito diferente de Alex quando nova. Nas poucas lembranças que tinha de sua infância,antes de fugir de casa,via claramente a imagem de Jason chorando em seu colo, e ela sem saber como faze-lo parar. Ao contrário de Alex, ela nunca teve uma mãe para socorre-la.

– As vezes ele só precisa de um colo de mãe - disse Thalia - Agora volte para a cama. Está tarde e você tem aula amanhã.

Alex suspirou derrotada e se aproximou da mãe. Ela passou a mão pela cabeça do irmão e disse:

– Boa noite, pequeno.

Thalia puxou-a com a mão livre e deu-lhe um beijo na testa. Alex sorriu e saiu do quarto.

Com muito cuidado a filha de Zeus se dirigiu a poltrona que ficava no quarto do filho. Ela sabia que ele ainda estava acordado, mas não queria que despertasse.

Seis meses. Essa era a idade do pequeno Zachary Di Ângelo. Ela ainda mal acreditava que ele estava realmente em seus braços, por pouco não o perdera.

Na viagem de volta no Argo II, Thalia passara muito mal e ficara todo o percurso na enfermaria, sobre os cuidados de Mila. Quando chegou a Nova Atenas foi imediatamente diagnosticada com anemia, tal que tinha afetado o desenvolvimento do bebê. Foram necessários muito repouso e vitaminas, mas mesmo assim o parto havia sido muito perigoso e seu filho mais novo passara a primeira semana de vida em uma encubadora.

Alguns dos médicos não acreditaram que Zac fosse sobreviver, mas ele resistiu. Pelo que pareceu Hades não queria seu neto junto dele tão cedo.

Alex e Dylan a ajudaram muito naqueles dias, principalmente a garota. Porém seu porto seguro sempre seria Nico, que a acalmara mesmo estando tão preocupado quanto ela.

Ela sentou na poltrona e acomodou o pequeno em seu colo. Thalia fitou o rosto do filho. Mais um idêntico a Nico, só o formato dos olhos e a cor deles fugia, pois eram dela. Os cabelos pretos eram o bastante para cobrir a cabeça de modo que, arrumados, não houvessem falhas. As bochechas macias e brancas, contrastando com os olhos azuis eletrizantes do menino, que no momento estavam fechados.

Zac abriu a boca e o chorinho voltou a ecoar pelo quarto. Thalia sorriu, ela conhecia aquele choro. Com calma desabotoou os dois primeiros botões de sua blusa, ajustou o filho e logo ele já estava mamando. A sensação era maravilhosa, diferente de qualquer outra coisa. Uma paz indescritível invadia seu corpo e uma felicidade ainda maior. Ela podia sentir as mãozinhas de seu filho segurando seu seio, os pequenos dentes que começavam a surgir na boca dele.

Ela ajeitou o roupa azul marinho do filho, conferiu se ele estava limpo. Pelo jeito era só fome.

Thalia ouviu um rangido, olhou para frente e suspirou. Em pé, no batente da porta, estava Nico. Eles estava descalço e usava um pijama formado de shorts e camisa, ambos pretos. Os cabelos negros estavam bagunçados e as pálpebras caídas. Com uma das mãos ele coçou os olhos, e passou a outra pelos cabelos, deixando-os ainda mais rebeldes.

A garota fez um sinal com a mão para que ele se aproximasse. Ele andou silenciosamente pelo quarto e ajoelhou ao lado da poltrona. Nico pousou a mão levemente sobre a cabeço de Zac, que abriu os olhos e fitou o pai por um momento, para depois voltar a mamar. O filho de Hades sorriu e fitou Thalia.

– Há quanto tempo está acordada? - ele perguntou - Nem ouvi ele chorar.

– Pouco mais de meia hora - ela respondeu - Nem podia ouvir, Alex desligou a babá eletrônica.

Thalia apontou para o aparelho apagado na cômoda. Nico riu baixo.

– Tinha que ser a sua filha - ele brincou.

A filha de Zeus encostou no marido e lhe deu um choque.

– Ela é sua filha também - ela revidou - Não podia te-la feito sozinha.

– Mas tem o seu gênio sem dúvida - ele disse esfregando o local do choque.

Thalia revirou os olhos.

– Ela só estava tentando ajudar - explicou - Queria que descansássemos.

Nico sorriu para ela e tirou uma mecha de cabelo do rosto da esposa.

– Nunca disse que ter o seu gênio era ruim.

Thalia agradeceu por estar escuro, mas tinha quase certeza que ele pode ver seu rosto corado. Ele ainda conseguia causar esse tipo de efeito nela, o único que conseguia.

Zac soltou seu peito e se aconchegou. A garota o levantou e bateu de leve em suas costas, até que ele arrotasse. Quando desviou os olhos do filho, notou que Nico estava com as mãos estendidas. Com muito cuidado ela passou o pequeno para os braços do pai, que o segurou e levantou-se do chão.

Thalia se lembrava da primeira vez que Nico pegara um bebê no colo, fora Dylan. Ele estava tão desajeitado que ela teve vontade de rir, mas o garoto não era mais assim. Agora era seguro, e segurava confortavelmente o filho enquanto balançava os braços bem devagar.

Ele se levantou da poltrona e arrumou o berço. Logo Nico se aproximou e colocou o pequeno no mesmo. Thalia observou o pequeno dormindo e sorriu as sentir os braços do marido a envolverem. Sem esperar muito, se virou para ele e enterrou as mãos em seus cabelos negros, o beijando.

Sim, aquela era sua família.

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– Onde ele está Hades?! - esbravejou Hermes.

O deus do Mundo Inferior se ajeitou em seu trono, já começando a se irritar.

– Eu já disse, ele fez sua escolha, não está mais aqui - respondeu Hades - Ele renasceu.

Hermes prendeu a respiração por um momento, tentando organizar seus pensamentos. Seu filho tinha renascido, provavelmente para tentar a Ilha dos Abençoados.

– Mas onde ele está? - perguntou o deus dos ladrões - Onde ele renasceu?

– Em uma boa família - disse Hades simplesmente.

Hermes cerrou os punhos. Seu filho já tinha sofrido muito em uma vida, não deixaria que sofresse novamente nessa outra.

– Mostre-me onde ele está, Hades!

Hades já estava irritado, mas precisava se acalmar, já esperava essa reação do sobrinho. Com um suspiro moveu a mão, criando uma mensagem de Íris.

De início Hermes não viu nada, mas então uma imagem se formou em meio a escuridão. Ele prendeu a respiração, conhecia aquele casal.

Uma mulher jovem de cabelos pretos e olhos azuis amamentava um pequeno bebê, enquanto um homem, também jovem,com a pele branca e os olhos tão escuros quanto o abismo, acariciava a cabeça do pequeno. O bebê abriu os olhos e fitou o pai, eram tão azuis quanto os da mãe.

– Como? - foi a única pergunta que Hermes conseguiu formular.

– Ele tinha uma promessa a cumprir, só ajudei - disse Hades finalizando a mensagem de Íris.