As escadarias reluziam a cada passo dado pelo casal. A beleza de suas roupas brilhantes, transmitia o poder que juntos, tinham eles. Ao longe, podia se ver, a copa das árvores, as luzes das estrelas refletiam sob o chão, que aos poucos tornava -se cristalino. Ela usava um vestido prendido por duas fitas sobre os ombros, que confundiam -se com a cor do vestido, que apertava -lhe a cintura, realçando suas curvas. Ele a olhava com os mesmo olhos apaixonados de sempre, usava uma túnica prateada, com alguns riscos verdes percorrendo o tecido, em suas mangas, podia -se notar as fendas de ouro que surgiam costurando a barra, combinando perfeitamente com o resto da veste.

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O palácio se encontrava dentro da Floresta, não havia muros ou muralhas percorrendoo, somente as árvores circundando as imensas escadarias, dando frente a Floresta, que parecia não ter fim. Ao chegarem ao topo da rampa, olharam para as luzes que pairavam sob suas cabeças, as estrelas iluminavam o grande salão, que abria para um grande jardim de inverno. Havia uma grande parede no fundo do salão, onde desenhadas, estavam duas árvores, uma com raízes profundas, emitindo luzes claras, enquanto a outra, parecia elevar seus galhos até o céu, deixando aquele canto do salão, dourado, como o sol.


– Está gostando? -perguntou Thranduill. Pegando gentilmente na mão de Lûmia, e a conduzindo salão adentro.


Ela olhou carinhosamente para ele, admirando os diversos detalhes que haviam sido preparados para a festa. A lira tocava ao som de um pequeno coro musical, soava como uma fonte correndo em direção ao mar, serena e contínua. Os casais aos poucos tomavam lugar na dança, rodopeavam lentamente indo de encontro com outros casais. As damas, encaravam seus pares, sem esquecer de quem ás havia lhe convidado para a dança, voltando ao mesmo passo, para seus senhores. Trajavam roupas de tonalidades alegres, com pouco brilho, transmitindo paz ao local, os senhores usavam túnicas semelhantes entre si que caiam em cascatas de tecidos até o solado do pé, combinando com o vestido da dama. Os mais velhos, ficavam a observar os mais novos apaixonarem -se e encantaram -se um pelo outro. Saboreando as doces taças de vinho sobre as mesas.


– Que belíssimo casal, Oropher. - disse um elfo, que estava em pé, ao lado do velho rei.


Oropher olhou para o casal, vendo -o se aproximar aos poucos de seu trono. Sentia de longe o poder percorrendo as veias de Lûmia, a coroa que imaginava pairando sob sua cabeça, seria esta, uma de ouro maciço, ou uma de prata. Ela reverenciou o Rei Elfo. Ao chegar próxima a ele, estendeu sua mão, para tocar a dele, um sinal de respeito. Ele levantou -se de seu trono, indo cumprimentar o filho, que estava de pé ao seu lado. Fitava lentamente o recém -casal, já havia ele um dia estado ali, no lugar deles, com uma rainha tão linda quanto ela.


– Seja bem -vinda, cara Lûmia. - disse o Rei elfo. Indo de encontro com Lûmia, ele inclinou a cabeça, e com um gesto simples, erguendo a mão, fez a música cessar.


Todos na festa, viraram -se para o rei, que erguia uma taça ao casal, os elfos juntos gritaram em homenagem aos dois.


– Salve o Rei Thranduill! Salve a Rainha Lûmia!! - gritaram todos juntos. O casal, trocou olhares apaixonados, e ao se beijarem, um raio cortou o céu, em um imenso estrondo, como o de uma explosão, Lûmia segurou -se nos braços de Thranduill, que a olhava calmamente.


– Está tudo bem querida! - disse ele tocando em seu rosto. - Nós ficaremos juntos, para sempre. - disse ele abraçando ela, no momento em que o raio, atravessou o salão, ao lado deles.


°°°


– Minha senhora? - perguntou uma elfa, entrando no quarto de Lûmia. - A senhora está bem? - perguntou a serva.


Lûmia olhou para a serva, sem entender oque estava acontecendo, fora um sonho, a festa, tudo não passava de uma visão.


– Estou bem Miranda, pode ir. - respondeu Lûmia, para a nova serva. Observar a atenção da nova criada, fez lhe lembrar de Ésthi, sua primeira e única amiga na Montanha, sempre esteve com ela, era a irmã que nunca teve.

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Ela levantou -se da cama, estranhando o clima quente que estava, as janelas estavam abertas, ventilando o quarto, as cortinas se esvoaçavam, revelando através do véu, ele, sentado na cadeira, folheando um livro. Thranduill, notou o movimento perto da sacada, e virou -se para Lûmia, mostrando um sorriso branco.


– Bom dia. - disse ele, fechando o livro.
Ela sorriu para ele, andou lentamente em sua direção, suando frio, devido ao sonho mal interpretado, levantou o olhar para de encontro com os dele, que perceberam o mal estar. Thranduill ajudou à se sentar, e acomodar a cabeça no travesseiro do encosto da cadeira. Os cabelos dela, caíam em cascatas pelo acento, o vestido reluzia as cores claras do dia, que iam tomando vida, conforme o sol chegava.


– Bom dia. - respondeu ela, segurando sua mão sobre o peito.


– Oque houve neste sonho? - perguntou ele, passando a mão por seus cabelos.


Ela conteve a resposta, o sonho havia à deixado incomodada, parecia uma espécie de aviso, como algo vindo dos céus. Os raios cortavam o salão, vindo em direção a eles, enquanto Lûmia tentava escapar, Thranduill a segurava com força, junto dele, como se esperasse pelo próximo raio.


Ela olhou para ele, e com um gesto fez sumir a névoa de sua cabeça, procurava os sentidos por trás do sonho, mas não haviam pistas. - Não se preocupe meu amor, tudo ficará bem. - disse Lûmia, segurando no rosto gélido e branco de Thranduill.
Ele acentiu com um sorriso, enquanto ela olhava -o carinhosamente, vendo -o descer as escadas e indo jardim adentro.


°°°

– Eu preciso vê -la.- disse Oropher, com a voz falhando. As damas tentavam segura -lo na cama, mas eram repelidas por gritos de comando, de Oropher.


A elfa desceu correndo pelas escadarias, o vestido arrastava no chão, enquanto o véu sacudia pelo ar. As portas estavam fechadas ainda, e aos poucos o sol nascia no horizonte, ela segurou firmemente a barra do vestido na mão, e atirou -se contra a porta do quarto.


– Minha senhora. - disse a elfa, sem fôlego. - O rei pede para que venha ao seu encontro.


Lûmia olha para a elfa em tom de reprovação, ela se levanta lentamente do banco em frente a cama, pegando um manto verde musgo que estava jogado em cima do móvel, ela o joga por cima dos ombros, e sai caminhando pelo quarto, em direção a elfa.


Acompanhou o ritmo lento da desgastada serva, subindo por entre as escadas, indo cada vez mais alto, em direção aos quartos reais. Atravessaram uma grande passarela, que havia no centro do palácio, abaixo, podia -se ver as luzes do reino, que aos poucos iam -se acendendo. As árvores começavam a clarear, pelos raios que minavam de suas raízes, a cidade ia tomando cor. Ambas se surpreenderam ao verem a multidão que se amontoava na entrada do quarto, vários membros reais, empurravam e gritavam para terem visão do acontecimento dentro do quarto, o rei, estava morrendo.


Lûmia enfiou -se dentro da multidão, abrindo espaço junto aos guardas, Thranduill estava na entrada, ordenando a todos que se retirassem. Os servos saíam como formigas do formigueiro de dentro do cômodo, os membros reais, insistiam em ficar de prontidão de luto ao rei. Em um gesto, mais guardas surgiram, e foram dispersando os poucos membros que agora tentavam em vão ficar no local. Ele virou -se para Lûmia, com os olhos perdidos, sem saber o que fazer, retirou -se do quarto, em um pedido do pai, deixando ele e Lûmia sozinhos.
Oropher estava deitado sobre vários lençóis brancos, feitos do mais fino linho. Os cabelos antes loiros, possuíam tonalidades brancas, a pele enrugada, se assemelhava ao olhos pequenos que aos poucos ficavam sem vida. Ele estendeu sua mão para Lûmia, que aconchegou -se junto dele na cama, sentada de frente a Oropher, recitou uma prece para que sua morte fosse tênue, como havia sido sua vida. As feridas prostravam -se pelo manto transparente que havia em seus braços, e um anel dourado reluzia na palma de sua mão.


– Meu senhor. - disse Lûmia, segurando em sua mão.


– Não tenho muito tempo Lûmia, e sei que.... - Começou Oropher, com a voz roca, exigindo o máximo de si. - Sei sobre oque sonhou, e não posso deixar que isso aconteça.


– Sobre meu sonho? - engasgou Lûmia. Ela sabia sobre os poderes de elfos notórios, aqueles quais, dedicam a vida ao saber místico, seria errado de sua parte, não concordar de que ele, sabia sobre o sonho.- Perdão senhor, mas, foi apenas um sonho.


Oropher moveu a cabeça, em negação. - Sua vida não está em suas mãos minha querida, está com os deuses. - disse Oropher, olhando para expressão de susto de Lûmia.


Ela relutou sobre o assunto, segurando mais firmemente a mão de Oropher, que ia ficando fria. - Você tem de proteger ele Lûmia, Thranduill nunca poderá saber sobre isso, ele tem que se manter no trono. - disse Oropher, com os olhos se fechando.


Ela manteve -se com os olhos fechados, recitando preces, enquanto ele ainda balbuciava seus últimos pedidos. A mão dela se desprendia lentamente dos gélidos e mórficos dedos dele, enquanto o anel era posto com todo o esforço sobre a palma de sua mão.
Lûmia deixou que as lágrimas saíssem pelos olhos, levantou -se e caminhou em direção a porta. Do lado de fora, Thranduill segurava o colar do pai em suas mãos, o brilho da pedra esverdeada reluzia envolta pelo cordão de prata. Ele olhou para ela, no momento em que atirou -se quarto adentro, as luzes estavam mais fracas, a brisa que cortava as cortinas, ia se dissipando e sumindo com o ápice do dia, a tristeza juntava -se aos gritos que chamavam por ajuda, enquanto que as lágrimas perdiam -se no rosto molhado. As mãos, apertavam firmemente os braços do pai, que iam perdendo a força, o rosto branco ia lentamente tomando tonalidades pálidas, sem vida.


– Por favor pai. - lamentava Thranduill em seu luto, alisando o rosto do falecido pai.


Lûmia adentrou o quarto, em silêncio permitindo a Thranduill seus últimos momentos com o pai. Colocou a mão sobre os ombros dele, recitando uma pequena prece, concedida a reis e guerreiros, uma prece de pêsames.

°°°

As mãos seguravam um pequeno lenço, feito de linho e seda, bordado com a iniciais do nome de Lûmia, dado de presente à ela, por Oropher. Acontecia de a mão subir em direção aos olhos, para enxugar as vastas lágrimas que eclodiam de suas pupilas. A cabeça encostada nos ombros de Thranduill, revelava os sentimentos de tristeza. O silêncio em seu olhar, juntamente com as mãos trêmulas, apoiavam -se na estatura menor que havia do seu lado. O coro, se misturava as batidas de seu coração. As preces vinham -lhe a cabeça, mas de sua boca, nada saia.


Passou -se algum tempo desde o fim da cerimônia, o corpo desceu pelos andares abaixo das árvores, carregado pelos barcos até o forte. Na beirada da água, haviam flores das mais diversas cores, indo de encontro com as corredeiras. Flamejando, por entre os galhos que estalavam ao fogo, haviam as flechas, com suas pontas de ferro, amarradas em sequências, com plumas verdes desenhadas em suas varas, e as iniciais de Reis pintadas em cada pena.
Uma chuva de flechas lançou -se em direção á embarcação que ia aos poucos se aproximando das corredeiras. Ao incendiar -se pelas chamas, o corpo desprendeu -se do barco, subindo cada vez mais alto. Quanto mais alto ficava, mais a claridade cegava os olhos de Lûmia, incapaz de enxergar com precisão o que acontecia ao cadáver, que sumiu em poucos instantes. O silêncio paralisou -se sob os presentes , que estáticos ficaram com as cabeças baixas. Um pequeno coro começou a cantar, bem serene, narrando a história de vida de Oropher. As pessoas foram se dissipando, voltando para o conforto de seu lar, enquanto os dois permaneceram de mãos dadas, em frente a beirada do rio.

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– Você promete estar comigo? - perguntou -lhe Thranduill, segurando as lágrimas. A voz falhava, ao tremor da mão, que era afagada por Lûmia.


– Sempre estarei. - respondeu ela, segurando sua mão, colocando a cabeça em seus ombros.

Ao longe, camuflado em meio as folhagens, um par de grandes olhos amarelos observava o casal, presenciava os acontecimentos, que viriam a ser desfeitos, por ele, talvez. A risada ecoou, dentro dos arbustos, uma gargalhada enjoativa, fina e maquiavélica. Combinava com a cor da pele, a estatura, e o nariz pontudo, estava a esperar por aquele momento, e ele chegará finalmente.


– Greentch chegou, querida Lûmia. - Disse a criatura, revelando os dentes podres e tortos, que roçavam nos lábios verdes e brilhantes. Segurando uma pedra nas mãos ásperas, os olhos admiravam o curioso objeto, revelando na claridade do dia, uma sombra, que incrivelmente mostrava um sorriso branco.