A Seleção de Apolo

• 2° — Quando o deus tarado quer me ver seminua


Cammy

Como já estava virando de costume, acordei com Flora me chamando. Sonolenta, dei um breve bocejo e me espreguicei, limpando uma baba em minha bochecha enquanto me sentava na cama. Imediatamente Flora pegou uma bandeja que estava pousada no criado-mudo e colocou em minha frente, me entregando um envelope pardo logo em seguida.

Na bandeja havia uma jarra de néctar e uma tigela prateada de ambrósia que parecia ter a consistência de um mingau. Já o envelope não continha nenhuma identificação.

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Hum... – fiz, ainda sonolenta. – Pra quê isso?

— O Salão das Deusas está ocupado no momento, senhorita, então todas as selecionadas estarão fazendo seu café da manhã em seus respectivos quartos.

— Ah tá, legal... – espetei a colher no conteúdo da tigela. – Não que eu lamente profundamente por isso, mas porquê?

Ela baixou o olhar, desconcertada. – Não posso falar, senhorita. Ordem das próprias deusas.

— Certo – murmurei. – E o envelope? São novas regras ou algo do tipo?

— Não, senhorita. É de sua amiga, a senhorita Emily. Ela deixou aqui cerca de meia hora atrás.

— Ok – levantei da cama após comer, indo em direção ao banheiro. – Pode descansar, vou me arrumar sozinha hoje.

A ninfa fez uma reverencia, o que me fez revirar os olhos. Tanto tempo e elas ainda não se acostumavam, pensei enquanto me arrastava até o banheiro para escovar meus dentes e coisa do tipo. Já pronta, tomei um gole da água que estava em minha cômoda e abri o envelope deixado por Emmy.

Me encontre na academia,

Emmy

Quando cheguei lá, encontrei minha amiga na esteira, correndo.

— Porque não estou surpresa que a) os deuses tenham uma academia, e b) você já está enfurnada nela? – perguntei me sentando numa bola de ginástica de frente para ela.

— Porque você me conhece. – Me lançou um sorriso rápido, nunca perdendo o ritmo. – E então, como foi?

Cocei a cabeça, sem entender.

— Hã, bem?... Não sei, do que a gente tá falando?

— Do seu encontro com o Apolo, ué. – respondeu sem se virar.

Soltei um bufo.

— Sério Emmy? – revirei os olhos. Ela continuou lá, focada. – Será que dá pra você desligar essa coisa? Está me dando dor de cabeça.

— Não posso, e você, mais do que ninguém deveria estar me acompanhando nessa esteira. Você precisa cuidar melhor da sua saúde.

— E morrer enquanto pratico? Não obrigada. – Joguei meu cabelo para trás. – Só corro quando estou sendo perseguida por monstros...

— E pelo Apolo. - Ela desligou a máquina e ofegou com as mãos na cintura. – É, nós sabemos. – Respondeu com uma risada.

— Ei! Aquilo foi um lapso momentâneo que não vai mais acontecer.

Ela deu de ombros, se sentando no chão a minha frente enquanto enxugava sua testa com uma toalha.

Se você diz... Enfim, já tem uma fofoca rolando solta sobre seu encontro. Por isso te chamei, na verdade.

Naquele instante, pedi clemência aos céus.

— Não sei por que, mas isso não me surpreende.

— Pois me surpreende. Eu sou sua melhor amiga, deveria saber quando você tem um encontro, seja com um deus, sátiro ou ninfa! Agora ande, me conte!

Abri a boca para começar a falar, e foi quando Ares saiu do vestiário com uma toalha sobre o ombro. Ele fixou os olhos em Emmy e a encarou descaradamente, depois desviou o olhar e passou tranquilamente por nós em direção a saída. Emily, no entanto, enrijeceu a coluna e virou o rosto para o lado. Não entendi.

— Cara insuportável. Então, – disse quando ele foi embora, sorrindo e voltando ao normal como se nada tivesse acontecido. – Ele te beijou? Foi de língua?

***

- Odeio essa roupa – reclamou Margot. – Parece que meus peitos vão a qualquer momento praticar bungee jump pra fora do vestido!

Segurei uma risada. – Pelo menos desse mal eu não sofro. Não tenho peito suficiente pra isso. – Apontei pro meu próprio decote.

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O Salão das Deusas havia se transformado em algum tipo de estúdio e era lá onde todas nós estávamos. Vestíamos vestidos iguais de diferentes cores, sendo o meu pêssego e o de Margot azul. Por que o meu não podia ser azul?

— Você reclama demais – Willow disse enquanto ajeitava sua saia. – Você está linda, Margot. De verdade.

— Hum... – ela corou. – Obrigada.

Observei as duas, certa de que havia um clima estranho ali, tipo o de Emily e Ares hoje de manhã. Parecia que todo mundo estava ficando meio estranho ultimamente. A prova disso foi quando vi Emily sair do estúdio e se aproximar de nós, usando uma peruca colorida e cacheada e um nariz vermelho de palhaço.

Algumas risadinhas a seguiram.

— Finalmente! – exclamou, tirando o nariz e o jogando longe. – Acredita que pra minha foto temática escolheram circo? Eu nem sabia que isso podia ser tema de fotografia! Apolo é doido!

— Pera aí, – disse Margot. – Foto temática?

Emmy concordou, tirando a peruca e soltando seus cabelos.

— É, são duas fotos. A primeira é estilo deuses gregos, por isso essa roupa aí. – Indicou nossos vestidos. - Mas depois nos mandam tirar e vestir algo diferente.

— Ah... merda!

— Merda dois – falei. – Nem a pau que eu vou me vestir de palhaço pro Apolo!

— Você não vai. – Suspirou. - É um tema diferente pra cada uma. Pra dar aos campistas diferentes cenários e blá-blá-blá.

— Tomara que eu seja uma sereia! - Disse Willow, sorridente. – Sempre quis me fantasiar de sereia!

Nós a encaramos como se ela fosse louca, e ela tratou de parar de sorrir e ficar séria.

— O que foi?

Balancei a cabeça. A Seleção estava realmente mexendo com o neurônio das pessoas. Foi quando Hefesto apareceu na porta do estúdio com uma câmera profissional na mão e uma prancheta na outra.

— Camille? – chamou. – É a sua vez.

Se ele me fizer vestir roupa de palhaço, pensei enquanto seguia meu destino, suspirando de pesar, vou matar aquele deus metido.

Entrei no estúdio com um discurso pronto na cabeça. Apolo me esperava no centro de um cenário mágico que mostrava de forma extremamente realista seu palácio mágico.

— E aí? – disse ele. – Gostou?

— É legal. – Falei, tentando não demonstrar o quão impressionada eu estava pelos detalhes da arquitetura. – Deve ser bom de se morar.

Ele riu. – É.

Só então reparei que ele vestia uma túnica grega, ou seja: dava para ver bem do seu bronzeado, para não dizer outra coisa...

— Hum... – fiz. – Por que minha roupa não pode ser branca como a sua?

— Cammy, por favor, se aproxime do Apolo. É, assim. Sorria! Um, dois, três... Fogo!

O flash quase me cegou, mas continuei sorrindo.

— Muito bem, muito bem. Agora a foto temática! Com a sua licença...

Franzi as sobrancelhas, sem entender. Licença para quê? Foi então que o cenário mágico mudou. Agora estávamos numa praia. Olhei para baixo, sentindo um pouco de frio.

— É que não deu pra eu te ver de biquíni aquele dia. – Disse Apolo. – Então pensei, por que não?

Olhei para ele, furiosa.

— Um, dois, três... Fogo!