A Seleção - Interativa

O Mais Novo dos Gêmeos Dourados


Thomas foi acordado por uma criada. Ele estava com tanto sono, que quase não estava se aguentando em pé. Ele tinha ficado a noite inteira escrevendo os nomes de cada uma Selecionada e anotando em um quadro seus altos e baixos, de qual ele gostara mais. Ele sabia que, naquele dia, ele teria que tomar café da manhã com uma das Selecionadas, ele só queria que ela já estivesse pronta, pois estava morrendo de fome.

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– Bom dia, Alteza - disse Brianna. Ela estava com um terno em uma mão e uma camisa social em outra.

– Bom dia, Brianna - cumprimentou Thomas.

O príncipe se levantou e foi até ela. Ela abaixou o olhar e corou ao perceber que ele estava só de calça. Thomas sempre achava as reações de Brianna muito engraçada, ela era tão fofa. Talvez ele devesse escolher uma Selecionada fofa para tomar café da manhã com ele naquele dia. Thomas pensou se Matthew já tinha escolhido uma Selecionada, talvez ele já tivesse escolhido, certamente teria se interessado mais por uma delas e já tinha feito sua escolha.

Thomas pegou seu terno e sua camisa e os levou para o banheiro, onde os colocou pendurados em um gancho. Ele voltou para o quarto para procurar seu 3Tune ou seu celular.

– Hm, devo lembrar-lhe que Vossa Alteza deve se preparar para ir tomar café da manhã com uma das Selecionadas de sua escolha. Bem, Vossa Alteza deverá escolher até às oito horas para que a Selecionada tenha um tempo para se arrumar.

– Certo - concordou Thomas.

Ele jogou o travesseiro para o alto e tirou os lençóis do lugar, mas não conseguia achar o celular.

– Vossa Alteza procura por isso? - Brianna pegou o celular no criado-mudo de Thomas e o estendeu para que ele o visse.

Thomas sorriu e foi até ela.

– Muito obrigado, Brianna. - Ela corou.

O príncipe chegou mais perto e a beijou no rosto. Era tão divertido ver como Brianna ficava tão nervosa, seu rosto inteiro estava vermelho quando ele foi para o banheiro.

O príncipe colocou sua lista de reprodução favorita e determinou a temperatura do chuveiro pelo aparelho na parede (bem gelado, como sempre). Ele queria ficar bem calmo antes de fazer uma escolha tão importante.

● ● ●

Cassandra Beatrice Penderghast

Quando Rosie disse o meu nome, eu nem escutei o que as pessoas à minha volta falaram para mim, meu cérebro parou de receber informações até eu perceber que eu, Cassandra, tinha sido uma das duas únicas Selecionadas escolhidas para tomar café da manhã com um dos príncipes. Eu estava tão animada que meus olhos brilhavam. Não sabia os motivos para que o Príncipe Thomas tivesse feito aquela escolha por mim, mas continuaria fazendo o que quer que eu estivesse fazendo para que ele me escolhesse mais vezes.

Chequei meu vestido e meu cabelo no espelho do Salão das Mulheres enquanto Rosie levava Winter e eu para as devidas salas onde seriam nossos encontros. Winter parecia estar suando frio e estar muito nervosa, eu sabia que se eu ficasse muito nervosa algo daria errado, então só estava tentando ser eu mesma ali dentro do palácio.

– Só lembrando que as Selecionadas devem ter total respeito pelos príncipes, ou seja: nada de resmungar, reclamar, ofender, se recusar, contrariar e fazer piadas de mal gosto. Ouviram? - falava Rosie enquanto caminhávamos.

Eu não prestei atenção em quase nada, meus pensamentos estavam voltados para o príncipe e para os detalhes lindíssimos da decoração do castelo. Tenho certeza que, se minha mãe visse tudo aquilo, demitiria o decorador dela na hora e contrataria o do palácio. Aquilo era tão lindo que eu nem sabia para onde olhar.

– Não façam nada de errado! - alertou-nos pela última vez e abriu uma porta, fazendo um gesto para que Winter entrasse.

A garota olhou pra mim e disse um boa sorte quase inaudível. Ela era tão fofa!

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– Venha, vamos continuar - orientou-me Rosie.

Ela continuou dando ordens enquanto eu planejava todas as falas do meu primeiro encontro com o príncipe na minha cabeça. Mas, uma coisa que eu deveria saber, é que a vida real não tem script.

● ● ●

Rosie abriu uma porta e eu passei por ela sem pestanejar. Eu sequer olhei para trás e, quando percebi, só consegui ouvir o barulho da porta se fechar. Naquele mesmo segundo, Thomas olhou para mim.

A mesa na qual ele estava sentado era para quatro pessoas, mas a sala era quase do tamanho da Sala de Jantar. Ele estava do outro lado da sala e eu teria que andar até lá tendo o mínimo cuidado para não tropeçar, cair, escorregar, pisar no meu vestido ou qualquer coisa desse tipo. Será que a sala não poderia ser mais... Íntima?

Thomas veio a meu encontro para minha felicidade e até que nos encontrássemos, eu não tive nenhum imprevisto com meu vestido ou com meus pés. Ele se inclinou para uma reverência e eu fiz o mesmo, tentando ser o mais sutil possível imitando todas as moças muito bem educadas que eu já tinha visto em filmes.

– Cassandra - ele sussurrou. Nunca tinha ouvido meu nome daquele jeito. Senti um arrepio.

– Alteza - cumprimentei.

Ele ergueu os olhos para mim e um sorriso se formou em seus lábios. Eu torcia para ser uma dica de que meu vestido estava lindo e não de que eu estava parecendo uma maçã.

– Venha comigo.

Ele colocou a mão na minha frente e eu a peguei como se fosse uma pizza de calabresa com toda a vontade.

Ele era tão lindo que eu não conseguia imaginar como alguém poderia ser tão bonito assim a essa hora da manhã. Sentia-me estranha por não ter aquela confiança toda, mas feliz por ser a escolhida do príncipe Thomas. Garotas matariam por estar naquela sala naquele momento. E tudo o que eu tive que fazer foi dar uma boa conversa ao príncipe.

Fomos até a mesa em silêncio, meus lábios não conseguiam tirar o sorriso que já estava instalado neles. Eu tinha tantas borboletas na minha barriga que mal conseguia respirar.

– Bem, se eu sou bom de memória, você vem de Paloma, não é? - disse o príncipe.

Juro que não consegui dizer nem uma palavra, só mexi a cabeça em um sinal desesperado de SIM, EU CASO COM VOCÊ.

– Queria para esta manhã um prato típico de lá, mas não conheço muito a província - explicou.

Fiz um esforço enorme para falar qualquer coisa. Aquela era a hora que eu começava a falar sobre ter vindo da França, mas eu estava tão nervosa. Abri a boca e forcei as palavras a saírem.

– Não é uma província muito procurada, mesmo - comecei. - Mesmo que seja quente, não é aquele tipo de província onde há praias e muitas pessoas de biquíni.

Ele riu. Meu coração foi à boca. Eu acabara de fazer o príncipe rir.

– Realmente, mas os campos de lá são lindos!

– Eu vim da França, na verdade, cresci lá com a minha família, bem próxima da Família Real.

– Ah, verdade! Você é a uma das duas francesas na Seleção.

Fiquei um pouco chateada pelo príncipe ter lembrado de Amber ser francesa e ter achado que eu era de Paloma. Mas não podia culpa-lo, lembrar-se de 35 garotas era demais. O príncipe puxou uma cadeira para que eu sentasse e eu o fiz, soltando um obrigada de leve. Ele foi para seu lugar e também se sentou. A conversa continuou.

– Eu vim para cá há 3 meses quando enviaram a carta da Seleção para a França. Só as meninas próximas à Família Real ganharam, sabia? Eu tive que vir para cá na hora se quisesse aprender a língua e os costumes daqui. A maioria das moças francesas foram para Palloma.

– Por que Palloma? Por que não Angeles?

– Muitas pessoas que vivem em Palloma tem parentes na França e minha mãe tem uma irmã que é de lá. Seria bem mais fácil se ficássemos hospedadas na casa dela.

– Ela mora nos campos? - ele parecia muito curioso.

Adorei o fato dele estar me dando tantas oportunidades de falar de casa. Pra falar a verdade, eu sentia saudade da minha mãe e da minha tia.

– Sim! Mora numa vila muito afastada da cidade, não sei se chegou a conhecer. É a vila Magdalina, nunca senti um ar tão puro, um cheiro de flores e de manhã tão bom. Lá é lindo. Eu adorei ter passado esse tempo todo lá.

– Não fui lá, mas adoraria ir. Do jeito que falas deve ser ótimo.

– É, sim. Os campos são enormes e nascem flores de todas as cores. Lá tudo o que comemos é plantado ou chega da cidade para a vendinha que fica a dois quilômetros da casa da minha tia.

– A Senhorita andava até lá a pé? - Ele sorriu.

– Andava, eu adorava sentir o cheiro das frutas chegando pela manhã.

– Aceita chá? - perguntou, já com a mão no bule.

– Aceito. - Senti-me no meu casamento.

A mesa estava coberta de coisas para comermos. Colocaram-nos de frente um para o outro. Não sabia se o intuito era de que conversássemos cara a cara ou que não nos tocássemos. A mesa não era tão pequena, mas também não era tão grande; Thomas conseguiu colocar o chá para mim com facilidade.

– Espero que goste, é Francês. - Ele piscou para mim.

O mais engraçado, é que, quando eu estava na França, eu bebia os chás de Paesto, o país da península Ibérica, então não conhecia chá Francês nenhum. Sorri ao me lembrar disso.

Olhei para o lado e havia uma travessa cheia de cupcakes de todos os sabores e cores possíveis. Na França não era nada comum termos algo assim logo pela manhã, então me senti tentada a quebrar os costumes e comer. Eles estavam me chamando! Peguei um de chocolate, meu sabor favorito.

– Gosta de cupcakes? - perguntou o príncipe.

– Adoro! Ainda mais de chocolate.

Ele sorriu, satisfeito por ter acertado no cardápio talvez.

Percebi que ele não tinha prato algum. Será que ele ficaria me observando comer o café-da-manhã inteiro?

Abri o cupcake e coloquei no prato para não dar chance para o meu nariz decidir comer também. Quando dei minha primeira garfada e senti aquele gosto maravilhoso, a porta se abriu e três cinegrafistas entraram.

– Ah, não ligue para eles, só querem ver como está o nosso encontro. - Thomas sorriu e foi como se todos os meus problemas não existissem mais.

– Com licença, Alteza - disseram todos.

Thomas fez um aceno com a cabeça e eles começaram a filmar. Além dos cinegrafistas, outra pessoa entrou na sala, e dessa vez era um garçom, que trazia um prato cheio de panquecas. Ele as colocou na frente de Thomas.

– Já comeu panquecas alguma vez? - perguntou ele a mim. Os cinegrafistas gravavam tudo (inclusive a minha comida).

Beberiquei meu chá e respondi que nunca havia comido.

– Jura? - Ele parecia surpreso, mas feliz. Alguma coisa ele estava planejando!

– Nunca tive uma vontade enorme de provar - expliquei.

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Olhei para suas panquecas, elas tinham calda de morango com morangos e coco ralado por cima. Meu cupcake só tinha um morango. As panquecas dele pareciam deliciosas.

– Quer ter a honra de provar agora?

– Se for de teu agrado - respondi, provocante.

– E por que não seria?

– Elas parecem deliciosas, seria difícil dividir... - Eu me esforçava para não começar a rir no meio da provocação.

– Não com uma moça tão bonita. Dizem que para conquistar alguém devemos começar pela barriga, não?

Não consegui mais suportar e ri. As câmeras capturaram minhas bochechas rosadas.

– Dizem que isso se refere a homens - repliquei, quando consegui. - Mas comigo você não precisa mais de comida.

Ele me olhou como quem diz "bom saber" com aquela carinha de quem quer o doce que eu seguro e está prestes a pegar.

– Mas não seria mal ter alguma coisa para te manter aqui - falou.

– Já tem - soltei. O príncipe me olhou feliz pensando que fosse ele e eu continuei: - A cama daqui é ótima.

Ele riu alto. Não me contive e ri também. Não achava que Winter estivesse se divertindo tanto quando eu estava naquele momento.

– Tem certeza que é só a cama? - Ele perguntou, ainda rindo.

– Talvez tenha um alguém a mais - sugeri. E bebi um pouco do meu chá, para deixar a conversa no ar um pouquinho.

Thomas foi rápido para trazê-la a tona de novo.

– Esse alguém não seria o motorista, seria?

Eu ri. Tentei dizer que não enquanto ria, mas não deu muito certo.

– Nem o paisagista?

– Também não - respondi, sem parar de rir.

Podia ver que Thomas também queria muito rir.

– Então acho que já tenho uma ideia de quem seja.

– Acho que tem certeza - terminei, com um sorriso de canto.

Thomas ficou quieto por um segundo e cortou um pedaço de sua panqueca. Ele ergueu o garfo e me ofereceu o pedaço. Aquela calda estava me forçando a comê-la, não resisti. E também não me arrependi, era uma das melhores coisas que já tinha posto na boca. E aquela cena foi uma das melhores que já vivi.