A Questão de Delfos

Capítulo 11 - Está Nevando na Flórida!


8 de Agosto – 5 dias até as Idas de Agosto.

–Acho que tenho que abandoná-los agora. – anunciou Sísifo para os Semideuses.

Nico estreitou os olhos e disse:

–Você não vai fugir de novo. Eu não vou deixar!

–Nico! Não use seus poderes! – pediu Will, preocupado.

O filho de Hades levantou as mãos e três leões-zumbis saíram da terceira sala.

–Peguem ele! – ordenou. Os leões começaram a correr atrás de Sísifo, Nico sentiu uma tontura e tudo apagou.

–Nico! – gritou Will, se agachando para pegar o semideus. Reyna já estava com sua lança na mão e tentava chegar até Sísifo.

Os três leões, já meio decompostos, passaram rapidamente pelo grupo de semideuses e correram atrás de Sísifo, as Fúrias também já estavam perto. O antigo rei de Éfiro entrou em uma ruela, Reyna achou que o tinha encurralado, mas ao virar a esquina ele havia sumido. Os leões rugiram descontentes e desabaram no chão, mortos novamente. Tisífone foi a primeira das Fúrias a alcançar Reyna.

–MALDIÇÃO! – gritou, fazendo sua voz ecoar na pequena rua. – Ele escapou de novo! Senhor Hades vai ficar furioso.

Reyna deixou a Fúria se lamentando e voltou para a praça. Will apoiava a cabeça de Nico em seu colo enquanto aplicava alguma pomada em seu pescoço. Ela se aproximou.

–Ele está bem? – perguntou preocupada, guardando sua lança e se agachando ao lado do filho de Apolo. Ele balançou a cabeça negativamente. Will estava concentrado e Reyna percebeu que ele entoava algum cântico, provavelmente alguma oração para Apolo.

Ela olhou o relógio, eram quase 17h. A noite já ia cair, precisavam encontrar algum lugar para montar acampamento.

–Não poderemos prosseguir viagem hoje. – disse Will, finalmente. Reyna percebeu que ele estava um pouco pálido – Nico está muito fraco...

–Precisamos procurar um local para passar a noite.

O filho de Apolo assentiu.

–Eu o avisei que não era para usar os poderes dele. – disse frustrado – Ele precisa se cuidar para chegar pronto para batalhar com Píton. Se alguma coisa acontecer com ele... Fico me perguntando se não teria sido melhor para Nico se eu tivesse escolhido Jason. Ele teria ficado no Acampamento, seguro e terminando o tratamento que Quíron pediu para eu interromper.

Reyna ficou com a expressão fechada após ouvir o nome de Jason e ter descoberto que houve a possibilidade de ter sido o filho de Júpiter e não Nico o escolhido para essa missão.

–Ele teria ficado magoado. – disse Reyna, enfim. – Teria se sentido preterido novamente, como se não fosse importante.

–Mas ele é importante para mim. – retrucou o semideus, corando logo em seguida ao perceber o que tinha dito. Reyna estreitou os olhos ao finalmente perceber o que estava acontecendo ali. – Como todos os meus pacientes – tentou disfarçar Solace – Eu ficaria muito mais seguro se ele estivesse na enfermaria, sob os cuidados de um dos meus irmãos. – Ele apoiou a cabeça de Nico cuidadosamente no chão e levantou. Ao fazer isso cambaleou, parecendo um pouco tonto.

–Você está bem? – perguntou a semideusa, segurando um dos braços de Will.

–Sim, essa pomada exige que eu doe um pouco da minha energia para ele. Eu acabei passando um pouco demais. Foi necessário, a mão dele estava ficando transparente.

Reyna sentiu um calafrio. Lembrou-se da viagem que fez com Nico e o Treinador Hedge para levar Athena Parthenos para o Acampamento. Nico havia perdido completamente a solidez, havia virado praticamente um fantasma.

–Senhor Hades não vai ficar satisfeito. – rosnou Alecto, assustando os dois semideuses que não tinham percebido a aproximação das três Fúrias.

–Fizemos o possível. – disse Solace – Mas a Vélos Stóma era a prioridade.

–Quanta insolência filhote de deus! – disse Megera, uma das Fúrias, com asco. – Deveríamos te punir severamente por isso, só está salvo, pois está em companhia do filho do nosso soberano.

–Podiam nos ajudar a levar Nico para um local seguro, não? – perguntou Reyna, sabendo que a resposta seria positiva, porque as Fúrias nunca poderiam negar ajuda a um filho de Hades. – Ele está inconsciente e o sol já está se pondo. Precisamos de um lugar para passar a noite.

As Fúrias resmungaram, mas depois de deliberarem rapidamente pegaram Nico do chão.

–Sigam-nos. – disse Tisífone, indo em direção ao lado sul da praça. O grupo virou em uma ruela sem saída cheia de portas de casas. Chegando ao fim da rua, Alecto abriu uma das portas.

–Podem entrar, está vazia e é segura.

Tisífone e Megera colocaram Nico em um sofá puído, que era um dos poucos móveis da sala de estar e depois as três Fúrias foram embora.

Era um apartamento pequeno, Reyna o percorreu inteiro em menos de cinco minutos. Tinha dois andares, no primeiro havia a pequena sala, com o sofá, uma estante e uma mesa de jantar, e uma cozinha bem antiga. No segundo, depois de uma escada bem barulhenta, havia dois quartos. Will e Reyna acharam melhor ficarem na sala, para terem um melhor controle da porta. Deixaram Nico no sofá e estenderam dois sacos de dormir entre ele e a estante.

–Enquanto estávamos no posto, além do Guia de Turismo eu também peguei um mapa da Grécia. – anunciou Will.

–Ótimo, pegue ele, precisamos decidir para onde vamos agora. A tal da grande cidade do Oeste.

O filho de Apolo abriu o mapa e o estendeu no chão.

–Estamos aqui. – disse ele, apontando para Corinto, no meio do estreito de mesmo nome. – Teremos que ir para o Peloponeso.

–Sim... Tem grandes cidades por toda essa região. – observou Reyna, apontando algumas cidades no mapa. – Olímpia, Pátras, a própria Esparta. Temos que saber se alguma dessas tem alguma ligação com Apolo.

–Poderíamos pensar também no Monte Parnaso, ele te uma forte ligação com Apolo.

–Mas ele fica depois de Delfos... Não é no Oeste. – retrucou ela, apontando para um local a Leste de Delfos.

Will pareceu desolado... Estavam sem saída, sem saber para onde ir. Eram muitas as cidades possíveis.

–Eu acho impossível uma das flechas ter sido movida para Esparta. A cidade não tem nenhuma ligação com meu pai. Acho que devemos focar em Olímpia. Era uma cidade muito importante para todos os deuses.

–Talvez seja uma boa ideia. – disse uma voz fraca vinda do sofá. Will se levantou com um pulo e se colocou ao lado de Nico, que tentava sentar. Foi impedido pelo filho de Apolo.

–Você está muito fraco... Devia ter me escutado e não usado os seus poderes desnecessariamente. Você precisa estar 100% pra lutar contra Píton. Se você ficar usando seus poderes assim...

–Shhh! – Nico tapou a boca do filho de Apolo com a mão, mas ele continuou falando, se sentindo ultrajado por ter sido calado, sendo possível somente ouvir barulhos abafados que escapavam por entre os dedos de Nico. Reyna abriu um pequeno sorriso e ofereceu uma barra de cereal para o filho de Hades. Ele olhou para Will, que ainda estava com a boca tapada:

–Vai parar de me irritar e me tratar como um vaso de porcelana? – perguntou Nico. Will fez menção em rebater a perguntar, mas achou melhor ficar quieto. Nico tirou a mão.

–Eu só estou preocupado com você. – disse simplesmente. – Eu vou precisar de sua ajuda contra Píton, você não pode estar fraco.

Nico desviou o olhar e começou a observar o local.

–Onde estamos? – perguntou.

–As Fúrias arranjaram esse lugar para nós passarmos a noite. – explicou Reyna.

–Hum... Espero que não tenha acontecido nada com o dono desse apartamento.

A romana estava pensando na mesma coisa.

–Vou preparar algo para a gente comer, aproveitar que temos uma cozinha. – disse Will, pegando a mochila e saindo da sala. – Fique deitado. São ordens médicas. Sua pomada ainda está fazendo efeito, se levantar você vai ficar tonto e eu também.

E saiu.

–Como assim? – Nico olhou confuso para Reyna.

–Sua mão estava começando a ficar transparente. Will usou uma pomada mágica que transferiu energia dele para você. Talvez enquanto a pomada esteja fazendo efeito vocês compartilhem os efeitos colaterais, sei lá. – explicou a semideusa.

–Olímpia é uma ótima ideia. – falou Nico, olhando o mapa de cima do sofá. – Mas se não estiver lá... Eu não sei por onde começar a procurar.

–Depois acho que vai ser mais perto ir para Delfos a partir de Pátras, não é. – disse Reyna apontando para o norte da Península do Peloponeso.

–Pode deixar que Jules-Albert vai escolher a rota mais rápida. – tranquilizou Nico.

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Depois de comer uma sopa “fortificante”, segundo Will, os Semideuses relaxaram, ainda era cedo para dormir e a noite já havia caído. Nico já estava melhor, caminhava pela casa, observando cada canto e tentando descobrir como as Fúrias haviam conseguido achar aquele local. Reyna estava sentada no sofá e escrevia em um caderninho, enquanto Will treinava sua pontaria tentando acertar um alvo improvisado do outro lado da sala. Plac! Uma flecha no alvo e Nico se aproximou de Reyna.

–É o seu diário? – perguntou.

–Sim. Todos os Pretores mantém um... Quando saímos do cargo, os textos são organizados e acrescentados nos anais de Nova Roma. Não é um diário sentimental, é mais voltado para narrar os acontecimentos mesmo, como se fossem crônicas.

Plac! Outra flecha no mesmo local. Nico resolveu deixar Reyna terminar seu “trabalho” e foi falar com Will. O filho de Hades riu quando percebeu que o alvo tinha o desenho de uma cobra. Uma das flechas estava espetada no olho do desenho, outra na boca e Plac! Uma terceira perfurou o ventre entrando quase até a metade. Will o viu se aproximando.

–Treinando um pouco para relaxar.

–Já tentou atirar com a vélos stóma?

Para responder a pergunta de Nico ele tirou a flecha dourada da aljava, posicionou no arco e atirou. A vélos stóma dividiu ao meio a flecha que já estava cravada na boca do desenho e penetrou na parede. O pedaço de papel que servia como alvo pegou fogo e caiu no chão. Will recolheu todas as flechas, e as guardou na aljava.

–Sabe atirar? – perguntou a Nico.

–Não.

–Quer aprender? – falou estendendo o arco.

–Acho melhor não.

–Só uma flecha, prometo. Você vai acertar o centro daquele quadro. – disse apontando para um quadro do outro lado da sala. – Sou um ótimo professor.

Nico se deu por vencido e pegou o arco da mão de Will. O filho de Apolo pegou uma flecha normal da aljava e posicionou no arco. Depois se colocou atrás de Nico e o ajudou a segurar o arco corretamente. Nico estava profundamente incomodado com a enorme proximidade de Will. O filho de Hades conseguia sentir a respiração do semideus em seu pescoço, enquanto mostrava o movimento que ele deveria fazer. Will estava falando um monte de coisas, sobre mira, posição da flecha, a tensão da corda, etc., mas Nico não conseguia prestar atenção. Ele virou para o lado e olhou para Will. Os olhos azuis brilhavam, parecia estar contente em compartilhar esse conhecimento com Nico.

–E depois que você fizer tudo isso, é só soltar a corda. – falou, terminando finalmente a explicação – Entendeu? Vamos fazer juntos na primeira vez.

Nico não teve tempo de responder. Will praticamente o abraçou por trás e segurou firmemente o braço de Nico que puxava a corda e segurou a mão de Nico que mantinha a flecha na mira. Ele inclinou o corpo, fazendo Nico inclinar também, e puxou o braço esquerdo do filho de Hades, que segurava a corda do arco, até tencioná-la completamente. E então disse, com o rosto perto do ouvido de Nico:

–Solta...

Nico soltou a corda e a flecha voou até o outro lado da sala, acertando o prego que mantinha o quadro preso na parede e o derrubando no chão. Nico olhou radiante para Will, que estava com uma expressão orgulhosa. Eles se olharam por alguns segundos. Estavam muito perto um do outro, seus rostos estavam a uma palma de distância. Nico ficou desconfortável com o olhar de Will, que praticamente o admirava. A mão do filho de Apolo ainda estava sobre a mão de Nico e a afagava levemente. Nico sentiu o seu rosto esquentar, provavelmente estava vermelho. Virou para o outro lado, para quebrar o contato visual, e só então viu que Reyna os observava, curiosa, sentada nos degraus da escada. Will também se afastou, indo retirar a flecha da parede, parecia estar perturbado com alguma coisa.

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Percy, Annabeth, Éolo e Phthinoporon saíram da cela de Quione e voltaram para o estúdio. Dez auraes corriam de um lado para o outro, provavelmente resolvendo os problemas que surgiram com a interrupção da transmissão do canal do tempo, já que Éolo estava com eles interrogando Quione.

–Sugiro a vocês irem imediatamente para Quebec. Realmente, como Quione disse, Quebec é uma cidade estratégica para a defesa do Olimpo. Foi um erro deixá-la desguarnecida. Phthinoporon irá assumir o castelo de Bóreas até o término da punição.

–Nos encontramos lá. – disse a horae do inverno, antes de sumir e deixar um vento gelado atrás dela.

–Bóreas controlava a nação dos Gigantes Hiperbóreos ao norte do Canadá e no Alasca. Na maior parte do tempo eles são pacíficos, entretanto se Despina os incitar a lutar eles irão atacar o Olimpo. Como fizeram na última guerra contra Cronos. – explicou Éolo.

–Se chegarmos lá e eles já estiverem rebelados? – perguntou Annabeth.

–Ajudem Phthinoporon a retomar o controle do Norte. Afinal, o inverno está chegando, e Despina ficará muito mais forte se tiver ajuda dos Hiperbóreos.

Rapidamente Percy e Annabeth saíram da fortaleza e subiram na carruagem. Os pégasos decolaram e logo tiveram a vista deslumbrante do mar de Miami Beach.

–Percy, peça para o Blackjack descer, preciso fazer uma coisa antes de irmos para Quebec.

–Podemos dar um mergulho na praia?

Annabeth riu antes de se abaixar para procurar algo na mochila. Percy assumiu o controle da carruagem e guiou os pégasos em direção à praia lotada de Miami Beach.

–Percy! O que você está fazendo? – perguntou Annabeth – Você vai parar uma carruagem mágica grega puxada por quatro pégasos em uma praia lotada de mortais? Não conseguiu pensar em algo menos discreto? – completou sarcástica. Ela até tentou desviar a rota, mas os cavalos alados estavam muito rápidos e logo pousaram nas areias brancas da praia mais famosa de Miami, sob o olhar curioso de dezenas de pessoas. A Névoa estava encobrindo muita coisa, mas Annabeth sabia que era uma situação anormal. Provavelmente enxergaram dois adolescentes chegando à praia em um ultraleve ou algo do tipo. Eles conduziram a carruagem até uma parte vazia da praia, Percy tirou a camisa e correu para a água, enquanto Annabeth pegou novamente a mochila. Ela retirou um pequeno prisma de cristal e uma bolsinha de couro cheia de dracmas. Ela posicionou o cristal contra o sol, fazendo surgir um pequeno arco íris. Ela pegou um dracma da bolsinha e jogou no arco íris.

–Oh, deusa! Aceite essa minha oferenda. Me mostre Quíron, no Acampamento Meio-Sangue.

Uma imagem da sala de estar da Casa Grande apareceu. Seymour, a cabeça de leopardo empalhada, que ficava presa na parede acima da lareira, rugiu quando viu a imagem da semideusa. Quíron estava em sua cadeira de rodas em um canto da sala, Sr. D. estava sentado em sua poltrona favorita conversando com...

–Mãe? – disse Annabeth, surpresa ao ver a mãe no Acampamento.

–Annabeth, minha filha.

–Annie Bell, legal saber que você e o filho do Barba de Craca estão usando recursos olimpianos para tirarem férias em Miami Beach. – falou Sr. D. um pouco ameaçador.

–Dionísio, meu caro, eles estavam na Fortaleza de Éolo, que no Verão fica em Miami para o maior controle da temporada de furacões. – defendeu Athena e depois voltou-se para a imagem da filha – Espero que a conversa com Quione tenha sido esclarecedora.

–Muito. Ela e a horae do inverno Phthinoporon, suspeitam que Despina está tendo ajuda de alguém poderoso, talvez de dentro do próprio Olimpo.

–Disso eu já suspeitava. Sempre que Despina tenta dar um golpe no Olimpo ela se apoia em alguém mais forte. Da última vez foi a senhora Hera, na anterior o próprio Hades, que tinha se irritado com sua sogra, Deméter, por conta de Perséfone e tentou ajudar Despina a destruir a mãe. Entretanto, quando Despina atacou Perséfone também, a aliança foi desfeita e ela foi severamente castigada por Hades, sendo condenada a mais de quinhentos anos nos Campos da Punição. – ela parou, pensou um segundo e completou – Vou ficar de olho, mas o Olimpo está muito unido depois da guerra contra Gaia, não consigo ver ninguém nos traindo agora, estamos todos cansados de guerra, queremos um grande período de paz. Se ela está tendo ajuda é de alguém de fora, e isso é muito preocupante. Hades tem reclamado de agitações no Tártaro após a passagem de Nico, você e o filhote de peixe-palhaço.

–Não chame Percy assim... – reclamou Annabeth.

–Por falar nele. – continuou a deusa, ignorando a queixa da filha – Onde está seu namorado?

–Aqui sogrinha. – disse Percy, aparecendo atrás de Annabeth e acenando para as figuras da sala. Athena revirou os olhos.

–Seu pai pediu para que entrasse em contato com ele o mais rápido possível. – e depois bufou – Poseidon acha que eu tenho cara de “coruja-correio”. Enfim, é importante, somente por isso estou passando o recado. Aproveite que vocês estão na praia, tenho certeza que Poseidon também está em Miami, ou Rio, ou Cancun, ou Bali... Ah! Vocês me entenderam...

–Vou tentar contatá-lo. – disse Percy, bem sério.

–Você estava falando que o Senhor Hades tem reclamado de agitações no Tártaro, ele disse que agitações eram essas? – perguntou Annabeth, incitando a mãe a retomar o assunto. A Semideusa sentiu um arrepio ao se referir ao Tártaro, afinal fazia pouco tempo desde que ela e Percy haviam conseguido sair de lá.

–Não sei se é algo que devemos nos preocupar. Afinal Gaia tirou tudo do nosso mundo do lugar, tudo está bagunçado... O Tártaro também. Ele não reclamou de ninguém em específico, mas nós temos grandes inimigos exilados no Tártaro, e eles não estão iguais a Cronos, que está com a sua essência complemente diluída, eles estão bem fortes. Claro que suas prisões são igualmente fortes, eu mesma as projetei. Como disse, por enquanto não há nenhum motivo para preocupação, mas pedirei para Hades dar uma checada mais minuciosa nessas agitações.

–Estamos indo para Quebec. Éolo mandou Phthinoporon assumir o Castelo de Bóreas e proteger o Norte, ele falou que é uma posição estratégica que não pode ficar desguarnecida.

–Isso é verdade, o Norte é muito importante defensivamente falando, principalmente para vocês semideuses. Bóreas mantém os monstros do Norte presos na região da tundra, sem um controle até mesmo os Gigantes Hiperbóreos serão capazes de chegar a Nova York, por exemplo, e talvez até ao Acampamento.

Nesse momento surgiu um pergaminho na frente de Athena. Ela pegou e o abriu, seus olhos ficaram semicerrados, como se estivesse pensando em algo enquanto lia.

–Acabo de receber uma notícia de Éolo. Phthinoporon foi capturada. O Norte caiu, os Gigantes Hiperbóreos já estavam esperando por ela no Castelo de Bóreas.

Percy e Annabeth ficaram estupefatos.

–Ele pede minha ajuda para entrar em contato com você e Percy, para impedir vocês de irem para lá. São mais de mil... Di Immortales! Mil Gigantes Hiperbóreos Dionísio!

–Gigantes pra cacete... – resmungou o Deus do vinho, com um braço servindo de apoio para a cabeça, como se estivesse fortemente entediado.

–Mas e Phthinoporon? – perguntou Annabeth, querendo ajudar a horae.

–No momento não há nada que possamos fazer por ela. – disse a deusa da Sabedoria friamente. Annabeth não gostava desse lado da mãe. Athena era capaz de tomar decisões como aquela sem sentir nem um pouco de remorso, tudo era resumido ao mais lógico, mais racional, mais coerente. – Você e Percy nunca conseguiriam salvá-la no meio de mil Gigantes Hiperbóreos revoltados.

–Com sua licença lady Athena. – falou Quíron, parecendo alarmado – Esse movimento de Despina revela parte de seu plano. Ela vai atrás de todos os imortais responsáveis pela gestão do Inverno.

–Oh, por Zeus! – exclamou Athena – Você tem razão, assim ela terá controle sobre todo o poder invernal, ela será muito mais forte! Retornem para a Fortaleza de Éolo imediatamente! Quione é a deusa invernal mais poderosa, com certeza ela e Bóreas serão os próximos alvos.

Percy e Annabeth assentiram, entretanto uma forte explosão fez os dois se jogarem no chão e a M.I. desaparecer. Ao olharem para a origem do forte barulho ficaram espantados. O lado Leste da Fortaleza de Éolo pegava fogo, mas não era um fogo comum, ele era azul. Um vento gelado soprou, fazendo todos na praia levantarem e tentarem descobrir o que estava causando esse frio repentino em pleno verão da Flórida. Percy ficou abismado ao perceber que as ondas do mar haviam congelado e nevava em Miami Beach no meio de Agosto. Os mortais olhavam assustados, sem entender essa situação absurda, mas Percy e Annabeth sabiam exatamente o que estava acontecendo.

Despina estava ali.