A Irmã De Renesmee 1ª e 2ª temp- Fanfic em revisão

2x24 Droga, eu não deveria ter feito isso... Ou deveria? (E)


Me encarei no espelho, agoniada de vestir aquela breguice. Carlie Masen Cullen Clearwater nunca sairia de casa usando isso. Suspirei, quase perdendo a coragem de usar os panos que me cobriam. Uma saia xadrez abaixo do joelho preta e branca, uma camiseta amarela com babado na gola, um tênis cinza com meia cano médio marrom, e um casaquinho rosa.

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Também pedi acessórios que se precisa para usar uma peruca, e a mesma. Um cabelo preto liso curto. Óculos de armação preta ficou grande no meu rosto, e uma prótese de aparelho dental para complementar. As lentes de contato eu tinha uma segurança de usá-las porque elas não se dissolveriam com o veneno, porque eu não tenho.

Com toda essa arrumação, eu tinha tomado uma decisão; eu ia sair desse lugar, pelo menos por algumas horas. Nem Jake nem minha mãe estavam cientes disso.

Pronta para ir, peguei minha bolsa verde e me dirigi para fora após rezar que o perfume disfarçasse o meu cheiro. Desci pelo elevador, e entraram algumas pessoas em alguns andares. Isso me fez ficar tensa, mesmo sendo humanos. Ao ouvir o bip do térreo, fui para a porta da frente e saí. Olhei ao redor, sentindo uma felicidade apenas com os carros na rua e o movimento.

Chamei um táxi e dei o endereço. Paguei o motorista me segurando para não chorar. La Push. Meu lar. Onde o amor da minha vida nasceu e cresceu. Onde eu fiz as melhores amizades do mundo, e onde eu me apaixonei. Puxei lentamente o ar com os meus pulmões, ficando em êxtase com o cheiro das árvores e do musgo.

Como eu pensei, ganhei olhares estranhos a cada lugar que eu passei que tinha alguém. Talvez eu devesse ter me vestido apenas normal, pois a breguice estava chamando mais atenção do que eu precisava.

Continuei andando por ali, até o momento que eu achei o que eu queria. Meu coração de uma batida que doeu. Depois acelerou, consequentemente me deixando nervosa.

“Seth, Ness e eu estamos indo para Forks com as crianças por alguns dias. Voltaremos para o Natal. Mando fotos do Harry assim que chegarmos.”.

Esse foi o aviso de Jake para mim. Eu comecei a chorar em desespero acumulado ao ler. Meu marido tão perto e tão inalcançável era tão brutal. E então eu decidi que iria vê-lo, mesmo que de longe.

Your Gardian Angel

Mas eu não esperava o ver com Harry nos braços. Jacob falou que ele voltou a cuidar do nosso filho, por isso não deveria ser surpresa. Ele estava parado em uma vitrine de brinquedos, apontando para alguns e mostrando para o nosso pequeno. O mesmo se divertia, suas lindas mãozinhas se chocando contra a vidraça como se pudesse alcançar o outro lado.

—Eu compraria para você, mas você já tem todos eles em casa. – Seth falou. – Sua mãe fez questão de encher o quarto de brinquedos para você, gatão. – a dor era evidente em sua voz. E como eu sentia falta dela.

Isso me fez chorar. As lágrimas desceram pelo meu rosto sem permissão, entretanto consegui recuperar o controle quase de imediato.

Seth, meu amor, eu quero tanto voltar para você, mas está tudo tão complicado agora...

Enquanto eu o observava brincar com o nosso filho, milhões de perguntas passaram pela minha cabeça.

Por que tinha que ser assim? Por que eu apenas não podia ficar com ele? Não podia o beijar quando quisesse? Por que Tifanny queria ir tão longe com essa vingança cega? Por que eu não podia ficar em paz com a minha família? Por quê?

Por quê? Por quê?

Por quê?

Me obriguei a parar de pensar nessas perguntas retóricas. Respirei fundo. Iniciei uma caminhada calma até os dois amores da minha vida, no caminho me preparando psicologicamente para isso.

Droga, o que estou fazendo? Refleti comigo mesma. Só que ele estava bem ali na minha frente, que oportunidade seria melhor que essa para falar com ele? Eu não iria me declarar, eu apenas queria o ver de perto... desditosamente, fingindo ser outra pessoa.

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Com um pressentimento estranho me assolando, olhei para trás. Arregalei os olhos ao ver Jacob a alguns quarteirões de distância. Nada que o impedisse de me reconhecer. Seu olhar desconfiado confirmou meu pensamento. Isso também significava que o perfume não adianto de nada. Droga, se ele me alcançasse, eu não ia conseguir falar com o Seth!

Ele encontrou meu olhar no momento que eu desviei depressa.

Felizmente eu estava mais perto de Seth do que Jake estava de mim, então cheguei à loja que eles estavam. Fingi estar interessada nos brinquedos também, e percebi que ele parara de falar.

—Hã, oi. – ele puxou assunto, e o olhei como se ficasse surpresa de ele estar me chamando.

—Olá. – o cumprimentei.

—Você é nova por aqui?

—Me mudei há... – me interrompi quando percebi que não ter mudado a voz. Pigarreei e mudei minha voz para um tom grave, nada que ficasse inatural. – Me mudei há alguns dias.

—Bem vinda. – ele falou, sorrindo lindamente. Caramba, não resisti. Eu tive que retribuir. Não que eu não quisesse. Suspirei como uma boba apaixonada.

—Obrigada. – agradeci, um pouco envergonhada. – Que menino lindo. Seu filho?

Ele assentiu.

—Posso segurá-lo? – pedi, e logo me arrependi. Que tipo de estranha pede para segurar o filho de alguém que acabou de conhecer?

Para minha surpresa, ele cedeu. Peguei meu filho com cuidado, temendo chorar. Ele não aparentava a idade de meses que tinha. Parecia muito evoluído. Eu estava perdendo seu crescimento.

Meu menino. Pensei comigo mesma, olhando em seus olhos. Em meus olhos.

—Você tem um menino perfeito. – declarei. – Parabéns.

—Obrigado. – Seth sorriu orgulhoso.

—Hey, Seth. – Jacob se intrometeu. Me olhou, me dando uma bronca silenciosa. – Ah, oi...

Droga! O nome. Pensa, pensa, pensa.

—Angel.

—Isso. – ele falou, fingindo se lembrar disso.

—Se conhecem? – Seth perguntou surpreso.

—Nos encontramos há algumas semanas por aqui.

—Você falou que se mudou há alguns dias... – Seth falou, deixando sua voz morrer, parecendo confuso.

—Ele me viu aqui quando...

—Ah, foi isso mesmo...

Falamos ao mesmo tempo, tentando nos explicar. Isso fez uma pontada de desconfiança pairar sobre sua feição.

—Na verdade...

—Na verdade...

De novo falamos em coro.

—Eu vim aqui faz algumas semanas, – falei o olhando como um aviso para calar a boca –para ver se eu me acostumaria com esse local. Eu acabei o conhecendo por acaso.

Ele assentiu, finalmente entendendo.

—Eu adorei esse lugar. – continuei. – Me convenci de que esse é o lugar que quero ficar. – declarei com os olhos colados em Seth.

Caramba. Hipoteticamente eu estava flertando com um homem viúvo.

Para a minha surpresa, ele sorriu tímido, sacando o que eu quis dizer.

—Ca-Angel – Jacob gaguejou no meu nome. Eu sabia que ele estava arrumando um jeito de me tirar dali. E me tirando dali, viria a bronca. – Lembra que você comentou sobre uma loja de departamentos? Ela fica perto daqui.

—Quer que eu te acompanhe? – Seth perguntou, educado e cavalheiro. Fiquei em dúvida se estaria devolvendo o flerte ou apenas estava sendo educado.

Eu iria aceitar na hora, mas Jake me mandou um olhar que achei melhor recusar.

—Obrigado, mas ele sabe o nome do que eu quero, e acontece que eu não estou lembrada, então o senhor Black vai me ajudar. – falei, lhe passando nosso filho. Seu cabelo negro e liso o deixava com uma característica de índio, a tribo devia estar babando de orgulho.

—Bom, então tá. – ele respondeu, aparentemente bem chateado que não ficaria comigo por mais algum tempo. Isso me deixou feliz. – Espero que venhamos nos ver mais vezes por aqui.

—Estou contando com isso.

Na verdade, nossas esperanças eram diferentes. Eu realmente esperava que Jacob me deixasse vê-lo novamente, disfarçada.

—Vamos, Ang. – Jacob falou, e essa seria nossa deixa. Acenei para o Seth, me demorando ao olhar em seus olhos, e depois para o meu filho.

Gostei do meu apelido.

Ele me olhou, sem humor para brincadeiras.

—Hã... Jake. – ouvimos a voz de Seth. Olhei para trás também, aproveitando para apreciar novamente seu rosto angelical. – Posso falar um segundo com você?

—Tá. – respondeu. – Eu volto logo. – ele disse e foi até ele. – Diga.

Ela é uma híbrida?— perguntou, baixinho.

Jake hesitou.

Sim. – suspirou.

Então quer dizer que ela está me ouvindo. – ele raciocinou, parecendo constrangido com a sua pergunta.

Pois é.

Ele me olhou tímido, e eu acenei, também confirmando sua suspeita. Bem, isso não seria problema em ele saber.

Seth soltou um sorriso com os lábios franzidos, acanhado. Um riso escapou por entre meus lábios. Eu não me controlava. Ele ficava totalmente adorável tímido. Parecia um anjo.

Quando é que ele não parecia um anjo?

—Bom, vou lá.

Segundos depois, ele estava ao meu lado. Caminhamos por alguns minutos até estar longe da audição dele. Eu olhava por volta, observando as pessoas andando por ali, as árvores que preenchiam a paisagem, e eu lutei contra a vontade de tirar o meu sapato para andar descalça. Eu aproveitei o silêncio de suas palavras, visto que logo seria repreendida.

—O que estava pensando quando resolveu se rebelar? – ele perguntou, sua voz dura.

—Rebelar? Tá louco? Eu só quis sair um pouco de casa. – resmunguei entre dentes.

Me senti injustiçada. Ele podia ficar com sua esposa e filho vivendo sua vida normal, mas quando eu apenas saio para tomar um ar, sou rebelde.

—É? – perguntou, sarcástico. Bufei e cruzei os braços, à espera do que mais viria. – Você tem noção do que pode estar custando esse “sair um pouco de casa”? E se aquela sanguessuga decide dar uma volta para checar os Cullen e descobre a verdade sobre a Angel?

Conforme sua frase ia chegando ao fim, mais ele abaixava seu tom. Não que fosse adiantar alguma coisa para o ouvido de um vampiro.

—Me deixa em paz, Jake.

O ignorei e comecei a andar, tentando me focar no meu redor.

—Essa sua falta de consideração pelas pessoas que você ama pode colocar todo mundo em risco!

Senti um puxão pelo braço para que eu pudesse olhar para ele.

—Falta de consideração? – repeti, incrédula, me livrando de sua mão. Eu senti meus olhos ardendo, e percebi que as lágrimas de raiva já estavam à espera de uma oportunidade para se livrarem dali. – Eu cansei, Jacob! Eu cansei de esperar, de ficar vinte e quatro horas por dia trancada naquele hotel sem poder fazer nada além de ficar naquele andar, sendo que minha vida está aqui fora!

Eu parei quando ele começou a me compreender e ficar sem palavras. As prisioneiras dos meus olhos conseguiram escapulir.

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—Minha família inteira acha que estou morta, e há semanas meu filho acorda sem ter uma mãe para trocar sua fralda, dar mamadeira, brincar com ele, dar banho... e o meu marido! Acha que me perdeu, com certeza sente falta de estar ao meu lado, realizando nossos sonhos e criando nosso filho juntos.

Eu fiz outra pausa, e funguei. Eu estava nervosa, e a temperatura do meu corpo aumentou por conta do meu nervosismo. Agradeci que nesse momento bateu um vento em nossa direção, me relaxando um pouco.

Isso tudo deixou meu coração apertado. Realmente fazia uma falta tremenda.

Esse tempo todo ficou calado. Emoções atravessavam seu rosto em seu silêncio: compreensão, culpa, tristeza, mais culpa... finalmente se solidarizou comigo.

—Eu estou cansada, Jake. – voltei a falar, e minha voz falhou. – Eu quero voltar a viver, porque eu não estou.

—Carlie, isso é arriscado...

—E se fosse como outra pessoa? Quero dizer, eu me apresentei hoje a ele como Angel, e ele não desconfiou de nada. Posso fingir ser ela enquanto não posso dizer que estou viva.

—Eu não sei...

—Por favor, Jake. – o interrompi, a esperança batendo em cheio igual um martelo. Ele parecia estar prestes a ceder. – Estou te implorando!

—Olha, volte para o hotel. – eu abri a boca para reclamar, mas ele falou mais rápido. – Eu prometi a Nessie que a levaria para jantar fora e acho que não vamos voltar para casa hoje. Então amanhã a gente conversa, falo com a Bella para ver o que ela acha disso, e então decidiremos.

A felicidade explodiu dentro de mim, que eu não me contive. Pulei nele, o abraçando apertado.

—Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, obrigada!

Ele ria de meus exagerados – não para mim – agradecimentos.

Me separei do abraço.

—Aliás, como você chegou aqui? – ele perguntou, como se só agora tivesse caído a ficha. Esticou a mão e passou os dedos debaixo dos meus olhos, limpando as lágrimas.

—De táxi, óbvio.

Ele riu.

—Bem, agora volte do mesmo jeito que você veio.

—Claro, claro.

Dei-lhe as costas e comecei a andar.

—Espero te encontrar no lugar que deve estar. – ele avisou.

Eu prometo.

* * *

Eu não estava mais aguentando de tanta ansiedade. Olhar para o celular como se Jake fosse me responder. Ele me falou que conversaríamos somente amanhã. Provavelmente estava com Ness em algum lugar. Eu não deveria esperar mensagem sua. De qualquer forma parecia uma eternidade esperar para me apresentar a todos como Angel.

Mesmo que Jacob não aprovasse, eu acho que não aguentaria esperar por seu consentimento.

Peguei o meu celular e disquei o número.

Alô?

—Oi, Seth. Aqui é a Angel.

O ouvi engasgar do outro lado da linha. Achei uma graça. E ao mesmo tempo fiquei com ciúmes de ele estar flertando com outra mulher.

O-oi, Angel.— ele tropeçou nas palavras, e isso me fez rir. – Tudo bem?

—Tudo. – respondi. Eu decidi ser direta. – Eu não parei de pensar em você desde que nos vimos. Que tal se sairmos hoje?

—Já que você tocou no assunto, eu estava mesmo pensando em te convidar para jantar.

Um sorriso nasceu em meu rosto. Estava sendo mais fácil do que eu pensei.

—Parece ótimo. Me mande o endereço.

—Eu conheço um restaurante ótimo chamado minha casa e o chefe de cozinha é excelente, e por acaso sou eu.

Ri suavemente, sentindo que corei.

—Fechado.

Te pego que horas?

—Não!...

Droga! Desespero demais da minha parte.

Algo... de errado?— perguntou com cuidado.

—Eu-eu vou aí. – Gaguejei por conta da minha agitação. – Não se preocupe.

—Sabe onde é minha casa?

A surpresa em sua voz atrairia desconfianças mais tarde.

—Saberei quando me mandar o endereço, assim posso descobrir quando o taxista me deixar em frente a ela.

Sua risada me deu uma vontade de atravessar a linha e encher seu rosto de beijos.

—Às sete e meia está bom para você? – perguntei.

—Perfeito.

—Até logo.

Preparei-me mentalmente para ouvir pela última vez a sua voz perfeita até a minha chegada a sua-nossa casa.

—Até logo.

* * *

Lady Antebellum – Just a Kiss

Eu estava decidida. Iria abrir o jogo e dizer que estou viva. Que eu nunca o deixei. Eu odiava o fato de estar fazendo-o sofrer por minha causa. Eu causei toda aquela ira sobre a Tifanny, e sofro as consequências disso junto de quem eu amo. Não sei como e quando, muito menos se eu vou conseguir me revelar.

O nervosismo tomava conta de mim toda vez que eu me lembro dessa decisão. Fiquei agradecida por tia Alice não poder ver o meu futuro ou do Seth, de híbridos e lobisomens. Eles tinham uma teoria: ela podia ver os humanos porque foi um deles, e ela podia ver os vampiros porque ela fazia parte deles agora.

Lembrar seu nome me fazia suspirar, e me recordar de nossos momentos juntos. De nossos beijos. Nossas carícias. Palavras de amor e declaração. Nossas noites de amor.

Olhei no relógio. Faltavam algumas horas para me encontrar com ele em nossa casa, que agora não era mais tão minha. Essa casa ficava em La Push. E não era a única, já que minha família alugou uma casa para nós, em Boston, onde eles estavam.

Desliguei-me desses pensamentos do passado – e logo do futuro – e me foquei no presente. Tomei um banho rápido. Olhei para as minhas opções de roupas, e não tive coragem de vestir algo brega desta vez. Então vesti uma camisa vermelha transparente nas costas, uma saia de cintura alta preta, e um salto preto para finalizar. Coloquei algumas trocas na minha bolsa por precaução.

A produção facial eu não podia abrir mão. Então coloquei a peruca, os óculos, a prótese de aparelho metalizado, e já me odiei instantaneamente. Quando a Angel estava no lugar da Carlie, me preparei para sair.

—Parabéns, Carlie, você está horrorosa.

...

Hoobastank – The Reason

Cheguei em frente à porta e respirei fundo, me preparando. Toquei a campainha.

—Calma. – murmurei para mim mesma, mal ouvindo minha voz, tentando me livrar do nervosismo.

Segundos depois a porta foi aberta. Seu aroma bateu em mim feito um tsunami, e sua beleza me atingiu como um meteoro. Estava com uma blusa simples branca, e um blazer preto por cima. Uma calça jeans escura, e um tênis branco acinzentado. O perfume era o nosso preferido que ele usava desde o início, mas sem jamais mascarar seu cheiro de floresta. Seu cabelo grande como nunca vi batiam em seu ombro, dividido ao meio, tinham ondulações tão fracas que era quase um liso perfeito.

—Vai sair e se esqueceu de me avisar? – brinquei. Ele riu lisonjeado e me deu espaço para entrar. Não pude deixar de perceber seu olhar surpreso pelo meu corpo. Talvez percebeu a brusca mudança de estilo. Droga.

Eu tive a honra de contemplar a beleza da casa. Um sobrado, e a organização da planta ficou incrível. Uma salva de palmas para tia Alice e vovó Esme.

—Eu achei que gostaria de jantar em casa hoje. – ele explicou, sempre com um sorriso no rosto. Fechou a porta e se virou para me olhar – Modéstia à parte, sou um bom cozinheiro.

—Não duvido disso. – falei sem pensar.

O modo que ele confessou foi um tanto... sedutor.

Ele mordeu o lábio, e tive certeza de que ele teve intenção de ser sexy. Precisei me conter para não o beijar naquele momento.

—Então... – puxei assunto, aflita para me distrair. Ou acabaria me descontrolando e o atacando. – O que temos hoje?

—Eu não sei exatamente do que você gosta, então decidi preparar um macarrão ao molho bechamel com cogumelos.

Fiquei surpresa, pois lembrei da data exata que eu ensinei esse prato a ele. Não foi um dia especial, mas estávamos sem fazer nada depois da escola, e ficamos com fome. Lhe dei a ideia de o ensinar a fazer, e ele topou. Ficou melhor do que o meu.

—O que foi? – ele perguntou, e então percebi que demorei alguns segundos para falar algo. Começou a dizer um monte de coisas, parecendo um pouco culpado e bastante desesperado por não ter acertado o meu paladar. – Não gosta de cogumelos? Não tem problema, eu posso...

—Eu adoro bechamel com cogumelos.

Ele sorriu, aliviado.

—Eu apenas fiquei surpresa de você ter feito um dos meus pratos preferidos. – expliquei, recuperando a fala.

Sorriu outra vez, mas agora foi afetado. Eu me perguntei o que aconteceu para essa mudança.

—Eu falei algo de errado? – perguntei relutante. Será que isso que eu disse o fez se lembrar de mim... da Carlie?

—Não é você... apenas... – ele parou, lutando com as palavras, tentando achar a certa. – Você nunca ouviu falar sobre o imprinting de um lobo, né?

—Já. – admiti e ele me olhou surpreso. – Já ouvi muito sobre os Cullen e os lobos. Fiquei sabendo sobre algumas lendas, e não achei que esse imprinting fosse real. Pelo visto é.

Doeu ter que falar da minha família, e eu mesma tendo que me excluir.

—Sim, é real. Eu sofri imprinting com uma Cullen. A garota mais especial que eu já conheci. Só que ela morreu.

A dor em sua voz era explicita, e senti uma flecha invisível ricochetear em mim e me acertar bem no peito. Apertei meus dentes forte, me obrigando a manter a boca fechada, pois todo o meu ser queria expor: “SOU EU! EU ESTOU VIVA E ESTOU BEM NA SUA FRENTE!”.

Ao invés disso meus lábios sussurraram.

—Ela era tão especial assim?

O modo que ele se referiu a mim... a Carlie... a mim como a Carlie fez meu coração vacilar.

—Ela era muito mais do que especial. – ele confessou, longe do planeta Terra. Agradeci essa distração, pois tinha medo do que o meu rosto poderia transmitir no momento. Era reconfortante ele não ter me esquecido, mesmo tendo um encontro com outra mulher. – E gostava de macarrão com molho bechamel e cogumelos. – ele acrescentou e me olhou.

Sorri.

—Estou feliz de te lembrar de alguém especial. – revelei, e ele sorriu o meu sorriso preferido.

—Quer me acompanhar? – perguntou, sendo um perfeito cavalheiro. Gesticulou a mão em direção a cozinha, para que eu fosse na frente.

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—Obrigada. – reverenciei com a minha saia, acabamos rindo.

Andei até o outro cômodo. Quase engasguei. Agora entendi porque tia Alice tirou tantas dúvidas comigo de qual cozinha planejada era mais linda. Eu não desconfiei porque ainda estava noiva e nem sabia que teria minha própria casa em Boston, diria outra em La Push. E ela decorou do meu gosto. Ficou impecável, e ela não esqueceu do toque de elegância que eu ressaltei com algumas coisas inox e escuras. Apesar disso, a cozinha parecia o ambiente mais limpo que já entrei na minha vida.

—É tão lindo aqui dentro. – elogiei, ainda encarando a decoração.

—Eu sei. – respondeu, sorrindo genuinamente. – A tia dela me disse que a deixou escolher tudo sozinha.

Que bom que você gostou, meu amor. Pensei, olhando para ele, mas deixando o pensamento apenas para mim.

Seus olhos ficaram focalizados na cozinha, admirando cada canto. E os meus se prenderam nele. Sua beleza era incontestável. Seus olhos castanhos escuros, que agora pareciam claros por causa do reflexo da lâmpada. Sua bochecha morena, sua pele morena. Os lábios vermelhos estavam curvados num sorriso que me fazia pirar.

Ele pareceu sair de algum transe e me olhou. Ficou envergonhado quando me pegou o olhando.

—O que foi?

—Você é lindo. – falei, vidrada em suas feições encantadoras.

—Não tanto como você. – respondeu de automático, e de repente o olhei como se estivesse em um filme romântico clichê, e mesmo com todo o clichê, ainda te faz suspirar pelo mocinho.

Eu não sabia sinceramente se ele estava sendo honesto. Quero dizer, meu cabelo estava de outra cor e tamanho, eu estava usando óculos e aparelho dental. Isso não me deixou menos bonita? Ou apenas me deixou bonita diferente?

Eu fiquei sem jeito, e mordi o lábio. Ele nunca percebia o efeito que causava nas mulheres.

Percebeu como eu fiquei, e se apressou a falar sobre o jantar.

—Vamos?

—Claro. – concordei rapidamente. – Estou morrendo de fome.

O jeito que ele olhava para mim... Para a Angel, era como ele me olhava desde quando a gente começou a namorar. O olhar carregado de admiração e paixão, do mesmo jeito que olhava para o meu disfarce. Eu estava desconfiada de que ele sentisse que era eu, por causa do imprinting. Ou se ele já se apaixonou por outra...

Ele puxou a cadeira para eu me sentar. Eu me derreti com esse gesto romântico dele. De certa forma era como se fosse o nosso primeiro encontro novamente.

Estiquei a mão alcançar o pegador, mas fui impedida.

—Eu sirvo.

Sua mão pegava fogo sobre a minha. Eu me assustei com a temperatura. Tantas semanas sem tocá-lo, sem senti-lo, que foi como se fosse a primeira vez.

—OK. – respondi baixinho, recolhendo a mão antes que eu ficasse com cara de abobalhada.

Após ele servir, começamos a comer em silêncio. Isso estava me desconfortando, porque ele não parava de me olhar.

Eu precisava de alguma coisa para dizer, ou então ficaria naquele silêncio constrangedor – para mim – para sempre.

—Está uma delícia. – elogiei.

Sorriu agradecido.

—Que bom que gostou.

Seth era o sonho de qualquer garota. Amigo, divertido, forte, alto, compreensivo, meigo, extrovertido, e além de tudo, lindo. Eu era uma garota de sorte por ter ele ao meu lado, para toda a eternidade, me amando, sendo meu amigo, meu amor, meu companheiro. Talvez ele merecesse alguém melhor que eu. Alguma pessoa que o fizesse feliz, e não sofrer com constância.

Com sorte ou coragem, eu contaria hoje ainda, quem eu realmente era, e acabaria com esse seu sofrimento.

—Parece pensativa. – ele comentou, me tirando da profundeza dos meus devaneios.

—Um pouco. – admiti. – A vida é uma caixa de surpresas, não é?

—Sim. Algumas das surpresas reservadas para a gente, nós não gostamos.

—Sou obrigada a concordar com você.

Rimos.

—Posso te confessar uma coisa? – ele falou de repente.

—Pode. – falei, ainda entre risos.

Ele aproximou sua mão da minha, até que ela estava em cima da minha. A graça se cessou com a surpresa do seu toque.

—Há tempos – ele começou olhando em meus olhos. – eu não me sinto desse jeito.

—Defina “desse jeito”. – pedi, tentando me livrar do nervosismo.

—Completo. Feliz. Sempre faltava um pedaço de mim. Mas agora que estou com você, estranhamente me sinto inteiro de novo.

Eu nunca o imaginei dizendo essas coisas para uma estranha. Os meus sentimentos brigavam em conflito dentro de mim, sem saber se eu estava feliz por ele gostar de mim, ou com ciúmes por ser a Angel e não a Carlie.

—Você me faz tão bem. – ele sussurrou. Seus dedos roçaram em meu rosto, e eu fechei os olhos, desfrutando da sensação. – Sei que é estranho, contando que nos conhecemos hoje. Parece que foi uma ligação instantânea.

Eu me distraí, e o garfo de prata escorregou da minha mão.

O barulho nos fez acordar do transe. Rapidamente abri os olhos, percebendo o que eu fizera.

—Me desculpe. – pedi me levantando rapidamente para poder pegá-la.

—É só um garfo. – ele exclamou, e seu tom declarou que era totalmente desnecessário eu estar me desculpando por algo tão banal. – Deixa comigo. – ele pediu, se levantando. O ignorei, já perto da pia, pronta para lavar a talher, quando subitamente ele a tomou de mim.

—Hey, eu disse que... eu... lavo...

Minha voz sumiu aos poucos quando o pequeno movimento que fiz para girar meus calcanhares me levou para perto do seu corpo. O calor eminente dele irradiava para mim, como se eu estivesse a centímetros de uma fogueira grandiosa. Para qualquer um, seria insuportável ficar perto de uma temperatura tão elevada, mas para mim era delicioso. Eu queria ficar assim para sempre.

Quando nossos olhos se encontraram, a conexão foi tão forte que tive a sensação de estar à vontade como Carlie e Seth, juntos desde sempre. Sem medo de um machucar o outro involuntariamente. Sem medo de eu o estar colocando em perigo por querer dizer que eu estava viva. Mas eu sabia que sua dor só passaria se eu lhe contasse que a Angel é um disfarce.

Naquele momento, eu gostaria de lhe dizer. Abri a boca, mas não saiu nem um A. eu estava hipnotizada pelos seus olhos. Seus amorosos olhos castanhos me passavam uma paz que abriguei dentro de mim de bom gosto.

Tive a audácia de me aproximar mais. Eu não sei se depois me arrependeria de tudo isso. Talvez sim, talvez não. Meu consciente pedia para ignorar as consequências.

Sua mão assentou na lateral do meu rosto. Um calor subiu pela minha espinha ao vê-lo se aproximando lentamente. E me surpreendeu quando não foi mais tão lento. Nossos lábios se chocaram suavemente, como se fosse o primeiro beijo.

Seus braços se apertaram a minha volta, e nossos corpos se moldaram, como feitos um para o outro. Nossos tecidos de roupa eram finos, e a vantagem era de sentir seu corpo contra o meu, quase os panos não fizeram diferença. Minhas mãos escorregaram pelos seus braços fortes, pelo pescoço, nuca, e uma ficou ali. A outra continuou o trajeto até chegar no cabelo, e agarra-lo, o trazendo desesperadamente para mim.

Ele deu um meio passo para frente até eu sentir minhas costas na bancada. Tudo em nós estava conectado. Não apenas físico, mas emocionalmente também. Tentei me concentrar enquanto conduzi minha mão pelo seu braço direito, até chegar a sua mão. Tirei o garfo dela, e joguei em qualquer canto da pia. Pelo barulho, caiu dentro da pia. Nem liguei. Nada mais me importava até do que estava acontecendo entre nós dois.

Ele segurou minha cintura para me levantar e me sentar na bancada. Eu precisava dele contra mim, então o trouxe para o meio das minhas pernas. O atraso sendo tirado no beijo não dava para ser posto em palavras. Eu sugava seus lábios como se minha vida dependesse disso.

Apesar do momento mágico, teve um momento que ele ficou um tanto desligado, e parou de corresponder o beijo com a mesma intensidade.

Desisti de beijá-lo e não ser mútuo, pois também fiquei preocupada com sua reação súbita.

Distanciei um pouco nossos lábios para que eu pudesse olhar dentro de seus olhos.

—O que houve? – perguntei, levando a mão para acariciar sua pele macia.

Ele olhou para cima, encontrando meu olhar. A surpresa me invadiu quando vi tanto espanto dentro dele.

Ele sabia.