Sunshine

Livro II: Capítulo 2 - Preocupando-se...


-Sunny! – uma voz me chamou. – Sunny, acorde!

Abri meus olhos lentamente, dando de cara com Jamie. Abri um sorriso para ele e me levantei, fechando meu caderno e guardando-o de baixo do travesseiro. Esfreguei os olhos e murmurei:

-Desculpe-me por ter dormido, Jamie. Nem mesmo te dei boa-noite... É que eu estava tão entretida escrevendo que acabei perdendo noção do tempo e caindo no sono.

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-Está tudo bem – ele me assegurou. – Aliás, quando vai mostrar essa música pro Kyle?

Respirei fundo.

-Quando eu acabar – respondi calmamente. – Se eu tiver coragem, o que é provável que eu não tenha.

-A parte que você cantou para mim era bem bonita – Jamie elogiou-me. Sorri e ele continuou: - Deveria mostrar para ele. Às vezes a gente só percebe o que realmente sente quando recebe uma prova de que a outra pessoa sente isso também.

-É uma teoria confusa e bonita – falei. – mas é só isso: uma teoria.

-Sunny, Kyle arriscou a vida para ir te buscar.

-Não, ele arriscou a vida para buscar a Jodi. Eu fui só uma surpresa indesejada.

-Uma surpresa indejada que ele por um acaso ama.

Rolei os olhos e, sem querer magoá-lo, não respondi nada. Eu e Jamie fomos tomar café. Havíamos nos juntado nas cavernas de Jeb com os humanos da célula rebelde de Cal há uns 3 meses, para unir forças. Chace, um dos homens da outra célula, esbarrou em mim no caminho.

-Uh, desculpe, Sunny – ele disse, juntando alguns pacotes de cheetos que deixou cair no chão.

-Por que está tirando isso do depósito? – perguntei, erguendo uma sobrancelha.

-Jeb e Nate me pediram para levar tudo o que temos no depósito para a cozinha, já que nossos suprimentos estão minguando.

Chace estava escondendo algo, eu pude perceber. Olhei nos olhos dele com os meus cerrados, tentando entender o que era que ele estava me escondendo.

-Tem notícias de Kyle? – perguntei.

Chace respirou fundo.

-Eles saíram há 10 dias, Sunny – ele disse. –Não podemos fingir que nada aconteceu. Jeb e eu estamos selecionando alguns para saírem atrás deles, mas estamos sem esperanças. Precisamos de todo o suprimento que temos.

Meus olhos se arregalaram e se encheram de lágrimas. Não, eles iam voltar. Claro que iam! Não se podia acontecer algo assim, do nada. Eles não foram capturados.

-Vocês vão mesmo procurá-los, não é? – Jamie perguntou. – Quer dizer, eles só devem estar escondidos por algum motivo. Não tem nada de mais, não é?

Chace olhou para mim e para Jamie, com pena e compaixão e murmurou:

-Não, não tem nada demais.

Assentimos e saímos dali. Eu tinha uma sensação ruim. Muito ruim, por acaso. Mas era só uma sensação, não era? Balancei a cabeça para afastar os pensamentos e tentei me concentrar em Jodi, tentando chamá-la. Mas é claro, não tinha nada.

Eu e Jamie chegamos à cozinha e nos sentamos com Ian, Peg, Trudy e Heidi. Eles também estavam em absoluto silêncio. Parecia que Jeb já tinha transmitido aos outros as notícias. Peg e Ian pareciam tão preocupados quanto eu e Jamie.

-Calma gente – disse Ian tentando nos acalmar. Mas nem ele parecia calmo. – Nada tão ruim aconteceu. No máximo alguém se machucou e foram ao hospital... ou então estão se escondendo por um tempo.

Continuamos em silêncio,como se tentassemos processar a informação, nos fazer acreditar nela. Mas eu simplesmente não conseguia. Meu coração martelava minhas costelas com força e minha respiração era pesada. Eu dormia mal e meus olhos viviam pesados e cobertos de olheiras. Minha mente estava lenta. Eu estava desatenta – o que me causou uma série de machucados – e morria de saudades do Kyle.

Para todo o lugar em que eu ia, tinha que levar a camiseta de Kyle junto comigo. Era a única camiseta que eu vestia. Estava cada vez mais difícil compôr. Mas meu sentimento de tristeza me fazia escrever algumas coisas.

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Eu sentia como se meu coração se corroesse. Desde as bordas até o centro, como se quisesse me matar com saudades. Era praticamente impossível sentir tudo aquilo e ter que esconder dos outros para não aborrecê-los. E era completamente exaustivo, também.

Jeb e Nate já haviam escolhido quem iria procurar nossos incursionistas: Aaron, Chace, Andy, James e Landon. Nós havíamos acabado de nos despedir deles. Ian estava trabalhando no campo, colhendo, enquanto eu e Peg descansávamos ao seu lado.

-Tudo vai ficar bem, não vai? – perguntei baixinho para ela. – Jared, Melanie, Brandt e Kyle vão voltar como se nada tivesse acontecido, com suprimentos e sem ferimentos... não é?

Peg respirou fundo, desanimada.

-É sim, Sunny – ela mentiu. E eu desejei de todo o coraçãopoder acreditar.

-Tem que ter um motivo para estarem demorando tanto. Quer dizer, hoje fazem 16 dias que eles saíram. Isso não é normal.

-Parece que não somos tão bons quanto imaginávamos – Ian disse pesaroso, se aproximando. – Deus, se algo acontecer àquele cabeça dura do Kyle...!

-NADA vai acontecer com Kyle – eu o assegurei. Mas era mais como se eu estivesse tentando me assegurar. – Ahn, com licença eu... eu tenho que buscar o Jamie. Ele também está mal por culpa da preocupação que sente pela Mel e pelo Jared, então acho melhor não preocupá-lo nem fazê-lo sofrer mais ainda né? – dei um sorriso, que deve ter ficado mais como uma careta horrenda, por culpa do meu humor e das minhas olheiras. – Obrigada por tudo, tá?

Saí de lá em direção à sala de aula para pegar Jamie, quando ouvi Nate dizendo para Cal:

-Nós vamos tentar, cara; eu juro. Mas achamos que não vai funcionar. Quando o nosso grupo de resgate estava pegando o carro, tiveram que se esconder na “garagem” porque tinham dois buscadores sobrevoando o local. Acho que já está evidente que eles...

-Não importa, Nate – disse Cal, paciente, calmo e ríspido ao mesmo tempo. – Todos estão preocupados, e se algo ruim tiver realmente acontecido, que tragam provas pelo menos. Não podemos nos render tão fácil. O planeta ainda tem esperança, cara. Não podemos desperdiçá-la.

Nate negou com a cabeça algumas vezes.

-Nós vamos tentar, Cal – ele disse. – Mas não podemos garantir nada.

Ai, meu Deus. Tem Buscadores lá fora. Dois. Faziam 16 dias que nossos incursionistas haviam saído. Tudo fazia sentido agora. Talvez não valesse mais à pensa fingir que tudo estava bem. Talvez eu devesse parar de alimentar falsas esperanças.

Enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto, coloquei as mãos nele e encostei-me de costas na parede, deslizando até o chão, onde comecei a chorar loucamente.

Talvez eles tivessem sido pegos.