Sunshine

Livro II: Capítulo 3 - Salvando...


Kyle poderia estar perdido agora. Assim como poderia estar morto ou até mesmo com seu corpo ocupado por uma alma. Não, não, não! Isso não é possível. Ninguém pegaria Kyle, foi o que Ian me disse. E eu esperava de todo o coração que ele estivesse certo.

Olhei para Jamie, que chorava no ombro de Peg na minha frente. Ela e Ian tentavam confortá-lo, dizendo que Mel e Jared estavam só se escondendo e que logo voltariam. Mas Peg, como eu e qualquer outra alma, era uma péssima mentirosa. Para todos, eu era agora uma espécie de zumbi. Eu estava ali, meu corpo estava, mas era como se fosse só isso. Pela primeira vez, eu consegui realmente me por no lugar de Lily. Sem a pessoa que você ama, e sabendo que ela não vai voltar... mas eu ainda tinha pelo menos um pouco de esperança.

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-Fique calma, Sunny - Trudy tentava me acalmar. Algumas lágrimas escorriam pelos meus olhos, mas eu não emitia nenhum ruído. Não queria ser um incômodo para os outros. True, como eu a chamava, agarrou meus cabelos e começou a fazer um trança em mim. - Preste atenção, querida: os garotos já saíram atrás deles... tudo bem, eles voltaram, mas eles não vão deixar de procurar, está bem? Vai dar tudo certo.

Olhei para o rosto dela, e percebi que ela tentava me enganar. Ela sabia que nada estava bem, e mesmo assim queria que eu acreditasse. Esse era o lado humano que nenhuma alma além de mim, da Peg e do Cal conheciam. Isso me mostrou que essas pessoas tinham esperança ainda.

E eu não quero perder a minha esperança. Só o que eu quero é ter Kyle de volta, e eu não via como os humanos sozinhos poderiam ajudar nisso. Nessa hora, olhei para Peg, que tentava conter as lágrimas para não mostrá-las a Jamie.

-True... - a chamei.

-Sim?

-Eu estava só pensando... sabe, a Peg é uma alma perfeita para nossas incursões e tudo o mais... mas ela está muito abalada, e tem que cuidar do Jamie. O Cal... bem, ele é bom também, mas já estamos levando uma porção de homens atrás dos incursionistas, então não acho que vale à pena mandá-lo também.

-Aonde quer chegar, Sunny? - Trudy perguntou, erguendo sua sobrancelha direita.

Respirei fundo.

-Eu quero ir atrás deles - respondi simplesmente. Mas parece que bem nessa hora, toda a caverna ficou em absoluto silêncio e ouviu meu comentário. Todos olharam para mim, os olhos arregalados.

-Sunny... - Ian começou, tentando me repreender, mas eu nem me importei.

-Não podemos fingir que nada está acontecendo - falei, em alto e bom som, para que todos me ouvissem. - E não podemos mandar Peg, porque ela é necessária aqui. Já estamos mandando muitos homens, então Cal está fora de questão. E é Kyle lá fora. Eu não posso deixá-lo lá! Tenho de fazer algo...

Todos ficaram em silêncio, como se tentassem decidir se era uma boa ideia ou não.

-Bom, acho que Sunny está certa - Jeb disse por fim.

-Jeb! - Peg, Ian, Lily, Cal e Jamie o repreenderam.

-Temos de pensar no bem da comunidade, pessoal! - Jeb gritou. - Sunny poderia fazer muito bem indo atrás de todos.

-Fazendo bem como, Jebedaiah?! - Maggie gritou, com sua voz estridente. - Trazendo todos os buscadores para cá? Nos rendendo para sermos como ela?

-Além disso, ela não foi testada ainda - disse Aaron dando de ombros.

-Então essa é a oportunidade perfeita para me testarem!

Começaram alguns burburinhos, alguns concordando, outros discordando completamente, alguns poucos ainda divididos. Eu esperava alguém se pronunciar algo para mim, olhando em volta. Fixei meu olhar em Ian, Peg, Jamie, Cal e Lily, mas eles estavam ocupados demais conversando sobre os porquês de eu não poder ir. E então, escutamos um grito:

-PAREM! - foi Jeb o autor da ordem, e por isso todos obedeceram. E aí, ele proferiu sua conhecida frase: - Minha casa, minhas regras. Sunny vai, está decidido.

Eu dei um pequeno sorriso e assenti, me levantando da cadeira e indo pegar algumas coisas no meu quarto. Saí de lá com uma pequena bolsa de mão, e me juntei aos homens que iam na incursão. Me despedi de Peg e dos meus outros melhores amigos, que ainda tentavam me conter ali.

-Eu vou ficar bem, prometo - murmurei.

-Kyle disse a mesma coisa - Jamie protestou. - Assim como Mel e Jared. A verdade, Sunny, é que você não pode garabtir isso. Então, por favor, não vai você também.

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-Desculpa, gente - murmurei. - Mas eu não posso ficar aqui, esperando. Eu tenho que agir pelo Kyle, para salvá-lo. E prometo que vou trazer Mel, Jared e Brandt junto, okay?

Eles respiraram fundo. Se despediram de mim e saíram dali. Cal olhou para mim e sorriu. Ele me abraçou e murmurou:

-Boa sorte, Sunny.

-Obrigada, Cal.

Me virei e saí, indo com os garotos até o jipe. A verdade era que eu me sentia muito envergonhada com eles. Mas eu tinha que fazer isso por Kyle.

-Acho que podemos ir direto para Phoenix para procurar - disse James, que é da célula de Cal.

-Acho que sim - concordou Landon, da mesma célula rebelde que James.

-Por mim tudo bem - Aaron e Chace concordaram em uníssono. O primeiro continuou: - O que você acha, Sunny?

Corei, sem sabero que fazer.

-Ahn... er... acho que tudo bem.

James assentiu, enquanto guiava o jipe. Então, paramos numa loja de conveniência para que eu pegasse suprimentos. "É só fazer como quando você vivia com eles, Sunny", eu dizia a mim mesma. Minhas mãos tremiam. Entrei lá e sorri para a alma que estava no balcão.

-Bom dia - falei, ainda sorrindo.

-Bom dia - disse a atendente, cujo crachá dizia se chamar Cristais Nativos do Gelo. - Posso ajudá-la?

-Bem, é que eu, meu companheiro e alguns amigos estamos viajando. Somos fotógrafos e achamos muito gratificante fotografar essa paisagem do deserto, sabe? Mas ficamos sem suprimentos, então decidimos vir para cá. Estamos em 5, e precisamos de comida para quinze dias.

-Você é a única mulher? - Cristais Nativos do Gelo perguntou. Assenti. - Poxa vida, então terá de levar muita comida mesmo!

Nós duas rimos.

-Então... qual seu nome?

-Mil Pétalas - menti, usando o nome de minha "mãe".

-Mil Pétalas, os salgados se encontram do corredor 3 ao corredor 6, os doces se encontram no corredor 1, e as bebidas estão no corredor 2.

-Obrigada, Cristais Nativos do Gelo.

Peguei muita comida mesmo, tanta que tive de fazer duas viagens. Agradeci a Cristais Nativos do Gelo e entrei no caminhão, agora carregando um único pacote de SweetArts, já que amo esse doce.

Sentei-me no banco do carona e James deu a partida, se dirigindo para Phoenix, que ainda estava um pouco longe.

-Oba, SweetArts! - Aaron gritou. Sorri e dividi meu pacote com eles.

Mas então, percebemos alguns buscadores há mais ou menos 8 quilômetros de distância, o que fez James dar o retorno.

-Se eles etão ali, devem estar por toda a parte - murmurei alarmada. - Precisamos de um lugar para nos esconder, rápido!

James dirigia na velocidade da via de maneira agoniada.

-Ali! - Landon gritou, apontando para uma casa de tamanho médio, nem grande nem pequena.

Ela estava evidentemente abandonada, então James entrou ali de uma vez. Entramos correndo dentro da casa e fechamos o portão da garagem, que era manual. O carro estava bem escondido agora, assim como nós, que entramos silenciosamente na casa e estávamos agora na sala.

Mas então, Chace derrubou um vaso, que se estilhaçou no chão. Dei um pulo assustado e continuamos andando. A casa parecia estar realmente abandonada. E aí, para a minha surpresa, alguém saltou sobre mim e tampou minha boca. Arregalei os olhos e olhei para trás, a tempo de perceber que Aaron, Chace e Landon estavam rendidos também, e que James estava desmaiado no chão.

Olhei para a pessoa que me rendia e senti meu coração dar uma volta, quando a reconheci:

-Kyle? - perguntei, em sua mão.

Ele arregalou os olhos.

-Sunny?

-Kyle! - falei, agora num tom normal, um sorriso imenso se abrindo em meus lábios.

Ele se levantou e me ergueu com sua mão, me abraçando com força logo depois enquanto gritou:

-Eeeeeeei, Sunny!

Eu o abracei com força. Logo percebi que quem havia nos rendido antes foram os incursionistas. Mel e Jared estavam ali, abraçando-se, enquanto Brandt dava abraços com tapas nas costas de Landon e Chace, e pegavam James para colocá-lo no sofá.

-Todos acharam que vocês estavam mortos, mas eu insisti em uma busca! - contei, eufórica. - E insisti em vir junto, o que nos deixou com jipe lotado de suprimentos.

-Eu sabia que você faria alggo, Sun! - disse Kyle sorrindo. Ele agarrou meu rosto em suas mãos e afastou uma mecha de cabelo que se soltou da minha trança, colocando-a atrás da minha orelha. - Puxa, como senti sua falta! Você está linda, como sempre.

-Você quer dizer que a Jodi está - murmurei.

-A Jodi não tinha círculos prateados ao redor dos olhos e muito menos corava a cada palavra que eu dizia.

Corei e o abracei.

-Suponho que não tenha mais notícias dela, não é? - ele perguntou. Neguei com a cabeça e ele assentiu.

-Por que vocês não voltaram? - Aaron perguntou. - Quer dizer, os Buscadores já estão longe daqui e longe da nossa entrada.

Jared respirou fundo, assim como todos os outros incursionistas, e explicou:

-Achamos uma humana. Quero dizer, uma humana de verdade. Sem almas. Ela tem sobrevivido por aí desde o princípio da invasão, e nunca teve uma alma dentro de si.

-Já sabem o nome dela? - Chace perguntou.

-Kyle sabe - Melanie contou. - Ele a conheceu.

Novamente, meu coração deu um salto. Porque se Kyle estivesse finalmente se conformando com Jodi, tudo poderia mudar agora. Porque é muito mais fácil se apaixonar por uma amiga do que pela garota que roubou o corpo da sua namorada. Senti meus olhos se enchendo de lágrimas, mas fingi um sorriso para não deixar ninguém preocupado.

-O nome dela é Danna - disse ele, apontando a garota deitada em um dos sofás. - Danna Hannagan.

Era uma garota ruiva linda, seus cabelos caíam em grandes cachos que emolduravam perfeitamente seu rosto pálido. Aí, a porta se abriu e ouvi uma garota dizer:

-Finalmente estou em casa!

-Outra amiga de infância? - perguntou Landon.

Os olhares assustados denunciaram que ninguém estava espreando outra pessoa. Uma alma estava ali. Nos entreolhamos e corremos, cada um se escondendo em algum lugar. Tínhamos de dar um jeito na garota, mas eu não queria machucá-la. Kyle me agarrou pela cintura e me arrastou para trás de seu esconderijo, tampando minha boca.

Agora era esperar pelo perigo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.