Paradise Coast

Quem eu sou


P.O.V. Jeremy.

Eu quero saber mais.

—Posso perguntar porque matar os soldados?

—Não foi só matar os soldados. Foi uma mensagem. Você tem alguma ideia do que eles me tiraram? A minha mãe! A avó dos meus futuros filhos! A pessoa que me acalmava quando eu estava com medo! Que me abraçava quando eu estava sozinha! A primeira pessoa que eu admirei! Minha melhor amiga! A única família que tinha me sobrado!

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Ver a lágrimas de tristeza nos olhos dela.

—E porque? Para me transformar numa arma? Num monstro? Minha mãe passou toda a sua vida me protegendo dessa gente, ela não queria isso para mim. E se eu for por este caminho vai ser um insulto á memória dela. Mas, não posso deixar eles se safarem. E essa gente? Tem a tendência de se safar de tudo. Acham que seu dinheiro pode comprar o mundo. Talvez, mas não pode me comprar.

Os cabelos ruivos dela estavam molhados do chuveiro, o choro dela era compulsivo.

—Sinto muito Lisa.

Eu a abracei e ela me deixou abraçá-la. Senti minha camiseta ser molhada pelas lágrimas.

P.O.V. Lisa.

Eu sei que ele está escondendo algo, mas todos escondemos coisas. Talvez seja algo doloroso, algo que o envergonhe. Não sei. Só sei que ele está me abraçando e tem cheiro de perfume masculino, é bom. Ele é quente e confortante.

Quando finalmente consegui parar de chorar, me soltei do abraço.

—Sinto muito por encher o seu ouvido e molhar a sua camisa.

—Sem problemas.

—Sabe, acho o seu sotaque muito fofo.

Na verdade, eu acho sexy, porém vamos ficar com o fofo.

—Obrigado.

—Esse cabelo ruivo é um farol, melhor mudar.

—Vai tingir o seu cabelo?

—Quem falou algo sobre tingir? Não vou tingir, vou mudar.

P.O.V. Jeremy.

Assisti completamente atônito o cabelo dela mudar, foi do ruivo para o loiro. Como... não tem como descrever com palavras.

—Como você fez isso?

—Impulsos elétricos, cada célula conhece e conversa com todas as outras. Elas trocam mil bites de informação por segundo. Elas se agrupam formando uma enorme teia de comunicação que forma a matéria, as células se agrupam, tomam uma forma, reformam, deformam... não faz diferença. É tudo a mesma coisa. Posso controlar meu próprio metabolismo, ver através das coisas, árvores, paredes, posso ver a energia dentro do seu corpo, seu sangue sendo transportado pelas suas veias. Telepatia, telesinése, vidência, controle mental, posso até mesmo controlar o corpo dos outros.

—Controle mental?

—Projeção, indução, compulsão. Não faz diferença. Eu não sinto dor, calor, frio e se eu quiser nem sinto remorso. Eu matei o atirador por raiva e não sinto remorso, matei aqueles soldados por vingança e não sinto remorso. Ainda assim, posso sentir tudo. A rotação da Terra, o ar, a gravidade, posso ver as linhas de comunicação, me conectar com qualquer frequência que eu quiser. Não precisava matar os soldados russos, poderia tê-los feito se matar, mas eu queria matá-los.

O jeito que ela falava era como se não sentisse nada. Total indiferença.

—Mas, o que você gosta de fazer?

—Ler, gibis, revistas e artigos científicos, resolver equações, ouvir música, cantar, dançar, lutar, surfar, mergulhar, nadar.

—Bastante eclética. Personagem favorito?

—Tenho mais de um.

—Diga.

—Katniss Everdeen, Beatrice Prior, Katherine Pierce, Clary Fray. Adoro a Clary Fray. Porque ela e eu somos muito parecidas. Ruivas, estonteantemente poderosas, vemos, sentimos e fazemos coisas impossíveis.

—Você não é mais ruiva.

—Por enquanto. Você devia dormir, está cansado. E você está a salvo. Sei que está com medo, de mim. Não tenha.

Dormi. Porque estava exausto, o minúsculo quarto de hotel, a cama dura e desconfortável. Mas, estava tão cansado.

Lisa Carlton é a pessoa mais complexa que já conheci. Também, pudera.

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Quando acordei minhas costas doíam. Lisa passou por mim e acenou com a mão. E pronto. Não estava mais com dor.

—Melhor?

—Sim. Obrigado.

—Vamos tomar café, pagar a conta e sair. Vou acordar a Bev.

Quando a amiga a viu, ficou surpresa.

—Você tá loira!

—Estou. Quer que eu mude o seu também?

—Não, obrigado.

Tomamos café em silêncio. Era um silêncio desconfortável para mim. Queria saber mais.

Quando ficamos só eu e Beverly. Comecei a fazer perguntas, mas não podia ir com muita sede ao pote ou começariam a suspeitar de mim.

—Como é possível alguém ser tão sensível e ao mesmo tempo tão fria?

—Lisa é uma pessoa complicada. Acho que ela é a pessoa mais complexa do mundo. Depende das circunstâncias. Mas, a coisa boa é que quando ela se importa, se importa verdadeira e profundamente. Ou ela se importa ou ela tá pouco se fodendo.