Paradise Coast

Ameaça


P.O.V. Doutora James.

A garota é de fato uma arma e tanto. Implacável, insensível, vazia. E ainda assim furiosa. Lançou uma ameça clara e pública aos governos americano e russo. Mandou o presidente russo se foder, mas porque?

Foi difícil encontrá-la, mas encontrei. Assim que eu cheguei ao local, fui presa á uma cadeira.

—Olá de novo Doutora. E só para deixar claro, você só me encontrou porque eu quis ser encontrada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

—Porque ameaçar o governo?

—Você não sabe? Bem, isso prova que eu estava certa. Você é só mais uma garotinha da cidade brincando de vigilante. Só mais um peão no jogo deles. E o mais triste de tudo é que para uma cientista você é realmente tola. Chega a ser patético. Então me permita explicar, o porque de eu ter matado todos eles, de eu ter mandando o Presidente russo se foder. Depois que vocês saíram, um franco atirador atirou na minha mãe. Eu a vi ser baleada na cabeça antes de acontecer e cheguei bem á tempo de ver acontecer. Vi o corpo dela cair, ai arranquei as informações do atirador, descobri quem era o mandante e porque ele estava lá. Adivinha quem mandou matar a minha mãe? Se disse o presidente russo, meus parabéns acertou.

—Sinto muito Lisa.

—E está dizendo a verdade. Chocante. Você é mesmo uma tola.

—Porque acha isso?

—Não acho. Eu sei. Não se importe em tentar me enrolar, sua escuta está fora do ar, assim como seu rastreador de GPS.

Olhei para ela chocada.

—O que? Achou que eu não sabia? Tola. E o que a torna absolutamente patética é que você pensa que eu sou um grande avanço da ciência e que de mim vão sair remédios e talvez a cura para o câncer. Vou te contar uma verdade. Enquanto você está pensando em remédios, cura, amor... seus superiores estão pensando em bombas, armas e guerra. Sou para eles a mesma coisa que você Doutora, um meio para um fim. Mas, o que eles acabaram de entender é que... eu não sou um peão, eles não podem me controlar e nem nunca vão poder. No xadrez, o Rei deve ser protegido, ele é o alvo, mas a Rainha pode fazer o movimento que ela quiser.

—Eu entendo que esteja magoada e triste pela sua mãe Lisa.

—Sério? Até dois dias atrás, eu tinha uma vida, uma mãe, ia para a faculdade, era a melhor aluna da minha sala. Então, você e a sua gente apareceram. E depois, os russos e agora eu não tenho casa, minha mãe foi assassinada e estou fugindo. Olha só que vida maravilhosa vocês me proporcionaram! Nunca estive tão feliz.

Disse chorando com as lágrimas escorrendo.

—Eu tenho ódio no meu coração, uma fúria assassina, uma dor excruciante. Uma solidão esmagadora. Então, muito obrigado! Valeu mesmo!

P.O.V. Lisa.

Eu estava com tanta raiva, tão focada em despejar aquilo encima dela que quando eu detectei a presença deles, já senti o dardo tranquilizante.

—Sua vaca. Vou te matar.

Não sei por quanto tempo fiquei inconsciente.

—Bom dia... você deveria estar...

—Sedada? Mas, não estou Doutora.

—Como se sente?

—Eu sinto tudo. O espaço, o ar, as vibrações, as pessoas, posso sentir a gravidade, a rotação da Terra. O calor deixando meu corpo, o sangue nas minhas veias, o meu coração batendo e mais importante de tudo. Eu posso sentir meu cérebro. As partes mais profundas da minha memória, lembro do gosto do líquido amniótico e da voz da minha mãe, Elisa.

Estava num laboratório, ala médica. Uma instalação do governo. No subsolo.

P.O.V. Beverly.

Ai Meu Deus!

—Jeremy! Jeremy! Acorda!

—O que? O que foi?

—Alguém levou a Lisa! O povo do governo. Ela invadiu o meu sonho e me disse que havia sido capturada!

—Então, suponho que tenhamos que salvá-la.

—Sim.

P.O.V. Doutora James.

Era um milagre ela já estar consciente, sentada, falando normalmente.

—Isso é incrível! A dose de tranquilizante que te deram, deveria te manter sedada por horas e ainda assim... está consciente, se movendo, falando normalmente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

—Vou precisar de roupas. E comida, estou com fome.

—Sim. Imagino que esteja. Ficou bonita de cabelo loiro.

—Falando nisso, acho que não vou precisar mais ser loira.

E então... pronto. O cabelo dela mudou do loiro de volta para o ruivo.

—Como... como fez isso?

—As células se comunicam entre si, trocam mil bites de informação por segundo, no mínimo. Se acessa tanto da sua capacidade cerebral quanto eu... sabe que sua sequência genética é moldável e pode moldá-la.

Lisa se levantou, pegou uma das ampolas da centrífuga e a quebrou. Era a ampola com sua amostra de saliva.

—Boa tentativa.

—Como sabia que eu...

—Tenho muitos truques na manga. Agora, roupas e comida. Por favor.

Sai e contei para o General que ela estava consciente.

—Mas, não era para ela ficar sedada por horas?

—Era, mas o sistema imunológico da Lisa deve trabalhar mais rápido.

P.O.V. Lisa.

Tenho que sair daqui e o único jeito de sair daqui, é jogar o joguinho estúpido deles. Fazê-los crer que estão no comando.

—Bem, Lisa Carlton. Estamos procurando você por algum tempo. Eu sou o General Marten.

—Muito prazer.

—Soube da sua mãe. Sinto muito.

—Obrigado. Então, posso comer? Me vestir? É desconfortável ter um homem te vendo enquanto usa nada além de uma camisola de hospital.

—Certo.

Eles me arrumaram roupas.

—Imagino que não possa ter a minha Katana de volta, certo?

—Não. Pelo menos ainda não.

—Estão com a minha armadura?

—Eu faço as perguntas.

—Ok.

Depois de estar devidamente vestida. Fui escoltada pela instalação. Paredes de concreto, portas de aço reforçado com scanner de retina, identificação de voz e todos os membros da equipe tinham um crachá que funcionava também como chave. Câmeras de segurança, sensores de movimento. Através do concreto vi a minha armadura e a Serafim. Havia uma equipe analisando-as.

Não podia desligar tudo sem levantar suspeitas, mas podia fazer algumas máquinas enguiçarem.

—Gostaríamos muito que nos ajudasse.

—E o que eu ganho com isso? Como sei que não vão me trair?

—Sou um soldado, só quero o que é melhor para o meu País.

Coitado ele realmente acredita nisso. Mas, ele não é um soldado, é um peão.

—Muito bem, mas não respondeu minha pergunta. O que eu ganho com isso? Como sei que não vai me trair? Como sei que as pessoas que eu amo estarão seguras? Da última vez que disseram que queriam me ajudar, mantiveram minha mãe como refém, a usaram como isca e apontaram armas para a minha cara. E eu não gostei.

—Entendo que esteja com raiva Lisa. Mas, não somos seus inimigos.

—É um jeito estranho de se tratar um amigo. Apontar armas, sedar, sequestrar. Acho que por isso que vocês não tem muitos amigos. Uma colega minha disse que adorava um homem de farda, mas eu pessoalmente não gosto. Não me atrai. Nem um pouco. Então, vou perguntar pela terceira e última vez. O que eu ganho ajudando você? Como eu sei que não vai me trair?

—Queremos ajudar as pessoas Lisa. Fazer remédios. Seu D.N.A. é a chave para salvar vidas, curar o câncer.

Contei mais ou menos uns cem soldados, armados com fuzis, pistolas, revólveres e facas.

—Vamos com calma general. Eu tenho problemas com confiança. Que tal, você ou qualquer um de sua escolha avaliar as minhas habilidades físicas?

—Parece justo. Vamos até a área de treinamento.

P.O.V. General Marten.

A área de treinamento tinha armas de todos os tipos. Espadas, arcos e flechas, armas de fogo. Estandes de tiro.

E como eu previ ela pegou a espada primeiro. Era uma espada larga.

—Sinto falta da Serafim.

—Sua amiga?

—Minha espada. Vou ter um adversário?

Trouxe um adversário.

—Este é Tanaka Goshi. Ele é o melhor espadachim do mundo.

—Muito prazer.

—Ele não fala inglês.

—E que língua ele fala?

—Japonês.

—Ótimo. Muito prazer, Tanaka, eu sou Lisa Carlton.

Ela fala japonês. Os dois se cumprimentaram e a luta começou. Ele a derrubou duas vezes, na terceira ele foi derrubado e desarmado.

—Foi uma boa luta. Você lutou com bravura e honra.

—Obrigado. Lisa San.

—Impressionante.

—Mas, o senhor ainda não viu nada.

Lisa foi até as armas de fogo, escolheu revólveres. Colocou a munição dentro, engatilhou e começou a atirar. Descarregou três pentes nos alvos e não errou nenhuma vez. Fez um buraco no alvo.

—Acho que vamos precisar de um alvo novo.

P.O.V. Jeremy.

Estava me vestindo. Me preparando.

—Onde conseguiu todas essas armas? Essas coisas são de uso exclusivo de militares.

—Beverly...

—Você é contrabandista?! Ai Meu Deus um mafioso!

Ela pegou um dos revólveres e apontou pra mim.

—Não sou contrabandista e nem mafioso. Sou um... agente, da inteligência britânica.

—Tipo um espião?

—É. Um espião.

—Porque um espião estaria... veio atrás da Lisa. Miserável!

Ela puxou o gatilho. Mas, é claro que a arma não disparou. Ela bateu com a arma na mesa.

—Essa porcaria tá enguiçada!

—Não está enguiçada, está travada.

—Ótimo. Nós confiamos em você, seu traidorzinho de merda. Britânico sem vergonha!

—Eu mereço isso. A minha missão era me infiltrar na vida da Lisa, ganhar sua confiança e...

—Traí-la e sequestrá-la? Britânico sem vergonha! Seu nojento! Bom, parece que os americanos passaram a sua frente.

Ela jogou a arma em mim.

—Temos que salvar a Lisa.

—Ela é uma pessoa! Ela é minha amiga. Ela não é uma bomba ou um bicho que vocês prendem na gaiola! Não é um carregamento de armas que vocês roubam uns dos outros.

—Eu sei. Temos que salvá-la.

—E como eu sei que você não vai sei lá chamar os seus amiguinhos enfiar ela num avião super potente e sumir?

—Eu não vou.

—Você a ama. É, ela causa essa reação nas pessoas. Se trair a gente, vou dar um jeito de fazer essa porcaria funcionar e atirar na sua cara com ela.

—É justo. Podemos ir?

—Babaca.

O caminho foi tenso.

—Fala. O que te fizeram exatamente?

—Sou militar, força de elite. Sei atirar, nadar, treino de afogamento, tortura, sobrevivência, etc.

—Isso eu sei. Militar é militar em qualquer lugar do mundo. To perguntando o que te fizeram antes de vir pra cá.

—Aprendi tudo sobre Lisa, sua vida, seus interesses, aprendi a surfar por causa dela. Me matricularam na faculdade onde vocês estudavam, na mesma turma.

—Suponho que já seja formado.

—Sim.

—E quanto ao Henry? Ele também era...

—Era. Se eu falhasse, o Henry assumia meu lugar e visse-versa.

—Bom, então ainda bem que ele foi comido pelo tubarão. Não acredito que a Lisa se sentiu culpada pela morte dele.

—Eu esperava uma arma, ao invés disso encontrei uma garota de vinte anos que tinha sonhos, esperanças e um coração do tamanho do mundo. No segundo em que ela começou a chorar e a se desculpar por não ter podido salvar o Henry... eu fiquei... me senti tão...

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

—Culpado? Bom, isso prova que você é humano. Á propósito como vamos saber onde a Lisa está?

—Coloquei um rastreador nela ontem á noite.

—Filho da puta!

Eu merecia aquilo.

P.O.V. General Marten.

Ela sabia atirar, manusear espadas, adagas, arco e flecha, era impressionante.

—Onde aprendeu tudo isso?

—Atirar e manusear armas eu aprendi com o franco atirador russo que assassinou a minha mãe. A usar a espada e a lutar Karatê, aprendi assistindo os filmes do Bruce Lee, dai eu fui á aulas de auto defesa. Em menos de uma semana eu já era faixa preta. Kung Fu, Taekwendo, Krav Maga, etc.

—Aprendeu a atirar com o homem que assassinou a sua mãe?

—Sim. Dai eu cortei a cabeça dele fora. E queimei meu apartamento até o chão para ninguém conseguir me rastrear.

—General, uma palavrinha?

—O que foi cabo?

—Ele não vai falar. Faça o que quiser com ele. Ele não vai falar.

—Com todo o respeito senhorita, mas não sabe...

—Está falando do prisioneiro 227, que está trancado numa cela nesta instalação, ele é um terrorista russo da época da União Soviética. Está aqui a mais de vinte anos. Boris Korlovick. Especialista na fabricação de bombas? Ui, interessante.

—Como descobriu isso?

—O seu amiguinho ai acaba de me contar. Se me deixar falar com o senhor Korlovick... te dou tudo o que quer saber.

—E como faria isso?

—É mais fácil pegar moscas com mel do que com vinagre. Me arruma uma garrafa de Vodka da boa, dois copos e uma roupa que me valorize.

—Muito bem. Quero ver o que pode fazer Lisa.

—Senhorita Carlton. Só meus amigos me chamam de Lisa.

Ela colocou a roupa que era bastante apertada e marcava todas as suas curvas. Saltos altos, a garrafa de Vodka e os copos.

P.O.V. Lisa.

O conhecimento deste russo vai ser muito útil para mim.

—Me dá dez minutos.

—Estaremos assistindo.

—Tudo bem.

Entrei sorrindo.

—Bom dia, camarada. Eu sou Lisa Korlov. Te tiro daqui, se colaborar comigo.

—Bom dia. Senhorita Korlov. Eu recebi muitas promessas de liberdade, mas nenhuma verdadeira.

—Eles assassinaram a minha mãe. Quero que eles sofram. E... trouxe Vodka.

Nós bebemos, bebemos e bebemos.

—Você é mesmo russa. Nenhuma americana bebe Vodka assim.

—Eu sei. Agora, podemos conversar com mais calma.

Sentei no colo dele e ele se animou. Toquei o rosto dele e fui subindo devagar até chegar ás têmporas.

—Coitadinho. Estes bastardos miseráveis.

Então... conexão estabelecida e invadi as memórias dele. Naveguei por elas, absorvendo todo o conhecimento que podia. Como fazer bombas, estratégias, planos secretos, locais ultra-secretos, esconderijos, manobras de luta, métodos de tortura, manuseio de armas e bombas. Aprendi até o que fizeram com a família dele, com ele.

—Obrigado por compartilhar, camarada.

Me levantei e bati na porta. Que foi aberta.

—Se importa em explicar o que diabos foi aquilo?

—Consegui a informação que queria. Tem papel e caneta ai?

P.O.V. General Marten.

Ela começou a bater a ponta da caneta no papel e em questão de minutos saíam desenhos de planos, plantas de edifícios, coisas inacreditáveis.

—Meu Deus!

—Era isso o que queria?

—Estamos atrás destes planos á anos.

—Nunca mande um bando de homens fazerem o trabalho de uma mulher. E a minha comida? Estou com fome e quando eu fico com fome, fico de mau humor.

—Depois desta, pode comer o que quiser.

—Um hambúrguer tá bom.

P.O.V. Lisa.

Estou aqui, bajulando o General á meses. Mas, não é só o que estou fazendo. Estudei as defesas deles, conheço os turnos, as senhas de acesso e graças á um dos bons soldados da Instalação fiz uma cópia do crachá de acesso do General.

Passo um, pegar minha armadura e a Serafim de volta. E foi o que eu fiz.

—Com licença, mas vocês tem algumas coisas que me pertencem.

Absorvi seu conhecimento e dai atirei nas cabecinhas deles. O silenciador da arma foi de muita ajuda. Vesti minha armadura e empunhei a Serafim.

—Senti saudades.

Quando sai tive que fazer alguns soldadinhos se matarem. Peguei suas armas, seus crachás e continuei me movendo. Fui até a cela do russo libertei-o e dei uma arma na mão dele.

—Você me deve, pode matar quem quiser, menos a Doutora James e o General Marten. Eles são meus.

—Muito justo. Camarada.

Fomos matando os soldados que encontrávamos pelo caminho. E quando chegamos á central foi impagável a cara do General Marten.

—O que significa isso?

—Significa que o senhor pensou bem General, mas pensou pequeno.

Um aceno de mão e todos os soldados na sala estavam desarmados completamente e á minha mercê.

—Sabe, no xadrez... o Rei precisa ser protegido, ele é supostamente a peça mais importante do jogo. Mas, a Rainha pode fazer... o movimento... que ela... quiser.

Disse invadindo as memórias dele. Tomando seu conhecimento e em seguida enfiando a Serafim bem fundo no peito dele.

—Por ter usado minha mãe de isca.

O Korlovik matou o resto dos soldados pra mim. Acessei a rede da instalação e copiei todos os dados para um pen-drive. Foi fácil decodificar aquilo. Foi como morder manteiga quente.

Todos os segredos, dos poderosos, gente do pentágono, da casa branca. Planos que eram para ser super-secretos.

—Você é uma mulher e tanto.

—Oh, querido... você nem faz ideia.

Vocês devem estar se perguntando, ela não deveria ser a mocinha? E eu sou. Todos os governos do mundo tem programas de espionagem, eles observam cada movimento nosso, satálites espiões, hackers. Se eles podem nos vigiar e saber nossos segredos, porque não podemos saber os deles?

Memorizei a planta do prédio e já sabia a saída.

Vamos sair daqui, camarada.

P.O.V. Jeremy.

Encontramos a instalação, mas tem coisa errada. Não há guardas.

—O que?

—Para uma instalação militar este lugar não tem guardas.

—Vai ver que é tudo feito por computador, sei lá.

—Não. Tem coisa errada.

—Ai misericórdia, não me fale uma coisa dessas.