Tinder

Estamos vendo alguma coisa acontecer


Era sábado. Ou domingo. Talvez umas duas e meia da madrugada de domingo. Devia fazer umas cinco ou seis horas que ele estava deitado no sofá da sala encarando o anel de noivado na caixinha aberta.

Ver Hinata em um casamento, entrando pelo tapete central, mesmo não sendo a noiva, mexeu com Naruto. O fez lembrar-se do motivo por quase não ter ido à cerimônia do casório de um de seus melhores amigos.

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Ele ficou no fundo da igreja e esperou a solenidade acabar para dar felicitações aos recém-casados e ir embora. Não estava no clima para festas. Não estava no clima para nada desde o sábado anterior. Na verdade Naruto estava triste e com raiva por estar triste durante a semana toda.

O Uzumaki fechou a caixinha e a colocou na mesinha de centro decidido a ir dormir, ou pelo menos revirar-se na cama – que era bem mais confortável que o sofá.

Quando ficou de pé, ouviu batidas na porta. Devia ser algum dos amigos, a julgar que o porteiro não tinha interfonado.

Naruto abriu a porta.

— Hinata...? – ele murmurou confuso.

Hinata o encarou e desviou o olhar, em seguida, claramente nervosa.

— Eu posso entrar? – a mulher indagou voltando a olhá-lo. – Nós precisamos conversar...

O Uzumaki a fitou e abriu passagem para que a morena adentrasse o apartamento.

— Que horas são mesmo? – Naruto perguntou curioso, enquanto fechava a porta.

Talvez ele tivesse perdido demais a noção do tempo e não fosse mais que onze da noite.

— Duas e quarenta e cinco da manhã, mais ou menos. Desculpe pelo horário.

— Tá tudo bem. Sério. Quer sent-

— Deixa eu falar logo, por favor. – suplicou. – Antes que eu perca toda a coragem que o álcool me deu.

— Você tá bêbada? – Naruto franziu o cenho.

— Não!

O loiro levantou as sobrancelhas duvidando.

— Tá. Um pouquinho. Quase nada. A maioria do efeito já passou. – Hinata sentou no sofá colocando o buquê de Tenten, que o Uzumaki só percebera estar com ela naquele momento, na mesinha de centro, ao lado da caixinha do anel.

Naruto viu os olhos perolados notarem o objeto, apesar de não ter parado de falar. O homem não sabia explicar o que se passava em sua cabeça. Ele queria gritar com Hinata e chorar compulsivamente como na noite de sábado depois que chegou em casa; mas, também queria saber o que a Hyuuga tinha a dizer e concluiu que se surtasse, a chance de descobrir não seria grande.

— Eu passei no meu apartamento e tomei um banho gelado e café antes de vir. Tanto é que a única coisa que sobrou da Hinata versão madrinha de casamento, foi o buquê da noiva.

Hinata olhou as flores e deu um pequeno sorriso, feliz pelo primo e pela amiga. Naruto quis beijá-la loucamente naquele momento, então se lembrou de que estava magoado e voltou a querer gritar. Mas, dessa vez consigo mesmo por se sentir tão confuso.

— Primeiro, eu quero pedir desculpas. Me desculpe por ter te evitado durante todo esse tempo. Desculpe por ter fugido sem ter dar uma resposta. Você merece uma e eu vou te dar. Não é justo que fique no escuro. Naruto, você é um cara maravilhoso. Não pense que fugi porque tinha que pensar numa resposta. Eu tenho certeza da minha resposta. Sempre tive.

O Uzumaki engoliu em seco. Por mais que tivesse certeza que a resposta seria “não” e ele voltaria a chorar antes de dormir, seu coração acelerou e as borboletas nos seus órgãos abdominais ficaram quietas, esperando em expectativa.

— Antes você tem que saber que eu estou sóbria o bastante pra me lembrar e sei exatamente o que estou fazendo para não me arrepender.

O homem apenas assentiu. Fitando os olhos pérola com um resto de maquiagem, teve certeza que se abrisse a boca para falar, sairiam palavras não identificadas.

Hinata desviou o olhar e respirou fundo, mexendo com a mão esquerda no mindinho da mão direita. Uma mania de quando estava nervosa, que, Naruto particularmente, achava muito fofa.

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Ela pegou o buquê na mesinha e manteve o olhar nas flores com um sorrisinho sincero. A Hyuuga respirou fundo, parecendo segurar o choro.

— Eu que peguei o buquê da noiva, sabia?

Ela voltou os olhos perolados para os dele. Hinata parecia mais calma do que quando entrara no apartamento quase três da madrugada. As bochechas estavam vermelhas e um sorriso contido estava em seu rosto. Parecia nervosa, mas, também feliz.

— Eu me casaria uma, duas, cinco, quinze vezes com você se fosse preciso. – ela falou baixinho, meio insegura. – Agora resta você aceitar. – a frase saiu com mais firmeza seguida de uma cheia de certeza. – Naruto, aceita se casar comigo?

Naruto nem tinha visto quando Hinata tinha pegado a caixinha com o anel.

Ele pegou o objeto que lhe era estendido e colocou na mesinha. E abraçou Hinata o mais forte que conseguiu. Ainda não conseguia falar. Se sentia um idiota por isso. E quando ela o envolveu com seus braços, naquele abraço desajeitado de duas pessoas sentadas num sofá, percebeu o quanto sentia falta dela. Mesmo que tenham ficado afastados só uma semana, fora a semana com mais dúvidas e inseguranças da vida do Uzumaki.

Naruto segurou o rosto dela entre as mãos e a beijou. Sentiu o gosto salgado de lágrimas, mas não soube dizer de quem eram.

— Eu quero passar o resto da minha vida com você.