Após o repentino e inesperado milagre que foi o resgate da TARDIS ao Doutor, olhava curioso o Senhor do Tempo, ao ambiente que estava. Era esta, a sala do console, porém, uma sala que ele nunca havia visto antes. Escuridão, colunatas contorcidas como arvores e um painel de controles totalmente desestruturado, este, era o interior da velha nave. E circulando ao console e operando os seus mecanismos, uma mulher alta, negra e magra, com roupas justas, cabelo raspado e protetores de seios, ombros, cotovelos, e joelhos, demonstrava ser a pilota ali. O Doutor, apenas encarava curioso:
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Foi você quem me salvou? Eu quero te agradecer muito. Eu realmente teria morrido se não fosse por você. Mas acho que essa já é a milésima vez que fico encurralado.
A mulher, vai até próximo, mas, nada diz, apenas, mantinha silêncio e seriedade, e em mãos, um estranho objeto, muito parecido com uma arma. O Doutor se apresenta:
— Prazer, eu sou o Doutor. Quem é você?
— Eu também sou uma regeneração. - Apresenta-se a mulher. — Eu sou a Doutora.
— Não acredito que seja.
— E por que não?! Porque eu sou mulher, porque eu sou negra?!
— Não, nada disso. Você carrega uma arma.
A mulher, toma um silêncio curioso. Mas, prossegue ela:
— Tem razão, eu não sou a Doutora. Mas fui uma médica, me chamo Hiloya Eshe. E esta coisa também não é uma arma, é um escâner. - Ela joga o escâner para o Doutor aparar, e volta para o console com a sua seriedade. – Sou a atual amiga em acompanhamento do Doutor.
— E você veio me salvar, como sabia que eu estava em perigo?
— Vocês são todos egoístas mesmo. Eu não vim salva-lo. Eu vim salvar Davros.
— Salvar Davros?! Ele está do lado do Ladrão, do que você poderia o-estar salvando?
— Aquele é apenas mais um fantoche do Ladrão, não é Davros, é um androide. E eu irei encontra-lo e usa-lo ao nosso favor, farei com que os Daleks parem de se expandir. E teria conseguido, se eu não fosse interrompida pela conferência do Ladrão.
— É você quem está com a chave de fenda sônica do Doutor? Notei que ele não possuía.
— Não são mais chaves de fenadas. São óculos agora. - Hiloya retira-o do colete.
— Bobagem! E são de sol? Por que não de leitura? - Mesmo em repulsa, o Senhor do Tempo veste a peça. – Como eu fiquei?
— Está com a aparência relativamente... Positiva.
— Bom. Mas ainda assim, são óculos sônicos.
— “São legais” era o que você dizia.
— Eu?
— Quero dizer... O Doutor.
— Eu sou o Doutor.
— Sim. Mas não o meu Doutor.
Hiloya, continua a manusear o console. Os seus olhos tristes, miravam os botões e alavancas, e o Doutor, mirava a tristeza dela.
— Fui eu quem te mandei a mensagem. - Diz Hiloya, martelando o console. – O Doutor sempre foi contra, mas nós não tínhamos outra alternativa. Fiz isto sem ele saber. E também, envolvia o seu mundo, então também é problema seu.
— Não sei se você já sabe, mas... O Doutor morreu.
— Eu já sei. Descobri quando voltava à Terra, de mais uma missão dos nossos esforços.
— Sinto muito. Mas e a TARDIS... Ela também não deveria ter morrido? Sem ofensas.
As luzes piscam oscilantes. Hiloya responde:
— A TARDIS tem sido forte. Porém, não sei até quando.
— Aguente firme garota. - O Doutor acaricia o console. – Eu sei que você pode. - A máquina do tempo, grunhia em resposta.
— Acho que ela foi com a sua cara.
— Que bom, pois eu sei que tudo dará certo agora. O que você me diz, sexy?
Antes de mais um grunhido de gentileza, o Doutor e Hiloya, são surpreendidos por uma grande e agoniante turbulência. Logo, para não caírem, abraçam-se ao painel, enquanto o tormento, continuava. Faíscas e fumaça marcavam presença.
— Porcaria! - Murmura Hiloya.
— O que está havendo?!
— Estamos sendo hackeados. Com certeza o Ladrão!
— Já fizeram isso comigo, não há escapatória!
— Não há escapatória?! Tem certeza de que você é o Doutor? Você pode não saber, mas quem está pilotando aqui sou eu. Veja e aprenda.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Lutando por uma escapatória, Hiloya manuseava depressa aos mecanismos, e o Doutor, permanecia firme segurando-se para não cair.
No exterior, a TARDIS rodopiava violenta e louca pelo vórtex.
***
Na pista de materialização, e pondo em prática uma nova missão na grande batalha, Romana, confiante, e já de novos trajes, era acompanhada por Grace, e a sua curiosidade apreensiva. Pois, a doutora terráquea ainda não conhecia quem era a Senhora do Tempo. Romana, sorria nostálgica, algo a estaria animando.
— O que nós queremos aqui? - Pergunta Grace, logo atrás.
— Ajudar o Doutor!
— Legal, ótimo, mas como poderemos fazer isso? A fenda está fechada, lembra?
— Completamente fechada. Mas, use a sua imaginação, a TARDIS é uma máquina do tempo, então... Podemos voltar em uma ponto relativo de tempo anterior ao fechamento da fenda.
— Sim! Faz muito sentido, não havia pensado. Mas se for assim... O Ladrão também pode fazer isso!
— É claro que pode. E é por isso que nós temos que nos apressar.
— E para que naveguemos com a TARDIS no outro universo não iremos precisar de um laço de energia?
— Fiz isso enquanto influenciava a mente da androide.
Romana, já se encontrava de frente a cabine azul, o seus olhos vislumbravam algo que a muito tempo não vira, e o seu sorriso largo representava todas as boas lembranças que já tivera naquele veículo. Grace, passa-lhe a chave da nave, e Romana, sem demoras, extermina a sua ansiedade, abrindo as portas, e depressa entrando.
— Ah... Ele redecorou! - Olhava envolta.
— Redecorou?! Eu sempre conheci a TARDIS dessa forma. O que achou?
— Eu não gostei. - Se dirige ao console.
— Não gostou?! Eu acho lindo!
Não satisfeita, a máquina do tempo grunhe em opinião.
— Admita sexy! Esta sala foi inspirada na mansão de um daqueles filmes do Drácula. - Incrimina Romana.
— Você e o Doutor são mesmo muito parecidos! - Comenta Grace.
— Se isto tiver sido um elogio, obrigada. - Romana teclava botões. – Precisamos ir para a Gallifrey paralela. Mas, ela deve ter outras coordenadas, será muito difícil chegar até lá.
— No banco de dados, o Doutor recebeu as coordenadas da Terra paralela. Isso ajuda em alguma coisa?
— Com certeza, doutora. - Romana acessa os arquivos. – Poderei usa-las como um ponto de referência. São estas aqui? - Aponta para o monitor.
— Sim... Eu acho.
— Perfeito! Mas, um aviso antes... É melhor se segurar.
Romana, operava a nave depressa e bastante concentrada, logo, a máquina desmaterializava-se da pista, e já corria feroz pelo vórtex.
— Espero que você saiba pilotar a TARDIS tão bem quanto o Doutor. - Grace segurava firme no console. – Às vezes ele é terrível no volante. Não conte para ele, mas às vezes eu acho que ele não sabe pilotar!
— Bem... Ele dá o seu jeito. Mas ele não deveria ter faltado tantas aulas na academia.
— Romana, eu queria te pedir algo.
— Sempre ocorre algo trágico quando ouço isso. O que quer? - Romana olhava curiosa, as suas mãos outrora agitadas, agora se mostravam tímidas sobre as alavancas.
— Antes de irmos para Gallifrey... Quero passar em um lugar.
***
Após os esforços de Hiloya, o Doutor e ela, encontravam-se agora caídos no chão, devido às turbulências da fuga. E em meio a leveza da fumaça pairando, levantava-se Hiloya, e estendia a mão ao Doutor.
— Gentileza? Isso é legal. - O Doutor aceita o apoio. – Obrigado. Mas não posso dizer que está foi uma viagem confortável.
— O que importa é que conseguimos chegar. - Hloya operava o console.
— Chegamos? Que bom. Onde chegamos?
— No meio do caminho, do nosso esconderijo. Mas tive que desligar a TARDIS, para nos livrar do hackeamento. Então estamos há meio quilometro do nosso destino.
Hiloya, dirige-se para a porta, e o Doutor, acompanha-a, agora, a viagem seria à pé. Já do lado de fora, o Doutor encarava entusiasmado a vista alienígena. Estavam eles, em um vasto deserto ventanioso, cercado por grandes montanhas ao horizonte, e com imensas dunas de areia.
— Só uma vista dessas para me fazer esquecer dos psicopatas que me perseguem. - Elogia o Senhor do Tempo.
— Planeta Gifreou. - Apresentou Hiloya. — Localiza-se no sistema de Tantum, é um dos seis planetas gêmeos do sistema. São conhecidos por serem inabitáveis.
— Oh, brilhante! Finalmente um planeta novo. Já que no meu universo nunca ouvi falar nada do que disse.
— Você também já viajou muito, não foi?
— Sim, muito. São como ferias, mas, que acabaram sendo perturbadas por alguns imprevistos. Afinal, são sempre os problemas que vem atrás de mim!
— Não importa quantos ou quais vocês sejam, vocês “Doutores”, sempre serão iguais.
— É melhor que sejamos. Se você me chamou aqui, é porque confia muito no Doutor.
E Hiloya desvia o olhar:
— Vamos continuar, ainda existe um bom caminho pela frente.
O Doutor e Hiloya, prosseguiam adiante, e a TARDIS, cada vez mais ia ficando para trás.
— Mas onde exatamente é o esconderijo? - Pergunta o Doutor.
— Fica em uma encosta rochosa, de uma montanha perto daqui. Acabamos vindo parar aqui para fugir dos Daleks, e este era um planeta morto. Mas, o Doutor o-tornou habitável, usando um aparelho de terra-forme. Para os Daleks... Ele ainda está morto.
— Genial! É um bom forte, mas, tudo tem a sua hora. Como andam os avanços do império Dalek?
— Trazendo dor e desgraça por todos os lares do cosmo. Mas este não é o maior problema.
— Como este não é o maior problema?! O que quer dizer?
— Quero dizer que não importa mais tanto ser morto ou vencer os Daleks. Até eles serão exterminados, há algo inevitável chegando para todo o tempo-espaço. Este universo está morrendo.
— Morrendo?! É uma realidade jovem, o seu fim está longe.
— A Guerra do Tempo. Este era um evento que não deveria ter acontecido, não estava nem ao menos pré-estabelecido, na verdade, não desta forma. Não estava destinado que os Daleks venceriam Gallifrey, isto, foi a quebra de um ponto fixo, que geraria milhares de linhas e eventos temporais. Foi algo grande demais, bilhões de paradoxos ocorreram ao mesmo instante, a partir do mesmo motivo.
— Entendo. O pequeno universo satélite não está aguentando o peso.
— É.
Fabulosas e estonteantemente brilhando no céu, duas luas douradas e vibrantes subiam, enquanto vagarosamente o sol, se acalentava tímido.
— A noite chegou, planeta de dias curtos. - Comenta Hiloya. — E aquelas são as Velas do Tumulo, as luas douradas.
— É extraordinário! Por acaso a cor do brilho emitido ocorre devido a pequenas partículas de poeira cristalina sendo agitadas pela rotação e enquanto são bombardeadas pelos feixes das labaredas solares?
— Esta foi uma das primeiras coisas que o Doutor me mostrou.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— E valeu a pena.
O Doutor, fita a mulher, encarando admirada para cima. Ele prossegue:
— Mas, se para você não faz mais diferença ser morta ou vencer, pelo que está lutado?
— Eu não estou lutando. Estou cumprindo uma promessa, que fiz pelo Doutor, e por todos os que confiavam em nós.
— Promessa ou não, eu irei ajuda-la.
— Obrigada. - O brilho das luas iluminava os seus rostos. – Este universo demorará milhões de anos para ser morto por completo, mas, os Daleks já estão se preparando. Por isso se aliaram ao Ladrão.
— Tem certeza de que aquilo não é uma sociedade? Me lembrou o feudalismo.
— Não, eles apenas querem escapar. A fenda é um caminho, as TARDIS são o veículo, e o Ladrão é o motorista. Eles querem ir para o seu mundo.
— Eles que tentem. Nunca irão conseguir, e serão derrotados, e este mundo também será salvo.
— Isto é uma promessa?
— É, sim.
— Eu agradeço mais uma vez. E por que nós não nos apressamos? Os rastejantes noturnos já devem estar acordando.
— Rastejantes noturnos? Nem vejo a hora de descobrir como eles são!
Hiloya e o Doutor, correm depressa.
***
Na Terra, a TARDIS materializava-se em uma corriqueira praça, cercada por prédios históricos e artistas de rua. Olhando curiosa, saía da cabine azul a Senhora do Tempo, e a sua acompanhante. Retirando um dos dedos indicadores de sua boca, determinava Romana onde estavam:
— Ah... Fácil! Aqui é...
— Terra, Inglaterra, Londres em 2004.
— Esta é a nova linha relativa de tempo ao Doutor? Então significa que finalmente saímos dos anos 70.
— Ainda bem.
As duas, observavam os arredores. Pessoas e coisas, todas, eram admiradas pelos olhos de Grace, mas, por Romana, apenas desentendimento.
— Veja aquilo. - Grace aponta para alguns cartazes de um cinema ali próximo. – Aqueles são filmes que nunca serão vistos. - Mudando a direção, aponta para uma banca de livros. – E aqueles são livros que nunca serão lidos. - Algumas crianças passavam uniformizadas. – E aquelas crianças, onde está o futuro delas agora?
— Se você está tentando mudar os eventos que estão prestes a acontecer, saiba que não podemos fazer isso.
— Eu sei!
— A invasão já se tornou um evento pré-determinado, e fundamental em curso. Você e o Doutor testemunharam isso, e mesmo que o-evitassem... Não estariam aqui, de qualquer forma.
— Eu sei! Você realmente se parece muito com o Doutor, junto com as suas malditas regras do tempo.
— Me desculpe. Senhores do Tempo tendem mesmo a serem insensíveis na maioria das vezes. Já até dissequei criaturas lindas na academia.
— Eu dissecava cadáveres na faculdade.
— Menos mal. - Dá uma pausa suspirante. – O que você realmente quer aqui?
— Vim me despedir.
— Que despedida?!
— Eu fiquei feliz quando soube que o meu mundo estava a salvo, mas me esqueci que pessoas choravam neste. Vim me despedir do mundo, me despedir de todos aqueles que talvez nunca conhecerão o dia de amanhã.
— Acho que o Doutor deve gostar muito de você.
— Espero que sim. - Grace sorri.
— Vamos. - Romana estende a mão.
— Vamos, mas, antes, tenho que fazer uma coisa.
Próximo às duas, um senhor sentado no chão tocava jazz, e o seu chapel de boca para cima representava a necessidade financeira. Retirando todas as notas e moedas de sua carteira, depositava Grace todo o seu dinheiro para o velho músico. Após bons agradecimentos do sujeito, Grace e Romana, prosseguem dali.
— Você é americana, mas o dinheiro daqui não é libras? - Pergunta Romana.
— Sim.
— Então... ?
— Foi uma boa ação! E o mundo não vai mesmo acabar?
Entram elas de mãos dadas na TARDIS, e Grace, olhava conformada para a velha rua, que outrora, vira o Doutor morrer.
***
Vindo pelos corredores, e em um andar cheio de impaciência e determinação, chegava o Ladrão na sala 7, e de cada lado, um Dalek em companhia. Um deles operando um computador, disse:
— Mestre, o Dalek supremo já aguarda em espera de sua conferência.
— Ótimo. Vocês receberiam um aumento se recebessem salário. Pois já chegou a hora de entrarmos no palco. Hoje, Rassi irá por para baixo aquele seu nariz empinado. Contacte-me agora!
Continuando o processo da intercomunicação de Gallifrey para Skaro, obedecia o Dalek, e logo, a imagem do Supremo é mostrada numa grande tela:
— Saudações, mestre.
— Saudações. Tanto faz.
— A qual proposito se deve está conferência?
— Chegou a hora.
— Que hora? Em Skaro o fuso-horário é diferente.
— A formalidade de vocês é muito irritante. Sabe qual hora chegou?!
O Dalek supremo continua desentendido. o ladrão revira os olhos:
— Certo, você é muito chato. Mas, eu direi. Chegou a hora de ficarmos mais poderosos, a hora de acabarmos com Rassilon, chegou a hora sairmos da ilha! Agora, convoque todos os nossos postos, e venham para Gallifrey, hoje... Será o dia da nossa vitória, e o dia da minha justiça!
— Este é realmente o momento oportuno?
— Eu sou o chefe! Então se eu digo que é... Obedeça!
— De acordo, mestre. Avisarei a todos os esquadrões. Em poucas horas, já estaremos em Gallifrey!
— Perfeito. Mas, aprecem-se.
— Até breve, mestre. Já estou ini- ....
A frase foi cortada, o Ladrão havia desligado tela. Ele suspira:
— E vocês aqui presentes, quero que se dispersem. Avisem tudo para as tropas da Cidadela.
— Nós obedecemos! - Os Daleks, retiram-se da sala.
Com todos os seus sonhos e clamores antigos já prestes de se realizarem, gargalhava insano o Ladrão. Tudo o que ele podia sentir, era a emoção de estar tão perto de conquistar o seu maior trunfo.
***
Chegando no esconderijo junto a Hiloya, notava o Doutor, o vasto e populoso ambiente, que nada mais era, do que uma imensa e espaçosa caverna, repleta de tendas, fogueiras e pessoas. Pessoas essas, de todos os tipos, sendo humanas ou não. E enquanto o Doutor olhava-as curioso, elas, refletiam a mesma atitude.
— Chamamos aqui de vila. - Comentava Hiloya. – Seja bem vindo.
— Ah, sim, obrigado. Aliás, é um bom esconderijo.
— Até o momento sim. Como pode ver, existem pessoas aqui de várias raças, creio que até existam algumas que você não conheça.
— Sim. Mas também sou grande amigo de algumas. Vocês tem Sontarans, Oods e Raxacoricofallapatorius.
— Muitos aqui são de povos que já foram ajudados por mim e o Doutor, existe um pouco de tudo, mas, somos trezentos apenas. - Dizia Hiloya, observando os olhares tortos. – Todos estão te encarando. Devem pensar que você seja o Doutor, ou talvez uma boca a mais.
— Sem problemas, uma vez me tornei capa de revista. E não estou com fome, não se preocupem com a economia. E uma última correção, eu sou o Doutor.
Interrompendo o Doutor e Hiloya, chegavam três crianças correndo e sorrindo, vindo até eles:
— Senhora Hiloya!
— Senhora Hiloya! A senhora trouxe alguma coisa para nós?
— Não, crianças. - Respondeu a Hiloya sorrindo. — Hoje não consegui nada de bom.
— Tudo bem, fica para a próxima, não há problema. Nós já vamos indo.
— Ok. E se a sopa já estiver pronta, mandem alguém levar um pouco para eu e o meu amigo.
— Sim, senhora. - As crianças retiram-se, continuando a correr.
— Eu não sei por que eles ainda sorriem. - Diz Hiloya entristecida.
— Porque ninguém pode chorar para sempre. - Responde o Doutor. E pelo olhar da mulher, ela queria responder, mas nada ousou. – O que foi? - Indagou o Senhor do Tempo.
— Vamos entrar.
Entrando na grande e rustica tenda de Hiloya, observava o Doutor, a determinação da mulher, através, de todos os mapas, armas e armaduras, espalhados pelo cômodo.
— Fique à-vontade. - Pede a mulher.
O Doutor senta-se nos tapetes:
— Totalmente.
Hiloya, desvestia os seus protetores. O Doutor questiona:
— Por que... Você estava sozinha naquela missão já que aqui existem vários tipos de guerreiros? Um Sontaran seria um ótimo ajudante!
— Porque e se fossem comigo e morressem, então quem protegeria o resto?
— Mas se arriscar em um campo de batalha sem carregar armas ou uma equipe?
— E por acaso você também não faz isso?!
O Doutor, nada responde, pois, aquilo que ele questionava era exatamente aquilo que ele praticava por toda a vida, e os seus olhos, desviavam-se envergonhados. Chegando na tenda, uma das crianças trazia duas tigelas de sopa, e após servi-las, retirava-se do meio tenso. Dando enormes colheradas na tigela, comentava o Doutor, bastante faminto:
— Pensei que odiava sopa. Mas isso foi na regeneração passada, amo sopa agora. A mesa do Ladrão abriu o meu apetite, mas tenho certeza que em uma daquelas peras havia alguma toxina!
— Os Doutores são todos iguais, sempre falando bobagens.
— Não é bobagem! É muito sério, eu estava realmente muito faminto.
Hiloya deixa um sorriso escapar. O Senhor do Tempo indaga:
— Você é tão durona, como você e o Doutor se conheceram?
— Eu matei ele. Na verdade... Quase.
— Acredite, isso é algo ainda mais comum do que você possa imaginar!
— Eu era de um quartel da UNIT, no Cabo Verde, servia como uma médica combatente. E fui transferida para a Inglaterra, por causa do meu reconhecimento.
— Entendo. Assim ficou mais fácil se cruzarem, já que a TARDIS parece amar Londres.
— Uma invasão de robôs gigantes estava acontecendo, achei que aquele seria o fim do mundo. E o Doutor se arriscou demais. Ele era o 12, só tinha mais uma vida pela frente, mas se feriu gravemente. E para evitar que ele usasse a sua última regeneração, eu tentei salva-lo, do jeito que podia.
— Mas, acidentes aconteceram.
— Se vocês não fossem tão desconfiados e dessem informações sobre a sua biologia para a UNIT, isso teria o-poupado.
— Se um Senhor do Tempo não for desconfiado, ele tem algum problema.
— Quando comecei a viajar com o Doutor... Todos os problemas que eu conhecia pareciam ter deixado de existir, mas, ao mesmo tempo, ter problemas era o que nos cercava na TARDIS. E quando a Guerra do Tempo começou... Foi o final de tudo o que eu conhecia como felicidade, ou como problema.
— E o final do Doutor, você testemunhou?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Eu estava voltando para a Terra, para buscar a minha família, mas quando eu cheguei... Tudo o que encontrei foi dor, ódio e morte. O Doutor e o Mestre se foram, e tudo está nas minhas costas agora.
— Sim, eu sinto muito. E por isso, eu não acredito que a sua luta seja uma mera promessa.
— E por que não pode ser? O que você acha que é?
De resposta, o Doutor apenas sorri, e dá uma grande colherada na sopa.
***
Em um depredado e apertado beco próximo a uma vasta avenida na paralela Cidadela, materializava-se agora a TARDIS, continuando a missão das amigas do Doutor. E saindo para checar o ambiente, saía Grace de dentro, e espiava curiosa, ao exterior.
— Nós conseguimos? - Ecoou da cabine a voz de Romana. – Já tentamos quatro vezes. Estou cansada!
— Sim. Nós conseguimos. Mas este mundo está arrasado.
— Acho que o universo todo esteja. - Romana vem para fora. – Se até Gallifrey caiu... Quem continuaria em pé?
Na calçada do beco, um Dalek passa reto mirando para frente, e imediatamente, as duas se recostam assustadas.
— O mundo todo deve estar dominado. - Diz Grace, respirando ofegante.
— Sim. Mas se nós queremos ajudar o Doutor, não poderemos ter medo.
— Medo? Quem está com medo? Temos uma chave de fenda sônica.
— É essa a perspectiva que eu quero.
E seguem elas, espreitando-se pelos cantos, e escondendo-se pelos destroços da avenida, do que antes haviam sido prédios e pontes.
— Eu nunca vou me acostumar com isso. - Comenta Grace. — Por que sempre o caos nos persegue? Uma hora estamos em uma Gallifrey movimentada e cheia de vida, e agora, nós vemos o fantasma do que talvez ela tenha sido um dia?
— E é isso, Grace, que a nossa Gallifrey se tornará se o Ladrão continuar com a sua loucura.
— Sim, isso já foi longe demais. Além de pilhas de escombros... Também existem pilhas de corpos.
— Mas acho que nem tudo aqui é apenas morte. Tem pessoas presas também. - Romana aponta para algumas jaulas, lotadas e apertadas, de tantas pessoas.
— O que faremos?
— Liberdade. - Romana estende a mão, Grace, entrega-lhe a chave sônica.
Continuando, Romana e Grace, seguiam se esgueirando, e chegam silenciosas até as jaulas dos cativos.
— Quero pedir para que todos vocês fiquem calmos. - Pede Grace aos presos. – Nós viemos ajudar.
Romana, ativava a chave sônica, afim, de destrancar as jaulas. Mas, os seus cativos, não pareciam nada felicitados, preocupação era evidente em suas faces:
— Parem com isso! Nos deixe aqui!
— Não ouviu o que eu disse? Nós viemos ajudar! - Insiste Grace.
— Sim, mas isso só será pior para nós!
— Não iremos deixa-los!
— Suas idiotas! - Um dos presos apontava nervoso. – Os Daleks estão vindo!
Grace e Romana, olham depressa para trás, mas, antes de qualquer ação, os Daleks já estavam muito próximos, para arriscarem qualquer coisa.
— Por que vocês não estão presas? - Questiona um Dalek.
— O que faziam? Explique! - Exige outro Dalek.
— O que nós fazíamos? Ora, eu e Grace somos mulheres! Podemos fazer o que quisermos. - Responde Romana.
— Os elementos rebeldes devem ser exterminados!
— Correto! - Confirmou o outro Dalek.
— Não! Ninguém contou? Vocês não podem nos exterminar. - Advertiu Romana.
— Qual a justificativa?
— Bem, é porque... Bem, a Grace sabe explicar.
Todos os Daleks, miram seus olhares para Grace.
— Sim! Sim... Vocês não podem nos exterminar. - Argumentou Grace, gaguejando. — Nós... Possuímos contatos importantes! - Disse depressa.
— Quais contatos? O que isto significa? - Indagam os carrascos.
— Vasculhem o meu rosto nos seus bancos de dados. - Pede Romana. – Pois, eu tenho certeza que esta cara representa uma das formas da Senhora do Tempo Romanadvoratrelundra, uma das amigas do Doutor.
— O Doutor escapou! Qual o seu envolvimento?!
— Ele será exterminado! Não será mais um recurso. - Lembra outro Daleks.
— Tudo bem, não deu certo. Quer tentar mais alguma coisa? - Pergunta Grace.
— Pode deixar. - Continua Romana. — Tudo bem, Daleks, terei que conta-los a verdade. Não é mesmo, Grace?
— Sim. Temos algo... Muito importante para contar.
Os Daleks, se mostravam mais curiosos:
— Que verdade? Explique! Explique! Explique!
— Certo, eu irei contar. - Dizia Romana. – Mas, abaixem as armas.
Os Daleks, pareciam estar de acordo. Romana, diria a eles algo que talvez pudesse fazer toda a diferença ou sentido em suas vidas. Grace, apenas permanecia calada e apreensiva, teria que confiar nos desconhecidos planos gerados pela impulsiva mente da Senhora do Tempo.
***
Na nossa Gallifrey, Rassilon continuava da sua mesa, a observar os hologramas e informações sobre o ponto em colapso. Os seus olhos sérios, notavam que a fenda que há pouco havia sido fechada por completo, já apresentava um pequeno resquício relevante.
— Uma pequena ruptura já se estabeleceu novamente. - Comentou ele.
— Acho que isso não representa perigo, senhor presidente. - Comenta Tridaro. – Creio que nada em grande volume possa passar por isso.
— Sim, em tempo presente não conseguiria. Entretanto, voltando em um ponto passado de tempo da fenda, o Zelador poderia atravessar.
— Se o senhor já pensava nisso, por que só veio se preocupar agora?
— Queria saber se o Zelador era realmente capaz de cumprir o que me prometeu.
— Entendo.
— Me diga, aquele aparelho disseminador de matéria que os estudantes construíam por influencia do profeta louco, já chegou a ficar pronto?
— Sim, senhor, acho que terminaram ele ainda hoje. Pensa em algo?
Rassilon sorri de canto:
— Traga-me as listas do cofre do tempo. Mandarei um presente ao meu irmão.
***
De sua triste, escura e solitária mesa, em sua triste, escura e solidaria sala, vislumbrava o Ladrão aos dados sobre o número de Daleks, já presentes no planeta, e as frotas que chegavam. A sua felicidade era evidente, e o jeito que sorria, e o jeito que respirava, afirmaria isso mil vezes.
— Rassi... Coitado. - Gargalhava. – Com todos esses milhões de soltados, já estou até começando a ficar com pena de você! - Disse, e logo riu desenfreado.
Indo correndo para a varanda da janela, o Ladrão admirava embasbacado e feliz ao mesmo tempo, aos centenas ou milhares de Daleks nas ruas, nos prédios ou voando sobre a Cidadela.
— Este, foi o dia mais esperado de todos! - Em seguida, grita contente. – Eu não posso acreditar! Eu não posso acreditar! - E riu provocante.
Após esta contemplação, voltava à mesa:
— Eu tenho tudo, tudo. Os Daleks, são tudo agora. É só isso que importa, eu não preciso de irmãos, amigos ou doutores. Tudo o que eu preciso é do meu poder, só isso.
Entretanto, enquanto discutia profundamente consigo mesmo em seus pensamentos, é interrompido pela abertura inesperada da porta da sala. O Ladrão, encarava irritado, três Daleks haviam entrado sem ordem. O Senhor do Tempo, suspira impaciente:
— Por que entraram? Eu não chamei ninguém aqui.
— Silêncio!
— "Silêncio"?! "Silêncio"?! Acho que eu não ouvi direito! Já se esqueceram de quem dá as ordens?
— Você não é mais o mestre!
— O quê?! É claro que eu sou! E onde estão os guardas da ante-sala que os-deixaram entrar?
— Eles foram exterminados!
— E você também será! - Acrescentou outro Dalek. — Você nos enganou!
— Do que está falando?! O que deu em vocês? - Não compreendia o mestre.
— Onde está Davros?
— Em Skaro, é claro!
— Mentira!
— Mentira! Mentira! - Replicavam graves.
O Ladrão engole seco. Um dos Daleks continua:
— Nós enviamos um pedido de conferência para Skaro, e Skaro informou que Davros está aqui.
— Simples! Todos os dias ele vai e volta comigo, as TARDISes são muito eficientes! - Respondeu trêmulo, o Senhor do Tempo.
— Mentira!
— É verdade! Eu até juro se quiserem! Mas eu não entendo, o que houve com vocês?!
— Exterminar, exterminar, exterminar! - Exclamam, apontando as armas.
— Vocês não podem fazer isso! Precisam de mim para cruzar a fenda!
— Incorreto!
— Você não é mais necessário! - Revelou o Dalek ao meio.
— Não! - Berrou desolado o homem.
Decepção, medo e ódio, era o que estava escrito na testa e nos olhos do ex-mestre Dalek, e que agora, se encontrava totalmente impotente, e desalentado, frente à situação.
Mirando para o Ladrão, três disparos seguem juntos.
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