Bye - 6259

Ele continua


Os seus ossos chacoalharam pelas flores cinzas da floresta. Ele fedia, sua carne pendurada fracamente nos ossos que se prendiam mesmo sem ter mais ligações. Ele respirava sem ter mais pulmões. Seus olhos ardiam, já não tinha mais lágrimas que lhe levassem.

A fumaça se misturava com o vento frio. Ele continuava andando pela floresta. Ele não tinha mais fome, não tinha sede, nem órgãos, nem visão. Ele estava surdo e mudo. Ele não sabia onde estava indo.

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A neve cortava sua pele frágil. Branco. Vermelho. Podia apenas sentir as cores. Elas eram doloridas, mas as vezes prazerosas.

Ele sentia cheiro de carne, e a comia. Crua e suja. Com gosto de frango e pedaços de pano. Ossos duros e líquido quente.

Sentia as pedras sob seus pés. Machucaram. Como navalhas negras de carvão lhe diziam para parar.

Ele continuou

Andando e andando.

Coiote solitário na neve.

Um coelho perdido.

Viajante sem mapa.

Uma chuva de espadas.

Ele era visitante nessa terra estranha de prazer e ódio. Ele não entendia.

Ele não tinha visão nem audição. Ele apena comia a carne com gosto de frango.

Seus pés machucados por fim caíram.

E ele me disse.

Continua por mim.