Circus
Ato IX - A Mulher & O Homem
— Eu sinceramente me sinto embriagado. — Nico se queixou, levando a mão para a cabeça assim que entraram no carro de Hades, que estava os esperando em frente ao parque de diversões.
— Como? — o pai questionou sem entender. — E dessa vez não ficou com Thalia?... Quer dizer, desculpe perguntar, mas, né?...
— Nós fomos puxados para a ilusão. — Bianca contou, levando as mãos para as têmporas ao ver a reação espantada de seu pai. — É horrível. Como as pessoas se vangloriam tanto para ficar indo várias vezes e recomendando para outras pessoas?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— A apresentação é boa... — Nico tomou a voz novamente, crispando os lábios quando notou que havia sobrado e sua indagação havia saído um pouco mais alto do que ele gostaria, recendo o olhar de seu pai e Bianca, por estar sentado no banco de trás. — O que? Vai negar? Aqueles elefantes pareciam bem reais pra mim, ok?
— Ai que idiota! — a di Angelo segurou o impulso de querer chocar sua cabeça contra o painel do carro. — Provavelmente é a ilusão, Nico. Lute contra isso garoto, ou você vai ser um homem morto logo, logo!
— Eu não sei se eu deveria levar essa ameaça a sério. — Nico franziu os lábios, subindo as sobrancelhas. — A propósito: pai, a Bianca foi mordida por um lobisomem.
— Como é que é? — Hades teve uma reação de pronto, seu corpo se virou de um jeito bruto e seus olhos negros se arregalaram. — Como... O que aconteceu? Você não ia me contar? Por que estão calmos? Você pode estar condenada!
— Por isso mesmo que eu estava esperando mais um pouco. — A única garota ali pontuou, subindo as sobrancelhas. — Eu to bem, uma bruxa estranha...
— A mãe da Thalia. — Nico corrigiu, fazendo a irmã revirar os olhos.
— “A mãe da Thalia” — ela resmungou, engrossando a voz de modo exagerado. — Apareceu e jogou um pó esquisito no ar, então a gente foi puxado pra ilusão e de repente estávamos do lado de fora da tenda caminhando igual patinhos perdidos da mamãe pata!
— Isso é grave. — Hades concluiu, voltando-se para frente e encostando a testa no volante, quase acionando a buzina sem querer. — Então eles são mais precavidos do que pensávamos... Se eu estou pensando bem no que ela fez, claro!
— O que pensa? — Nico se aproximou, apoiando as mãos no encosto do banco onde o pai estava.
O adulto suspirou antes de falar:
— Provavelmente é para reverter erros, como o fato de Bianca ter sido mordida: talvez eles não queiram transformados para não dar mais trabalho pra eles em se esconderem. Então a bruxa...
— Mãe da Thalia! — Nico implicou novamente, recebendo um olhar reprovador do que estava falando. — Ok, vou ficar quietinho.
— Como eu dizia: ela deve ter revertido o processo de transformação. O feitiço foi tão forte que foi contra a natureza humana, então acabou confundindo vocês e pronto, vocês estavam na ilusão.
— Eu posso dizer que você é um belo adivinha — Bianca comentou, franzindo os lábios. — Talvez tenha razão. Eu não me sinto estranha do tipo ver uma bolinha e querer sair correndo atrás dela ou latir para um estranho...
— Você faz isso naturalmente, Bianca. — Nico alfinetou, abrindo um sorriso cumplice quando a irmã revirou os olhos, tentada a soca-lo. Mas preferiu fazer isso quando tal estivesse distraído.
— A propósito: tem muitos lobisomens lá... — a única garota comentou, arregalando os olhos minimamente ao se lembrar da proposta de três ninhadas. Com certeza ela concordaria com Thalia, nunca que isso aconteceria. — Tipo, muitos mesmo. Os que eu contei deram mais de quatrocentos... E são estranhos, porque são mesmo lobinhos pequenos e fofos que espirram e viram bebês do nada.
— Que? — Hades pareceu bugar com a informação estranha, franzindo o cenho, mas balançando a mão fazendo pouco caso. Preferiu ficar sem entender mesmo. — Enfim, eu acho melhor vocês não voltarem aqui tão cedo.
Nico preferiu não contrapor, ainda mais quando estava totalmente de acordo. Tinha sido drogado contra sua vontade, e essa experiência é algo que não quer repetir nunca mais.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Assim, o adulto resolveu ligar o carro para que eles fossem embora. Mas, quando os faróis se acenderam, um homem parou em frente ao veiculo e tampou os olhos como se estivesse sido cegado pela luz forte, fazendo Bianca e Nico arregalarem os olhos, entrando em sinal de alerta, assim como Hades.
— Isso pareceu humano pra vocês? — o di Angelo mais velho questionou, levando sua mão direto para a arma que estava no cós de sua calça para o caso de precisar fazer um movimento mais brusco.
O homem que quase havia sido atropelado correu para o beco sem saída de onde havia saído.
— Não. — Bianca e Nico responderam juntos.
— Ótimo, vou ir lá bater um papinho. — Hades sorriu, arrumando a blusa para esconder a arma e saindo do carro.
— Um pai suicida: quem não gosta, não é mesmo? — Bianca comentou, apertando os lábios em sinal de preocupação. Mesmo que ele fosse caçador, ainda tinham que se preocupar, não sabiam o que esperar de, aparentemente, um mendigo aleatório que quase morreu.
— Nem brinque com isso, Bianca. — Nico repreendeu, suas sobrancelhas juntas em um claro sinal de hesitação.
Enquanto isso, Hades se apressou em adentrar o beco, procurando o homem.
— Olá? Senhor? Está tudo bem? Meu carro chegou a pegar você? — questionou, subindo as sobrancelhas quando ouviu um barulho vindo de trás das grandes lixeiras ao fim do beco. — Você está machucado?
O homem saiu de seu “esconderijo”, seus cabelos desgrenhados eram castanhos e encaracolados, cheios de folhas e papeis de bala. Os olhos estavam em uma tonalidade verde musgo e tinham olheiras profundas, como se não houvesse dormido a tempos. Trajava pedaços de uma blusa rasgada, assim como a calça, dando a entender que havia rolado na jaula com algum leão... E, bom, o leão havia ganhado.
— Eu adoraria ajuda. — A voz era grave e rouca, e o homem começou a se aproximar mais de Hades.
Ele recuou de um modo discreto, segurando o impulso de levar sua mão direto para sua arma e a pegar. Poderia pegar mal se fosse apenas um humano indefeso, coisa que o caçador duvidava muito.
— Vamos para o meu carro, meus filhos estão lá, a gente te leva para o hospital. — Hades incentivou, abrindo um sorriso simpático. O homem passou a língua pelos lábios. — Está sem comer a muitos dias?
Nessa altura, eles já estavam quase saindo do beco, então o di Angelo estava visível para seus filhos, que começaram a ficar mais nervosos com o fato do pai estar levando a situação de modo calmo e controlado.
— Para falar a verdade? Estou sim! — respondeu, tossindo e levando as mãos aos lábios.
— Meu carro está logo ali, venha... — Hades indagou, mas, assim que iria se virar para levar a possível criatura para dentro do carro, ao seu lado apareceu uma mulher, que não hesitou em segurar o pulso do homem.
— Você deve ser Matthew, nós vamos te ajudar, como prometido. — A voz de Beryl se fez ao ouvir e Nico e Bianca sufocaram um grito. Ela se virou para Hades com um sorriso doce nos lábios. — Muito obrigada por ter se preocupado e evitado que essa pessoa fosse atropelada.
— Tudo bem. — Hades respondeu, abrindo um pequeno sorriso. — Tem certeza que não precisa do hospital? Se quiser...
— Não! — Matthew respondeu subitamente. — Obrigado.
Beryl colocou uma das mãos sobre o ombro do vampiro, abrindo um pequeno sorriso.
— Você deve estar faminto, não é mesmo? Vamos arranjar um lanche bem saboroso para você comer! — ela voltou-se para Hades. — Novamente, obrigada. Até mais!
Assim, deu as costas e começou a caminhar para dentro do parque, guiando Matthew que parecia perdido no meio de tantos tipos de sangue diferentes para saborear.
Hades não tardou a voltar para o carro, comprimindo os lábios e virando-se para seus filhos que tinham um semblante suspeito de quem queria contar alguma coisa.
— É a mulher, não é? A mãe de Thalia, é ela. — Concluiu, não sendo fitado nos olhos. — Vamos ter mais trabalho do que eu imaginava!
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