Circus

Ato X - Pipocas No Ar


— Então... você quer ir no cinema? — Nico questionou ao telefone com Thalia, ouvindo uma clara hesitação do outro lado da linha e se apressando em complementar: — O que foi? Não gosta de cinema?

— Não é isso... hoje? — questionou a Djinn olhando para baixo e puxando uma pulga da orelha de Leo e a matando, torcendo o nariz.

— É, seria hoje, está ocupada? — perguntou olhando o computador aonde estava o anuncio do cinema aberto inspirado nos dos anos oitenta que teria na cidade.

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— Mais ou menos, eu to catando pulga no meu...cachorro — a Grace respondeu e Leo bufou estando em forma de lobo mexendo a cabeça que estava apoiada no colo da ex.

Nico abriu a boca para questionar que cachorro, mas lembrou do Valdez e fechou de imediato franzindo o cenho ao entender o que acontecia.

— Ah... poxa, seria legal, acho que você iria gostar, mas se não puder tudo bem — o di Angelo afirmou se mexendo na cama aonde estava deitado, aceitando que não iria sair dali aquela noite.

— Não, eu vou, me busca aqui no circo daqui a uma hora? — questionou, corando, vendo Leo levantar a cabeça e um sorriso mostrando as presas surgindo nos lábios do animal que bateu o rabo com força de um lado para o outro.

Um ganido preencheu o ambiente e Leo notou que tinha atingido um lobinho que tentava pegar o rabo do irmão mais velho, mas não era como se o pequeno não fosse superar. A primeira rabada a gente nunca esquece.

Thalia deixou-se infiltrar na mente do Valdez apenas por curiosidade, mesmo que suas feições já entregavam que ele estava a zoando.

HUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUM! VAI TER UM ENCONTRO! THALIA VAI TER UM ENCONTRO! THALIA VAI TER UM ENCONTRO LALARILALAAAAAAA! O lobo cantarolou e até se empolgou em uma opera no último “a”, e ainda bem que era tudo imaginário e saiu consideravelmente bom.

— Não é um encontro! — respondeu a Leo, o fuzilando.

— Ta bom! — Nico respondeu sentindo uma pontada com o tapa na cara dele.

A Grace abriu a boca e fechou arregalando os olhos azuis notando o que tinha acabado de fazer.

— Não era com...ah...até! — e assim desligou, jogando o celular para o lado ainda assustada com a possibilidade de ter negado de tal forma para o próprio Nico.

O lobo em seu colo começou a rir e isso era muito estranho, acreditem, mas ele parou subitamente e a encarou.

VOCÊ LEU MINHA MENTE!, acusou.

— Eu li sua mente! — Thalia respondeu, subindo as sobrancelhas e negando em reprovação.

Saí da minha cabeça. O lobo começou a balançar a cabeça de um lado para o outro em um ato desesperado da Djinn sair de lá de dentro.

Sabe que você se mexer não me tira daí, né? — questionou curiosa, vendo-o parar.

Isso é invasão de privacidade, saí da minha cabeça!

— Eu já li sua mente antes, Leo! — fez pouco.

Mas eu sabia que você estava o fazendo, agora é invasão! SAI!

— E quem te garante que eu nunca entrei na sua mente sem você saber? — indagou, sorrindo travessa o vendo se sentar indignado, ficando bem maior do que a morena.

Safada! O lobo bateu a pata no chão bufando com raiva.

Thalia faz carinho atrás da orelha dele, vendo-o abaixar a cabeça até estar deitado novamente com a barriga para cima, logo começou a fazer carinho no local vendo o rabo abanar mais rápido e ser perseguido por dois filhotes.

— Amanhã a gente continua isso, ok? — perguntou, se referindo as pulgas e vendo ele assentir.

A Grace se levantou e caminhou até a sua área, pegando algumas roupas para tomar um banho, sabia que seu pai e sua mãe estavam cuidando de um novo vampiro e o Jason estava sabe se lá onde, logo ninguém se importaria se ela saísse um pouco.

Então esperou na frente da entrada do parque. Vestindo uma saia cintura alta preta, uma meia calça arrastão, um coturno de salto preto, uma blusa azul marinho e uma jaqueta de couro preta, os olhos marados com delineador dando destaque ao azul elétrico era a única maquiagem combinando com o cabelo preso em uma trança embutida que deixava seu rosto bem visível.

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— Oi! — Nico disse alto, acenando para ela enquanto se aproximava.

— Oi! — Thalia sorriu, balançando o corpo para frente e para trás, meio ansiosa por algum motivo que não saberia identificar ali.

Em um movimento rápido o di Angelo a puxou pela cintura depositando um beijo na bochecha dela, o que a fez arregalar os olhos conforme ele ia para a outra bochecha prosseguindo o cumprimento.

— Vamos? — questionou se afastando o mais rápido que conseguiu e notando que ele tinha percebido o ato nervoso.

— Claro — concordou com a cabeça indicando que o caminho até o carro, aonde os dois entraram e Nico começou a dirigir obedecendo o GPS.

Não demoraram muito a chegar no local, uma grande tela apagada estava disposta no espaço, assim que eles passaram pela entrada um homem deu um aparelho para que eles colocassem no carro e desejou um bom filme.

Os dois estacionaram na terceira fileira. Nico se mexeu tentando ficar confortável no banco se livrando do cinto de segurança, vendo Thalia suspirar curiosa. Algumas pessoas tinham decidido sentar em cima do capo do carro, outras estavam em picapes montando a estrutura para eles assistirem o filme.

— Eu vou comprar pipoca, tá bom? Prefere doce ou salgada? — questionou a olhando.

Thalia arregalou os olhos. O que ela preferia? Doce ou salgado? Doce ou salgado?

— Não tenho preferência, escolhe a que você mais gostar — se virou, forçando um sorriso que talvez tenha saído algo psicótico, mas ele não comentou.

— Ok, vou lá então — Nico crispou os lábios, pegando sua carteira e saindo a deixando sozinha no veículo.

A Grace analisou o interior do carro, batendo os dedos no dadinho preso no retrovisor e espirrando logo em seguida com a poeira subindo no ar. Desceu o olhar se mexendo no banco do carona e abrindo o porta luvas em tédio, vendo-o completamente vazio a fazendo suspirar e fecha-lo novamente.

Se mexeu novamente ouvindo o rádio que o segurança havia entregado apitar junto com a tela iluminando começando uma contagem regressiva, tendo como partida o número cinco.

Lembrou quando uma vez tentou ir em um cinema com Leo e como aquilo deu errado, já que ele se irritou com a projeção e começou a latir pra ela e por pouco não se transformou em um lobisomem ali mesmo, pior ainda quando seu extinto protetor ativou e ele tentou pular da cadeira e ir atrás do vilão que fugia com a mocinha.

— Desculpa a demora! — Nico abriu a porta a vendo ter um sobressalto e sorrir assentindo o ajudando com as pipocas — Tinham muitos sabores, ai eu comprei todos, você não facilitou minha vida mandando eu escolher.

— Ah! Ok, desculpa — riu colocando os cinco potes em seu colo para ele entrar com os refrigerantes. — O filme já vai começar.

— É, sim, não faço ideia de qual seja — admitiu arrancando uma risada dela que escolheu a dedo uma pipoca, sendo a mais amarelada delas que parecia mais agradável.

A menina abaixou os olhos para o potinho pegando mais um punhado e levando a boca ao constatar que era bom.

— Tem pipoca na sua trança — ele apontou, pegando uma fugitiva e tacando pela janela, afinal não era fã de comer comida com cabelo.

Thalia corou levando a mão novamente ao pote de pipoca e escolhendo outra para provar, dessa vez era uma marrom que imaginou ser de chocolate. Por que tão bom? Questionou ao provar sorrindo satisfeita para Nico que riu a fazendo queimar em vergonha mais ainda.

— Você realmente não tem preferência, de amanteigada a chocolate — ele riu — essa aqui é de leite condessado, essa é com tempero salgado, essa é apenas com sal e fim.

— Qual sua preferida? — questionou calma, vendo ele catar uma de chocolate e uma normal e levar a boca.

— Acho que a de chocolate — sorriu, dando de ombros.

— O quão errado daria eu jogar essa pipoca pra cima e tentar pegar com a boca? — questionou, mordendo o lábio inferior contendo um sorriso travesso.

— Você nunca foi boa nisso, vai apenas sujar o carro do meu pai — ele provocou sendo fuzilado logo em seguida.

— Eu não sou você, di Angelo — retorquiu pegando uma e tacando para cima, tendo sucesso em captura-la com a boca e sorrindo logo em seguida. — Faz melhor!

— Ah, não, tu não fez isso — negou em reprovação pegando um punhado na mão e tacando a primeira e também tendo sucesso.

Entretanto quando ele foi tacar a segunda a Thalia a pegou com a mão antes e levou pra sua própria boca o vendo morder o ar e piscar perdido, arrancando uma risada gostosa dela.

— Tu trapaceou! — acusou a fazendo rir.

— E tinham regras? — ela levantou a sobrancelha em desafio com um sorriso de lado nos lábios.

— Você continua a mesma — ele negou rindo jogando novamente uma pipoca para o ar e pegando com a boca.

— Você também, continua péssimo jogador — ela piscou pulando com uma explosão do filme que eles nem prestavam a atenção até o momento.

Um dos cinco pacotes de pipoca foi ao chão espalhando a comida por todo ele a fazendo sorrir de ponta a ponta travessa e levantar o olhar para Nico que negava em reprovação.

— Desculpa? — sua voz saiu manhosa e travessa ao mesmo tempo, o sorriso ainda presente no rosto.

— Eu vou fazer você limpar com a língua — ele repreendeu pegando alguns dos potes que estavam no colo dela e colocando no banco de trás.

— Boa sorte com isso então! — Thalia mostrou a língua logo em seguida o vendo encarar indignado.

Nico a puxou pela cintura vendo-a soltar um grito enquanto era puxada para o outro banco e ria derrubando mais um potinho de pipoca que foi chutado pra cima e acertando tanto Nico quanto Thalia.

Mas o italiano não parou o que fazia, começou a fazer cócegas nela, que gritava e ria ao mesmo tempo, se debatendo.

— Para, Nico! PARA! — ela gritou entre puxadas de ar e risadas, sentindo as lágrimas descerem pelo seu rosto.

— Boa sorte em me fazer parar! — provocou e sabia que se ela não estivesse se debatendo ela o encararia boquiaberta.

A puxou pela cintura novamente a fazendo sentar no seu colo, quando ela puxou ar e engasgou, o corpo dela foi contra a porta do motorista e ela estava sentada de lado e a respiração ofegante.

— Você está bem? — questionou confuso, analisando-a de cima abaixo.

— Trolei trouxa — ela rebateu balançando a cabeça em um movimento divertido e dançante tendo um sorriso vitorioso nos lábios. — Tem pipoca em todo você — ela riu passando a mão no cabelo dele o bagunçando e fazendo que farias caíssem dali.

— Meu pai vai me matar — comentou, olhando a sujeira que estava o carro.

— Eu te ajudo a limpar depois —concordou, sorrindo e olhando o filme que passava uma corrida que parecia ser bem emocionante.

Thalia voltou para seu lugar, jogando algumas pipocas que estavam no banco para o chão, suspirando e arrumando a roupa no corpo.

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— Nico... — falou depois de um tempo em silêncio, atraindo a atenção dele — eu senti sua falta!

— Eu também senti a sua — e por mais que aquilo devesse ser a resposta automática que Hades ordenaria ele dizer, ele sabia que era verdade, ele sentia falta de Thalia, da sua melhor e única amiga quando criança.