A Floresta de Areia

Avanço dos dois lados


— Então, aqueles três já chegaram aqui — Kaile sorriu ao olhar pelo monitor.

— Sim, estão no meio do caminho. Eu fui até lá e menti que também estava preso naquele fim de mundo.

— Você é hilário, John. Principalmente quando banca o fantasma.

— Vantagens da minha magia. Enfim, uma hora ou outra eu tenho certeza que eles conseguirão chegar aqui, eu tranquei dois deles em um sonho, mas já saíram.

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— Ótimo, o plano precisa ser posto em prática então.

— Você ainda não me contou seu plano, Kaile. A única coisa que sei foi que você me procurou prometendo me ajudar na reconstrução do meu templo, mas nunca me disse o que vê quer.

— Simples, meu caro. Você já ouviu falar das pedras da vida e da morte?

— Hum...

— Pois bem, eu achava que era preciso ter elas para entrar aqui, mas encontrei isso — tirou um pequeno livro do bolso. — Esse pequeno livro é a resposta para minhas dúvidas. Eu achava que as pedras sagradas escondidas dentro da Floresta de Areia eram outras.

— Espera, você está querendo dizer que as pedras estão por aqui e você quer elas?

— Exatamente. Todas as informações que recolhemos servem apenas para manter as pessoas longe da floresta, são boatos feitos para distrair nossa atenção. Caímos feitos patinhos e perdemos tempo correndo atrás de algo que sempre esteve por aqui.

— E o que pretende com elas? Isso se elas realmente existirem.

— O mesmo que todos: a imortalidade.

— Se você diz, quem sou eu para falar algo... O plano é o seguinte, eu quero atrair eles para o meu templo.

— Então porque não fez isso antes? Foi difícil chegar aqui, sabia?

— Eu teletransportei os escombros para cá, aliás eles sempre foram daqui. Estamos dentro dele no momento.

— Hum... Sinto cheiro de roubo.

— Aquelas velhas não usavam o templo, então peguei para mim. A questão é que o portal para trazê-los para a floresta em si está desativado depois que modifiquei para trazer vocês direto para cá.

— E você quer que eu ative?

— Você não, sua irmã — apontou para July que olhava admirada para os detalhes da estrutura. — Ela não entende de objetos mágicos? Talvez ela saiba como ativar.

— Desculpa interromper, mas eu ouvi sobre objetos mágicos? — July sorriu como uma criança, tanto que esqueceu da sensação estranha que John causava em si.

— Exatamente. Você sabe mexer com portais?

— Sei sim, a maioria apenas precisa de uma quantidade certa de magia para funcionar.

— Ótimo, preciso que ativem o portal e depois voltem para cá o mais rápido possível.

— Não precisa nem falar duas vezes. Vamos, July.

— Sim — correu animada para acompanhar Kaile.

Os dois saíram dos escombros e aproximaram-se do mesmo portal por onde antes passaram, dessa vez ele não passava de um retângulo de pedra sem detalhe algum. July chegou perto e começou a vasculhar as laterais da estrutura como se procurasse algo.

Kaile manteve-se parado, não entendia nada sobre portais, portanto achou melhor ficar afastado para não atrapalhar. Pouco tempo depois a ruiva encontrou o que queria.

No lado direto do portal, quase no chão, um pequeno círculo desenhando se destacava do restante por ter uma cor levemente diferente. July não pensou duas vezes e transferiu um pouco da sua magia, ativando as bordas do portal sem maiores problemas.

— Tão fácil assim? — Kaile olhava impressionado.

— Sim, agora só precisamos esperar ele ativar completamente, pode demorar alguns dias, mas funcionou — pulou de alegria.

— Maluca — sorriu, voltando para os escombros. Restava apenas esperar.

— Conseguiram? — John apareceu ao lado do moreno.

— Cruzes, não apareça assim do nada...

— Vocês se assustam tão facilmente, isso me faz duvidar se você vai mesmo pegar aquelas crianças.

— Claro que vou, aliás eu comprei algumas coisas para montar uma armadilha. Qual lugar você sugere?

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— Hum... Venham comigo, tenho o lugar ideal fazer uma emboscada.

John guiou os dois por um corredor escuro e cheio de poeira, as paredes estavam escurecidas e cobertas de musgos. Os fantasmas realmente não se preocupavam com a aparência do lugar, afinal sequer podiam tocar nas paredes, fato constatado por July quando viu alguns atravessando paredes.

— Nem todos conseguiram vir até aqui, muitos ainda vagam por lugares desconhecidos por não saberem ou não lembrarem o caminho — explicou John, explicando o baixo número de fantasmas. — E é aqui que vocês podem montar a emboscada.

O lugar indicado tinha uma escada larga que ia até o andar de cima. Os degraus eram firmes, mas a cor e a texturas simulavam areia perfeitamente. O cenário perfeito para enganar pessoas desavisadas.

Kaile tirou uma fita adesiva transparente de dentro do bolso e colocou em um dos degraus, tampando toda a superfície. A fita não parecia ser nada de diferente, porém bastava encostar nela que a pessoa afundava, assim como se estivesse em uma areia movediça.

Por conta do escuro, a fita ficava praticamente invisível para quem olhasse. Mesmo a ideia parecendo boa, John não confiou que daria certo. Como uma simples fita prenderia alguém?

Depois que admirou sua “obra de arte”, Kaile pegou um pano preto e subiu até o último degrau até uma janela, depois o caminho dividia-se em duas escadas, uma para cada lado. Tampou a janela e desceu novamente, sorrindo como uma criança.

— Não é o melhor plano que vocês já viram? — Kaile continuou sorrindo.

— Você chama isso de plano? — July segurava-se para não rir.

— Concordo com a garota, eles não vão cair nisso — John olhou desconfiado para a fita.

— Como não? O pano na janela impede qualquer luz de entrar, isso vai esconder melhor a fita. Assim que eles forem tentar explorar o andar de cima, já era.

— E o que pretende fazer quando eles afundarem na fita?

— Vamos trancar eles, daí você faz o que precisa fazer para reformar esse bando de destroços.

— E como você conseguirá as pedras?

— O segredo está no gato preto e branco que vive por aqui...

— Kaile, você percebeu que aqueles três estavam com um gato meio amarelo? — perguntou July.

— E o que tem de diferente? Era só um gato comum.

— Não acha meio estranho eles arrumarem um gato do nada?

— Hum... Talvez encontraram ele perdido por aí... Espera, você não está querendo dizer... ?

— Eu acho que é o gato que você precisa, isso explica como ele surgiu do nada e também como eles ativaram a entrara para cá.

— Por isso que quando chegamos aquele símbolo da chave estava afundada, o gato era a chave.

— Tem certeza que vocês são irmãos? — John olhava de um para o outro.

— Por quê?

— Ela é muito inteligente para ser da sua família — zombou.

— Maldito!

— Ficar de gracinha não vai adiantar nada, vamos atrás do gato — reclamou July.

— Meu plano pegará o gato também.

— Vocês quem sabe, eu prefiro ir atrás com minhas próprias mãos. Quem vai comigo?

— Não deixarei você ir sozinha!

— Então vamos os três, afinal eu tenho um plano — John sorriu perverso.

— Qual o plano?

— Vamos esconder a entrada principal!

—— // ——

— Você se lembrou de tudo mesmo? — perguntou Sting surpreso.

— Absolutamente tudo — Lucy sorriu com lágrimas nos olhos.

— O comprimido funcionou.

— Você não parece tão feliz por eu ter me lembrado de tudo, mesmo que temporariamente... — disse afastando-se.

— Está brincando? Eu não poderia estar mais feliz, embora não vá durar muito. Pelo menos agora eu posso fazer o que eu tanto queria.

— O quê?

— Isso — disse antes de a beijar.

Lucy ficou surpresa, mas retribuiu ao mesmo tempo em que passou os braços ao redor do pescoço do loiro. O beijo foi ficando mais urgente com o passar do tempo até Sting arregalar os olhos e se afastar.

— Por que parou?

— Porque sabemos exatamente onde isso vai terminar.

— Hã... E daí?

— Temos uma missão para completar, uma profecia pra resolver, pedras pra procurar, um gato perdido e malucos na nossa cola.

— E também temos dois dias para aproveitar antes que eu esqueça tudo, sabe-se lá quando tudo voltará ao normal.

— Lucy...

— O que foi, Sting? Está com medo de mim? — provocou.

— O que você disse?

— Exatamente o que você ouviu.

— Bem, então eu acho que preciso te mostrar como não estou com medo nenhum — sorriu malicioso, abraçando a loira.

— Hum, e como você vai me mostrar isso?

— Adivinha.

Lucy sabia a resposta para sua pergunta e isso a animava mais ainda, com certeza aproveitaria seus dois dias com memória. E como aproveitaria!