Capítulo 4 - A colisão - parte 2

Sokka chegou em casa alguns minutos depois de Katara partir. Kanna estava sentada no sofá segurando um copo de chá, seu olhar era fixo na porta do quarto da neta.

— Cheguei — o neto avisou assim que trancou a porta. Não recebeu resposta. Foi até a sala e avistou a avó — está tudo bem?

— Sua irmã saiu de casa?

— O QUE?! Katara saiu de casa? Quando? Porque?

— Depois que a gente discutiu, disse que se fosse para não poder dobrar aqui, preferia sair.

— O que ela tem na cabeça? Ela não sabe se cuidar sozinha. Eu vou atrás dela. — O garoto foi até o quarto para arrumar uma mochila. — Falquito, entregue isso para Suki — Sokka disse para o falcão antes de solta-lo com um papelzinho preso na perninha.

A ave voou para a casa de Suki com o bilhete escrito que Katara tinha fugido de casa e corria perigo, também estava escrito para ela ir até a casa de Toph e que juntos iriam atrás da menina. O rapaz colocou uma localização perto da saída da terra do reino de Ozai. Antes dele sair Kanna o abraçou e disse:

— Traga sua irmã de volta — Sokka apenas afirmou e abriu a porta, antes de fecha-la a avó o chamou de novo — Sokka, se cuida — assim o rapaz partiu até o local em que havia marcado, ele estava com uma espada na cintura e o bumerangue na mão, de certa forma estava preparado para qualquer ataque.

A noite estava fria e o céu escuro sendo iluminado pelas pequenas estrelas já que a lua minguante quase não brilhava. Zuko caminhava para longe do reino, não sabia ao certo como chegar à casa do tio, mas estava certo de que ficava no reino de Omashu, também conhecido como reino da terra, pois lá era onde a maioria dos dobradores da terra moravam e onde construíram a enorme cidade de terra. Já Katara andava sem direção, embora soubesse que tudo isso era idiotice e que quando se acalmasse iria voltar para casa, mas precisava de tempo e espaço no momento, algo que não tinha dentro de casa.

Katara sentiu os olhos lagrimejarem, estava estressada com tudo o que havia acontecido, odiava discutir com a avó.

— Quer ser tão madura e independente e na primeira oportunidade faz isso? — pensou alto — Estou agindo como uma criança, como posso ter deixado minha avó sozinha? Ela só quer me proteger— a dobradora começou a andar em círculos. A menina continuou o discurso até que foi levada ao chão, o rapaz parecia estar fugindo de algo.

— Desculpe, eu te machuquei? Você está chorando?! Eu te machuquei. — O garoto começou a falar assim que se levantou e estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.

— Ele está ali! — um dos guardas do rei gritou "atrás dele!" E assim surgiu mais quatro guardas.

— Desculpe por isto também — o rapaz diz.

Sem chance de dizer algo, Katara foi carregada pelo ombro do garoto que correu para atrás de algumas rochas. Fez sinal para que ela não fizesse barulho e espiou se os guardas estavam lá. A menina deu um tapa quando ele pediu desculpa pela terceira vez.

— AÍ! — ele massageou a cabeça — porque fez isso?

— Porque? — Katara começou a rir irônica.

— Ei, você é a dobradora?! — disse depois que reconheceu a morena.

— Quem é você? — retrucou se levantando e pegando a mochila, as lagrimas, a escuridão e o capuz do rapaz não a deixaram enxergar direito.

— Sou o príncipe Zuko, o cara em que você derrubou chá. — Ao reconhecer o rapaz, a menina ficou boquiaberta, porém logo se recompôs e virou-se para partir.

Katara começou a andar de volta para casa, já não queria mais espaço ou tempo, estava cansada e nem ao menos tinha onde dormir. Deu alguns passos até notar que o príncipe estava seguindo ela, então parou e se virou de braços cruzados.

— Porque está me seguindo? Por acaso deixar as Guerreiras Kyoshi fugir era parte de algum plano para me prender? — perguntou brava.

— O que? Guerreiras Kyoshi? Não!

— Sokka estava certo! – concluiu a menina.

— Quem é Sokka?

— Vocês seguiram a Suki e esperaram eu sair de casa, aqueles guardas não estava te seguindo e sim a mim! Onde eles estão? — continuou a falar ignorando o questionamento dele.

— Eles quem? — Zuko tentava acompanhar os pensamentos da menina, porém estava difícil de entender alguma coisa com ela andando sem parar e tentando encaixar o tal Sokka na história.

— Os guardas! — exclamou mais irritada, estava certa de que eles estavam atrás dela.

O príncipe continuou sem entender nada, também preferiu não perguntar, isso deixou Katara mais brava ainda. Ela cerrou os olhos e se aproximou do garoto, antes de conseguir dizer algo sentiu uma pinicada e sua vista começou a embaçar, antes de desmaiar ouvir os guardas dizendo “Vamos levar os dois, o rei vai gostar de saber que além do príncipe conseguimos pegar a dominadora”.

No palácio, assim que Zuko saiu, Azula foi até o pai para explicar o que o irmão havia dito. A princesa entrou na sala do trono e avistou o rei sentado, Ozai encarou a filha, seu olhar era de decepcionado, ela fechou a porta atrás de si e se aproximou, ficou sentada no chão a frente do pai.

— Desculpe pai — começou a dizer, não obteve reposta então continuou a falar — sei que o senhor vê a dobra como algo perigoso para o trono, mas eu sou diferente. Minha dominação é diferente.

— Você mentiu para mim — o rei pronunciou. Azula ficou quieta por uns instantes. — Eu confiava a coroa a você — os olhos da menina chegaram a brilhar ao ouvir isso, um sorriso surgiu em seu rosto.

— Você pode confiar em mim, pai, eu posso ser rainha — ela disse se levantando — o fogo azul é mais poderoso do que os dos outros dominadores, eu domino raio — dizia enquanto caminhava para mais perto do rei — Pai, eles devem me temer. Eu, uma dominadora poderosa no trono, ninguém irá me tirar, ninguém será capaz de roubar minha coroa. Eu estou preparada para assumir o trono. Eu serei a nova Senhora do Fogo Azula.

— A coroa é sua, mas com uma condição — o rei proferiu depois de um tempo pensando sobre o que a filha havia dito — você tem que trazer seu irmão de volta, ele deve se casar com a princesa Yue, precisamos fortalecer nossos laços. E a fuga de seu irmão deixa a vista de um reino desorganizado.

— Sim pai, Zuko estará de volta antes que pense— respondeu com um sorriso lembrando que já havia mandado alguns guardas atrás do príncipe.

— Azula — Ozai chamou antes dela sair da sala — cuide do trono com sua dominação.

— Cuidarei do trono com minha vida. — respondeu e se retirou.