Inclinados a Amar

Capitulo 11 – Distância


Encontro Cain e Ezequiel na sala sentados um em cada sofá, os dois param de conversar na hora e se voltam para mim com um misto de ansiosidade e preocupação.

— Você está bem? – Pergunta Ezequiel e balanço a cabeça afirmando.

— Estávamos preocupados, você dormiu por quase dois dias. Acho que você usou muito energia naquele golpe. Afinal como fez aquilo? – Disse Cain e arregalei os olhos surpresa.

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— Eu também não sei, só senti uma vontade enorme de proteger vocês e sair dali, então subiu algo queimando pelo peito e simplesmente saiu. – Respondi e logo meu estomago roncou me deixando constrangida.

Cain riu e me apontou uma caixa de salgadinhos na mesa e uma jarra de suco natural de laranja.

— Sei que não é o mais indicado como saudável, mas foi o que deu para conseguir mais rápido e perto. – Disse e antes de começar a conversa que precisava ter me sentei e comecei a comer, estava uma delícia, quando já estava menos faminta comecei meu pequeno interrogatório.

— Onde estamos? – Perguntei observando a casa que parecia ser antiga e muito diferente dos padrões de Pirenópolis, fora o calor que estava fazendo

— A caminho da cidade Katskhi Pillar, na Geórgia, mas especificamente para uma igreja que fica no topo de um monólito de pedra calcaria de 40 metros de altura, a Igreja de São Máximo o confessor. A rocha é agora acessível através de uma escada de ferro correndo da sua base até o topo... – Disse Cain me mostrando uma imagem do monumento no topo de uma montanha gigantesca, mas Ezequiel interrompeu-o vendo que eu estava assustada. Cain não tinha muita noção do que era normal ou não, me pergunto como ele conseguiu me esconder que era demônio.

— Ei vai com calma Cain, você a está assustando. – Disse Ezequiel e se voltou para mim. – Não podíamos continuar onde morávamos já que agora somos fugitivos, e lugares sagrados são difíceis para eles entrarem e rastrear alguém por isso decidimos ir para esse mosteiro que também não e fácil de ser encontrado. Estamos agora em Papua-Nova Guiné, acabamos de atravessar uma grande parte do oceano. – Confirmei com a cabeça e me veio uma preocupação maior.

— Como atravessamos o oceano? – Perguntei meio que apavorada com a resposta.

— Ora voando, como mais séria? – Disse Cain sorrindo.

— Ok, depois me apavoro com isso. E minha família, Bia e amigos? Eles estarão seguros ne, não irão atrás deles, eles não sabem de nada.

— Não é certeza que não irão, então Ezequiel deixou dois anjinhos de confiança de olho neles. – Disse Cain e suspirei aliviada.

— Sabem quanto tempo fiquei naquele lugar?

— Cerca de quase três dias. Vou deixar vocês a sós para conversa. – Disse Cain e se retirou.

— O que foi com ele? – Perguntei a Ezequiel, ele suspirou fundo e disse.

— Agora que você sabe de tudo sobre anjos e demônios ele acha que você está com medo dele, além de que se culpa por tudo o que fizeram com você no inferno. Consegui convence-lo só a me ajudar trazer você para um lugar seguro e depois ele disse que vai cassar um rumo para ele.

— Mas eu não me sinto assim em relação a ele. Logico que estou confusa e assustada com tudo, mas depois de um tempo sozinha acho que posso lidar com tudo.

— Sozinha? – Perguntou alarmado.

— Sim Ezequiel sozinha, eu preciso pôr tudo em ordem na minha cabeça, mas antes preciso falar com você e depois falarei com Cain. Então fiquei uma semana quase fora do “ar”?

— Ok. Sim. – Ele disse a abaixou a cabeça.

— Ei – Disse levantando sua cabeça pelo queixo, e lhe sorri. – Eu prometo que volto. O que disseram para minha família e Bia, e no serviço?

— Acredito em você. – Disse, sorrindo para mim. – Dissemos que ia numa viagem de negócios pessoais, e no serviço colocamos outras pessoas no lugar e ficou tudo certo.

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— Ah minha vida está acabada. – Lamentei comigo mesma e continuei: -Bom, no inferno não só descobri o que você e Cain e, mas também o que Cain era antes de se tornar um demônio. – Disse e ele arregalou os olhos. – Você ainda não contou para ele ne?

— Ainda não, foram tantas coisas acontecendo, nós não nos dávamos bem e depois quando fomos nos acertando você foi sequestrada, além de que tenho medo da reação dele.

— Eu sei, mas e melhor contar logo, você era melhor amigo dele, e melhor saber por você do que por qualquer um daqueles vermes que pode envenenar a cabeça dele.

— Vou contar para ele ainda hoje sei que você está certa. Me arrependo tanto de ter deixa-lo decair, não fui digno de sua amizade.

— Não foi culpa sua Ezequiel. – Disse a ele. – Às vezes temos que passar por certas coisas para no futuro não cairmos no mesmo erro.

— Eu sei, mas não deixarei nenhum deles me tirar algo de novo. Por isso vim para terra te ajudar.

— Você sabe o que vim fazer na terra Ezequiel? – Perguntei. – Eu tento me lembrar, mas não consigo, até agora não veio nada, e por isso também que quero um tempo sozinha.

— Também não sei Ayla, você não me disse nada quando estava no céu, só você e Deus sabiam, e talvez Ângela desconfiava o motivo, mas nada de concreto e nenhum deles quis me dar detalhes, então acho que estamos por nós mesmos.

— Ângela? – Perguntei e o nome não me parecia estranho mesmo nunca tendo sido próxima de ninguém com esse nome, meu coração se aqueceu e senti uma saudade doida.

— E, sua melhor amiga quando estava no céu. – Explicou ele e involuntariamente abriu-se um sorriso no meu rosto.

— Não me lembro ainda, mas sinto aqui dentro. – Disse mostrando o coração. – Bem eu vou conversar com Cain e depois seguimos viagem ok? Assim que chegarmos no mosteiro tirarei o meu momento a sós. – Disse e lhe dei um beijo no rosto e fui procurar Cain.

Cain estava na varanda da casa em que estávamos, distraído olhando o pôr do sol nem percebeu quando cheguei.

— Oi. - Disse chamando-lhe atenção.

— Oi. – Respondeu ele sem me olhar.

— Cain você não tem culpa de nada que me aconteceu. – Disse e ele soltou uma risada irônica e se virou pra mim.

— Como não Ayla? Eu sou a porra de um demônio! Vim para terra só para te atormentar, vieram atrás de você porque eu fui idiota. – Disse ele alterado.

— Cain, mudar seu conceito sobre o certo e o errado não e ser idiota, e provar que mesmo que no fundo você tem uma parte boa, e se tem essa parte boa não me importa se e um demônio ou não. Você nunca me fez mal Cain, você foi meu amigo e me trouxe ótimos momentos, então não fique se torturando por coisas idiotas, isso sim e ser um idiota. – Disse lhe sorrindo e lhe dei um abraço que ele demorou a corresponder, mas acabou cedendo.

— Você e mesmo uma cabeça dura. – Disse ele nas minhas costas.

— Logico achou que ia deixar esse título para você? De jeito nenhum. – Disse entrando na brincadeira e aliviando o clima.

Nos soltamos e sentamos no chão da varanda.

— Obrigado por não desistir de mim Ayla, sempre que estou sem esperanças você vem e reacende a luz. E me desculpe por tudo.

— Não há de que. Cain eu preciso de um tempo sozinha para absorve tudo que passei e descobri nesses últimos dias, vou tira-los assim que chegarmos a Geórgia. – Disse olhando em seus olhos, onde uma tristeza se instalou. – Não tem nada a ver com você e prometo voltar.

— Ezequiel já sabe disso?

— Sim. E você e ele precisam conversar também. E você me promete que não vai a lugar algum? – Perguntei.

— Estarei aqui até quando você se cansar e me chutar. – Disse ele brincalhão. Levantei-me pronta para seguir viagem e antes que ele inventasse de me perguntar sobre o que tinha que conversar com Ezequiel.

— Preciso te contar uma coisa. – Disse e esperei sua reação. – Eu estou apaixonada por Ezequiel e disse para ele aquele dia do jogo um pouco antes de você e Bia chegarem. – Ele deu um sorriso triste e disse:

— Tudo bem, eu sabia que um dia ia acontecer, então fazer o que ne? Mas se ele te magoar pode falar que dou uma surra bem dada nele para aprender. – Disse me fazendo rir.

— Nem vai precisar Cain, ele não quer nada comigo, apesar de termos nos beijado. – Disse isso e ele ficou surpreso e quieto acho que ia aprontar alguma, mas não tava com cabeça para me preocupar com isso agora então ignorei.

— Vamos?

E assim arrumamos todas nossas coisas, e vesti roupa e por boné para proteger do sol escaldante, fechamos o aluguel da casa com uma senhora muito simpática e fomos para um lugar longe das vistas de pessoas, para podermos pegar voo.

Chegamos no local e já estava entre ansiosa, com medo e curiosa, sempre quis voar, sentir o vento no rosto e a sensação de ser livre (pelo menos e assim que imagino já que não lembro desse meu feito de quando era anjo), mas era aterrorizante a ideia de cair.

Paramos em um campo aberto e ambos os meninos me pediram espaço, então abriram suas asas em seu todo seu esplendor. Os dois brilhavam e emanavam uma energia forte e contagiante, as asas de Ezequiel eram de um azul celeste quase branco, parecia tão macias que me imaginei tocando-as. As asas de Cain não se pareciam em nada com a de todos os demônios que vi até agora, eram como as de um anjo, com a única diferença de serem de um cinza meio prateado, pareciam tão macias quanto as de Ezequiel, talvez por já ter sido um anjo, que diferente de Lúcifer e os outros não foi caído, e sim para terra. Os dois eram lindos.

Fui para o lado dos dois e perguntei se podia pegar nas asas, os dois aceitaram achando graça de mim. As asas eram tão macias quanto imaginei e quentinhas também, dava até vontade de dormi em cima. Depois de passar meu deslumbramento levantávamos voo, eu ia com Ezequiel, então agarrei seu pescoço e escondi o rosto em seu peito forte.

— Ei assim você me enforca Ayla. – Disse Ezequiel chorão.

— Enforco nada ta, você e um anjo cadê sua super forçar ou sei o que? – Rebati e só aí tive coragem de olhar para onde estávamos.

A sensação do vento batendo em seu rosto e realmente magnifica, descobri que não tinha realmente medo de altura e que a vista dali de cima era magica de diferentes formas.

— E bom ne? – Disse Ezequiel.

— Maravilhoso nem imagino como posso ter aberto mão disso um dia.

A viagem durou cerca de 4 horas já que já estávamos perto, eu trocava toda hora de um colo para outro, sabia que não tinha necessidade já que os dois eram forte e não se cansavam rápido, mas quando um deles se oferecia para me levar eu simplesmente não conseguia lhes dizer não, ainda mais sabendo que ficarei um tempo afastada e que eles sentirão falta, decidi aproveitar ao máximo.

Foi divertido o caminho todo e falamos sobre várias coisas, desde formato das nuvens, densidade do vento, formas e manobras de voo a partes da minha vida humana, coisas que gosto ou não, como eles acham ser determinadas coisas, entre outros.

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Depois de subirmos pela enorme escadaria (que segundo os meninos que já estavam sem asas disseram que foi construída recentemente para facilitar a subida), fomos muito bem recebidos pelo dono do local, e acomodados em quartos. Ao ficar a sós com o monge eremita chamado Anthony pedi por um lugar onde pudesse meditar e ficar sozinha.

— Por aqui menina. – Disse ele e me guiou até o final da grande construção, numa sala iluminada, calma e bonita, instantaneamente me senti em paz.

— Obrigado monge. – Disse fazendo uma pequena reverencia.

— Não tem que agradecer menina, o Grande disse que viria em busca do eu interior. – Disse e saiu me deixando a sós. Agradeci mentalmente a Deus e pedi para ele continuar me guiando em minha jornada e que desse tudo certo conforme sua vontade.

Sentei com as pernas cruzadas e foquei meus pensamentos em tudo que ouvi e vi nos últimos dias e me imaginei como um anjo no céu.