[SUPERNATURAL] Dean

“Cass, eu acho que a gente deveria movimentar um pouco as coisas por aqui” disse Dean, olhando para o anjo sedutoramente. “Se é que você me entende…”

Aquele fora o primeiro sinal para o anjo de que havia alguma coisa de errada com o caçador. Ele sempre sentia que Dean o ansiava, embora tentasse esconder isso, mas aquilo era um pouco escancarado demais. O desejo do Winchester mais velho era tão pungente naquele momento, que fazia com que o anjo se sentisse despido.

“Dean, por acaso você está bêbado?” perguntou Castiel, franzindo a testa.

“Bêbado de amor.” O anjo arregalou os olhos, ante a resposta do caçador. Ele não ia mentir, dizendo que aquele Dean galante não estava mexendo com ele, mas sabia que alguma coisa deveria estar muito errada ali, para o humano estar flertando com ele tão abertamente daquele jeito. Aquele não era o Dean que ele conhecia.

Suas suspeitas foram confirmadas quando o verdadeiro Dean apareceu, seguido por Sam e atirando na sua duplicata, com balas de prata. O falso Dean caíra no chão, morto.

“Cass, você tá bem?” perguntou o caçador, o tom de preocupação evidente em sua voz. Castiel achava um pouco engraçado que ele tivesse esse tipo de preocupação, não era como se aquela criatura, fosse lá quem fosse, que estava se passando pelo seu melhor amigo, pudesse, de fato, machucá-lo de alguma forma. A não ser, é claro, que ele considerasse que ter achado que aquele homem era Dean o fez abaixar um pouco a guarda. Isso não aconteceria novamente.

“Cass?” chamou Dean novamente, vendo que o anjo não respondera.

“Eu estou bem, não se preocupe.” respondeu, por fim, o anjo. “Só fiquei surpreso por um momento. O que ele era? Um metamorfo?”

“Sim.” esclareceu Sam. “Estavamos caçando ele há dias. Ele chegou a matar umas vinte pessoas.”

“E tentou se passar por mim para pegar Sammy de guarda baixa.” completou Dean.

“Mas me encontrou no caminho e decidiu improvisar.” retrucou Cass.

“O que você quer dizer com ‘improvisar’?” perguntou o caçador mais velho.

“Nada não…” respondeu o anjo do Senhor. Dean não acreditou naquilo. Os três seguiram de volta para o bunker, no impala, e chegando no abrigo, Sam declarou que as aventuras do dia já bastavam para ele e, portanto, ele iria dormir.

Castiel e Dean ainda permaneceram bebendo por alguns minutos.

“O que você quis dizer com ‘improvisar’ naquela hora?” perguntou Dean. “Quero dizer, sobre o metamorfo.”

“Eu não acho que você queira realmente saber.” respondeu Cass.

“Claro que quero, desembucha.”

“Okay… É só que, por algum motivo, quando o metamorfo se passou por você, ele parecia acreditar que havia algo entre nós.”

“Como assim? Ele achou que nós dois éramos…” Dean não precisava completar. Castiel entendeu o que ele queria dizer e assentiu. O anjo não pressionou sobre o assunto, mas sabia que metamorfos, após tomarem a aparência de uma pessoa, tinham acesso aos pensamentos e memórias da mesma, desde que ela ainda estivesse viva. Sabia também que Dean sabia disso. “Eu…” Dean estava sem palavras.

“Sabe, você não precisa tentar se explicar para mim, Dean.” disse o anjo, olhando-o nos olhos. “E, principalmente, não precisa se forçar a confrontar algo que você não se sente pronto para admitir, no momento.” Dean o olhou surpreso com a perspicácia do melhor amigo, o anjo costumava ser muito mais oblíquo no passado. “Só saiba que está tudo bem. E que no dia que você estiver pronto, eu ainda estarei aqui.”

Castiel não conseguia ser mais claro que aquilo, mas esperava que Dean entendesse o recado. Dean sempre foi melhor que ele para captar essas entrelinhas, de qualquer maneira… O caçador sentiu alívio e uma outra coisa que ele não soube nomear, ao ouvir as palavras do serafim.

“Okay…” respondeu ele. “Obrigado.”

Sorriram um para o outro apalermadamente. Nada mais precisava ser dito.