De um a dez outra vez

Prólogo - Renascimento


Mais uma vez, derrotado.

Alguém o havia abraçado em um sonho. Sua realidade tão viva tirada de si. Estava fraco, sem forças. Não conseguia continuar.

Achava que desta vez seria para sempre.

Mas os deuses reservam mistérios que criaturas como ele eram incapazes de compreender, tampouco ele desejava tal coisa. Para quê buscar respostas em coisas que não lhe dariam contentamento algum?

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Não.

Tudo o que importava para ele era renascer. Não importava se para isso tivesse que usar o nome de outras pessoas. Para que o seu poder se restabelecesse, ele só precisava que se lembrassem.

Que se lembrassem quem ele era.

Um pesadelo, alguns sussurravam. Tudo aquilo não passava de um pesadelo.

Mas pesadelos não matam ninguém e deixam marcas para registrar isso. Um pesadelo não torna as coisas assim tão reais.

Se tudo se baseasse em crenças, da forma como as pessoas gostavam de imaginar, então ele era um deus.

Heresia?

Não acreditava nessas coisas!

Era apenas uma força que o atraía para aquele lugar onde tudo havia começado. Nem mesmo ele se lembrava, para falar a verdade. Era uma memória vaga, desfragmentada. Uma espécie de estar sem estar presente.

Agora estava preso em uma bolha, mas talvez quando renascesse novamente, não conseguisse se lembrar.

Uma chance.

Era isso que lhe estava sendo dado? Certamente, não seria por Deus! Era mais fácil o Diabo!

Mas nem nisso ele acreditava. Porque se alguém trazia o terror para o mundo, era ele.

Sim!

Medo. Era disso que ele vivia.

Era o cheiro disso que o havia atraído até ali.

Ouvia vozes. Burburinhos. Alguém havia chegado até ali? Quem?

Parece que não tem nada aqui, Steve! Que porra de férias paradisíacas são essas que você escolheu?— Era uma voz feminina que falava com Steve, tinha certeza. E como gostava das vozes femininas!

Ei, ei! Calma, Nora! Não precisa se preocupar, ok? Eu trouxe as barracas de camping! Tem coisas maravilhosas aqui. Você vai ver!— O tal Steve parecia querer remediar a situação.

Ouviu outras vozes também, burburinhos semelhantes. Um grupo? Quantas pessoas? Seis, oito? Não tinha total certeza. Mas seria o suficiente.

Não gosto desse lugar! Traz uma vibração ruim! Será que não podemos voltar?— Outra voz feminina. Desta vez não identificada.

Ah, não! O barco está indo embora! Segura ele, Steve! — Nora. Esta era sua doce Nora!

Calma, gata, não precisa ter medo! Vai dar tudo certo! Teremos 31 dias para explorar essa maravilha!

Medo. Sentia-o fluir para dentro de si.

Sentia-se mais forte também.

31 dias.

Ensinaria cada um deles a contar até dez.

E começaria tudo outra vez.

“Ao fim de cada dia

Com um pouco de rebeldia

Ensinarei a vocês

Que o pior pesadelo

Vive outra vez”