San Peter: A Escola dos Mimimis Amorosos (Vol.2)
110. A Peça de Teatro
Eu acabei pegando só um chá de camomila para acalmar os nervos. Graças ao meu pai fiquei com medo de comer e vomitar pela ansiedade.
— E você lembra quando fizemos protesto contra as provas da Zilda? — Meu pai ainda falava com o pai da Lili.
— Claro que lembro, ela ferrou com a gente o resto do ano! — Deu risada.
Terminei o chá em dois goles e fiquei lá ouvindo as histórias deles.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Bru? — James apareceu. — Tá na hora.
— Preciso ir. — Levantei.
— Boa sorte! — Mamãe, Ana, pais do bebê, Lili e sua mãe disseram.
— Obrigada.
James e eu seguimos para o jardim, e no caminho vi Yan com seus pais, também indo para o teatro. Cláudia olhou para trás, me vendo, e parou de andar, puxando Yan pela camisa. Ele a olhou assustado e também me viu, assim como seu pai.
Chegamos perto.
— Olá, Bruna. Lembra de mim? — Ela sorriu.
— Oi, claro que sim. Como você está?
— Estou ótima, obrigada. E você?
— Bem, mas nervosa. — Ri, sem jeito.
— Imagino Yan me disse que é a primeira vez que você se apresenta. — Yan a olhou de canto de olho.
— Sim, é... Mas ter esses dois junto me tranquiliza um pouco.
— Você também está na peça? — Se dirigiu a James.
— Sim, sim.
— Manhê. — Yan chamou a atenção dela. — Nós temos que ir.
— Ah, é! — Riu. — Vamos.
Lancei um olhar engraçado para James e voltamos a andar.
— Ah, esse é meu pai, Vagner. — Yan o indicou.
— Prazer. — Ele sorriu, mostrando a mesma covinha na bochecha.
— Prazer.
Será que os dois voltaram? Pelo jeito vieram juntos...
Entramos no teatro. A plateia estava vazia, mas havia muita gente no palco, arrumando as coisas.
— Que ótimo! — Cláudia se entusiasmou. — Vou sentar lá na frente!
— Se prepara porque vai ver muitos flashes. — Vagner riu.
— Ah não, mãe. Sério? — Yan fez cara de sofrimento.
— Eu não ia deixar de trazer a câmera, né meu bem.
— A câmera do celular já era suficiente.
— Nem pensar!
Descemos tudo e os dois adultos entraram na segunda fileira.
— Boa sorte para vocês. — Cláudia desejou.
Agradecemos e subimos, indo para os bastidores.
— Ótimo, vocês estão aqui. — Beatriz surgiu do nada. — Vão se trocar.
Ela nos empurrou para o camarim. O povo que estava lá nos entregou nossas roupas e fomos para os respectivos banheiros. Depois que coloquei o vestido, calcei os sapatos e fui arrumar o cabelo e maquiagem.
Me entregaram brincos e um colar e fiquei ali respirando fundo enquanto terminavam.
Erica apareceu e logo tomou meu lugar. Fiquei perto de onde James e Yan estavam sendo arrumados. Os cabelos normalmente meio bagunçados do James estavam penteados e modelados para o lado.
— Que engraçado — comentei dele.
— O Yan falou a mesma coisa, tô com medo de me olhar no espelho.
Nós rimos. — Tá engraçado, não feio.
— Hm... Ok, então vou olhar. — Se virou para o espelho. — É... engraçado, realmente.
— Vocês estão elegantes.
— Estou me sentindo no livro. — Yan olhou para suas roupas. — Você também está elegante.
Sorri, olhando meu vestido. — Eu poderia me vestir assim sempre.
— Nada te impede. — James riu.
As meninas terminaram com eles e outros sentaram lá. Ficamos por ali, vendo o movimento e conversando.
Parece que foi ontem que eu estava fazendo a audição para fazer a peça... que eu estava em um dilema... preocupada em ter que beijar alguém... Como o tempo passa.
Fui para os bastidores e dei uma olhada pela cortina lateral do palco. A plateia já estava enchendo, os adultos pegaram todos os lugares da frente e eu até consegui ver meus pais... sentados ao lado dos pais do Yan.
— O que está olhando? — Ouvi Yan ao meu lado e senti seu rosto encostando no meu, para olhar também, e colocou a mão no meio das minhas costas.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Estou me dando motivos para ficar nervosa — brinquei.
Ele tirou minhas mãos da cortina, me fazendo ficar de costas para ela. — Pode parar, te proíbo. Você tem que procurar por coisas que te deixem calma, e não mais nervosa.
— Eu não consigo evitar — admiti com o rosto quente.
Yan balançou a cabeça, fingindo estar bravo, mas acabou sorrindo e dei aquela olhada para a covinha dele. — Tá, vamos trabalhar isso. Fecha os olhos. — Ri e fechei. — Faz uma respiração profunda e solta o ar devagar.
Fiz o que ele falou, enquanto sentia seus dedões massageando as costas das minhas mãos.
— Você já sabe como vai ser, já ensaiamos hoje, então está tudo planejado, vai dar tudo certo. Você acredita nisso?
— ... sim.
— Não, você hesitou. Acredita ou não? — Ele estava segurando o riso.
— Acredito!
— Ótimo. Lembre-se do clichê do teatro, se ficar nervosa, imagina todo mundo pelado.
— Mas aí eu vou rir. — E morrer de vergonha!
— Mas pelo menos vai liberar a tensão. Agora a última coisa para acalmar. — Ele colocou minhas mãos em seus ombros e me abraçou pela cintura.
Fiquei na ponta dos pés e o abracei direito. Ele me apertou e eu me senti mais segura.
— Obrigada — sussurrei.
— Estamos aqui para isso. — E se afastou. — Vamos dar outros abraços em cena, podemos aproveitar para acalmar os nervos.
Eu ri. — Claro.
Ele deu uma leve beliscada na minha bochecha e ouvimos a professora chamar todos.
— Está na hora, gente! Boa sorte para todos, vocês conseguem fazer tudo perfeitamente que eu sei muito bem... Bruna, Erica, é com vocês.
Suspirei. Troquei um olhar rápido com Yan e fui com Erica para o palco.
Nos olhamos, dando risinhos de nervoso e ouvimos a professora falar com o público. Logo ficou silencioso e as cortinas foram abertas, as luzes diminuídas, deixando apenas as mais fortes focadas em nós.
— Como vou poder? Eu não gosto dele, Marilya — falei exasperada.
***
— Agora podemos esquecer as coisas ruins. — Yan disse, enquanto estávamos abraçados no meio do palco. Segurou meu rosto entre suas mãos. — Não precisamos mais nos esconder... Podemos viver juntos.
— É tudo o que eu sempre quis.
Nos abraçamos e ouvimos as palmas começando. Esperamos as cortinas se fecharem e nos soltamos.
— Viu? — Yan continuou segurando minhas mãos. — Eu disse que você ia conseguir.
— Sim... Foi melhor do que eu achei que seria.
— Rápido, todo mundo! — Beatriz quase gritou para que ouvíssemos, puxando uns para o palco.
Todos deram as mãos, ficando alinhados e as cortinas abriram. Mais palmas e fizemos a reverência.
Meus pais acenaram e eu retribuí, sorrindo orgulhosa de mim mesma.
De novo, as cortinas fecharam e o barulho de conversas não parou mais.
Olhei para todos, pensando no trajeto que fizemos.
Aquele era o fim. O fim da peça, quase o fim do ano... O fim do contato com o Yan... Eram muitos finais de uma vez só.
— Que cara é essa? — Yan ficou na minha frente e tocou meu ombro.
— Nada... É que... acabou. — Dei de ombros, tentando não chorar.
Ele me afagou, meio sentido. — É, acabou.
Sem pensar, o abracei pela cintura e rapidamente ele colocou os braços ao meu redor. Algumas lágrimas escaparam e eu funguei.
— Por que você está chorando? — Ouvi James ao nosso lado. — Devia estar feliz por não ter mais que se estressar com as falas — brincou, esfregando minhas costas.
Acabei rindo. — Eu sei, não consegui segurar.
Abri um braço o convidando. James sorriu e se juntou ao abraço, que foi rápido.
— Vai, vamos para fora. — James me deu um tapinha na cabeça.
Descemos para a plateia lotada. Tentei procurar meus pais, mas não os vi.
— Acho que meus pais devem ter ido para o jardim. — Yan falou.
— Acho que os meus também.
Passamos pelo povo e subimos. Vi meus pais perto do começo das arvores, junto com os pais do Yan, da Lili e do Bebê, junto dos dois. Fomos até lá e mamãe me agarrou.
— Você foi incrível! Nem parecia minha menininha tímida!
— Mãe. — Ri, sem graça.
— Realmente, vocês foram ótimos. — Cláudia se orgulhou. — Só posso dizer que os personagens principais foram feitos para vocês dois. — Abraçou o filho de lado.
— Nem tanto, vai. — Yan riu.
Mãe me soltou. — E aí, pronta para ir para casa?
Quê?! — Como assim?
— Acabou as aulas, agora é férias, não é?
Pisquei, sem reação. — Não, ainda não.
— Ué...
— Ainda tem o baile! — Lili se animou. — É sexta que vem.
— Ah... poxa, achei que já íamos te levar junto... E com quem você vai nesse baile?
Engoli seco. — E-eu vou com meus amigos, ora.
Vi Yan e Cláudia trocando olhares e Lili riu.
— Claro, vamos aproveitar todos juntos. — Ela disse.
Mãe chegou mais perto. — Nenhum menino te convidou? — Mesmo falando baixo, todos ouviram.
— Mãe — briguei, sussurrando.
— Eu só quero saber, ué.
Cláudia não conseguiu segurar o riso, e fez com que todos rissem também.
— Bom, tudo bem. Semana que vem nos vemos.
Concordei e fomos juntos até o refeitório para nos despedirmos.
Ficamos lá mais uns vinte minutos até os adultos resolverem parar de conversar e irem embora.
Acenei para minha família e eles foram para a secretaria.
Suspirei e Lili segurou minha mão.
Agora sim... Entramos na última semana.
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