Sea You

Não posso fazer nada cara, a última palavra é dela


Fazia tempos que Thalia não se sentia tão relaxada como agora, escutando a respiração do loiro enquanto ele dormia, o cheiro da cerveja e do vinho que beberam ontem e as despreocupações de todas as tarefas que ela não lembrava ter. Poderia passar o dia todo ali com ele.

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Lembrou da noite passada, quando ainda estava tonta e soltando declarações secretas para ele debaixo dos lençóis. Sentiu um pouco de vergonha de suas ações e suas bochechas até esquentaram um pouco, mas logo deixou qualquer insegurança de lado. Ela não mentiu em nenhuma declaração.

Ela sentou-se, observando Luke com sua respiração suave e o semblante tranquilo. Ouviu o sino no convés, se sentindo tentada a somente fingir não ter escutado e voltar a descansar a cabeça no peito do príncipe. Ela levantou.

— Volta pra cama. — Ouviu o pedido sonolento dele e sorriu.

— Já estão nos chamando... — Thalia sentou no colchão e Luke trouxe seu corpo mais para perto.

Ele apenas suspirou, ainda de olhos fechados, com o corpo naturalmente voltando a entrelaçar-se com o da pirata.

— Em uma escala de zero a dez. — O loiro disse. — Quanto precisamos levantar?

Ela pensou.

— Oito.

— Oito é uma nota muito alta.

— Por isso precisamos levantar. — A pirata disse. — Seleção de tripulação, reparo do navio... Eu gostaria de parar tudo as vezes.

Luke abriu os olhos azuis, encarando a morena.

— Como assim? — Perguntou ignorando o sino que tocava mais uma vez, enquanto fazia desenhos com seu dedo na bochecha dela.

— Não é nada. — Ela sorriu. — Vamos?

Thalia adorava sua máscara habitual de invulnerabilidade, Luke sabia. Então decidiu apenas deixar o assunto de lado e não perguntar mais nada. Ele concordou, levantando-se e vestindo-se. A pirata fez o mesmo, se aproximando dele depois, para um último beijo antes de saírem dos aposentos.

A tripulação estava bem ocupada, carregando materiais, ferramentas e suprimentos. O príncipe não esperou ninguém o chamar para descer e ajudar Beckendorf a carregar tábuas de madeira, se despedindo de Thalia com um sorriso caloroso.

Luke sempre foi altruísta, a pirata pensou. Se oferendo e pondo a vida em risco quando houve a invasão no castelo nortenho, deixando a realeza de lado não apenas para acompanhá-la, mas também para mergulhar em seu mundo, adotando seu estilo de vida, apoiando não só a ela, mas todos a sua volta. Bravura demais para qualquer um.

Os olhos azuis da morena rolaram o convés em busca de Percy, e o encontrou no píer, encarando uma fila indiana de homens, selecionando os loucos que os acompanhariam na pirataria. Também viu Annabeth, que as vezes observava a cena, enquanto ajudava Travis a limpar as redes e guardar suprimentos. Thalia pensou em Atena, ao encarar Annie. As semelhanças entre elas eram nítidas.

Os mesmos olhos cinzas tempestade, a mesma teimosia e inteligência. Atena portava também mais maldade e desejo de vingança. Quando soube do boato que seu filho Malcolm havia morrido pelas mãos de Poseidon durante uma expedição, não tardou em arquitetar uma estratégia para a armadilha mortal, que tirou Poseidon dos mares e o matou em terra firme, deixando o navio e a tripulação boiarem em luto e sem rumo pelos mares sulistas, para notificar Sally, a mãe de Percy e a mulher que criou Thalia, que seu marido havia sido morto pela coroa nortenha.

Percy e Thalia tinham cerca de quinze anos, e diferente de Annabeth, também possuíam o mesmo espírito vingativo de Atena. Quando completaram idade o suficiente, fugiram da capital sulista clandestinamente até Tortuga para encontrar a antiga tripulação e retomar os negócios do pai, no saque de navios nortenhos, em busca de suprimentos e ouro. Começaram também os planos para tirar de Atena o que ela tirou deles, seu pai.

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Não foi nada fácil. Apenas dois anos depois eles conseguiram se infiltrar no castelo por meio de Thalia, que abandou sua vida na pirataria por um tempo, até se ter a mínima oportunidade para envenenar o café da manhã do Rei Zeus, que levou à onda de luto e tristeza que o continente sofreu após a notícia.

Grace fugiu do castelo real após sua missão e embarcou em um navio de carga, que foi saqueado pelos piratas e a resgataram. Mas claro, Percy não iria matar o rosto da capital nortenha sem declarar aos quatro ventos que foi em vingança a Poseidon. Depois de ver Zeus cair de joelhos aos seus pés, Thalia calmamente se abaixou até o homem, e prendeu em seu terno um broche com um tridente, símbolo da bandeira pirata deles.

Thalia acordou de suas memórias e voltou a observar a seleção da tripulação, focando seus olhos nos homens desesperados, que os acompanhariam na nova e desorganizada missão de matar Atena, se é que fossem seguir com a ideia, a pirata pensou. Percy e Annabeth estavam muito próximos, e sabia que não ficaria tudo simplesmente bem se seus novos amigos matassem sua mãe.

— O mestre e o oficial armeiro, um quinhão e meio e demais oficiais, um quinhão e um quarto. — Percy explicava a repartição do ouro, e os olhos brilhavam acompanhando o moreno, enquanto eu me aproximava mais para escutar e assistir.

Quando me coloquei ao lado de Percy, ele me deu um sorriso caloroso.

— Gostaria de apresentá-los minha irmã e capitã do navio, Thalia Grace. — Eu os cumprimentei com a cabeça.

Uma mulher capitã? — Disse baixinho um deles. — Não quero servir uma mulher, achei que você fosse o capitão.

Jackson encarou o homem, contrariado e sem saber o que falar, mas Thalia já estava acostumada com aquele tipo de tratamento.

— Eu e meu irmão herdamos o navio de nosso pai juntos, e o comandamos juntos. — Disse a pirata. — Se não me acha digna dos seus serviços só por ser mulher, aceite meu convite para um duelo de espadas.

O sorriso no rosto dela era sacana demais e todos que observavam a cena de longe, principalmente Luke, sabiam que ela aprontava fazer o homem pagar pela ignorância. Ele olhou para Percy, esperando o pirata intervir.

— O que foi? Não posso fazer nada cara, a última palavra foi dela. — Jackson sorriu.