A Melodia das Águas

Que passa pela cabeça da sereia?


Auxíliada pela pérola em seu pescoço, seguiu o homem-estátua por trilhas, as quais se abriam entre as árvores, cujo percurso só era óbvio para aqueles que dominavam a habilidade de percebê-lo. A ardência em pontos do seu corpo escorria com as gotas de sangue a pingar-lhe pelas mãos e pernas.

Ainda que a altura daquele ser não fosse muito maior que a sua cintura, a voz, a murmurar canções desconhecidas, ribombava tenor. Passos imperturbados cruzavam com indícios de armadilhas, ossos com sinais de trepanação, antigas ferramentas deixadas de lado pelo pavor.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Um forte clarão irritou-lhe os olhos. Por entre a abertura no teto arbóreo, o raiar do dia divisava perfeitamente as trevas daquilo que agora não mais o era. Suspirou. Já poderia novamente guardar o colar, então segurou-o entre os dedos, a fim de retirá-lo.

“Que passa pela cabeça da sereia”?

As verbas fizeram-na cessar o movimento, confusa.

“É só isto que falas”? Esperou por uma bronca, mas ouviu uma risada grave. Finalmente pôde notar a dessemelhança daquela figura com uma estátua, senão apenas com um homem pequeno. “Procuro a Floresta de Boarin”.

Um sorriso travesso espalhou-se pelo rosto de seu interlocutor.

“Estás a pisar nela, grande guardiã da chama”.