A Melodia das Águas

O nome da floresta


Árvores pareciam repetir-se enquanto as horas fluíam arrítmicas. O seguir da trilha ditada pelo sujeito, há muito tornara-se arrefecido pelo cansaço a atingir-lhe corpo e mente. Percebeu que não estava sendo levada a lugar algum quando reiniciou-se, pela quinta vez, a curta seleção de cantigas. Parou.

“Estás a fazer-me de tola”.

A expressão pilhérica à frente aborreceu-a. Necessitava dar um fim àquela situação. Antes de tudo, porém, precisava retirar do pescoço o que não pertencia-lhe.

Suspendeu a corrente para fora da cabeça e olhou em volta boquiaberta. Ele desaparecera diante de suas vistas. A dor ardente das lesões imediatamente tornou-se insuportável, levando-a ao chão em agonia. Ofegante e desgostosa, recolocou o colar.

Levantou-se, derrotada. O homem gargalhava ao rolar sobre folhas secas.

“Eres exatamente como Teaé. Há eras não me divertia tanto”.

“Conheces à mãe das águas”? Naríia reagiu à menção do nome. “Preciso chegar a ela, entregar-lhe a chama para que revivifique nosso povo”.

“Se era o que buscavas, por que não disseste antes”?

“Pois para tal preciso encontrar Boarin, guardião da passagem entre-mundos".

O pequeno arqueou as sobrancelhas, mostrando as palmas das mãos. Encararam-se em silêncio até a compreensão impactá-la, enfim. Estiveram lado a lado todo o tempo.