Efeito Borboleta

Marrentinha.


Existem duas coisas importantes em nossas vidas. O motivo e o momento. Teremos várias vezes o mesmo motivo, seja ele para sorrir, para chorar, para sonhar, ou para gritar quanto tudo parecer não ter mais jeito. Mas nunca teremos o mesmo momento, porque o momento sempre será único. E aquele já havia se tornado especial para mim.

Katniss se despia tranquilamente em minha frente, ficando somente com sua roupa intima, sem receio ou vergonha por eu a estar admirando, porque era exatamente aquilo que eu estava fazendo. Sua beleza era algo inexplicável e que me deixava completamente hipnotizado. Meu coração palpitava freneticamente em meu peito enquanto meus olhos acompanhavam cada movimento seu atentamente. Katniss tinha algo que me intrigava e que ao mesmo tempo me deixava ainda mais apaixonado. Às vezes ela se mostrava uma garota extremamente marrenta e resmungona, já em outras ela era completamente divertida e espontânea. Um contraste perfeito de sua personalidade, mostrando o quanto ela era especial. Um sorriso bobo surgiu em meus lábios quando ela mergulhou na piscina, mostrando toda a sua agilidade dentro d’água. A vida era minha, mas o meu coração era dela. O sorriso era meu, mas o motivo sempre seria ela.

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— Hey! Você vai entrar aqui ou vai ficar parado aí só me encarando? — pergunta divertida, tirando-me de meus pensamentos.

Pisco algumas vezes para clarear minha mente e ela começa a jogar água em minha direção, me fazendo recuar alguns passos.

— Ei! Para com isso, você está molhando a minha roupa! — ralho tentando parecer zangado, mas acabo falhando miseravelmente quando o som de sua risada alcança os meus ouvidos.

— Venha me impedir então, conquistador. — ela me encara desafiadoramente e acabo sorrindo. Deixo minha mochila cair no chão e começo a tirar meu casaco, jogando-o sobre suas roupas.

— Você vai mesmo ficar me chamando de “conquistador”? — questiono enquanto retiro minha calça e os meus tênis.

— Com certeza. — responde prontamente.

— Se é assim... Então vou ter que dar um apelido para você também. — falo ao retirar minha camisa, ficando somente de cueca, e então vejo o seu olhar descer para o meu tronco nu.

Aproximo-me lentamente da beira da piscina enquanto me preparo para mergulhar, e isso faz com que ela volte seus olhos para os meus rapidamente.

— E qual seria... Ahn... — ela pigarreia para limpar a garganta — E qual seria o meu apelido “carinho”? — questiona com um pequeno sorriso de lado.

Marrentinha. — respondo simplesmente antes de me jogar dentro da piscina.

Quando a água aquecida entra em contado com meu corpo sinto todos os meus músculos relaxarem, me fazendo esquecer momentaneamente a preocupação com o fato de podermos ser pegos por algum dos seguranças da Blackwell.

— Marrentinha? Por quê? — pergunta com uma sobrancelha arqueada quando volto para a superfície.

— Porque você é marrenta. — respondo divertido ao passar as mãos por meus cabelos, os jogando para trás.

— Eu não sou não. — protesta fazendo um biquinho fofo.

— É claro que é... — sorrio me aproximando dela — Mas é a minha marrentinha. — confidencio antes de jogar água em sua direção.

— Tudo bem. É guerra que você quer? Pois guerra você terá. — ela sorri de forma maléfica e antes mesmo de eu conseguir me afastar, já sou atingido por uma rajada d’água. E assim começamos uma pequena guerra dentro da piscina, com direito a muitas gargalhadas.

Após alguns minutos nossas gargalhadas vão cessando e ficamos somente flutuando sobre água, em silencio, enquanto nossas respirações se normalizam. Meus olhos se prendem ao teto de vidro do ginásio, permitindo-me contemplar a visão magnífica das estrelas. Aquele era de fato um momento único. Nosso momento único.

— Johanna ia adorar estar aqui à noite. — Katniss quebra o silêncio — Queria que vocês tivessem se conhecido.

— Nós vamos nos conhecer. — afirmo, mesmo no fundo não tendo muita certeza — Com toda essa coisa acontecendo, estou começando a pensar que está tudo relacionado... e eu quero descobrir pelo bem da Madge. Ela quase morreu hoje. — suspiro enquanto nado até a borda da piscina e ela me acompanha.

— O seu poder está mudando tudo, Peeta. Especialmente você. Já dá para perceber. — ela repousa os braços sobre a borda da piscina — Você já não é mais tão medroso. — acrescenta brincalhona.

— Oh, muito obrigado. — ironizo enquanto bagunço meus cabelos para tirar o excesso de água.

— Mas agora falando sério... Você sabe do que estou falando. Você está se tornando tipo uma força da natureza. — me encara seriamente.

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— Está mais para sorte da natureza. — rio sem humor — Meu poder falhou quando tentei resgatar a Mad... Talvez eu só esteja tropeçando para lá e para cá no tempo... — desvio o olhar do seu e apoio o queixo em meus braços — Mas por que motivo? — murmuro para mim mesmo.

— Você não tropeçou quando me salvou, Peeta. — suas palavras atraem minha atenção e eu volto a encara-la.

— Graças a Deus. Mas... e se eu tivesse tropeçado? — questiono e é a sua vez de desviar o olhar — Você estaria... morta... — as palavras não passam de um sussurro quando saem de minha boca. Pensar naquilo me deixava completamente atordoado.

— Então está na hora de começar a avançar no tempo. — fala após alguns segundos em silêncio — E, obviamente, nós estamos conectados, já que você jamais teria descoberto esse poder sem mim, certo? — sorri bem humorada.

Como eu amo esse sorriso.

— Certo. — afirmo ao repousar minha mão sobre a sua — Você me faz sentir como se eu soubesse o que estou fazendo.

— E você faz com que eu sinta como se tivesse um motivo para ainda estar em Arcadia Bay. — seus olhos cinzentos agora se encontram azuis por conta das luzes no fundo da piscina, deixando-a ainda mais linda.

— Assim espero... — solto um riso curto.

— Pare de ser tão humilde, está bem? — ela entrelaça nossos dedos — Você é a pessoa mais talentosa e esperta que eu conheço.

— Mais do que a Johanna Mason? — não consigo segurar minhas palavras.

Poderia parecer idiotice, mas, às vezes eu sentia ciúmes da Johanna. Ela havia ganhado um espaço muito importante no coração de Katniss, espaço esse que antes era meu e que agora eu tinha que dividir com ela, e aquilo me incomodava para caralho. Eu odiava admitir, mas quando se tratava de Katniss Everdeen eu era um puta egoísta.

— Ei, eu não sou a tiete dela, ok? — ela solta uma leve risada — E com esses belos olhos azuis, tenho certeza de que deve ter várias garotas da Blackwell em cima de você, tipo a... Delly. — não sei ao certo se foi impressão minha, mas pude sentir um certo incomodo em suas palavras ao citar o nome da loira.

— O quê? Não, claro que não! Delly é só minha amiga e nada mais que isso. E não acho que as garotas da Blackwell prestem muita atenção em mim, provavelmente acham que sou somente um completo nerd. — rio enquanto balaço a cabeça de forma negativa.

A verdade era que eu não precisava da atenção de outras garotas, porque a única atenção que eu queria era a dela.

— Nerds são demais. Você só não tem confiança ainda. — ela me lança uma piscadela.

— Infelizmente, isso não veio com o meu poder de voltar no tempo. — brinco.

— Não se preocupe. Quando se superar, o mundo curvará diante de você. — ela entra na brincadeira.

— Contanto que você esteja comigo. — aperto levemente sua mão.

— Eu nunca vou deixá-lo. — suas palavras fazem com que meu ritmo cardíaco se torne descompassado.

— Então isso quer dizer que... que você já me perdoou? — a pergunta escapa de meus lábios sem a minha permissão, e então o clima muda completamente, de divertido a desconfortável.

Droga, Peeta! Você sempre estraga tudo!

Um silêncio sufocante paira sobre nós e quando abro a boca para falar algo, qualquer coisa que seja, ela me encara seriamente, fazendo as palavras ficarem presas em minha garganta.

— Não. Eu sinto muito, mas... eu ainda não consigo Peeta. — ela suspira pesadamente — Olha, eu sei que você está se esforçando para que nossa amizade volte a ser como era antes, mas dois dias ou duas semanas não serão o suficiente para apagar toda a dor que eu senti durante esses cinco anos, entende? — assinto, sentindo um gosto amargo subir por minha garganta ao ver suas orbes cinzentas se tornarem marejadas — Eu ainda estou com raiva. Eu ainda estou magoada e... Droga! — pragueja quando as lágrimas começam a escorrer por suas bochechas — Tanto feridas no coração, como feridas na alma levam tempo para cicatrizar Peeta, e é disso que eu preciso, de tempo. Porque eu não posso simplesmente passar por cima de tudo e fingir que nada aconteceu. Então não, eu ainda não consigo te perdoar. — ela vira o rosto, tentando enxugar as lágrimas que insistem em rolar por sua face.

Aproximo-me vagarosamente dela e toco em seu queixo, virando seu rosto em minha direção, obrigando suas íris a se prenderem nas minhas. E ali eu vi o quanto o meu medo idiota havia a quebrado. Ela tinha razão, eu não poderia esperar que dois dias apagassem as magoas de cinco anos. Mas eu estava ali, naquele exato momento, e nada nem ninguém me faria ir embora.

— Eu entendo, Katniss. Eu entendo perfeitamente. — afasto uma mexa molhada de cabelo da frente de seus olhos e seguro seu rosto por entre minhas mãos — Está tudo bem, e eu não estou cobrando o seu perdão. Se é de tempo que você precisa, então eu esperarei... seja um mês, um ano, ou até a vida inteira se você quiser. Só não me peça para ir embora, porque eu não irei. — sorrio acariciando suas bochechas com meus polegares, apagando qualquer vestígio que suas lágrimas possam ter deixado para trás.

— Eu não seria tão louca ao ponto de mandar você embora. — ela sorri, mesmo que um sorriso triste — Apesar de ainda estar com raiva de você, e de sentir uma vontade louca de te bater às vezes... — faço uma careta, o que acaba lhe arrancando uma leve risada — Sua presença está me fazendo muito bem, Peeta. Há tempos que eu não me sentia tão leve, tão... viva. Você me faz sorrir, mesmo eu estando chorando por dentro, e não te perdoar não significa que eu não queira você por perto. Porque eu quero sim. — ela repousa suas mãos sobre as minhas — Independente do que tenha acontecido, você sempre será o meu melhor amigo, conquistador.

O sorriso em meus lábios duplica de tamanho e eu deposito um beijo demorado em sua testa antes de abraçá-la apertado. Quando nossas peles entram em contato, sinto uma corrente elétrica trespassar por todo o meu corpo. Mas diferente da que eu sinto todas às vezes que volto no tempo, esta é mais vibrante, mais intensa.

— É muito bom ouvir isso, marrentinha... — me afasto um pouco do abraço para poder olha-la nos olhos — Mesmo correndo o sério risco de ser agredido por você.

— Ei! — ela reclama e empurra meu corpo para trás — Para sua informação eu não sou agressiva, está bem? — ela cruza os braços — Bom... pelo menos quando não é necessário. — sinto meu corpo vibrar com a risada causada por seu comentário.

— Certo, mas agora estou ficando com frio. — comento ao sentir a brisa gélida soprar contra as minhas costas.

— É porque estávamos tagarelando ao em vez de nos atacarmos. — ela atira uma rajada de água em minha direção e eu revido com um pouco mais de intensidade, dando inicio a mais uma mini guerra sem vencedores — Ok. Acho que já tive a minha experiência na piscina pelo ano inteiro. — fala após recuperar o fôlego.

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— É, chega por hoje. Vou morrer congelado se não sair daqui. — ela revira os olhos com o meu pequeno drama e sai da piscina, mas não antes de empurrar minha cabeça para baixo, me fazendo ficar completamente submerso.

Volto para a superfície segundos depois somente para ter a certeza de que a morena estava a alguns metros de distancia rindo da minha cara. Resmungo algo incoerente e saio da piscina, tomando cuidado para não cair no chão escorregadio. Pego algumas toalhas no vestiário e nos secamos rapidamente, evitando assim um possível resfriado.

— Credo. Sinto como se tivéssemos nadado em cloro. — Katniss faz uma careta enquanto ajeita a jaqueta de couro em seu corpo.

— Você fica linda com o cabelo encharcado com produtos químicos. — debocho, finalizando o nó em meus cadarços.

— Ah, obrigada! — ela sorri falsamente — Você sabe bem que... — sua fala é interrompida por um estrondo, e quando olhamos para trás, damos de cara com um dos seguranças.

— Esconda-se! — falamos em uníssono antes de seguirmos até a saída do ginásio, por sorte não sendo pegos. Contudo, ao pararmos em frente à porta de metal, ouvimos a voz de Haymitch do outro lado.

Voltamos rapidamente para o vestiário e procuramos desesperadamente um lugar para nos escondermos enquanto ouvimos sua voz cada vez mais próxima. Avisto um cesto de toalhas vazio e puxo Katniss pela mão para nos escondermos dentro do mesmo.

Eu sentia todos os músculos do meu corpo se contraindo sob minha pele, e o ar parecia não querer entrar em meus pulmões. Se nos pegassem ali estaríamos completamente ferrados.

Katniss entrelaça seu braço com o meu, parecendo tão nervosa quanto eu. Ouço os passos de Haymitch passar ao nosso lado e nos encolhemos dentro do cesto.

— Olá? — sua voz grossa surge em meio ao silencio do ambiente — Tem alguém aí? — pergunta fazendo o meu coração bater fortemente contra a minha caixa torácica.

— Draga! Ele vai acabar nos achando, Katniss! — praguejo em um sussurro, sentindo-me completamente apavorado.

— Shh! Fica quieto! — ralha fixando seus olhos nos meus.

E foi exatamente ali, naquele pequeno momento de conexão onde eu prendi a minha respiração, dando-me conta de o quão próximos estávamos. Quatro centímetros, aquela era a distância que separava nossos lábios um do outro. Aquela era a curta distância que nos mantinha presos à pequena linha tênue entre a amizade e a paixão. Eu não sabia como aquilo havia acontecido, mas todos os meus temores simplesmente desapareceram, na verdade, tudo ao meu redor desapareceu, restando somente nós dois e as nossas respirações descompassadas. Eu queria beijá-la. Eu queria muito mesmo beijá-la, mas aquele ainda não era o momento certo, e a aquela altura do campeonato eu não poderia simplesmente por tudo a perder. Por isso agarrei-me com todas as forças ao pouco de autocontrole que ainda me restava e sorri, depositando um leve beijo na ponta de seu nariz.

A voz de Haymitch começou a se tornar cada vez mais distante, fazendo com que eu erguesse o meu corpo lentamente para dar uma olhada a minha volta, somente para me certificar de que a área estava limpa. Um suspiro aliviado acabou escapando de meus lábios quando tive a certeza de que ele já não estava mais no vestiário. Dirigi novamente meu olhar para Katniss e lhe estendi minha mão para ajudá-la a levantar, entretanto, ela permaneceu na mesma posição, com os olhos fixos em mim, parecendo estar em uma espécie de transe. Franzi o cenho um pouco confuso.

— Katniss? — chamo baixinho balançando a mão em frente ao seu rosto, tentando despertá-la. Ela pisca algumas vezes parecendo atordoada e finalmente segura em minha mão se pondo de pé ao meu lado.

— Cara, nós somos tão invisíveis. — comenta em um tom divertido enquanto nos dirigimos até a porta dos fundos do ginásio.

— É isso aí. Agora vamos.

Passamos rapidamente pela porta e seguimos em passos apressados pelo campus, contudo, Haymitch e o outro segurança surgem alguns metros a nossa frente nos fazendo parar, e mais uma vez o desespero se apossa de meu corpo.

— Droga! Temos que encontrar outra saída! — praguejo, e então Katniss me puxa pela mão em direção ao muro do estacionamento da qual pulamos sem pensar duas vezes.

— Essa foi por pouco. — ela solta um suspiro aliviado.

— Por muito pouco, mas e agora? Como eu vou fazer para voltar ao dormitório? — pergunto após olhar por cima do muro e avistar Haymitch e o outro segurança parados em frente à entrada do dormitório masculino.

— Bom... você pode dormir lá em casa hoje à noite. — sugere e rapidamente me volvo para ela.

— Você quer que eu durma onde o chefe de segurança da Blackwell, vulgo Haymitch, mora? — indago sem conseguir evitar uma careta.

— É isso ou você vai ter que dormir aqui no estacionamento... E então, o que vai ser? — ela eleva uma sobrancelha a espera de uma resposta.

— Certo, vamos para a sua casa. — solto um suspiro derrotado.

— É isso aí, baby. — ela sorri animada e me puxa pela mão até a sua caminhonete — ATÉ MAIS SEUS BABACAS! — grita ao dar partida, soltando uma sonora e contagiante gargalhada — Peeta, nós somos incríveis!

— Sim, nós somos. — rio sendo contagiado pela sua alegria. Ligo o rádio e apoio minha cabeça na janela, passando a admirar as ruas que devido ao horário já se encontravam completamente vazias. Tão solitárias quanto o farol.

Arcadia até poderia ser uma cidade pacata de interior, mas possuía uma beleza sem tamanho. A natureza entrava em sintonia com a modernidade e o ambiente passava de simples a aconchegante. Eu amava aquele lugar e todas as memórias que eu havia construído nele.

Cerca de vinte minutos depois Katniss estaciona sua caminhonete em frente à garagem e seguimos em passos silenciosos até seu quarto.

— Você quer tomar um banho? — pergunta após se desfazer de sua jaqueta e de seus sapatos.

— Com certeza, minha pela já está começando a coçar por conta do cloro daquela piscina. — faço uma careta enquanto ela ri.

— Aqui... — ela me entrega uma toalha e uma escova de dente — Você pode usar o banheiro aqui do quarto enquanto eu fico com o do corredor. Assim evitamos qualquer encontro seu com o Haymitch caso ele chegue mais cedo. — assinto e me tranco em seu banheiro.

Quando a água morna cai sobre o meu corpo sinto todos os meus músculos relaxarem, e ela leva consigo ralo a baixo toda a tensão de minutos atrás. O banho estava tão relaxante que acabei ficando mais do que deveria. Após sair do Box enrolo a toalha em minha cintura e volto para o quarto, dando de cara com Katniss já de banho tomado vasculhando algo em sua cômoda. Em seu corpo havia somente um blusão que deixava à metade de suas coxas a mostra, e aquela visão fez com que o ar entrasse com um pouco mais dificuldades em meus pulmões. Pigarreio para chamar a sua atenção e ela vira-se para mim com um pequeno sorriso, que aos poucos vai morrendo conforme seus olhos se prendem em meu tórax.

— Algum problema? — pergunto com um sorriso de lado. Ela rapidamente volta seus olhos para os meus e sorri sem graça.

— Não, problema algum, eu só... Quer saber, esquece. — ela balança a cabeça negativamente antes de fechar a gaveta da cômoda e se aproximar de mim com uma muda de roupas — Eu pequei esse pijama do meu pai para você. — sua voz sai um pouco falha — Depois de uma noite cheia de aventuras não poderia deixar você dormir de calça jeans. — ela estende o pijama em minha direção.

— Você tem certeza? — questiono relutante — Porque, olha, eu posso dormir tranquilamente com a calça jeans, não seria tão desconf...

— Peeta, para. — pede ao repousar sua mão sobre os meus lábios, silenciando-me — Está tudo bem, ok? E eu tenho certeza de que o pijama ficará muito bem em você. — ela sorri, mas posso notar uma pontinha de tristeza em seu sorriso, e para evitar possíveis discussões, pego o pijama e volto para o banheiro.

Visto-me rapidamente e volto para o quarto, encontrando Katniss em frente ao espelho penteando os seus cabelos. Vou ate ela em passos silenciosos e me apoio na parede ao seu lado, encarando-a através do seu reflexo no espelho.

— E então, onde eu irei dormir? — pergunto pondo as mãos nos bolsos da calça de moletom. Ela vira-se para mim e sorri divertida.

— Na cama, comigo. — responde simplesmente, fazendo com que meu coração falhe algumas batidas. Afasto-me da parede rapidamente um pouco atordoado.

— C-Como? — indago para ter certeza de que o que os meus ouvidos captaram não fora somente um truque da minha mente.

Ela solta uma risadinha travessa antes de se aproximar perigosamente de mim, fazendo com que eu prenda a respiração.

— Eu não mordo, sabia? — ela passa as mãos em meus cabelos, os tirando de minha testa — A não ser que você peça. — acrescenta, e a minha cara deve ter sido muito hilária já que ela soltou uma sonora gargalhada antes de se afastar e ir até o guarda-roupa.

Solto toda a respiração que estava presa em meus pulmões, sentindo os mesmos reclamarem devido a rapidez com que o ar entrava e saia por minhas narinas.

— Eu só não sei se... Você não acha meio estranho? — questiono, observo-a ficar na ponta dos pés para alcançar algo na parte superior do guarda-roupa.

— O quê? O fato de dormimos juntos? — devolve parecendo confusa enquanto leva alguns cobertores até a cama.

— Sim. — levo uma de minhas mãos até a nuca, me sentindo meio nervoso — É que faz tanto tempo desde a última vez que dormimos juntos, e naquela época ainda éramos crianças. Agora... Bom, tantas coisas mudaram. — franzo o cenho, confuso comigo mesmo.

— Isso é verdade, mas... você continua sendo o Peeta e eu continuo sendo a Katniss. Apesar de todas as magoas, ainda somos nós dois contra o mundo, lembra? — ela sorri estendendo a mão em minha direção.

— Nós dois contra o mundo. — repito, segurando firmemente sua mão. Aquela frase costumava ser o nosso mantra quando éramos somente duas crianças descobrindo toda a grandiosidade da vida.

Katniss apaga as luzes e nos deitamos um de frente para o outro. Aproveitando daquele momento, levo uma de minhas mãos até o seu rosto onde começo a fazer uma leve caricia em sua bochecha. Ela fecha os olhos e se aproxima um pouco mais. O ponteiro do relógio na cabeceira de sua cama marcava exatamente três horas da madrugada, e eu já podia sentir os efeitos do sono começarem a se apossar de meu corpo, porém forcei meus olhos a permanecerem abertos.

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— Você está com sono? — sua pergunta vem em um sussurro e ela abre os olhos para me encarar.

— Muito. — ela ri — Mas eu amei a nossa noite maluca e divertida. — sorrio.

— Eu também gostei bastante. Foi como se tivéssemos voltado no tempo... Você está me fazendo muito bem, Sr. Mellark. — ela se aproxima ainda mais, tão próxima que as nossas respirações começam a se misturarem — É muito bom poder me perder nesse sua imensidão azul novamente. Eles sempre foram tão fascinantes. — sua mão contorna todo o meu rosto enquanto seus olhos estão fixos nos meus.

— Não mais do que os seus. — falo prontamente.

— Os meus são somente duas orbes sem graça, Peeta.

— Não para mim. Para mim eles são os mais fascinantes e incrivelmente lindos que poderia existir. Uma cor completamente única, assim como você. — falo com toda a minha sinceridade.

Um belo e enorme sorriso surge em seus lábios deixando meu coração aquecido. Ela move o corpo e apoia a cabeça em meu peito, abraçando-me pela cintura. Em primeiro momento fico surpreso com sua ação, mas logo em seguida a trago ainda mais para perto de mim, aconchegando-a em meus braços.

— Boa noite, conquistador. — murmura, sua voz já sendo embalada pelo sono.

— Boa noite, marrentinha. — sorrio beijando o topo de sua cabeça enquanto sinto sua respiração leve e tranquila bater contra o meu pescoço.

Com cuidado puxo o edredom e cubro os nossos corpos, nos protegendo do ar fresco que soprava através de uma fresta da janela, finalmente me permitindo cair no sono como um sorriso no rosto para acordar ainda mais feliz.